DÉLIO JASSE (Angola)| JOSÉ PEDRO CORTES (Portugal)| LETÍCIA RAMOS (Brasil)
Esta é a 4.ª edição marcada pelo estatuto internacional que o prémio assumiu, não só pelo alargamento do âmbito da seleção dos artistas (que poderão ser de nacionalidade portuguesa, brasileira ou de um dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa); como pela itinerância da exposição (que, após a sua apresentação no Museu Coleção Berardo, viajará para o Brasil, para ser instalada no Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo).
A escolha de Délio Jasse, José Pedro Cortes e Letícia Ramos foi da responsabilidade de um júri de seleção representativo do triângulo geográfico referido, composto por Jacopo Crivelli Visconti(Brasil), crítico e curador independente; João Fernandes (Portugal), subdirector do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid; e Bisi Silva (Nigéria), fundadora e diretora do Centre for Contemporary Art, em Lagos, que analisaram o panorama expositivo da fotografia no período a que reporta o prémio (2013).
Segundo o júri, a nomeação de Délio Jasse (Angola) prende-se com «a apresentação de três trabalhos distintos, mas inter-relacionados, que exploram as formas como o passado continuam a ter impacto no presente. Estes vestígios do passado manifestam-se de maneiras diferentes: através da história colonial, como na série Além_Mar (2013); através da transformação da paisagem urbana (especialmente numa cidade como Luanda, que cresce a um ritmo fenomenal, com a arquitetura dos anos de 1950 e 1970 a ser apagada por novos edifícios), como em Arquivo Urbano (2013); ou apenas através de imagens de indivíduos encontradas pelo mundo fora, em feiras de objetos usados, como em Contacto (2012). Com a utilização de imagens encontradas aleatoriamente e de imagens de arquivos, Délio Jasse faz o tempo confluir de uma forma que nos confronta com a nossa própria efemeridade».
Délio Jasse, Sem Título, 2010 Gelatina de Prata sobre Papel Fibra. Painel de 15 fotografias 50X40 cm (cada)
Para o júri, José Pedro Cortes (Portugal) «tem-se destacado com uma obra fotográfica que cruza o registo da vida urbana contemporânea com uma narrativa muito pessoal da intimidade e da anonímia na delimitação entre o espaço público e o privado, centrada na relação entre os lugares e as pessoas que os vivem. Costa, o projeto que apresentou no espaço Carpe Diem, em Lisboa, foi também selecionado para a European Exhibition Photo Award, apresentada em 2012 na Deichtorhallen, em Hamburgo.”
Na opinião do Júri, o trabalho de Letícia Ramos (Brasil) «revela um amadurecimento da sua prática artística, evidenciado pelas recentes exposições no espaço Pivô, em São Paulo, e no Museu do Trabalho de Porto Alegre. Para ambas, a artista construiu aparatos que mostram o processo de criação de imagens ao mesmo tempo simples e sofisticadas, sugerindo também uma reflexão sobre a evolução do meio fotográfico.»