Memória pública da escravidão e reparações: um debate internacional com uma história longa e atual

MESA-REDONDA + CONFERÊNCIA I  18 de março de 2019, 09h30 I  Sala 1, CES | Alta

Esta iniciativa, no âmbito do programa de doutoramento de Patrimónios e com a colaboração do projecto CROME e do programa de doutoramento de “Pós-Colonialismos e Cidadania Global”, visa apresentar o trabalho da historiadora Ana Lúcia Araújo a que seguirá um espaço de pergunta e resposta, sobre a história das reparações da escravatura no longo curso e de um ponto de vista global.

A conferência será precedida de uma mesa-redonda que versará sobre “História e legados da questão colonial na sociedade portuguesa”, onde participarão os investigadores do CES: Miguel Cardina, Bruno Sena Martins, Marta Araújo, Raquel Lima e José Pedro Monteiro. Também esta mesa redonda terá um breve espaço de interacção com o público. Moderação: Walter Rossa.

Nota biográfica
Ana Lúcia Araújo: “I am a social and cultural historian, working on the history and public memory of the Atlantic slave trade and slavery and their social and cultural legacies. I was born and raised in Brazil. I completed a BA in Fine Arts in 1995 (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) and an MA in History of Brazil in 1997 (Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Trained as a historian and as an art historian, I obtained a PhD in Art History in 2004 (Université Laval, Canada) and a PhD in History and Social and Historical Anthropology (Université Laval and École des Hautes Études en Sciences Sociales) in 2007.

In the last fifteen years, I authored and edited over ten books and published nearly fifty articles and chapters on these themes. I have lectured in English, Portuguese, French, and Spanish in the United States, Canada, Brazil, Argentina, France, England, Portugal, Germany, the Netherlands, and South Africa. Currently, I am Professor of History at the historically black Howard University in the capital of the United States, Washington DC.

In 2017, I was honored to join the International Scientific Committee of the UNESCO Slave Route Project. I am also a proud member of the Editorial Board of the British journal Slavery and Abolition and of the Editorial  Board of Black Perspectives.  Currently, I am the editor of the book series Slavery: Past and Present, by Cambria Press and a member of the Executive Committee of the Brazilian Studies Association, the most important association of Brazilian studies in the world.

My most recent book is Reparations for Slavery and the Slave Trade: A Transnational and Comparative History. The book examines from a transnational perspective the history of the demands of reparations for slavery and the slave trade in the Americas, Europe, and Africa.

Over the last years, I published a number of books. Brazil Through French Eyes: A Nineteenth-Century Artist in the Tropics (2015) is a revised, updated, and expanded English version of my book Romantisme tropical (2008). I explore the idea of “tropical romanticism,” a vision of Brazil with an emphasis on the exotic. I examine the travelogue Deux années au Brésil by the French artist François-Auguste Biard, by situating his work in the context of the European travel writing of the time. The book shows how representations of Brazil through French travelogues contributed and reinforced cultural stereotypes and ideas about race and race relations in Brazil.

My book Shadows of the Slave Past: Memory, Heritage and Slavery (2014) examines the processes that led to the memorialization of slavery and the Atlantic slave trade in the second half of the twentieth century. I explore numerous kinds of initiatives such as monuments, memorials, and museums as well as heritage sites. By connecting different projects developed in  Europe, Africa, and the Americas during the last two decades, I discuss how different groups and social actors have competed to occupy the public arena by associating the slave past with other human atrocities, especially the Holocaust. I look at how the populations of African descent, white elites, and national governments, very often carrying particular political agendas, appropriated the slave past by fighting to make it visible or conceal it in the public space of former slave societies.”

Organização: Programas de Doutoramento «Patrimónios de Influência Portuguesa» e «Pós-Colonialismos e Cidadania Global», Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e projetos de investigação «CROME - Memórias cruzadas, políticas do silêncio: as guerras coloniais e de libertação em tempos pós-coloniais» (ERC Starting Grant 715593) e «Os mundos do (sub)desenvolvimento: processos e legados do império colonial português em perspectiva comparada (1945-1975)».

