Abertura do ciclo "Do cinema de Estado ao cinema fora do Estado - Angola"

07.11.2024 | por martalanca | angola, cinema

Lançamento de "Angola Degredo Salvação" de Nuno Milagre

Após a independência do Brasil, Angola ocupou a posição de colónia principal, pivô do sistema colonial português. Perante a falta de autonomia financeira de Portugal no final do século XIX, a imaginação metropolitana previu com nitidez que Angola se encarregaria de gerar os recursos para a salvação das finanças portuguesas. Angola Degredo Salvação investiga e discute a atividade portuguesa por volta de 1900, no seu empreendimento transcontinental de converter recursos de Angola em ganhos materiais para Portugal. Identificam-se representações de Angola que provocavam repulsa ou atração pela colónia, condicionando a agenda, a presença e a intervenção portuguesa. Confronta-se a continuidade do envio de degredados para a colónia com a expectativa de que essa mesma colónia viesse a gerar riqueza para a salvação de Portugal. Analisa-se a discussão sobre a concessão do Caminho de Ferro de Benguela a um britânico, e os riscos e benefícios de financiar o progresso angolano com capital estrangeiro. A averiguação das formas de uso de Angola para benefício da metrópole põe em causa a validade do lema que preconizava o «desenvolvimento material das colónias» como orientação principal da política colonial portuguesa.

24.11.2023 | por martalanca | angola, Angola Degredo Salvação, colonialismo, degredo, Nuno Milagre

“A luta continua e a reação não passará!? O Iliberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade

A Editora/Livraria Sá da Costa, em conjunto com os autores e a Associação Cultural Chá de Caxinde, tem a honra de a/o convidar para o lançamento do livro: “A luta continua e a reação não passará!? O Iliberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade, que se realiza no dia 18 de novembro, pelas 17h30, na galeria da Sá da Costa, Rua Serpa Pinto, 19, Lisboa.
Participações:Malyn Newitt; Bruno Ferreira da Costa; Luca Bussotti; Jean-Michel Mabeko-Tali; Reginaldo Silva; David Boio; Domingos da Cruz; Sérgio Dundão; Mihaela Neto Webba; Florita Cuhanga António Telo; Maria Judite Chipenembe; Baltazar Muianga; Eugénio Costa Almeida; Paula Roque; Fernando Pacheco; Maria da Imaculada Melo.
Apresentação analítica crítica:Alexandra Dias Santos&Alberto Oliveira Pinto,seguida de discussão com os autores e alguns co-autores da obra.Coordenador da organização: Francisco de Pina QueirozA mesa conta ainda com as presenças de José Sousa Machado em representação da Editora Sá da Costa e de Jacques dos Santos, da Associação Chá de Caxinde (organização parceira do projeto).De acordo com Malyn D. Newitt (King’s College London), autor do prefácio “aquilo que efectivamente tem sido a governação de partido único nos dois países levou não somente à manipulação das eleições que mantém os partidos governantes no poder, mas também a uma sistemática negligência e, em alguns casos, simples negação dos direitos humanos da população, que tem sido em todos os aspectos tão extrema quanto o foi sob o regime colonial. (…)”, considerando também “essencial que aqueles que monitorizam a democracia e os direitos humanos sejam capazes de tornar públicas as suas análises, avaliações e conclusões. (…) O tipo de estudos como estes que se apresentam neste volume, que têm sido pesquisados com profundidade, revistos e escrutinados de forma independente, apresentam-se por si só como exemplos de esperança e sinais para a possibilidade de um futuro mais justo e igualitário.”O livro terá um custo de 20€Existirão disponíveis outros livros do mesmo projecto científico.

14.11.2023 | por martalanca | angola, de Nuno de Fragoso Vidal & Justino Pinto de Andrade, democracia, “A luta continua e a reação não passará!? O Liberalismo contra a Democratização em Angola e Moçambique no século XXI”

CARTA A ANGOLA pelos órfãos da associação M27

Compatriotas, irmãs e irmãos angolanosSomos filhos de vítimas do 27 de Maio de 1977. Sofremos todos uma dor incurável, misto de perda, de ausência e de incerteza sobre as condições em que os nossos pais perderam a vida.Vivemos toda a nossa vida ou grande parte dela privados da companhia dos nossos pais. Alguns de nós tiveram ainda o privilégio de privar com os pais, de experimentar a sensação única e insubstituível de viver o amor paternal. De aprender pela sua mão a andar, a correr, a nadar, a enfrentar os medos e os perigos…Outros conhecem os pais apenas por fotografias, algumas tão antigas e desbotadas que não se consegue reconstituir os traços da sua fisionomia. Nunca ouviram a sua voz, nem tiveram a sorte de conviver com eles na infância ou na idade adulta. Os nossos pais não puderam aconselhar-nos sobre os nossos percursos académicos, sobre as nossas escolhas profissionais, sobre as mais importantes decisões que tivemos de tomar na vida.Também não puderam conhecer os nossos filhos.

Foram bruscamente arrancados de nós, quando pensavam estar a construir um país digno e próspero para todos nós, os seus filhos e os filhos de todos os outros pais.

Mesmo não tendo privado com eles, mantivemos sempre intacto, sempre vivo, o amor pelos que nos deram a vida. Cremos ser isso que qualquer pai espera dos filhos.Sabemos que eram nacionalistas. Que devotaram os seus melhores anos à luta por uma Angola independente, onde todos os angolanos, livres e iguais, pudessem ter uma vida digna, com acesso à educação, à saúde, ao trabalho e a pão para colocar na mesa dos filhos. Uma Angola verdadeiramente independente em que coubesse um lugar para todos. Muitos deles sofreram na pele a repressão da polícia política do colonialismo, a PIDE, e enfrentaram a prisão e o degredo, por lutarem pela liberdade e pela independência do nosso povo.

São Paulo, São Nicolau, Tarrafal, são nomes de cadeias e de campos de concentração que associamos à sua vida de militantes anticolonialistas e combatentes da liberdade.Nunca compreendemos como foi possível serem presos, torturados e sumariamente executados, sem direito a um julgamento justo e imparcial, na Angola independente que ajudaram a construir…

Há seguramente ainda muito por desvendar sobre o que aconteceu no dia 27 de maio de 1977, sobre os acontecimentos que o precederam e sobre a barbárie que se lhe seguiu​​.Todos nós fomos condenados a viver como filhos de sombras. De nomes que não se podia pronunciar em voz alta, sob pena de se ser considerado inimigo da nação. De almas cujos corpos as famílias não mais viram e cujos restos mortais jazem depositados em lugares que fomos privados de conhecer. Nunca pudemos dar uma sepultura digna aos nossos pais, como corresponde aos nossos costumes e qualquer filho quer fazer.As nossas mães, viúvas que nunca viram nem receberam os cadáveres dos companheiros, conheceram a perseguição, o opróbrio, o ostracismo e, em alguns casos, foram condenadas à miséria.

Muitos de nós enfrentaram sérias dificuldades adicionais, por serem filhos de mortos à mão de um Estado que se recusou a reconhecê-los e, por isso, nunca emitiu as certidões de óbito. Vivemos anos e anos num limbo…Porém, subitamente, há ano e meio, vimos uma luz no fundo deste longo túnel e essa luz trouxe esperança para muitos de nós.

