Nadia Beugré: Profético (Nós já nascemos)

CULTURGEST - AUDITÓRIO EMÍLIO RUI VILAR 24.11 SEX 21H0025.11 SÁB 21H00

Corpos trans que encenam as suas próprias vidas, inventam os seus próprios lugares, constroem o seu próprio mundo.

Nadia Beugré navega entre Montpellier e Abidjan, na Costa do Marfim, onde cresceu. Para a sua mais recente peça convidou pessoas da comunidade trans de Abidjan. Pessoas designadas à nascença como rapazes, flutuam entre géneros, numa sociedade extremamente patriarcal que, convenientemente, finge não as ver.

Cabeleireiras de dia e divas da pista de dança à noite, transgridem binarismos individuais, familiares, sociais e históricos, sobre o que é bonito ou feio, masculino ou feminino, legal ou ilegal.

Aqui, tudo está à vista e à escuta, como prova de que estas pessoas já nasceram e reivindicam a sua liberdade. Através das redes de solidariedade que tecem e trançam entre si, inventam as suas próprias danças e os meios da sua própria sobrevivência.

Conversa pós-espetáculo

No dia 24 de novembro, o espetáculo será seguido de uma conversa com Nadia Beugré and David J. Amando, com moderação de Raquel Lima (em português).

Ficha artística

Título original Prophétique (On est déjà né·es) Direção artística Nadia Beugré Iluminação Anthony Merlaud Cenografia Jean-Christophe Lanquetin Assistência artística Christian Romain Kossa Olhar externo Nadim Bahsoun, Adonis Nebié Performance Beyoncé, Canel, Jhaya Caupenne, Taylor Dear, Acauã Shereya El Bandide, Kevin Kero Produção Libr’Arts / Virginie Dupray Coprodução Kunstenfestivaldesarts Bruxelas, Théâtre Le Rideau Bruxelas, Montpellier Danse, Points Communs Cergy Pontoise, Holland Festival Amsterdã, CULTURESCAPES 2023 Sahara, ICI—Centre Chorégraphique National Montpellier Occitanie Pyrénées Méditerranée / direção de Christian Rizzo, Fonds Transfabrik – Fonds franco-allemand pour le spectacle vivant, Tanz im August / HAU Hebbel am Ufer Berlim, La Place de la danse CDCN Toulouse Occitanie, Théâtre Garonne Scène Européenne - Toulouse, Les Spectacles Vivants - Centre Pompidou Paris, Festival d’Automne à Paris, Spielart Theater festival Munique, Théâtre de Freiburg, Africa Moment Residência Agora de la danse Montpellier danse, La place de la danse CDCN Toulouse Occitanie, Théâtre Le Rideau Bruxelas Apoio DRAC Occitanie - Ministério Francês da Cultura e Comunicação Agradecimentos Ivoire Marionnettes Abidjan e Institut français de Côte d’Ivoire

Este espetáculo é apresentado com o apoio do Institut Français e do projeto MaisFRANÇA, uma temporada concebida pelo Institut Français du Portugal com o apoio dos mecenas Claude & Sofia Marion Foundation, JC Decaux, BNP Paribas, Mexto e Credibom.

22.11.2023 | por martalanca | Corpos trans, Nadia Beugré

"Breve História Colonial e Outras Memórias", do artista Tchalé Figueira

No Centro Cultural Cabo Verde, em Lisboa, irá inaugurar-se uma exposição intitulada “Breve História Colonial e Outras Memórias”, da autoria do artista Tchalé Figueira. Por meio das suas inconfundíveis pinceladas, Figueira transporta-nos a um universo onde a história colonial é não só observada mas desafiada, fazendo-nos questionar as nossas perceções e realidades. A sua arte não se limita a representações visuais, mas serve de manifesto contra desvalorizações humanas, iluminando episódios muitas vezes sombrios da história, e alertando sobre a indiferença e a amnésia coletiva. “Esta exposição é um convite à introspecção e ação”, destaca Ricardo Barbosa Vicente, curador da exposição. “Através da obra de Tchalé, somos instigados a refletir, questionar e, sobretudo, agir face às memórias e realidades que estas peças nos revelam.” Sobre Tchalé Figueira: Nascido em Mindelo, Cabo Verde, em 1953, Tchalé Figueira consolidou a sua carreira artística na Suíça, emergindo como uma figura proeminente no panorama artístico global. O artista, que também se destaca na literatura, regressou a Cabo Verde em 1985 e desde então tem exposto as suas obras em diversos países. O seu legado artístico estende-se por museus e coleções privadas em África, Europa e Américas. Convidamos a todos para se juntarem a nós na inauguração desta exposição singular e para se perderem nas narrativas entrelaçadas das obras de Tchalé Figueira, numa viagem que promete ser tanto introspectiva quanto reveladora.

