O Goethe-Institut São Paulo convida para a festa de lançamento de um dos livros seminais para compreensão do trabalho do poeta e etnólogo alemão Hubert Fichte, Explosão. Romance da Etnologia ganha tradução para o português de Marcelo Backes pela Editora Hedra. O lançamento é seguido de pocket show com o compositor e instrumentista Negro Leo e apresentação da cantora Linn da Quebrada, no dia 28 de novembro, às 19h30, no Goethe-Institut São Paulo (Rua Lisboa, 974 – Pinheiros), com entrada franca.
Mestiço judeu na Alemanha nazista, protestante em orfanato católico e homossexual numa sociedade machista, Hubert Fichte corporificou a inadequação de sempre estar no tempo ou no lugar errado. Por isso, durante toda sua vida, sentiu na pele a violência das ideologias. Poeta maldito e cronista do underground literário dos anos 1960, depois de se tornar famoso com seu romance “Die Palette” (1968), decidiu gastar seu dinheiro viajando pelo mundo, seguindo as rotas da diáspora africana e escrevendo seu ciclo de romances sob o título “A História da Sensibilidade”. Entre 1969 e o fim de sua vida, Fichte viaja várias vezes pelo Brasil e torna-se conhecido ao expressar o saber antropológico a partir da literatura – arte denominada, pelo próprio autor, como etnopoesia. Fichte por várias vezes visitou a capital baiana nas décadas de 1970 e 80, onde pesquisou sobretudo as tradições afrodescendentes. Descreveu os altares do candomblé em seu colorido e sua plasticidade, em seu hibridismo e seu sincretismo. Isso o estimulava muito, e ele acabou entrando em uma espécie de rivalidade com o “papa” do candomblé em Salvador, o etnólogo francês Pierre Verger, que fazia suas pesquisas por lá com interesses semelhantes aos de Fichte. Percebido em sua maior parte como escritor polêmico, Hubert Fichte herdou ao mundo literário um dos maiores compêndios de pesquisa sobre rituais das religiões Iorubá. Uma “outra” poesia, uma “outra” etnografia, uma “outra” forma de jornalismo e comentário político; e uma magnífica obra por descobrir. Hubert Fichte ganha exposições de arte e edições de sua obra em diversos países. O projeto “Hubert Fichte: Amor e Etnologia”, concebido por Anselm Franke e Diedrich Diederichsen, lançado na Alemanha pela Haus der Kulturen der Welt (HKW) em parceria com o Goethe-Institut, leva o legado de Fichte às cidades que ele visitou e sobre as quais escrevia: Lisboa, Salvador, Rio de Janeiro, Dakar, Nova Iorque, Santiago do Chile, entre outras.
Sobre o Livro
“Explosão. Romance da Etnologia” é um dos romances centrais da “História da Sensibilidade”. O livro resume as viagens e andanças de Fichte pelo Brasil – Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, Recife, Belém, Manaus –, visitando terreiros, mães de santo, celebridades da antropologia, banheiros públicos, os “cinemões” da época – lugares de encontro gay –, ladeiras estreitas e praças escuras. No Brasil, ele tem sua primeira edição pela editora Hedra, com tradução do escritor, professor, tradutor e crítico literário Marcelo Backes.
Negro Leo
Compositor e instrumentista, tem oito discos lançados. Entre 2014 e 2015, lançou “Ilhas de Calor” e “Niños Heroes”, discos que lhe renderam resenhas no The New York Times, na revista Playboy norte-americana e o levaram a palcos prestigiados no mundo, como Cafe Oto e Counterflows Festival. Atuou como compositor da trilha sonora do filme “Intuito”, de Gregorio Gananian.
Linn da Quebrada
Artista multimídia e bixa travesty, Linn encontrou na música uma poderosa arma na luta pela quebra de paradigmas sexuais, de gênero e corpo. Em 2016, a artista se jogou na música com o hit “Enviadescer” e de lá pra cá não parou mais, incluindo aí a direção do experimento audiovisual “blasFêmea”, da música “Mulher” e a realização de uma campanha de financiamento coletivo para a produção de Pajubá, seu disco de estreia, lançado em Outubro de 2017. Nos shows, Linn da Quebrada é acompanhada pela produtora musical BadSista, a cantora e persona Jup do Bairro, o percussionista Valentino Valentino e o DJ Pininga.