O Presidente João Lourenço, pela primeira vez na história de Angola independente, reconheceu os excessos do Estado nos acontecimentos que se seguiram ao 27 de maio, prometeu justiça e dignidade para os mortos, paz e reconciliação entre os vivos.

Admitiu publicamente as mortes de cidadãos às mãos do Estado, comprometeu-se com a emissão das correspondentes certidões de óbito, a identificação e entrega dos restos mortais às famílias, para a realização das exéquias fúnebres.

Esse gesto, olhado inicialmente com desconfiança, por ser inédito, por ter lugar em ano anterior ao de eleições, porque esperámos tanto tempo que já tínhamos desesperado, acabou por ser reconhecido por todos nós como o primeiro sinal genuíno de busca pública da VERDADE e de intenção de reconciliação. Foi criada uma comissão, sob a égide do Ministro da Justiça – A CIVICOP – que ficou encarregue de dar execução aos procedimentos necessários à execução do programa definido pelo Presidente da República.

Questionámos sempre a metodologia seguida pela CIVICOP – porque envolvia pessoas intimamente ligadas à repressão em Maio de 1977, que nenhum interesse terão na reposição da verdade; porque não incluiu representantes das vítimas; porque nunca tornou claros os procedimentos que estava a seguir na localização e identificação dos cadáveres.

Paralelamente, foi criada toda uma máquina de propaganda que poderia garantir tudo, menos um trabalho rigoroso e um resultado sério. Foram exibidas na televisão imagens de um técnico brasileiro com um aparelho que serviria para localizar corpos; imagens de equipamentos semelhantes a retroescavadoras, que estariam no local a remover restos mortais; chegou-se ao ponto de anunciar publicamente a possível localização de cadáveres de pessoas cujos nomes foram publicitados nas televisões, enquanto se exibiam esqueletos humanos, reavivando sentimentos de profunda comoção e sofrimento nas famílias.

Ouvimos pronunciar o nome dos nossos pais e o de pais de companheiros nossos, órfãos também na sequência daqueles massacres. Ali estavam os restos mortais, que encerrariam um capítulo da história.Foram entregues corpos em cerimónias públicas amplamente televisionadas, em véspera de eleições presidenciais. Foram realizadas cerimónias fúnebres. O país viu. Todo o país viu e viveu esse momento como um tempo de verdade e reconciliação.Porém, nem todos recebemos acriticamente os restos mortais que nos foram indicados como pertencentes aos nossos pais. Alguns de nós pediram a realização de testes de ADN para confirmar a identidade dos cadáveres.

E foi com espanto e dor que feitos os exames se concluiu que NENHUMA das amostras corresponde à de cadáveres dos nossos pais…!Incrédulos, perguntamos porquê que nos fazem isto? Porquê que nos fizeram isto? Não chegou terem-nos imposto uma vida familiar amputada, sempre marcada pela tristeza da perda dos nossos pais? Não bastou o Estado ter demorado mais de 40 anos – mais do que a idade da maioria das vítimas – para tentar assegurar às vítimas o direito à identidade?

Objetivamente, aquilo a que assistimos foi um exercício de crueldade, em que se reavivaram gratuitamente sentimentos de perda, de dor e de mágoa, com objetivos que nada têm de nobre. E se nenhum dos restos examinados corresponde às pessoas a quem se disse pertencerem, o que se passará com os restos mortais já entregues às famílias e enterrados sem exames prévios?

As autoridades dirão agora que foi um erro. Um engano que pode ser reparado, com novas pesquisas e indagações.E nós perguntamos: Quantas mais pesquisas e indagações serão necessárias para se chegar à verdade? Quantas mais amostras de cadáveres nos serão entregues, em vão?A VERDADE – sabemo-la todos – é que estão vivos e identificados muitos dos responsáveis e participantes na repressão. E a questão que colocamos, legitimamente, é a de saber porquê que, com total transparência, essas pessoas não são chamadas a indicar, sob juramento, os locais onde foram enterrados ou lançados os corpos a que tiraram ou mandaram tirar a vida.45 anos é tempo suficiente para se encarar a VERDADE e para o País enfrentar os seus traumas.

A VERDADE ilumina e reconcilia.

A VERDADE não é apenas um direito nosso enquanto filhos, ou um direito das famílias. A VERDADE é um imperativo nacional. Não conseguiremos ultrapassar esta tragédia e aprender com ela se continuarmos a recusar-nos a enfrentar verdadeiramente os factos.E é por ser este o nosso convencimento que vimos publicamente exprimir a decepção com todo este processo e nos dirigimos ao povo angolano e ao país pedindo que se una na busca da VERDADE, porque esta é a única que nos pode verdadeiramente permitir acertar contas com o passado e construir um futuro liberto de mágoas e de ressentimentos.

Os órfãos da associação M27

23.03.2023 | por martalanca | 27 maio 1977, angola, morte, MPLA, reparação, repressão

Lançamento do livro "Pesadelos, Excessos, Utopias. A representação do poder em Angola entre literatura e artes visuais", de Alice Girotto

Quinta-feira, 16 de Março, às 18h30 na Tigre de Papel, Lisboa
Lançamento do livro com a participação da autora, de Ana Mafalda Leite e de Inês Ponte

Apostando na validade hermenêutica e no alcance crítico da análise interartística no estudo das literaturas africanas de língua portuguesa, este livro tem o objetivo de alargar o horizonte de conhecimentos sobre a literatura contemporânea de Angola, com vista a uma compreensão mais profunda da realidade cultural do país pós-2002.O estudo de tipo temático identifica e confronta, num corpus de mais de vinte obras de ficção e das artes visuais, as características do poder que se evidenciam na sua representação literária e artística, especificamente em três manifestações: o poder nas relações que se instauram no espaço e na sua organização; a personificação do poder na arena política e em figuras intermediárias ligadas às instituições estatais; a redefinição do poder em modalidades novas e alternativas. Desta observação emergem os três núcleos estéticos evocados no título e considerados como sendo subjacentes à contemporaneidade angolana.

08.03.2023 | por martalanca | Alice Girotto, Ana Mafalda Leite, angola, artes visuais, Inês Ponte, literatura, Poder

"Silenciocracia, jornabófias e outras mazelas", de Luzia Moniz

O livro reune mais de 30 crónicas publicadas no Novo Jornal. “Silenciocracia” é o título de um dos textos de denúncia da autocracia angolana. “Jornabófias” denuncia o uso de jornalistas como bófias. Tem seis capítulos.