21.11.2023 | por martalanca | Tchalé Figueira

Justíça interseccional em Portugal e na Alemanha

No âmbito do ciclo “Quo Vadis, Europa?”

No dia 29 de novembro, às 19h00, terá lugar, no auditório do Goethe-Institut em Lisboa, uma conversa sobre a justíça interseccional em Portugal e na Alemanha, com as convidadas Emilia Zenzile Roig da Alemanha e Cristina Roldão de Portugal. A conversa é coproduzida com a initiativa O Lado Negro da Força e será moderada pela jornalista Paula Cardoso.
Interseccionalidade é um termo que descreve a interação de vários mecanismos de opressão - justiça interseccional refere-se à distribuição justa e igualitária da riqueza, das oportunidades, dos direitos e do poder político na sociedade. Centra-se na interação de privilégios e desvantagens estruturais, ou seja, a desvantagem de alguns é o privilégio de outros. A justiça interseccional entende a discriminação e a desigualdade não como o resultado de intenções individuais, mas como sistémicas, institucionais e estruturais.
Desde o discurso histórico da ativista dos direitos humanos Sojourner Truth, “And ain’t I a woman?”, até às reflexões de Kimberlé Crenshaw, que inventou o termo interseccionalidade, o feminismo negro revolucionou a forma de pensar na luta contra os sistemas opressivos. Na Alemanha, esta força de mudança pode ser vista no trabalho de Emilia Zenzile Roig, que fundou o Centro para a Justiça Interseccional. Em Portugal, a pesquisa da socióloga Cristina Roldão lança luz sobre a presença negra no país, revelando apagamentos e silêncios históricos.
Mais do que um conceito inovador, como se promove na prática esta ideia de justiça? É possível falar de justiça social sem falar de interseccionalidade?


Emilia Zenzile Roig (*1983) é fundadora e directora do Centro para a Justiça Interseccional (CIJ) em Berlim. Concluiu o seu doutoramento na Universidade Humboldt em Berlim e na Science Po Lyon. Emilia Roig leccionou interseccionalidade, teoria crítica da raça e estudos pós-coloniais, bem como direito internacional e europeu na Alemanha, em França e nos EUA. Dá palestras e conferências em toda a Europa sobre os temas da interseccionalidade, feminismo, racismo, discriminação, diversidade e inclusão e é autora de numerosas publicações em alemão, inglês e francês. É autora do bestseller “WHY WE MATTER. O Fim da Opressão”. Em 2022, foi eleita a “Mulher Mais Influente do Ano” no Prémio Impacto da Diversidade. Em 2023, publicou “O FIM DO CASAMENTO. Por uma revolução do amor”.
Cristina Roldão (*1980) é uma socióloga portuguesa cuja investigação se centra na educação e na marginalização e que é conhecida pelo seu ativismo social, antirracista e feminista. Doutorada em Sociologia, é investigadora do ISCTE-IUL e docente da Escola Superior de Educação de Setúbal (ESE/IPS). Tem participado ativamente no debate académico e público sobre o racismo e a história negra na sociedade portuguesa. Foi membro da comissão organizadora da 7ª Conferência Internacional Afro-Europeia (Lisboa, 2019) e coordena o “Roteiro Anti-Racista” na ESE/IPS. É colunista do Público e integrou os grupos de trabalho para o Plano Nacional de Combate ao Racismo e para a recolha de dados sobre origem étnica nos censos de 2021.
Paula Cardoso (*1979) é uma jornalista luso-moçambicana, produtora de conteúdos e ativista antirracismo. É criadora da série de livros infantis Força Africana e das plataformas Afrolink e O Lado Negro da Força. Em 2022, foi incluída na lista das Top 100 Women In Social Enterprise 2022 pela EuclidNetwork, uma rede europeia de empreendedorismo social apoiada pela Comissão Europeia. É também membro do Fórum dos Cidadãos, que trabalha para revitalizar a democracia portuguesa, e do programa de mentoria HeforShe Lisboa.

