EXPOSIÇÃO | Biblioteca Nacional de Portugal | Sala de Exposições - Piso 2 | Entrada livre | até 31 Maio. Homenagem à figura multifacetada de Alfredo Margarido, comissariada por Isabel Castro Henriques.
Professor, ensaísta, crítico literário, ficcionista, poeta, jornalista, tradutor, artista plástico, historiador, antropólogo, sociólogo, politólogo, Alfredo Margarido (1928, Moimenta, Vinhais - 2010, Lisboa) foi “um dos pensadores mais lúcidos da nossa realidade… observação que imediatamente se vai transformando em conhecimento, saber e discurso” (Perfecto Cuadrado, 2007).
Viveu em Bragança a sua infância, depois Viana do Castelo, o Porto, Lisboa e as prisões da PIDE, tendo-se instalado em meados dos anos 50 em São Tomé e Príncipe e depois em Angola. Expulso deste território pela polícia política, regressou a Lisboa em 1958, onde dirigiu o “Diário Ilustrado”, trabalhou na Guimarães Editora e fez crítica literária, utilizando a palavra para denunciar o regime, o que lhe valeumais e mais prisão. Foi um dos mais destacados intelectuais ligados à Casa dos Estudantes do Império (CEI) para a qual organizou, nos anos 60, antologias de poetas angolanos, moçambicanos e são-tomenses, tendo sido activo colaborador da Mensagem, o boletim da CEI.
O exílio levou-o para Paris (1964) onde se formou em Sociologia na École Pratique des Hautes Études, mais tarde École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), cujos quadros veio a integrar como investigador. Enquanto professor leccionou em várias universidades francesas, em Paris, Vincennes, Amiens, e após o 25 de Abril de 1974, em Lisboa e no Brasil, continuando a sua actividade docente em Paris, na EHESS e na Universidade de Paris I Panthéon-Sorbonne.
Da sua vasta obra, muita da qual dispersa por obras colectivas – estudos, capítulos, introduções, prefácios, postfácios –, jornais e revistas culturais e científicas, nacionais e estrangeiros, destaque-se, no ensaio, Teixeira de Pascoais (1961), Negritude e Humanismo (1964), Jean-Paul Sartre (1965), A Introdução do Marxismo em Portugal (1975), Estudos Sobre as Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa (1980), Plantas e Conhecimento do Mundo nos Séculos XV e XVI (1989), As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos (1994) ou A Lusofonia e os Lusófonos: novos mitos portugueses (2000). Na poesia publicou Poemas com Rosas (1953) e Poema Para Uma Bailarina Negra (1958). Na ficção, integrou-se na tendência do nouveau roman, publicando No Fundo Deste Canal (1960), Centopeia (1961) e As Portas Ausentes (1963). Com Artur Portela Filho preparou O Novo Romance (1962) texto divulgador dessa tendência literária. Investigador da cultura portuguesa, estudou Fernando Pessoa, mas igualmente Camões ou Jorge de Sena; também as problemáticas africanas estão presentes numa obra ensaística e crítica, multidisciplinar e incontornável, bem como na sua intervenção cívica. Traduziu James Joyce, Nathalie Sarrautte, Jonh Steinbeck, Nietzsche ou Herman Melville. Uma parte da sua obra plástica foi reunida em 33+9 Leituras Plásticas de Fernando Pessoa (1988) e em Obra Plástica de Alfredo Margarido (2007).