É com muito orgulho que no próximo dia 24 de Novembro de 2022, pelas 17h00, regressamos à Casa da Imprensa, em Lisboa, para apresentar o livro “Silenciocracia, jornabófias e outras mazelas” (Ed. 2022), crónicas de Luzia Moniz. 
Esta edição é o primeiro volume da Colecção Novo Jornal, uma grande parceria entre as nossas editoras, e no seguimento do trabalho que ao longo dos anos fomos realizando com o actual director do semanário Novo Jornal, Armindo Laureano. Meu mano, autor do primeiro livro com a nossa chancela, salvo erro, em 2015, e um grande militante cultural.
A minha mana Luzia Moniz, é angolana, jornalista, socióloga e activista interseccional, acredita na Democracia como alavanca para o combate às desigualdades políticas, económicas e sociais. É co-fundadora da PADEMA, Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana, uma organização da Diáspora Africana em Portugal, centrada na Mulher Africana diaspórica, nos seus valores culturais e identitários com vista à sua afirmação na sociedade tendo em conta a igualdade de género e de oportunidades.Pan-africanista desde sempre, a autora liderou em Luanda, durante cinco anos, o Desk África da Agência Angola Press (ANGOP) que coordenava todo o noticiário africano do País, antes de ser transferida, em 1989, para Portugal como delegada da mesma agência.É frontal, “escreve como fala: de olhos bem abertos e acesos, e olhando bem direitinho para o seu interlocutor, e sobretudo sem papas na língua”, como retrata, no prefácio deste livro, o historiador africano do Congo, o seu amigo-irmão Jean-Michel Mabeko-Tali.”Luzia Moniz fez-se indubitavelmente intelectual da, e na revolução, forjou-se nela, construiu-se politicamente nela, ainda de acordo com Mabeko-Tali ou, como sublinham Dilia Fraguito Samarth e Anil Samarth, no posfácio é “sonhadora, intelectual honesta, implicada na luta histórico-política desde tenra idade, com uma consciência histórica profunda, cujas raízes se alicerçam no eloquente exemplo de Deolinda Rodrigues, e continua a afirmar a sua luta contra qualquer tipo de colonialismo”.Luzia reside em Portugal, sua terra de adopção e de opção.
Este livro está dividido  nos seguintes capítulos:
1º CAPÍTULO – África e Diáspora 2º CAPÍTULO – Género e Igualdade3º CAPÍTULO – Democracia versus Autocracia4º CAPÍTULO – Cultura e Identidade5º CAPÍTULO – Liberdade de Imprensa6º CAPÍTULO – Mazelas de Portugal
Questões de saúde atiraram-me para uma cama do Hospital, a 30 de Outubro de 2022, estou a fazer tudo para resistir e estar presente nas nossas actividades marcadas para a próxima semana, a apresentação deste livro e um outro livro de poesia em kimbundu no sábado 26/11/2022.
Um forte abraço para todos em especial para a Luzia e o Laureano.Estão desde já convidados a estarem presentes na Casa da Imprensa. Joao Ricardo.

 

 


17.11.2022 | por martalanca | angola, jornalismo, livro, Luzia Moniz

Minela Reis e Ivone Gaipi trazem Angola a Lisboa

A pintora Minela Reis e a escultora Ivone Gaipi apresentam os seus mais recentes trabalhos na exposição “No Desaguar dos Corpos” na Galeria Artistas de Angola, em lisboa. A mostra tem curadoria e mentoria de Olga Maria e Sousa. A inauguração será no dia 7 de outubro, sexta-feira, a partir das 17h, na Rua Sousa Lopes N.º 12A em Lisboa e ficará patente até 14 de novembro.

Para a exposição Minela Reis, pintora angolana, traz um combinado de trabalhos feitos a pastel seco, a óleo e aguarela, nos suportes de papel e tela, onde a figura humana é predominante. A presença e diversidade das cores fortes é a força que origina um conjunto de contrastes entre o claro e o escuro, e o quente e o frio. O corpo pintado e desenhado parece estar em movimento, tem textura, curvas, brilho e cheiro, os rostos e os olhares são profundos e vivos, sorriem e têm emoções.

Minela ReisMinela Reis

Na arte de Minela a presença da figura humana é uma constante, através da pintura consegue regressar a Angola, às cores, cheiros e aos céus africanos. Pinta com a emoção do que sente no momento.

Já a escultora Ivone Gaipi vai explorar o Alginato, o Gesso e as Resinas, onde a técnica de body casting é transposta para a escultura. Ivone viveu quatro anos em Angola, onde foi profundamente tocada pelo país. O calor, as cores, os ritmos, as gentes sorridentes e alegres, e a mistura ardente do cheiro a terra, formam a sua grande fonte de inspiração para as esculturas que integram esta exposição.  A nostalgia destas emoções, resultaram no reviver Angola materializada em expressões de Arte. É essa transmutação que transporta para o trabalho de escultura, numa linguagem que expressa a exploração do corpo através da sua desconstrução, conexão e simbiose com o que o rodeia.

Ivone GaipiIvone Gaipi

03.10.2022 | por Alícia Gaspar | angola, escultura, exposição, ivone gaipi, lisboa, minela reis, pintura

Resistência Visual Generalizada. Livros de Fotografia e Movimentos de Libertação: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo-Verde

28 setembro a 27 novembro 2022

Galeria do Torreão Nascente da Cordoaria Nacional

Curadoria: Catarina Boieiro e Raquel Schefer

Entre 1961 e 1974, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) travam guerras de Libertação contra o sistema fascista e colonial português, após quase cinco séculos de dominação colonial e de resistência. Nesta conjuntura histórica, a descolonização política é considerada como indissociável da descolonização da cultura e das formas visuais. A cultura e a arte são entendidas como um campo produtor de efeitos de transformação na sociedade. As Revoluções africanas são um período de libertação da palavra, da imagem e das formas de representação. Para Amílcar Cabral, a resistência política é uma forma de resistência cultural, do mesmo modo que a resistência cultural é uma forma de resistência política.

No contexto da solidariedade internacionalista das décadas de 1960 e 1970, as lutas de libertação despertam o interesse de fotógrafos e cineastas. A revista, o livro, a fotografia e o cinema são percebidos como instrumentos fundamentais para mobilizar o apoio popular e difundir a luta pela descolonização a nível internacional. Fotógrafos como Augusta Conchiglia e Tadahiro Ogawa, entre outros, documentam a luta armada e a vida nas zonas libertadas, onde se experimentavam diferentes formas de organização social e se implementavam projectos de pedagogia radical. Depois das independências, outros livros de fotografia documentam o processo de construção dos Estados-nação. Entre o militantismo e a experimentação formal, estes livros restituem a dimensão sensível dos primeiros anos de independência, período marcado pela adopção de modelos políticos marxistas-leninistas e pela busca de uma imagem descolonizada.

Reunindo um conjunto inédito de livros, fotografias e documentos produzidos entre as décadas de sessenta e oitenta, esta exposição desenha uma constelação espacial e temporal da estética de Libertação. Além de um vasto conjunto de livros, revistas, cartazes e documentos, a mostra inclui obras fotográficas e cinematográficas das décadas de sessenta e setenta de Augusta Conchiglia, Moira Forjaz, Silvestre Pestana e da cooperativa Grupo Zero. Integra também peças recentes de Daniel Barroca, Welket Bungué, Filipa César e Sónia Vaz Borges que interrogam a história e a memória, reelaboram as formas visuais da estética de Libertação e examinam a persistência de estruturas coloniais no presente.

*Exposição organizada no âmbito da programação da Saison France – Portugal 2022.*

Mais informações.