Mais infos 

21.11.2023 | por martalanca | cristina roldão, Justíça interseccional

O Tempo que resta de Elia Suleiman

LEFFEST17ºLisboa Film Festival 

Um retrato único, poderoso, semi-biográfico e profundamente pessoal da Palestina, entre 1948 e os dias de hoje. Combinado com memórias de Elia Suleiman com a sua família, o filme procura retratar a vida quotidiana daqueles palestinos que ficaram e que foram rotulados de “árabes israelitas”, vivendo como uma minoria na sua própria pátria.

  • Duração: 109’ Ano de produção: 2009 País: FR, BE, UK Idioma: AR Mais infos.

15.11.2023 | por martalanca | Elia Suleiman, leffest, palestina

Open Studio´da artista sul-africana Teresa Kutala Firmino

Depois de quatro intensas semanas, a Residência Artística de Teresa no ‘Angola AIR’ acaba e teremos, em primeira mão, o relato do que foram estas semanas de pesquisa in loco com moderação da conversa pelo curador angolano Marcos Jinguba.

Teresa “é uma artista multimédia, radicada em Joanesburgo, que trabalha com pintura, fotografia e performance. Ela faz parte de um coletivo chamado Kutala Chopeto, que começou como uma investigação sobre a história comum que está ligada ao Batalhão 32, os soldados que se estabeleceram em Pomfret após a Guerra da Fronteira.  

Teresa analisa como, apesar do trauma que vivenciaram, muitas destas mulheres tiveram que continuar a viver com os seus agressores. A artista questiona o que há no corpo e na mente da mulher negra que, apesar do trauma, continua a prosperar. Ela está realmente viva ou está em constante melancolia enquanto existe após o colonialismo, a guerra civil e a traição? Negociar o trauma é perceber que seu agressor possivelmente faz parte de um ciclo maior de abuso?

sexta-feira, 17 de novembro das 18h às 21h  ELA-Espaço Luanda Arte, entrada livre 

Agradecemos o apoio da Weza, da Textang II e da Tipografia Corimba.

O ELA-Espaço Luanda Arte encontra-se localizado no armazém Cunha & Irmão SARL / ex-Escola Portuguesa, Rua Alfredo Troni 51/57, Luanda.

14.11.2023 | por martalanca | Teresa Kutala Firmino

“A luta continua e a reação não passará!? O Iliberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade

A Editora/Livraria Sá da Costa, em conjunto com os autores e a Associação Cultural Chá de Caxinde, tem a honra de a/o convidar para o lançamento do livro: “A luta continua e a reação não passará!? O Iliberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade, que se realiza no dia 18 de novembro, pelas 17h30, na galeria da Sá da Costa, Rua Serpa Pinto, 19, Lisboa.
Participações:Malyn Newitt; Bruno Ferreira da Costa; Luca Bussotti; Jean-Michel Mabeko-Tali; Reginaldo Silva; David Boio; Domingos da Cruz; Sérgio Dundão; Mihaela Neto Webba; Florita Cuhanga António Telo; Maria Judite Chipenembe; Baltazar Muianga; Eugénio Costa Almeida; Paula Roque; Fernando Pacheco; Maria da Imaculada Melo.
Apresentação analítica crítica:Alexandra Dias Santos&Alberto Oliveira Pinto,seguida de discussão com os autores e alguns co-autores da obra.Coordenador da organização: Francisco de Pina QueirozA mesa conta ainda com as presenças de José Sousa Machado em representação da Editora Sá da Costa e de Jacques dos Santos, da Associação Chá de Caxinde (organização parceira do projeto).De acordo com Malyn D. Newitt (King’s College London), autor do prefácio “aquilo que efectivamente tem sido a governação de partido único nos dois países levou não somente à manipulação das eleições que mantém os partidos governantes no poder, mas também a uma sistemática negligência e, em alguns casos, simples negação dos direitos humanos da população, que tem sido em todos os aspectos tão extrema quanto o foi sob o regime colonial. (…)”, considerando também “essencial que aqueles que monitorizam a democracia e os direitos humanos sejam capazes de tornar públicas as suas análises, avaliações e conclusões. (…) O tipo de estudos como estes que se apresentam neste volume, que têm sido pesquisados com profundidade, revistos e escrutinados de forma independente, apresentam-se por si só como exemplos de esperança e sinais para a possibilidade de um futuro mais justo e igualitário.”O livro terá um custo de 20€Existirão disponíveis outros livros do mesmo projecto científico.

