As duas faces da Guerra

 

A guerra da Guiné, revista num documentário de Diana Andringa e Flora Gomes…
Luta de libertação para uns, guerra de África para outros: o conflito que, entre 1963 e 1974, opôs o PAIGC às tropas portuguesas é visto, desde logo, de perspectivas diferentes por guineenses e portugueses. Mas não são essas as únicas duas faces desta guerra: mais curioso é que, para lá do conflito, houve sempre cumplicidade: Não fazemos a guerra contra o povo português, mas contra o colonialismo, disse Amílcar Cabral, e a verdade é que muitos portugueses estavam do lado do PAIGC. Não por acaso, foi na Guiné que cresceu o Movimento dos Capitães que levaria ao 25 de Abril. De novo duas faces: a guerra termina com uma dupla vitória, a independência da Guiné, a democracia para Portugal. É esta aventura a dois que queremos contar, pelas vozes dos que a viveram.

16.03.2011 | por martalanca | guerra colonial

50 anos depois do início das guerras coloniais, alguns dados para avivar a memória

Irene Pimentel, no Jugular

Entre 1961 e 1974, Portugal, onde vigorava um regime ditatorial, levou a cabo guerras coloniais em três frentes de combate. Segundo números oficiais, ao chegar-se a 1974 - ano em que foram mobilizados 150 mil efectivos militares para o esforço de guerra em África -, já havia treze anos que a guerra durava em Angola, onze anos na Guiné e dez em Moçambique. Vejam-se alguns dados para memória presente e futura:

- A guerra sorveu entre 7 a 10% da população portuguesa e mais de 90% da juventude masculina. Ainda em termos de gastos humanos, durante os treze anos de guerra, morreriam mais de 8 mil homens e ficariam feridos ou incapacitados cerca de 100 mil portugueses.

- Segundo dados do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), morreram de várias causas 8.831 militares portugueses, dos quais 4.027 em combate, ou seja, respectivamente 23% do contingente “metropolitano” e 77% dos soldados recrutados nas próprias colónias

- Das quase nove mil baixas das Forças armadas portuguesas, que representavam 1 % do número total de combatentes nos três teatros de guerra, 3.455 ocorreram em Angola, 3.136 em Moçambique e 2.240 na Guiné.

Continuar a ler "50 anos depois do início das guerras coloniais, alguns dados para avivar a memória"

16.03.2011 | por martalanca | guerra colonial

e pedir escusa de vez?

You are missing some Flash content that should appear here! Perhaps your browser cannot display it, or maybe it did not initialize correctly.

o Presidente da República instou os jovens a empenharem-se em “missões e causas essenciais ao futuro do país” com a mesma coragem e determinação com que fizeram os militares que participaram há 50 anos na guerra em África.

“Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar”, afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.’

só mesmo num país completamente obnubilado e destituído de memória ou noção mínima da história, onde os jornalistas se encarniçam a pescar sound bites sobre guerrilhas políticas do momento, é que estas duas frases surgem, assim, sem relevo nem sublinhado, no meio de uma notícia cujo título é, ainda por cima neste extraordinário português, ‘cavaco escusa fazer qualquer comentário sobre crise política’.

Continuar a ler "e pedir escusa de vez?"

15.03.2011 | por martalanca | Cavaco Silva, guerra colonial, jovens, war

Guerrilheiro moçambicano procura-se...

A Diana Andringa pede divulgação deste relato: 

 

Sou um velho jornalista do Porto que, com muito gosto, vos convido a visionar uma história de guerra por mim vivida há mais de 40 anos, em Tete, Moçambique, e que ainda está à espera de conhecer um epílogo: procuro um ex-guerrilheiro da Frelimo para lhe dar um abraço e devolver-lhe algo que lhe pertence.
Peço que divulguem este episódio. Há um conjunto de razões com raízes fundas em mim que me levam a fazer este pedido. Uma dessas razões facilmente a descortinará através do visionamento do vídeo publicado no Youtube 

Entretanto, chamo a atenção para um detalhe relevante da história. Trata-se de uma imagem do referido guerrilheiro que segue em anexo. Eu não costumava levar máquina fotográfica para as operações, mas dessa vez aconteceu. Ainda bem, digo-o agora. A imagem (para mim) é dolorosa por destapar um dramatismo não ficcionado. Se a tivesse de legendar, escreveria:
Ecce homo - Eis o homem a quem devo o rádio e um abraço.
Grato pela atenção, Jaime Froufe Andrade

02.03.2011 | por martalanca | guerra colonial