20.09.2022 | por Alícia Gaspar | angola, Cabo-verde, Catarina Boieiro, cultura visual, fotografia, Guiné-Bissau, livro de fotografia, Moçambique, movimentos de libertação, Raquel Schefer

Os cadáveres são bons para esconder minas | Peça de Teatro e Conversa

15, 16, 17 e 18 setembro | TMJB – Sala Experimental (Almada)
20 outubro a 13 novembro | Sala Grande OMT (Coimbra)

qui, sex e sáb às 21h00
dom às 16h00

Duração aprox.: 90min. | M/14

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Carlos GomesCarlos Gomes

A Guerra Colonial, que Portugal travou nas suas antigas colónias de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau contra os movimentos independentistas, aconteceu há 50 anos, mobilizou um milhão de soldados e afectou toda a sociedade portuguesa. Os cadáveres são bons para esconder minas é um espectáculo que explora as memórias desse conflito. Como explica o Teatrão: “Tal como actualmente o Ocidente tem vindo a discutir o legado esclavagista e colonial, impõe-se regressar a esta ferida da história recente portuguesa para compreender as suas implicações para toda uma geração e de que modo as suas repercussões chegam aos nossos dias”. Partindo do lado documental e testemunhal da guerra, procura-se explorar a noção de trauma que atravessa as histórias e as palavras que chegaram até aos nossos dias.

O Teatrão é uma companhia de Coimbra que inicialmente se dedicava exclusivamente ao teatro infantil. Em 2008, assumiu a gestão da Oficina Municipal do Teatro e iniciou um projeto artístico que assenta na exploração do território e na proximidade com os públicos da região, explorando diferentes formas teatrais.

O escritor e dramaturgo Jorge Palinhos foi galardoado com o Prémio Miguel Rovisco 2003 e o Prémio Manuel Deniz Jacinto 2007, e esteve na shortlist do Prémio Luso-Brasileiro de Teatro António José da Silva 2011. Foi dramaturgo convidado da Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012.

Dramaturgia Jorge Palinhos
Encenação Isabel Craveiro
Interpretação Afonso Abreu, David Meco, Diogo Simões, João Santos e Teosson Chau
Direção Musical e preparação vocal Rui Lúcio
Desenho de Luz Jonathan Azevedo
Cenografia e Figurinos Filipa Malva
Sonoplastia Nuno Pompeu
Design gráfico Paul Hardman
Fotografia Carlos Gomes
Cabeleireiro Carlos Gago (Ilídio Design)
Costureira Albertina Vilela
Construção Cenário Nuno Pereira e Tiago 
Operação de Luz e Som Jonathan Azevedo e Nuno Pompeu
Direção de Produção Isabel Craveiro
Produção Executiva Cátia Oliveira
Assistência à Produção Maria Rui (estagiária)
Direção Técnica Jonathan Azevedo
Comunicação Margarida Sousa 

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Conversa

Guerra Colonial - Memória e Esquecimento
Co-organização Teatrão e CROME/Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra

17 SET · 18h

Teatro Municipal Joaquim Benite

Entrada Livre

A colaboração entre pensadores, investigadores, intelectuais e a criação artística é fundamental para umolhar crítico e transformador do mundo contemporâneo. No caso do Teatrão, apostado em inspirar o seu público com criações que o interrogam e mobilizam sobre oestado atual do mundo, tem-se construído uma relaçãomuito sólida de trabalho, de múltiplos formatos, com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC). Com outros Centros de Investigação locais,nacionais e internacionais também, mas o CES é umparceiro fundamental e inspirador para a nossa atividade. É nesse contexto que surge, associada ao espetáculo “Os cadáveres são bons para esconder minas”, a conversa “Guerra Colonial – Memória e esquecimento”, organizada em parceria com o projeto CROME e que parte deste espetáculo para discutir, 50 anos depois, questões sobrea Guerra Colonial. Neste caso, porque o espetáculo convoca um olhar atual sobre os ex-combatentes, os seus percursos e o impacto deste conflito nas suas trajetórias, sublinhando a complexidade e legitimidade dos diferentes lugares de fala, convidamos artistas e investigadores a estabelecer ligações entre o objeto artístico e a produção de conhecimento pós-colonial.

Com:

Miguel Cardina

Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade deCoimbra. É membro da coordenação da linha temática “A Europa e o Sul Global: Patrimónios e Diálogos”. Foi Presidente do Conselho Científico do CES (2017-2019). É coordenador do projeto «CROME– Crossed Memories, Politics of Silence. The Colonial-Liberation Wars in Postcolonial Times», financiado pelo European ResearchCouncil. É autor ou co-autor de vários livros, capítulos e artigos sobre colonialismo, anticolonialismo e guerra colonial; história dasideologias políticas nas décadas de 1960 e 1970; e dinâmicas entrehistória e memória.

Marta Lança

Trabalhadora independente em várias áreas no sector cultural, do cinema à programação. Muitos projetos são ligados ao Brasil e a países africanos de língua portuguesa, onde tem passado grandes temporadas. Formou-se em Estudos Portugueses e é doutoranda em Estudos Artísticos (FCSH – UNL). Colaborou com diversas publicações portuguesas e angolanas. Criou as revistas V-ludo, DáFala e o portal BUALA (dinamizado desde 2010). Faz traduções de francês para português, nomeadamente de pensadores africanos como Achille Mbembe e Felwine Saar.

Jorge Palinhos

Escritor e dramaturgo. As suas obras já foram apresentadas e/ou editadas em Portugal, Brasil, Espanha, Estados Unidos da América, França, Países Baixos, Bélgica, Alemanha, Suíça e Sérvia. Formou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade deLetras do Porto, em 2000 e é mestre em Terminologia e Tradução também pela Faculdade de Letras, com uma tese sobre Estudos de Texto. Foi revisor de textos, tradutor, coordenador editorial e colaborador de várias publicações. Doutorado em Estudos Culturais com uma tese sobre dramaturgia lusófona contemporânea. Foi dramaturgo e dramaturgista convidado na Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012, é dramaturgista da companhia belga Stand-up Tall, investigador residente da companhia Visões Úteis, e docente convidado da Escola Superior Artística do Porto e da Escola Superior de Teatro e Cinema.

14.09.2022 | por Alícia Gaspar | Africa, angola, esquecimento, guerra colonial, memória, os cadaveres são bons para esconder minas, teatro, tertúlia

Time is a flat circle. David Brits na Galeria MOVART

De 15 set. a 13 nov. 2022

Galeria MOVART, Lisboa, Rua João Penha 14A, 1250 - 131 Lisboa, Portugal

Apresentando trabalhos fotográficos terminados entre 2010 e 2012, bem como uma série de novas esculturas feitas de fibra de carbono, Time is a Flat Circle, do artista sul-africano David Brits (n. 1987), evoca a batalha de Cuito Cuanavale, uma batalha mecanizada de tanques de grande escala que ocorreu no sul de Angola entre forças angolanas, cubanas, e sul-africanas, entre 1987 e 1988.

Tomando como ponto de partida um arquivo de imagens publicadas nas redes sociais de grupos de exrecrutas sul-africanos, muitos dos quais lutaram na batalha sul-africana conhecida como “Border War” na Namíbia e no Sul de Angola dos anos 1960 aos anos 1980, o artista intervém sobre as mesmas através do ato de rasura, raspar e apagar, incorporando assim as complexidades de trabalhar com a sua própria masculinidade e a história herdada de uma África do Sul pós-apartheid.

Acompanhada de esculturas que têm como principal arquétipo o “Oroboro”, uma palavra grega que descreve o símbolo da cobra a devorar/consumir a própria cauda, a exposição gera uma imagem cuja lógica se refuta e que, de alguma forma, suspende o tempo.

BIO

Nascido em 1987, David Brits formou-se na Escola Michaelis de Belas Artes (Pintura) na Universidade da Cidade do Cabo em 2010, É um artista premiado cuja prática experimental é dedicada a investigações no âmbito da escultura à escala pública. Igualmente impulsionado pela exploração de materiais e investigação arquivística, a prática de Brits abrange a instalação, a impressão, o desenho e o filme.