14.11.2023 | por martalanca | angola, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade, democracia, “A luta continua e a reação não passará!? O Liberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”

Reformular a autoridade e a autoria nas artes

20 novembro I Culturgest


TECENDO LINHAS DE REPARAÇÃO 

“Se a construção de uma ponte não enriquece a consciência de quem nela trabalha, então a ponte não deve ser construída.” É a partir desta premissa de Franz Omar Fanon, estendida enquanto território conceptual, que abrimos caminho à reflexão que molda esta conferência, no Dia da Consciência Negra. Num momento histórico em que o conceito de diversidade tende a esvaziar-se de significado nos discursos sobre cultura, abordaremos as dimensões de autoridade e autoria de modo a facilitar (e talvez acelerar) o pensamento e a concretização de insurreições radicais e reparadoras no sector cultural. O programa da conferência constrói-se a partir de uma pedagogia de perguntas: o que são e para que/quem servem linhas antirracistas para a arte-educação? Como reparar o reparável no sector artístico em Portugal? Quais os potenciais críticos dos nossos posicionamentos político-performativos? Como operar as categorias políticas deste tempo, sem estender a sua duração?

Common Stories junta Maison de la Culture de Seine-Saint-Denis (Paris), o Alkantara Festival e Culturgest (Lisboa), Théâtre National Wallonie-Bruxelles (Bruxelas), o festival africologne (Alemanha), o Riksteatern (Estocolmo) e TR Warszawa (Varsóvia), num projeto de três anos. Em novembro, o espaço Alkantara, em Lisboa, recebe o primeiro CommonLAb, que reúne artistas em ascensão preocupados com questões de identidade e diversidade, enquanto a Culturgest acolhe a conferência ‘Reformular a Autoridade e a Autoria nas Artes’, uma curadoria de Raquel Lima que corresponde à primeira sessão pública da Fábrica de Boas Práticas sobre como acolher a diversidade nas instituições culturais.

PROGRAMA COMPLETO

9:30 – 12:30 
Workshop teórico-prático*
LINHAS ANTIRRACISTAS PARA A ARTE/EDUCAÇÃO: TECENDO PASSADOS, PRESENTES E FUTUROS
UNA – União Negra das Artes: Dori Nigro e Melissa Rodrigues
Sala 2
Entrada gratuita mediante inscrição aqui

Linhas Antirracistas para a Arte/Educação. O que são? Para que servem? E para quem? Estas são algumas Pedagogias das Perguntas de partida com as quais nos deparamos numa tentativa de materializar a vontade de criar um objeto que reflita criticamente a realidade, questione e especule caminhos e possibilidades de futuro mais solidárias, plurais e horizontais no pensar-fazer artístico e educativo. Tendo a arte a potência de transformar, criar imaginários e expandir a outras realidades e dimensões do sentir-pensar, estas Linhas Antirracistas que agora se tecem a várias mãos - enraizadas no conhecimento, práticas e auscultação de artistas, ativistas, pensadoras/es e educadoras/es negras/es - apresenta-se como um diálogo e objeto-mediador-reparador para uma Pedagogia da Transgressão que promova mudanças efetivas nos currículos, nos imaginários, nas realidades e nos seus modos de pensar e fazer. Este propõe-se como um workshop teórico-prático.

