Diásporas e artes visuais: poéticas e políticas das modernidades

Aceitam-se propostas de trabalho para o GT 61, denominadoDiásporas e artes visuais: poéticas e políticas das modernidades, no XI Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências Sociaisque será realizado em Salvador, nos dias 07 a 10 de agosto de 2011. As inscrições estão abertas até o dia 30 de março de 2011  e devem ser realizadas no próprio site do evento. 
A proposta deste Grupo de Trabalho é reunir estudos sobre diferentes formas de expressões visuais, como: artes plásticas, cinema, dança, fotografia, vídeo, entre outras, realizadas por investigadores interessados em pensar a relação entre o universo das artes visuais e a diáspora, principalmente em contextos envolvendo África, Brasil e Portugal. Isto implica, reunirmos pesquisas sobre as experiências do trânsito e da circulação de pessoas, de objetos e de informações, e a expressão artística visual destes agentes sobre tais experiências. Neste sentido, pensamos na noção de “diáspora” como um conceito que altera a mecânica dos pertencimentos e produz uma forma nova de ver as experiências, os acontecimentos, e que traz novas formas de interpretar o passado e o presente. James Clifford correlacionou a diáspora à viagem, como um termo que abarca uma gama de práticas e teorias na antropologia das últimas décadas. A teoria da diáspora amplia os sentidos da experiência e introduz novas questões sobre a cultura contemporânea, implicadas especialmente pelas relações entre a poética e a política, tanto em perspectivas sociais quanto conceituais. As teorias atuais enfatizam o movimento, a circulação, os entre-lugares, enquanto as múltiplas dimensões da cultura vão também se tornando mais visíveis e fluídas. O foco dos trabalhos deverão ser as formas de expressão de tais agentes, a produção, a linguagem e o consumo, implicados pelos sentidos de identidade, de territorialidade e de plasticidade das imagens em contextos de permeabilidades transnacionais.
 
Desde a noção de Atlântico Negro, de Paul Gilroy, se passou a pensar com mais ênfase a questão da formação de comunidades fora das referências binárias restritivas dos nacionalismos. No campo das expressões visuais é nítido o esforço dos artistas para situarem-se em relação ao seu lugar no mundo e o lugar de seus objetos e criações. Vem daí a pertinência da idéia de in between de Homi Bhabha e uma abertura as possibilidades de sentido das ambivalências enquanto percepções de identificação e diferenciação. A arte, como instância de produção dinâmica da vida cultural, possibilita diversas reflexões sobre as experiências interculturais instauradas em decorrência de diferentes processos coloniais inconclusos, implicando sujeitos, grupos sociais e lugares de referência distintos. Para Nicholas Mirzoeff, a distância entre a riqueza da experiência visual na cultura pós-moderna e a habilidade para analisar esta observação cria a oportunidade e a necessidade de converter a cultura visual em um campo de estudo. Neste sentido, no âmbito da diáspora Atlântica entre o Brasil, Portugal e a África, pensamos este campo da experiência visual como um campo transdisciplinar entre a sociologia, a antropologia, a história da arte, a crítica cultural e outras perspectivas das ciências sociais e humanas. As partes constituintes das formas de expressão visual não estão, portanto, definidas aqui pelos suportes, mas sim pela interação entre o espectador e o que ele vê e observa ou o que podemos definir como acontecimento visual. Assim sendo, partimos da noção de que o primeiro passo para realização de estudos sobre a cultura visual, como propomos aqui, consiste em reconhecer que a imagem não é estável, senão que muda sua relação com a realidade externa em diferentes momentos da modernidade. Tais formas de expressar possibilitam análises sociais instigantes sobre os distintos contornos percepcionados pelos atores que vivenciam tais dinâmicas. Entre o Brasil, a África e Portugal são muitos os agentes e os grupos sociais envolvidos nestes processos, que envolvem movimentos migratórios temporários ou permanentes, mesmo que imaginários, e a partir daí produzem interpretações de suas experiências, que são também reinterpretados publicamente.

Coordenadores:
Frank Nilton Marcon UFS - Sergipe / Ilka Boaventura Leite  UFSC - Santa Catarina /
Lisabete Coradini  UFRN - Rio Grande do Norte / Sónia Vespeira de Almeida  FCSH - UNL - CRIA - PORTUGAL

17.03.2011 | por martalanca | diáspora, viagem