As principais comissões de escultura pública recentes incluem a Fundação Desmond Tutu HIV, o Spier Arts Trust e a Iziko South African National Gallery. Brits foi vencedor do Prémio de Artes de Impacto Social inaugural da Fundação Rupert, e o galardoado com o Prémio Barbara Fairhead para a Responsabilidade Social na Arte.

14.09.2022 | por Alícia Gaspar | Africa, angola, david brits, exposição, fotografia, galeria movart, Namíbia, time is a flat circle

"Factory of Disposable Feelings", de Edson Chagas

Inauguração: 23 setembro, 18h 

24 setembro a 5 novembro (quarta a sábado, das 15h às 19h)
entrada livre

Hangar - Centro de Investigação Artística.

Com curadoria de Ana Balona de Oliveira, esta exposição apresenta uma das mais recentes séries fotográficas do artista, realizada no bairro Cazenga em Luanda, entre 2017 e 2018. Tendo sido anteriormente mostrada a solo apenas na Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2019, “Factory of Disposable Feelings” é apresentada agora pela primeira vez em Lisboa numa nova configuração, incluindo imagens inéditas.

Esta série dá continuidade às indagações que singularizam a obra de Chagas, nomeadamente a atenção às relações vivenciais e afetivas que os sujeitos estabelecem com objetos e espaços quotidianos, contrariando rápidos ritmos de consumo através de um olhar desacelerado que perscruta em proximidade matérias, formas e texturas descartadas. 

Contudo, a série marca simultaneamente uma espécie de viragem, na medida em que, ao contrário de séries anteriores realizadas em vários espaços públicos urbanos a Norte e a Sul, vagamente identificados (as ruas e praias de Luanda, Veneza, Londres e Newport, etc.), nesta série, pela primeira vez, o fotógrafo concentrou-se nos espaços interiores e exteriores de uma arquitetura específica. Trata-se da Fábrica Irmãos Carneiro no Cazenga, em Luanda, uma antiga fábrica têxtil fundada no período colonial, que, pertencendo a uma família luso-angolana, continuou a laborar após a independência de Angola e durante as várias fases da guerra civil (1975-2002), produzindo lençóis, fraldas e uniformes militares, etc. Mais recentemente, foi redirecionada para a produção de utensílios agrícolas, tendo sido parcialmente abandonada.

Através da sua própria experiência corpórea e afetiva do espaço e de conversas não só com os seus donos, mas principalmente com os seus antigos trabalhadores, muitos dos quais se tornaram seguranças do edifício após o encerramento da fábrica, Chagas compôs uma espécie de retrato em sequência aberta, simultaneamente íntimo e dialógico, de um espaço múltiplo: situado algures entre as particularidades desta arquitetura e as dinâmicas alargadas do bairro, da cidade e do país; entre a história coletiva e a memória individual; entre a objetividade concreta da matéria e da máquina (tanto a fabril como a fotográfica) e a subjetividade da experiência e do olhar. A intensidade das vivências partilhadas impregnou de memória os objetos e o espaço, que, embora evidenciando perda, se transmutaram em arquivos afetivos excedendo poeticamente os limites do visível e do documentável. Símbolo do próprio país em suspenso e dos vários projetos de suposta modernidade e modernização que atravessaram a sua história, a fábrica abandonada nunca deixou de ser reocupada, reapropriada e reativada por um ativo labor de memória e desejo, incluindo as futuridades passadas e presentes que falta cumprir.  

31.08.2022 | por martalanca | angola, arte contemporânea, Edson Chagas, exposição

Arquivos BUALA: as incríveis reportagens de Pedro Cardoso, rubrica Palenque

Pedro Cardoso é um jornalista luso-angolano. Estudou Jornalismo e Ciências da Comunicação na Universidade do Porto. Trabalhou como repórter (2005, 6), no jornal A Semana, na Cidade da Praia, Cabo Verde. Vive no México desde 2011, onde é jornalista freelancer. Colabora com meios de comunicação de Portugal, México e Angola. No BUALA, mantem há dois anos a rubrica Palenque. Na América Latina, palenque significa palco, lugar cercado. As comunidades fortificadas de escravos rebeldes no México chamavam-se palenques. É, por isso, uma tribuna de onde se contam histórias latino-americanas. E onde se recorda também o legado dos africanos que vieram para estas terras. 

 Missão Encoberta, o Toucado de MoctezumaMissão Encoberta, o Toucado de MoctezumaAção de Graças, o luto do povo da Primeira LuzAção de Graças, o luto do povo da Primeira Luz

 

Convidamos os leitores do BUALA a percorrerem alguns dos seus artigos e reportagens que visam as temáticas da identidade, política, religião, LGBTQI, migração, guerra, direitos humanos, povos indígenas, Américas e Angola.


e muitas outras.

A fuga dos alemães
A Sacerdotisa e os Meninos Santos
Ação de Graças, o luto do povo da Primeira Luz
Angolanos ilegais a caminho dos Estados Unidos - os afogados
Angolanos ilegais a caminho dos Estados Unidos: os ilegais
Angolanos ilegais a caminho dos Estados Unidos: os passageiros
Aruká, o último guerreiro
As três mortes de Marisela Escobedo
Como história de amor e piratas: os 50 anos de “As Veias Abertas da América Latina”
Contos de Mar: resistências cruzadas
Contratados, colonos e emigrantes cabo-verdianos
De Colombo, raças e pedestais
E o muro o vento levou
Foroyaa liberdade! repressão na Gâmbia
Grita Colômbia
Guiné-Bissau: se um barco atracasse
Haiti. “O horizonte foi embora, ficou sozinho no mundo”
Lesther
Los Cabos Russos
Luta, Sangue e Liberdade
Mário Pinto de Andrade: a lucidez é um sorriso triste
Mascogos. Os índios africanos cantam blues
Missão Encoberta: o Toucado de Moctezuma
Na cidade somos quase predadores
Ñucanchick allpa: Mamã Dulu, terra e educação
O Caminho da Anaconda
O terceiro género - Muxes de Juchitán, México
Os enigmas das monjas
Os invisíveis: migração de angolanos para os Estados Unidos
Os ninguéns
Os perdidos: angolanos ilegais a caminho dos Estados Unidos
Os saltos altos de Zapata
Os versos de Cardenal
Perdão? Que perdão?
Piratas das Caraíbas, a frota dos EUA ao largo da Venezuela
Por quem os tambores chamam
Se morro longe de ti
Senhor dos Milagres Escravo de Angola, Cristo do Mundo
Uma América sem América
Violência contra comunidade LGBT+ na América Central

 

11.08.2022 | por Alícia Gaspar | América, angola, Brasil, direitos humanos, guerra, jornalista, México, migração, Palenque, pedro cardoso, Portugal, povos indígenas, religiao

E se homens e mulheres tivessem as mesmas oportunidades?

Luanda, março 2022Luanda, março 2022

Em 2021, a Mosaiko - Instituto para a Cidadania lançou os dados da Pesquisa Social sobre Políticas Públicas Inclusivas numa Perspectiva de Género, enquadrada no projecto Promoção da Advocacia de Políticas Públicas Inclusivas em Angola (PAPPIA).

