o jornalista angolano Reginaldo Silva conta….
De facto o serviço português da BBC para África vai esta quarta-feira encerrar as suas emissões na sequência de um plano de cortes orçamentais que atingirá mais 4 departamentos em línguas estrangeiras.
Trabalhei para esta BBC mais de 18 anos como correspondente em Luanda, tendo sido o primeiro jornalista nacional a ser autorizado pelo Governo do MPLA a desempenhar tais funções.
Como correspondente da BBC consegui sobreviver com dignidade, aos tempos dificeis que se seguiram à minha saída da RNA em 1991 depois de ter sido alvo de uma tentativa de humilhação profissional levada a cabo pela dupla César Barbosa/Carlos Garcia, na altura em que o ministro da comunicação social se chamava Rui de Carvalho.
Tudo aconteceu depois de ter sido forçado a deixar a direcção do programa “Em Ponto Grande” ou em “Grande Plano” (já não me lembro bem), que foi o primeiro espaço de debate político (em directo) que a RNA criou, sob minha proposta, na sequência da abertura democrática que dava os primeiros passos no âmbito da implementação do processo de paz.
Esta retirada deveu-se a uma ordem proveniente dos Combatentes que a última hora interditou a realização de uma entrevista que eu deveria fazer ao líder da UNITA, Jonas Savimbi, depois de estar tudo acertado.
Como não encontrei justificação plausível para uma tão inopinada interferência, não tive outra solução que demitir-me da condução do referido programa que acabou por sucumbir após a minha saída.
Foi nesta sequência que eu próprio algum tempo mais tarde pedi a minha demissão da RNA, como resultado da já mencionada tentativa de humilhação profissional, numa altura em que já trabalhava como correspondente da BBC.
O encerramento hoje do serviço português da BBC acaba por ser mais uma crónica de uma morte anunciada que estava a tardar e que alimentou alguns “sonhos de poder eterno” na cabecinha de uma senhora moçambicana chamada Teresa Lima que foi a última chefe do serviço, depois do meu kamba João Van-Duném (JVD), ter decidido regressar ao país.
Foi o JVD que me levou para a BBC, onde a tal Teresa Lima já me encontrou depois de ter abandonado Moçambique, nunca soube muito bem porquê.
A minha saída da BBC em 2007, embora já constando dos meus planos em termos de reconversão da minha intervenção jornalística, sobretudo depois do JVD ter deixado a chefia do Serviço Português, acabou por ser precipitada pela entrada da “fumegante” Teresa Lima, com quem o meu relacionamento pessoal e profissional se começou a deteriorar a olhos vistos, a tal ponto que a dita cuja exigiu dos seus patrões ingleses a minha cabeça, pedido que lhe foi satisfeito.
Depois da minha saída, a BBC nunca mais conseguiu arranjar em Luanda um correspondente, tendo vivido de colaborações pontuais.
REGINALDO SILVA
morrodamaianga a 1/26/2011