A exposição reúne um novo conjunto de obras da artista
Inaugura no dia 23 de abril, em Veneza, por ocasião da abertura da 59ª Bienal Internacional de Arte de Veneza, a exposição individual de Mónica de Miranda, intitulada “no longer with the memory but with its future”, com curadoria de Paula Nascimento.
A exposição, uma iniciativa da associação italiana Nuova Icona e do coletivo Beyond Entropy Africa com o apoio da Fundação Gulbenkian, reúne um novo conjunto de obras de Mónica de Miranda, artista interdisciplinar portuguesa de origem angolana, cuja prática informada pela pesquisa investiga as convergências entre política, identidade, género, memória e lugar através de geografias de afeto, e estrutura-se em torno de uma obra vídeo de uma obra em vídeo “Path to the stars” (2022).
Inspirada no poema homónimo de Agostinho Neto, este vídeo foi filmado ao longo do Rio Kwanza, o rio mais longo de Angola, sendo que a vitalidade e força do ecossistema do rio funciona como uma analogia entre o corpo e a água e a sua relação com a história – o rio está directamente a história do Atlântico.
A exposição também é composta por trabalhos fotográficos que exploram a relação entre feminilidade e natureza, e uma instalação com texto. Expondo um olhar de oposição para a história, as obras desenvolvem importantes discussões sobre pertença e sobre construção de futuro no antropoceno contemporâneo.
O título “no longer with the memory but with its future” reflete sobre as relações dialéticas entre passado, presente e futuro por meio do engajamento criativo com traços históricos como forma de projetar e imaginar novos futuros. Apresenta uma cosmovisão em direção a novos modos de compreensão da subjetividade humana, desenvolvendo uma discussão necessária em torno das relações entre dimensões humanas, como linguagem e política, e o ambiente em que vivemos.
O filme “Path to the Stars” acompanha a jornada de uma heroína do nascer ao pôr do sol, confrontada por sua própria sombra e por diferentes temporalidades e micronarrativas, propondo uma contranarrativa composta pelas biografias complexas que se sobrepõem e interagem: o passado e os combatentes da liberdade anticolonial, a incerteza do presente e o desejo de pertença e a projeção do futuro e o desejo de chegar a uma simbiose com a natureza, o desdobrar a crise ecológica que destrói nossa própria natureza. Esta obra central funciona estruturalmente e conceitualmente como um rio com as suas ramificações e camadas de histórias e metáforas que se desdobram.
Num momento em que a humanidade enfrenta vários desafios, como aumento da discriminação, aquecimento global, guerras e desastres ecológicos, “no longer with the memory but with its future” serve como uma oportunidade de compartilhar e buscar direções futuras por meio da reflexão criativa e da imaginação.
Esta exposição é complementada por uma publicação com uma introdução escrita por Vittorio Urbani e textos de Paula Nascimento, Ana Nolasco, Marisa Moorman e Yara Nakahanda Monteiro.
Curadoria: Paula Nascimento
Oratorio di San Ludovico, Veneza
23 abril – 29 maio 2022