Embora seja perceptível os avanços quanto à garantia dos direitos femininos, existem ainda muitos obstáculos à participação plena e igualitária das mulheres na tomada de decisões. Segundo a pesquisa, as principais barreiras derivam de costumes e comportamentos sociais discriminatórios normalizados, difíceis de quantificar e de desconstruir.

LEIA O RELATÓRIO DA PESQUISA

Uma das formas de promover essas mudanças, é gerando debates na sociedade sobre a participação e voz das mulheres, e foi assim que chegamos a história de Bela e Paulo.

A Geração 80 concebeu, produziu e realizou do vídeo clipe da música “Bela”, uma das peças audiovisuais da campanha. Na sala de casa, dois irmãos discutem se homens e mulheres em Angola têm as mesmas oportunidades, se podem mesmo fazer as mesmas coisas. Paulo, que a princípio não vê diferenças, percebe do decorrer do vídeo que há realmente lugares, comuns até, em que mulheres nunca foram vistas.

Fotos Making OfFotos Making Of

Apesar de ter a mulher como protagonista, a peça tem como objetivo criar ferramentas para que os homens tenham consciência de suas vantagens, questionem-se em seus papéis e estejam juntos na luta por equidade de género em Angola. A música, feita exclusivamente para a campanha, tem letra da poetisa Elisângela Rita e música e voz de Paulo Flores.

FICHA TÉCNICA

Produção Executiva: Tchiloia Lara e Ngoi Salucombo
Realização: Ana Paula Lisboa
Direcção de Fotografia: Ery Claver
Ass. de Câmera e Som: Agostinho Alfredo
Direcção de Produção: Rossana David
Produção de Campo: Cynthia Perez
Direcção de Arte: Prudenciana Hach
Pós produção: João Ngangula
Atores principais: Irene A’mosi e Edmond Panda

ASSIST

14.03.2022 | por Alícia Gaspar | angola, cidadania, geração 80, mosaiko, pesquisa social, políticas públicas inclusivas

ANGOLA DEGREDO SALVAÇÃO - Defesa de Dissertação

Possibilidades, agência, quimera: Angola na imaginação e na ação portuguesa c. 1900 

Autor: Nuno Milagre

RESUMO

Após a independência do Brasil, Angola ocupou a posição de colónia primeira e principal, pivô do sistema colonial português. A sua enorme dimensão e potencial gerou expectativas em torno do impacto que a transferência de recursos poderia vir a ter em Portugal. Nesta dissertação identificam-se fatores da conjuntura geopolítica e decisões da política ultramarina portuguesa que nas últimas décadas do século XIX reforçaram o valor diferencial de Angola por comparação com as outras colónias africanas.

Partindo deste lugar principal ocupado por Angola, esta dissertação discute a eficiência da agência portuguesa para a rentabilização da colónia com aproveitamento da metrópole, concentrando o objeto de estudo entre 1892 e 1903. Fazemos o levantamento de algumas das imagens que povoavam o imaginário metropolitano sobre Angola, produzindo atração e repulsa pela colónia e gerando condicionantes à agenda e à agência portuguesa em Angola. Confronta-se o envio de degredados para a colónia com a expectativa que essa mesma colónia viesse a gerar riqueza para a salvação de Portugal. Analisa-se a discussão sobre a concessão do Caminho de Ferro de Benguela a um britânico, custos e benefícios de concessionar o progresso de Angola ao capital estrangeiro.

Identifica-se a justificação e a função de dois discursos contraditórios: o que sobrevalorizava o grau de implantação portuguesa em Angola e o que declarava a fragilidade da sua colonização. A investigação sobre as formas de uso de Angola para benefício português, fez questionar a validade do estafado mote que preconizava o «desenvolvimento material das colónias» como princípio geral da política colonial portuguesa.

Palavras-chave: Portugal, Angola, degredo, agência colonial, ferrovias, emigração, concessões ultramarinas

FCSH, Av de Berna, 26C, Torre B, 2º andar, sala B211
Sexta-feira, 10 de dezembro, às 15h


04.12.2021 | por Alícia Gaspar | agência colonial, angola, concessões ultramarinas, defesa de dissertação, degredo, emigração, ferrovias, Portugal

Visita Guiada - Ilha dos Negros

 

A Ilha dos Negros

 
Visita guiada de autocarro e caminhada de 10 km pela reserva natural do sado em memória e tributo aos vários povos africanos que por lá passaram.

Esta região com uma ancestral presença de vários povos africanos (tropas romanas compostas por africanos, mouros e seus califados africanos de marrocos e região da senegambia, e pessoas escravizadas da região da guiné e angola). Esta zona do Sado e as suas aldeias são das áreas que conservam na genética, gastronomia, arquitetura e toponímia, a memória dessa herança africana de vários estratos e condições sociais. Associados maioritariamente ao cultivo do arroz, recolha do sal e trabalho no desmatamento da floresta.

A visita é acompanhada pelos livros técnicos promovidos pela associação e realizados por vários escritores e historiadores como António Chainho, e Isabel Castro Henriques.A caminhada como potenciador de saúde nestes períodos difíceis de confinamento, em contacto com a natureza, de formaespiritual como as primeiras migrações humanas também o foram.
 

Gratuito para elementos BYP, custo de 25eur/pessoa não BYP, inclui refeição no final da caminhada. Devem trazer impermeável, calçado e roupa apropriada e pequeno snack com garrafa de água.
 

Sábado 11 de dezembro
 

8h30 - Pavilhão Carlos Lopes, junto à estação de metro parque, na avenida antonio augusto aguiar em Lisboa.

10h00 - Paragem em 2/3 aldeias do concelho de Alcácer do Sal acompanhados de um historiador local 

11h00 – Início de caminhada de 10km (nível médio) ao longo do estuário do sado, dos arrozais, e da natureza agro florestal composta maioritariamente por sobreiros.

13h30 – Término da caminhada, São Mamede

13h45 – Almoço em restaurante local (Gastronomia afro portuguesa como arroz de cabidela, torresmo, cozido à portuguesa ou outra local)17h30 – Chegada a Lisboa, pavilhão Carlos Lopes

Obrigatório o uso de máscara no autocarro ou outras medidas que venham a ser indicadas pela DGS.

O evento poderá ser filmado e fotografado pela associação

Inscrevam-se com indicação de nome e telemóvel para: batotoyetu@gmail.com

Segue o link do evento no facebook: https://fb.me/e/1nsX4q1Xj

 

02.12.2021 | por Alícia Gaspar | ancestralidade, angola, batoto yetu portugal, Guiné, ilha dos negros, lisboa, memórias, recordar, são Mamede, visita guiada

Apresentação do livro "Diário do Medo" de João Melo

Hoje, 12 de Novembro, o poeta, escritor e jornalista angolano João Melo traz a público o seu novo livro de poemas, «Diário do Medo», em edição da Editora Urutau, na Livraria Snob, Travessa de Santa Quitéria, 32-A, em Lisboa, pelas 18h30m.

A apresentação estará a cargo do escritor português Rui Zink.

Entrada livre.

O autor assume que este livro “constitui uma tentativa pessoal de descrever e, sobretudo, de posicionar-me, ao mesmo tempo como poeta e indivíduo, perante tais dramáticos acontecimentos”.

