A renovação artística e historiográfica a partir da Enciclopédia Negra

Dia 24 de setembro, às 15h, Programa Educativo: Educa EArtes #0 debate

Diálogos sobre a representação histórica de negros: a renovação artística e historiográfica a partir da Enciclopédia Negra

Durante o mês de setembro, a Escola das Artes lança o seu programa Educativo com uma atividade integrada na exposição “Enciclopédia Negra”. O programa Educa EArtes #0 visa gerar programas educacionais sobre arte contemporânea, envolvendo escolas, comunidades e público especializado.

A primeira atividade realiza-se no próximo dia 24 de setembro, às 15h00, uma conversa entre Marta Lança e Maria Coutinho, intitulada “Diálogos sobre a representação histórica de negros: a renovação artística e historiográfica a partir de Enciclopédia Negra e o lugar da pedagogia e educação.”

Ao alinhar-se com as políticas dos GDS e da UE, o programa Educa EArtes procura criar ambientes culturais e educacionais inclusivos e sustentáveis.

Este programa promove a integração, conhecimento e exploração das artes contemporâneas para público escolar, comunidades, público especializado e mediadores culturais, de acordo com as políticas da União Europeia de favorecimento da sustentabilidade, diversidade, equidade e inclusão.

A sua execução inclui três vetores essenciais: as escolas, para uma melhor compreensão e apreciação da arte contemporânea em contextos educativos; comunidades, através da promoção e do envolvimento desta em iniciativas artísticas; e a mediação, incentivo ao diálogo artístico especializado, fomentando o enriquecimento cultural e de conhecimento através da arte.

A sua primeira atividade decorre no âmbito da exposição “Enciclopédia Negra” e realiza-se no próximo, dia 24 de setembro, às 15h00, uma conversa entre Marta Lança e Maria Coutinho, intitulada “Diálogos sobre a representação histórica de negros: a renovação artística e historiográfica a partir de Enciclopédia Negra e o lugar da pedagogia e educação.”

“Enciclopédia Negra”, exposição com curadoria de Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, apresenta 104 retratos produzidos por 36 artistas contemporâneos de personalidades negras que moldaram a cultura, a sociedade e a história brasileira.

Pela primeira vez fora do Brasil, a exposição tem profunda relevância enquanto gesto crítico de recuperação histórica ao destacar figuras negras que foram marginalizadas ou omitidas das principais narrativas históricas, denunciando o racismo e branqueamento continuado a que foram sujeitas.

Os curadores da exposição entendem que “Narrar é uma forma de fazer reviver os mortos e cada tela traz uma linda história: foram pessoas que se agarraram ao direito à liberdade; profissionais liberais que romperam com as barreiras do racismo; mães que lutaram pela alforria de suas famílias; professoras e professores que ensinaram seus alunos a respeito de suas origens; indivíduos que se revoltaram e organizaram insurreições; ativistas que escreveram manifestos, fundaram associações e jornais; líderes religiosos que reinventaram outras Áfricas no Brasil.

A “Enciclopédia Negra” pretende, também, contribuir para o término do genocídio dessa população. Pois tornar estas histórias mais conhecidas e dar rostos a estas personalidades colabora para a reflexão por trás das estatísticas, que nos acostumamos a ler todos os dias nos jornais, “naturalizando” histórias brutalmente interrompidas; seja fisicamente, seja na memória.

A exposição “Enciclopédia Negra” estará patente ao público na Escola das Artes da Universidade Católica no Porto até 4 de outubro.

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20.09.2024 | por martalanca | Enciclopédia Negra, Jaime Lauriano, Lilia Moritz Schwarcz

Enciclopédia Negra I Porto

Curadoria: Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz
Sala de Exposições da Escola das Artes
20 JUN - 4 OUT 2024
14H às 19H - Entrada livre

Download folha de sala da exposição Enciclopédia Negra 

Um constrangedor silêncio invade os arquivos da escravidão, os livros didáticos e acervos de obras visuais. Neles, as referências acerca da imensa população escravizada negra que teve como destino o Brasil – praticamente a metade dos 12 milhões e meio de africanos e africanas que aportaram no país, desde inícios do século XVI até mais da metade do século XIX, são ainda muito escassas. Também são pouco mencionados o protagonismo de negros, negras e negres que conheceram o período do pós-abolição; aquele que se seguiu à Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, a qual, longe de ter sido um ato isolado, correspondeu a um processo coletivo de luta pela liberdade, protagonizado por negros, libertos e seus descendentes. 

A exposição Enciclopédia negra faz parte de um amplo projeto, que se iniciou em 2016, e que pretende ampliar a visibilidade de personalidades negras até hoje pouco conhecidas. Ele contou com o apoio da editora Companhia das Letras, do Instituto Ibirapitanga, da Pinacoteca de São Paulo, do Soma e dos 36 artistas que aderiram ao chamado e deram a ele realidade. A mostra traz mais de 100 obras que se pautaram nos verbetes escritos para o livro homônimo de autoria de Flavio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, que apresenta 417 verbetes e mais de 550 biografias. 