12:30 – 14:00
ALMOÇO

14:00 – 15:30 
Mesa conversacional
FARMÁCIA FANON - I GRAMÁTICAS DO AZUL
Keynote speaker: Vânia Gala
Pequeno Auditório
Em português com tradução simultânea para inglês
Entrada gratuita**

Esta apresentação assume a forma de uma performance conversacional, a partir de uma mesa longa com os participantes. Partindo da ideia de degustação e o olfato como abertura sensorial ao mundo revelando através destes as interseções das relações humanas-não humanas neles inscritas e em particular a história colonial pretendo especular em conjunto histórias, saberes e performances alternativas. Quais os potenciais críticos desses posicionamentos? Iremos experimentar e olhar performances negras que se recusam a se atualizarem de forma particular ou mesmo aquelas que recusam certas chamadas para serem realizadas.

16:00 – 18:00
Mesa-redonda 
DA AUTORIDADE DA INÉRCIA À RADICALIDADE DO REPARÁVEL
Anabela Rodrigues, Apolo de Carvalho, Cristina Roldão, Gessica Correia Borges e Kitty Furtado
Pequeno Auditório 
Em português com tradução simultânea para inglês
Entrada gratuita**

Os movimentos sociais e associativos, artistas e investigadores das comunidades negras, por estarem historicamente sujeitos às condições precárias que denunciam, ocupam uma posição estratégica na formulação teórico-prática de políticas de reparação. Contudo, estão ainda limitados pela falsa ideia de inconstitucionalidade das medidas de ação afirmativa, um discurso que se promove e reproduz através de órgãos governamentais, da academia conservadora, do setor cultural e da sociedade civil de forma generalizada. Esta mesa detém-se a debater sobre como reparar o reparável, no setor cultural, desde uma lógica que compreenda a diversidade dos indivíduos, grupos, coletivos e associações que o compõem. Assim sobre como ultrapassar a autoridade da inércia estabelecida, e identificar caminhos radicais com destino à justiça social no meio artístico.

18:30 – 20:00
LIMITE
Keynote speaker: Jota Mombaça
Pequeno Auditório 
Em português com tradução simultânea para inglês
Entrada gratuita**

Como praticar um pensamento no limite das coisas? Como operar as categorias políticas deste tempo, sem estender sua duração? Como pensar a serviço do movimento e da transformação? Esta conferência será dedicada a uma reflexão sobre as noções de sujeito e autora, bem como sobre seu limite constitutivo. Pensadas a partir das tradições radicais preta, indígena e transfeminista, tais questões serão articuladas com base nas múltiplas temporalidades do ativismo e da transformação social, com foco especial no aqui e agora – essa dimensão espiralada do tempo e do espaço, em que passado, presente e futuro convergem de formas previsíveis e imprevisíveis. 

Curadoria Raquel Lima ; Olhares externos Dori Nigro e Melissa Rodrigues

10.11.2023 | por martalanca | artes, autoria, autoridade

Pérola Sem Rapariga |

direção e encenação: Zia Soares

texto: Djaimilia Pereira de Almeida

40.º Festival de Teatro do Seixal

Fórum Cultural do Seixal

16 NOV, 21H30

Pérola Sem Rapariga inspira-se na leitura de Voyage of the Sable Venus and Other Poems de Robin Coste Lewis, e do arquivo fotográfico de Alberto Henschel. O espetáculo pensa a relação entre a superfície do corpo e aquilo que sobre ele somos capazes de dizer, entre legenda e imagem, entre a pele e o salvamento. O artista Kiluanji Kia Henda intervém no espaço da cena instalando prenúncios de apocalipse.

“A ideia é mergulhar na gargalhada e acordar do outro lado. Cair no riso como quem cai no sono e no sono como quem cai ao mar. Ou antes, rir como quem se ergue, tirar o pó dos joelhos dentro dos sonhos, erguer a cabeça dentro do abismo. Ou rir como quem se afoga. Renascer de um afogamento. Acordar da morte.