12.11.2021 | por Alícia Gaspar | angola, apresentação, diário do medo, João melo, livro, poesia, rui zink

LANÇAMENTO DO LIVRO - Lugares inCORPOrados

No âmbito das comemoracões do seu 30o Aniversário, a Companhia de Dança Contemporânea de Angola, em parceria com a Associação Kalu e a consultoria da Arquitecta Isabel Martins, apresenta o livro “Lugares InCORPOrados”.

Com fotografias de Rui Tavares, coordenação e direcção artística de Ana Clara Guerra- Marques, pesquisa e textos de Isabel Martins e Cristina Pinto, figurinos de Nuno Guimarães e produção executiva de Jorge António, este livro faz parte do projecto que inclui também uma exposição itinerante que teve início em Abril e terminará em Dezembro.

Neste projecto, 16 bailarinos de 4 gerações da Companhia de Dança Contemporânea de Angola foram fotografados em conjunto com 16 edifícios e lugares da cidade de Luanda, evocando a multiplicidade de laços sociais e afectivos que se estabelecem entre as pessoas e os lugares que habitam.


As fotografias dão relevo a um património de importância fundamental para a caracterização, história e memórias da cidade capital de Angola, numa abordagem às afinidades entre a dança e a arquitectura, enquanto linguagens que espelham, na sua tridimensionalidade, as relações entre o corpo, o movimento e o espaço.

Investindo num olhar que privilegia o estético e o artístico este projecto quer alertar e participar na sensibilização da sociedade para o risco que corre parte fundamental deste património edificado, na esperança de que o mesmo possa ser resgatado, recuperado e devolvido à sociedade luandense.

O livro será brevemente apresentado ao público no dia 27 de Agosto, sexta-feira, às 17.00 Horas na União dos Escritores Angolanos. A entrada é livre.


Lugares inCORPOrados é um projecto – livro e exposição itinerante – que alerta para o risco que corre parte fundamental do património edificado da cidade de Luanda, na esperança de que o mesmo possa ser resgatado, recuperado e devolvido à sociedade. Dezasseis bailarinos de 4 gerações da Companhia de Dança Contemporâneade Angola foram fotografados em conjunto com 16 edifícios e lugares da capital, evocando a multiplicidade de laços sociais e afectivos que se estabelecem entre as pessoas e os lugares que habitam.

Numa abordagem às afinidades entre a dança e a arquitectura, as fotografias de Rui Tavares revisitam a história e as memórias da cidade, através das relações entre o corpo, o movimento e o espaço.
Fotografia | Rui Tavares

Coordenação e Direcção Artística | Ana Clara Guerra Marques

Pesquisa e Textos | Isabel Martins e Cristina Pinto

Bailarinos | Afonso Feliciano | Ana Clara G.M. | André Baptista | António Sande |Armando Mavo | Benjamin Curti | Carlos Silva | Dalton Francisco | David Godinez |João Paulo Amaro | Marcos Silva | Mónica Anapaz | Nuno Guimarães | Rita Oliveira |Rossana Monteiro | Samuel Curti

Figurino | Nuno Guimarães

Produção | Jorge António e Cristina Pinto

23.08.2021 | por Alícia Gaspar | angola, associação Kalu, Companhia de dança contemporânea de Angola, convite, dança, fotografia, lançamento, livro, Luanda, lugares incorporados

Augusta Conchiglia - exposição de fotografia no Museu do Aljube

Inauguração dia 22 de julho às 12h. Entrada livre.

 

22.07.2021 | por Alícia Gaspar | angola, Augusta Conchiglia, exposição de fotografia, fotografria

Memória Ambiental — MAAT

29 de Maio | 15.00 - 18.00

Programa: Clima: Emergência > Emergente

Curadora:Margarida Mendes

Com: Boaventura Monjane, Joana Roque de Pinho, João Ruivo, Julia Seixas, proTEJO, Movimento SOS Serra d’Arga

Local: Sala dos Geradores [Central]

João Ruivo, 'Monólitos Solo'João Ruivo, 'Monólitos Solo'

Este fórum composto por dois painéis – integrado na iniciativa de programação do maat Clima: Emergência > Emergente – aborda legados críticos do extrativismo e a atual transição energética propondo futuros restaurativos. O fórum reúne investigadores e ativistas que operam nos campos da engenharia do ambiente, conservação e humanidades, para discutirem o legado colonial da política de recursos e opções alternativas para a utilização da terra e da água.
Cruzando o campo da crítica infraestrutural com o discurso descolonial, Memória Ambiental introduz perspectivas históricas sobre o planeamento agrário, a gestão de recursos e práticas de conservação, definindo um eixo entre a injustiça climática contemporânea e o legado colonial das políticas ambientais, tanto em Portugal como noutros locais. Pondo em causa o extrativismo que permeia os modelos económicos contemporâneos, os convidados analisam a sua origem em regimes prévios de instrumentalização de solos e recursos, fundeando o debate em casos de estudo em territórios previamente colonisados. São também introduzidas perspectivas críticas sobre modelos emergentes para uma transição energética justa, questionando-se o conceito de “energia verde” em relação à manutenção hidrográfica da bacia do Tejo que atravessa a Península Ibérica, e à extração de lítio no Alto Minho.

As conversas (em inglês) contam com a participação de Boaventura Monjane, Joana Roque de Pinho, João Ruivo, Júlia Seixas, proTEJO – Movimento pelo Tejo, Movimento SOS Serra d’Arga, a convite de Margarida Mendes.

Painel 1:
Disputas territoriais em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal

Com Boaventura Monjane, Joana Roque de Pinho, João Prates Ruivo.
Moderação Margarida Mendes.

Boaventura Monjane fala-nos das dinâmicas agrárias e de extração, de penetração de capital em zonas rurais do Sul Global, olhando em particular para processos de acumulação históricos, mas também dos nossos dias. A conferência traz luz às raízes muitas vezes obscuras do contínuo conflito de Cabo Delgado no norte de Moçambique, ou seja, o modo militarista do extrativismo de enclave, que amplia desigualdades sociais e económicas existentes, e os usuais défices no que diz respeito à tomada de responsabilidade, transversalmente evidentes no sector de extração em África. Monjane fala-nos ainda sobre o que é cunhado por ele como “reações políticas vindas de baixo” para destacar agências rurais (e urbanas) no confronto e resistência ao extrativismo (e militarização).

Através de fotografias e narrativas criadas por um grupo variado de agricultores da Guiné-Bissau que vivem no Parque Nacional de Cantanhez, a apresentação de Joana Roque de Pinho examina as descrições locais de uma paisagem culturalmente muito valorizada e as próprias práticas dos agricultores de conservação de biodiversidade, ambas as quais desafiam narrativas dominantes sobre o parque e os seus residentes.

Partindo de uma leitura crítica da história recente do aproveitamento hidroelétrico, a conferência de João Prates Ruivo foca o papel das missões de reconhecimento pedológico na reconfiguração territorial ocorrida durante o conflito anticolonial em Angola, e refletir hoje sobre as possibilidades de práticas situadas de resistência, no contexto das transformações ambientais decorrentes do projeto de cultivo intensivo da Barragem de Alqueva, no Alentejo.

Painel 2:
Vectores energéticos e modelos de conservação
Com Júlia Seixas, Carlos Seixas (Moviemento SOS Serra d’Arga) and Paulo Constantino (Movimento proTEJO).
Moderação Margarida Mendes.