01.03.2019 | por martalanca | Ana Lúcia Araújo, escravidão, reparação

Historiador João José Reis vence o Prêmio Machado de Assis

 Foto Nós Transatlânticos Foto Nós TransatlânticosO historiador baiano João José Reis, considerado referência mundial para o estudo da História e da escravidão no século 19 no Brasil, é o vencedor do Prêmio Machado de Assis, concedido anualmente pela Academia Brasileira de Letras a um intelectual pelo conjunto da obra. Reis ganhou R$ 100 mil.

A entrega será feita no Salão Nobre do Petit Trianon, no dia 20 de julho, durante as comemorações pelos 12 anos da fundação da ABL.

Formado em História pela Universidade Católica de Salvador, João José Reis tem mestrado e doutorado pela Universidade de Minnesota e diversos pós-doutorados, que incluem a Universidade de Londres, o Center for Advanced Studies in the Behavioral Sciences, da Universidade de Stanford, e o National Humanities Center. Também foi professor visitante das seguintes universidades: Universidade de Michigan, Universidade Brandeis, Universidade de Princeton, Universidade do Texas e Universidade de Harvard.

30.06.2017 | por martalanca | escravidão, josé reis, prémio Machado de Assis

Memórias do Esquecimento

This film, shot in 2008, explores how memory of slavery intersects with life experience, black affirmation and urban reconversions in contemporary Rio de Janeiro. Despite the central place that Rio de Janeiro played in the Atlantic slave trade until the end of the 19th century, traces of this past have for long looked hidden in the urban landscape. This forgetting is not simply a random phenomenon, it also relates to the myth of racial democracy as an ideal that has actively tried to downplay racial inequalities in Brazil in the name of national mixture. Albeit little visible, the memories of a slave past are not deleted completely. They emerge ambiguously, but also powerfully, in the daily life of Tia Lúcia and Alder, the main characters of this film.

19.11.2013 | por martalanca | escravidão, Rio de Janeiro

Revista (In)Visível na área - nº 1 ESCRAVIDÃO

Nesta edição propomos ampliar a perspectiva sobre a escravidão. Nossa intenção é escapar das visões amarradas no tempo histórico. Procuramos alargar o olhar sobre os diferentes enquadramentos teóricos e populares que têm dominado e marginalizado as interpretações deste fenômeno. A proposta é tratá-lo sem delicadezas etimológicas para que os leitores e leitores se deparem com um percurso mais desnudado em relação à dureza empírica do seu significado social.

(o Buala colaborou com este número) Boa leitura! Liberte a sua edição aqui.

PRÓXIMA CHAMADA: LOUCURA

Desamarremos as camisas de força. Curto circuitos nos tratamentos de choque. Convoca-se a todxs: artistas, dentistas, puristas, sociólogxs, ginecologistas e urologistas, filósofxs, arquitetxs, matemáticxs, amigxs ou inimigxs de Foucault, gente do time de Goya ou do de Baby do Brasil. O que queremos é enlouquecer em diferentes linguagens. Afinal, vivemos para debater, para relacionar, para rasgar os jornais do dia e para denegrir a normalidade das coisas. Gritar na biblioteca, nos hospícios. Loucura a sério em fotografia, imagens, artigos, reportagens e na insanidade que vier.

Prazo limite para receção de trabalhos: 20 de Janeiro de 2013

Comunicação de aceitação: 20 de Fevereiro de 2013.

Consulte as normas para envio aqui.

15.01.2013 | por martalanca | escravidão, loucura

AfrikPlay - Filmes à Conversa | ISCTE-IUL

27 Junho | 18h00 às 19h00 | Auditório B103, Ed. II - ISCTE-IUL


YESTERDAY SLAVES: DEMOCRACY AND ETHNICITY IN BENIN (Camilla Strandbjerg e Eric Hahonou.29’, 2011) Com Pedro Osório (FCSH-UNL)


“A escavidão, emancipação, democracia, cidadania e grupos étnicos são alguns dos tópicos focaods neste filme. FIlmado no norte do Benin, o filme desenha o longo caminho para a liberdade de um homem. A sua trajectória pessoal, simultaneamente particular e arquetípica, demonstra como os Gando, um grupo socialmente marginalizado, agarrou a oportunidade de aceder à representação política e à cidadania durante a recente implementação da descentralização democrática no país. Como nos é explicado por um Presidente de Câmara e seus conselheiros, a trajectória dos Gando em direcção ao poder e cidadania teve início numa mobilização em torno de uma identidade Gando, através de moviemtnos sociais e culturais. O documentário revela o processo universal e complexo da construção de identidades colectivas.”