Duas mulheres que são uma andam por aqui entretidas a abrir o caminho sinuoso aonde levam as gargalhadas. Riem a bandeiras despregadas e, quando dão conta, estão em apuros, numa confusão da qual não sabem sair sozinhas.

Se há uma visão dominante, em Pérola Sem Rapariga, é que as gargalhadas das raparigas são perigosas. Parece que queremos que as mulheres posem sem rir porque temos medo do ritmo, da faca e do arco do riso — que faz tremer a terra e racha o fundo do mar.”

Pérola Sem Rapariga©Filipe FerreiraPérola Sem Rapariga©Filipe Ferreira

Pérola Sem Rapariga©Filipe FerreiraPérola Sem Rapariga©Filipe Ferreira

direção, encenação: Zia Soares

texto: Djaimilia Pereira de Almeida

com: Filipa Bossuet, Sara Fonseca da Graça

artista visual: Kiluanji Kia Henda

instalação e figurinos: Neusa Trovoada

música e design de som: Xullaji

design de iluminação: Carolina Caramelo

assistência à encenação de movimento: Lucília Raimundo

vídeo promocional: António Castelo

produção executiva: Ngleva Produções

coprodução: Sowing_arts, Teatro Nacional D. Maria II, apap – FEMINIST FUTURES (projeto cofinanciado pelo programa Europa Criativa da União Europeia)

apoio: Casa da Dança, Polo Cultural Gaivotas Boavista

duração: 1H

09.11.2023 | por martalanca | Djaimilia Pereira de Almeida, kiluanji kia henda, Neusa Trovoada, Xullaji, Zia Soares

Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais

Hoje, dia 9 de novembro, estreia o podcast “Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais”, que vai explorar as reflexões de académicos, artistas e ativistas sobre a Europa pós-imperial, com o objetivo de compreender e discutir as pós-memórias europeias e os legados coloniais. 
Realizado no âmbito do projeto de investigação “MAPS – Pós-Memórias Europeias: Uma Cartografia Pós-Colonial”, coordenado pela investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Margarida Calafate Ribeiro, e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o podcast vai contar com 18 episódios e vai ficar disponível na plataforma REIMAGINAR A EUROPA. Poderá também ser subscrito em SpotifyApple PodcastsAmazon Music e noutras plataformas de podcasts.  


podcast “Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais” vai ser disponibilizado semanalmente, em português e em francês, sempre às quintas-feiras. Pretende trazer para primeiro plano as histórias de cidadãos e cidadãs de segunda e terceira gerações cujas experiências se encontram moldadas pelas heranças coloniais e pelos processos de descolonização nos contextos de Portugal, Bélgica e França.
Este novo conteúdo quer contribuir para a compreensão e discussão sobre as pós-memórias europeias e os legados coloniais através das vozes daqueles que estão a transformar ativamente o presente e o futuro da Europa. É uma iniciativa que pretende promover um diálogo enriquecedor e crítico sobre questões fundamentais da contemporaneidade, contribuindo para redefinir noções de cidadania na Europa contemporânea. A realização é da investigadora do CES, Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes, a imagem gráfica de Márcio de Carvalho e a música do indicativo é da autoria de XEXA.

09.11.2023 | por martalanca | memória, pós-imperial

Lançamento de "Xirico", de Nélson Moda I 7 de novembro I Tigre de Papel

XIRICO retrata a história da guerra civil em Moçambique, apresentando as causas internas e externas. É a primeira compilação genuína de entrevistas feitas em todas regiões de Moçambique aos moçambicanos que viveram a guerra civil. Estabelece igualmente uma descrição exaustiva de todo sinuoso processo de negociações desde Nairobi, para finalmente assinar-se o Acordo Geral da Paz a 4 de Outubro de 1992, em Roma, sob o envolvimento insólito duma entidade débil, fora das potências globais, a Comunidade de Sant’Egidio.

A obra contém uma exclusiva entrevista feita pelo autor Nelson Moda ao antigo presidente de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano.

7 de novembro às 18h30 na Tigre de Papel

Apresentação do autor e Álvaro Vasconcelos, com moderação de Marta Lança

03.11.2023 | por martalanca | guerra cívil, Moçambique, Nélson Moda, processos de paz, Xirico