O uso de recursos energéticos tem aumentado desde a revolução industrial, particularmente depois do fim da Segunda Guerra Mundial, para suportar o número crescente de serviços humanos e sociais. Os modelos de abastecimento de combustível fóssil têm colocado uma enorme pressão ambiental e social em algumas zonas do planeta, nomeadamente em países vulneráveis, com poucos ou nenhuns benefícios para as suas populações. Segundo Júlia Seixas, a transição energética traz um novo modelo muito baseado em recursos energéticos locais, mas muito exigente para com a terra, os minerais e metais. A “velha” relação entre países fornecedores de recursos e países consumidores de tecnologia ainda persiste, dificultando a transição justa desejada pelas novas gerações.

Endereçando a questão da prospecção de lítio em Portugal, Carlos Seixas do Movimento SOS Serra d’Arga esclarece como a população do Minho tem resistido ao projeto governamental de fomento mineiro, expondo como os cidadãos podem combater a mentira da mineração verde e ganhar esta batalha.

proTEJO – Movimento pelo Tejo questiona o conceito de energia verde e irá apresentar a sua posição sobre as questões hídricas e energéticas ligadas à bacia do Tejo, que vem a observar desde 2009. Prestando especial atenção às questões de conservação e salvaguarda da biodiversidade do rio Tejo e seus afluentes, o movimento propõe uma gestão sustentável, transparente e participativa da bacia hidrográfica do Tejo a fim de assegurar a disponibilidade de água em quantidade suficiente e de qualidade tanto para nós como para as gerações futuras. Com este objetivo considera fundamental a defesa dos pilares da vida do rio: a quantidade de água com a circulação de caudais ecológicos, em consonância com os ritmos sazonais e com condições que permitam a migração das espécies; a qualidade da água para suprir as necessidades humanas e ecológicas; e a conectividade fluvial que mantém um rio livre e vivo para assegurar as condições naturais para termos água em quantidade e com qualidade, bem como para preservar a biodiversidade e o património cultural material e imaterial associado.

Sobre o programa
Ao chamar a atenção para a emergência climática, a iniciativa de programa público Clima: Emergência > Emergente estimula análises críticas e propostas criativas que procuram ir além do catastrofismo, fazendo emergir futuros ambientalmente sustentáveis.
De âmbito internacional e interdisciplinar, o programa foi idealizado pelo recém-fundado Coletivo Climático do maat, dirigido por T. J. Demos, e destina-se a reunir diferentes profissionais de cultura que trabalham na interseção das artes experimentais com a ecologia política.

Leia a declaração do Coletivo Climático no maat ext. (em inglês).

25.05.2021 | por Alícia Gaspar | ambiente, angola, conversas, Guiné-Bissau, maat, memória ambiental, Moçambique, Portugal, proTEJO

Ruy Duarte de Carvalho | 80 anos | ciclo de conversas online

Passam, em Abril, 80 anos sobre o nascimento de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010). Escritor, antropólogo, cineasta, professor universitário, Ruy Duarte de Carvalho deixou publicada uma extensa obra, atravessada de abordagens cruzadas e géneros inclassificáveis, da literatura à antropologia ou ao cinema.

Cartaz de Alejandro Levacov.Cartaz de Alejandro Levacov.
Procurando dar conta da dimensão multifacetada do seu trabalho, propomos um ciclo de conversas online* com um conjunto de investigadoras que se têm dedicado ao estudo da sua obra.
* Sala de Zoom cedida pelo c.e.m. – centro dm movimento.
https://zoom.us/j/2302601308?pwd=ZjhNRVlDc2VVeUdxeWsvTVZQblJQUT09
Meeting ID: 230 260 1308
Passcode: 123

Uma Abertura à Experiência: a Fotografia de Ruy Duarte Carvalho ao Longo do seu Projecto Etnográfico sobre os Pastores do Sul Rural de Angola | Conversa com Inês Ponte
Quarta-feira, 7 de Abril, às 18h30
Esta conversa aborda as vidas da produção fotográfica de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010), antropólogo angolano nascido em Portugal que, a meio da prolongada guerra civil no país (1975-2002), se envolveu com os pastores transumantes Ovakuvale da região semiárida do Sul de Angola. Durante os anos 90, Carvalho utilizou a fotografia analógica para documentar o seu trabalho de campo entre os pastores, e posteriormente empreendeu várias experiências com elas para fins etnográficos. Partindo da actual remontagem do seu arquivo pessoal após a sua morte, exploro usos públicos das suas imagens sobre os pastores durante a sua vida, para discutir as formas como as articulou através de diversos modos expressivos e iniciativas – tais como aguarelas, distintas publicações ilustradas, em duas exposições temporárias e numa peça de teatro. Oferecendo a oportunidade de nos rendermos a uma prática experimental ampla que torna o seu projeto etnográfico sobre os Ovakuvale particularmente revelador, abordo através de materiais de arquivo as orientações seguidas na apresentação dessas imagens, e dimensões temporais salientes entre o seu método de produção e esses usos e reusos posteriores, em contexto pós-colonial.
Inês Ponte é investigadora associada no ICS-ULIsboa. É antropóloga, tem pesquisado sobre fotografia e cinema, e suas relações com as ciências sociais, em particular com a antropologia, cruzando investigação com vídeo.

Ler a Nação no Cinema de Ruy Duarte de Carvalho | Conversa com Inês Cordeiro Dias
Quarta-feira, 14 de Abril, às 18h30
Esta apresentação pretende pensar os filmes de Ruy Duarte de Carvalho a partir de alguns dos seus textos sobre cinema, reunidos no livro A câmara, a escrita e a coisa dita… Vamos dar particular atenção às construções da ideia de nação nos filmes realizados nos anos 70, e de como estes pensam o que significa ser angolano num país tão diverso como é Angola.
Inês Cordeiro Dias é Professora Auxiliar de Estudos Lusófonos na Universidade de Leeds. Tem um doutoramento da UCLA e a sua pesquisa inclui cinema brasileiro, moçambicano, angolano e português.

A Realidade em Estado de Palavra: uma Conversa sobre a Escrita Dialógica de Ruy Duarte de Carvalho | Conversa com Anita Moraes
Quarta-feira, 21 de Abril, às 18h30
A produção literária de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010) chama a atenção pela maneira como lida com o complexo problema da representação. Já o título do seu primeiro romance, Os papéis do inglês(2000), que inaugura a trilogia Os filhos de Próspero, anuncia o carácter palpável que a palavra (na materialidade sugerida por “papéis”) tende a adquirir na sua escrita. Nesta conversa, procurarei apresentar como entendo tal processo de evidenciação da palavra nas narrativas de Ruy Duarte de Carvalho, algo perceptível desde os contos de Como se o mundo não tivesse leste (1977). Pretendo, ainda, tratar de seu permanente diálogo com os pastores Kuvale e abordar, ainda que brevemente, alguns aspectos do “Decálogo neoanimista”, texto-manifesto publicado pelo autor em 2009.
Anita Moraes é professora de Teoria da Literatura na Universidade Federal Fluminense (UFF). Os seus interesses de pesquisa voltam-se para as literaturas de língua portuguesa e envolvem as relações entre Literatura, Antropologia e os Estudos Pós-Coloniais.

30.03.2021 | por Alícia Gaspar | angola, ciclo de conversas online, cinema, escrita dialógica, etnografia, fotografia, livraria tigre de papel, Ruy Duarte de Carvalho