São Luiz Teatro Municipal 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, sempre às 19h30
Exibição da curta-metragem (Prémio Casa Comum, Queer Festival 2024) e lançamento e leitura coletiva de publicação bilíngue. Programa em homenagem à Teresa Ves Liberta.
A construção de Spillovers parte de Lesbian peoples: material for a dictionary. Escrito em 1976 por Monique Wittig e Sande Zeig, trata-se de um dicionário para amantes que procura desenhar os contornos de um léxico emocional, sensorial e político. Ritó Natálio constrói uma fabulação desta obra icónica do feminismo lésbico onde se experimenta um glossário ecotransfeminista em diálogo com a memória deste livro. Spillovers são amantes ou talvez estados transitivos da identidade, convocam o corpo, o erotismo e a experiência somática para a criação de alternativas para problemas ecológicos atuais e, eventualmente, para a produção de água.
Este glossário foi escrito em 2020, por meio de práticas de escrita e de práticas somáticas, e sob a influência de referências históricas do feminismo lésbico e do transfeminismo, assim como por uma recolha expandida de símbolos e iconografias. O processo deu origem a uma leitura performativa a solo de Ritó (2021) e a um projeto coletivo de performance-filme coproduzido pelo Cinema Batalha em 2023, este último com três apresentações previstas na Sala Mário Viegas do Teatro Municipal São Luiz.
Nos dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, na Sala Mário Viegas do São Luiz Teatro Municipal, será projetada a curta-metragem de ficção Spillovers, corealizada por Ritó Natálio e Aline Belfort. O filme, vencedor do Prémio Casa Comum do Queer Porto 2024, convida-nos a entrar no universo deste mundo inventado, e será apresentado em sessão dupla com outros momentos fílmicos que incorporaram a performance original com Alina Ruiz Folini, Josefa Pereira, Teresa Ves Liberta, Odete, Aline Belfort e Liz Rosenfeld, e ainda entrevistas com Lui L’Abbate, Eríc Santos e Geni Nuñez
Todos os dias, haverá também a apresentação da publicação bilíngue homónima, que reúne o texto original de Spillovers e outras textualidades e iconografias desta criação. O livro conta com design de Maura Grimaldi e desenhos de Odete e Josefa Pereira, e será lido coletivamente.
A alteração do programa – que inicialmente incluía a performance Spillovers – deve-se à partida precoce e inesperada de Teresa Ves Liberta, parte vital da comunidade fabulada em Spillovers e das nossas vidas. Para respeitar o luto da equipa e a impossibilidade de performar a peça na sua ausência, um programa alternativo foi pensado para contemplar outros materiais e desdobramentos deste projeto, que dedicamos à Teresa e a toda a sua rede de afetos e pessoas queridas. Nas palavras de Lui L’Abbate: Venham pelo escuro, com os corações abertos. Se o medo tomar conta, peçam ajuda. Amem pessoas trans, digam a elas. Verbalizem o afeto enquanto ainda há tempo. Sobreviver é nossa maior arma. Sobreviver é nosso maior afronte.
Mais informações e bilhetes em https://www.teatrosaoluiz.pt/espetaculo/spillovers/.