http://rucforsk.ruc.dk/site/en/publications/les-esclaves-dhier%281d125221-0f90-479d-85e5-dffd03b9cef8%29.html
http://afrikplay.wordpress.com/https://www.facebook.com/AfrikPlay

 

27.06.2012 | por martacacador | escravidão, filmes á conversa. Afrikplay, ISCTE

África mais acessível no Instituto de Estudos Brasileiros

O Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP) começou a disponibilizar na internet livros e documentos raros sobre a África produzidos do século 16 ao 19.

O projeto Brasil África, que tem apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, já construiu a base de dados sobre os documentos para facilitar a pesquisa detalhada das referências e começa a digitalizar imagens.

De acordo com a Márcia Moisés Ribeiro, pesquisadora do IEB e coordenadora do projeto, o objetivo é permitir o acesso a livros e documentos raros sobre o continente africano.

“O IEB possui uma das mais importantes bibliotecas de livros raros de São Paulo. A ideia foi construir um banco de dados para reunir informações sobre esses documentos e obras que, em seguida, serão digitalizados e disponibilizados”, disse à Agência FAPESP.

Márcia atualmente desenvolve o projeto de pesquisa “Medicina e escravidão nas dimensões do universo colonial: a América portuguesa e o Caribe francês no século 18”, que será concluído no fim do ano.

O site já conta com informações detalhadas sobre cada documento selecionado. “Há dados sobre autor, obra, data e local da publicação. A base de dados traz também um breve resumo de cada documento indicado”, explicou.

É possível encontrar documentos que envolvem as mais diversas áreas sobre o continente, como história, geografia, medicina, religião e temas relacionados ao tráfico de escravos.

“São livros raros de viagem, de medicina, sobre a fauna e flora, além da história e das religiões africanas. Sobre a escravidão, há assuntos relacionados ao comércio e tráfico negreiro, como condições da travessia desses escravos, entre outros temas”, disse Márcia.

O processo de digitalização dos documentos da base de dados foi iniciado em maio e a previsão é que até o fim deste ano todas as obras estejam disponíveis no site.

A pesquisadora estima a existência de cerca de 600 documentos e livros raros sobre a África nas várias coleções do IEB. “Até agora trabalhamos apenas com os documentos da biblioteca do IEB, que tem cerca de 300 documentos que já estão no banco de dados, mas ainda não disponíveis na versão digital, que será disponibilizada em julho. A próxima etapa será a documentação do arquivo, no qual se encontram os manuscritos”, destaca.

Nos manuscritos há diversas correspondências entre governantes da África e governadores das capitanias brasileiras. “É uma documentação rica, sobretudo porque muitos são documentos únicos”, disse Márcia.

Divulgar e preservar

De acordo com a historiadora, a ideia surgiu a partir de sua própria pesquisa. “Trabalho com história da medicina e escravidão no período colonial e, ao ter contato com o material no IEB, percebi que o instituto guardava documentos e livros importantes para historiadores”, contou.

Grande parte dos temas envolvendo o continente africano, segundo ela, era estudada principalmente pela relação com a escravidão. “Mas, nas últimas décadas, outros temas relacionados à África têm despertado interesse de pesquisadores. A história do continente, por exemplo, só passou a ser obrigatória como disciplina há cerca de dez anos, nos programas das universidades. Mas ainda é restrita, quando comparada com a história da América, por exemplo”, destacou.

Márcia salienta que, ao ampliar o acesso a textos e imagens raras – com possibilidades de impressão –, será possível estimular os estudos de forma geral sobre o continente.

“Além de democratizar o acesso pela internet, a digitalização é uma forma de preservar as obras raras, evitando o manuseio excessivo e desgaste”, disse.

 

Alex Sander Alcântara

Mais informações aqui.
 

07.07.2010 | por martalanca | África-Brasil, escravidão, Instituto de Estudos Brasileiros