Narrar é uma forma de fazer reviver os mortos e cada tela traz uma linda história: foram pessoas que se agarraram ao direito à liberdade; profissionais liberais que romperam com as barreiras do racismo; mães que lutaram pela alforria de suas famílias; professoras e professores que ensinaram seus alunos a respeito de suas origens; indivíduos que se revoltaram e organizaram insurreições; ativistas que escreveram manifestos, fundaram associações e jornais; líderes religiosos que reinventaram outras Áfricas no Brasil. 

A grande utopia é devolver imaginários e histórias mais plurais em termos de raça, geração, região, gênero e sexo. Essa é uma maneira de qualificar a democracia, deixando de discriminar setores da sociedade brasileira que correspondem, ao menos no Brasil, a uma “maioria minorizada” na representação social. 

Enciclopédia Negra pretende, também, contribuir para o término do genocídio dessa população. Pois tornar estas histórias mais conhecidas e dar rostos a estas personalidades colabora para a reflexão por trás das estatísticas, que nos acostumamos a ler todos os dias nos jornais, “naturalizando” histórias brutalmente interrompidas; seja fisicamente, seja na memória. 

Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz

Projeto Enciclopédia Negra
Parceria: Associação Pinacoteca Arte e Cultura de São Paulo e Companhia das Letras.
Apoio: Instituto Ibirapitanga / Colaboração: Instituto Soma Cidadania Criativa
Obras pertencentes ao acervo da Pinacoteca de São Paulo
Doação dos artistas, por intermédio da Associação Pinacoteca Arte e Cultura.

 

05.09.2024 | por martalanca | Enciclopédia Negra

Exposição Enciclopédia Negra pela primeira vez em Portugal

Ampliar a visibilidade de personalidades negras até hoje pouco conhecidas

A exposição Enciclopédia Negra, que pela primeira vez é mostrada fora do Brasil, é composta por mais de 100 retratos de personalidades negras como políticos, artistas, sambistas, advogados e engenheiros, entre outros, que foram sistematicamente invisibilizados pela história oficial. Esses retratos são, na sua maioria, ficções porque, na história da pintura, estas personagens não existem: o retrato era apenas usado pelas classes privilegiadas. A inauguração realiza-se a 20 de junho, pelas 19h00, na Sala de Exposições da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa. O dia termina com uma roda de falar com MC Carol, Farofa e DJ Dorly, no Pátio das Artes. 

 

A exposição Enciclopédia Negra faz parte de um amplo projeto, que se iniciou em 2016, e que pretende ampliar a visibilidade de personalidades negras até hoje pouco conhecidas, explica Nuno Crespo, diretor da Escola das Artes. Contou com o apoio da editora Companhia das Letras, do Instituto Ibirapitanga, da Pinacoteca de São Paulo, do Soma e dos 36 artistas que aderiram ao convite e lhe deram realidade. A mostra traz mais de 100 obras que se pautaram nos verbetes escritos para o livro homónimo de autoria de Flavio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, que apresenta 417 verbetes e mais de 550 biografias.

Um constrangedor silêncio invade os arquivos da escravidão, os livros didáticos e acervos de obras visuais,” refere Lilia Moritz Schwarcz, uma das curadoras da exposição, acrescentando “neles, as referências acerca da imensa população escravizada negra que teve como destino o Brasil – praticamente a metade dos 12 milhões e meio de africanos e africanas que aportaram no país, desde inícios do século XVI até mais da metade do século XIX, são ainda muito escassas.” Também é pouco mencionado o protagonismo de negros, negras e negres que conheceram o período do pós-abolição; aquele que se seguiu à Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, a qual, longe de ter sido um ato isolado, correspondeu a um processo coletivo de luta pela liberdade, protagonizado por negros, libertos e seus descendentes.

Os curadores da exposição entendem que “Narrar é uma forma de fazer reviver os mortos e cada tela traz uma linda história: foram pessoas que se agarraram ao direito à liberdade; profissionais liberais que romperam com as barreiras do racismo; mães que lutaram pela alforria de suas famílias; professoras e professores que ensinaram seus alunos a respeito de suas origens; indivíduos que se revoltaram e organizaram insurreições; ativistas que escreveram manifestos, fundaram associações e jornais; líderes religiosos que reinventaram outras Áfricas no Brasil.

A Enciclopédia Negra pretende, também, contribuir para o término do genocídio dessa população. Pois tornar estas histórias mais conhecidas e dar rostos a estas personalidades colabora para a reflexão por trás das estatísticas, que nos acostumamos a ler todos os dias nos jornais, “naturalizando” histórias brutalmente interrompidas; seja fisicamente, seja na memória.

Esta é a última de quatro exposições do ciclo “Não foi Cabral: revendo silêncios e omissões”, um programa em co-curadoria entre Lilia Schwarcz e Nuno Crespo, que contemplou uma agenda de concertos, conferências, exposições e performances. O ciclo é organizado pela Escola das Artes, em parceria com a Universidade de São Paulo (Brasil) e a Universidade de Princeton (EUA). A exposição estará patente ao público até 4 de outubro.

 

18.06.2024 | por martalanca | Enciclopédia Negra