A exposição “NOISE” (ruído) aborda o ruído de fundo de uma cidade em convulsão. O barulho das ruas, das pessoas, da construção maciça, do tráfego e também o ruído da comunicação, no qual alguns incluem o ruído físico, exterior ao emissor e ao receptor, que torna difícil, ou impossível, ouvir e entender o que é dito.
“NOISE” aborda o desenfreado crescimento urbano em África, acentuado nos últimos 20 anos, que trouxe para a cidade novas influências, novos hábitos e novos “ruídos”. Curadoria: Suzana Sousa Street art: Januário Jano (Angola) Vídeo arte: Nástio Mosquito (Angola); Ihosvanny (Angola); Paulo Azevedo (Angola); Kiluanji Kia Henda (angola); Yonamine (Angola); Wura-Natascha Ogunji (Nigéria); Jude Anogwith (Nigéria); Berry Bicle (Zimbabué); Emeka Ogboh (Nigéria).Noise, Ihosvanny. No Centro Cultural Português - Instituto Camões (Av. Portugal, 50, Luanda) A exposição inaugura 6 de Maio e ficará patente até 20 de Maio.
PROGRAMA (até 14 de Abril): Zanele Muholi & Peter Goldsmid (África do Sul). Difficult Love, 2010, vídeo, cor, som, 47’33’’. Cortesia da artista e Stevenson Gallery, Cape Town e Joanesburgo
“Esta programação apresenta um conjunto internacional de obras em vídeo realizadas por mulheres, sobre temáticas que vão desde o feminismo, ao lesbianismo e transgénero. A seleção de trabalhos abrange países e realidades consideradas “periféricas”, em relação ao discurso e prática do feminismo clássico euroamericano, usualmente mais conotado como progressista na defesa da igualdade das mulheres e do género. Sociedades em que as tensões históricas, culturais, sociais, políticas e naturais sobre o género têm sido, nas últimas décadas, disputadas e reivindicadas sob outros moldes, desafiantes da própria história do movimento feminista.
Por outro lado, esta programação revela alguns dos debates mais importantes sobre as questões dos feminismos ou pós-feminismo, assim como todo o âmbito das diversidades queer, desde o lesbianismo, bissexualidade, transsexualidade ou transgénero, que têm sido fundamentais para o esclarecimento e a constituição de uma nova cultura e mentalidade sobre estas realidades.
Um desses debates tem sido o protagonizado por Judith Butler, cuja teorização histórica sobre estas questões veio, recentemente, advogar uma aproximação dos movimentos feministas e transgénero na partilha de uma série de valores, contrariando um latente conflito entres as muitas facções da identidade sexual, a favor duma sociedade que reconfigure as distinções entre vida interior e exterior, evitando as abordagens patológicas da identificação de género cruzada. Para Butler, os termos de designação do género são uma categoria histórica e estão continuamente em processo de remodelação, o que deixa em aberto outras possibilidades para o seu entendimento, já que o “sexo” e a “anatomia” também não escapam às regulações e normativas culturais. O “masculino” e o “feminino” estão permanentemente sujeitos à mudança, cada um desses termos tem histórias sociais que mudam radicalmente segundo as fronteiras geopolíticas e as obrigações culturais.
Outro debate, tem oposto a hegemonia do discurso feminista euroamericano em países e culturas negras, índias, chinesas ou árabes, denunciado as dicotomias inerentes ao discurso feminista “branco” como forma de perpetuar as relações estruturais de poder do sistema capitalista e de identificar uma abordagem ocidental de superioridade sobre o “outro”.
Este é um âmbito de renovação dos discursos feministas que vem permitir novas formas de militância e teorização. Estudos e trabalhos concretos sobre o feminismo negro ou no Islão têm sido precursores de uma nova abordagem heterogénea e descentralizadora do discurso clássico feminista, aproximando-se em muitos dos seus aspectos da realidade dos países do sul da Europa, ao fazer confluir o debate e a prática para zonas de acção que englobam vertentes como o íntimo e o biográfico a cultura popular ou os costumes, em detrimento dum discurso filosófico e teorizante.
Este programa não pretende estabelecer nenhum discurso panfletário sobre as questões de género, mas considera que o enquadramento da heterossexualidade na sociedade contemporânea tem um papel normalizador e regulador duma autoridade patriarcal, permitindo grandes margens de desigualdade no seu exercício. Disso mesmo é exemplo a múltipla abordagem artística que em díspares meios sociais tem sido efectuada nas últimas décadas, utilizando diferentes linguagens para confrontar, denunciar, divulgar ou apenas divagar sobre a complexidade do género e da sua vivência.
O tema constitui ainda um tabu de contornos pouco esclarecidos em diferentes sociedades e por diferentes razões, mas um recente dossier sobre o tema, publicado pela revista Le Magazine Littéraire colocava uma pertinente questão “ devemos ter medo do género ou pelo contrário aproveitar a destabilização que o mesmo coloca às nossas normas de pensamento para transformar/melhorar a nossa sociedade.” O género é também uma doutrina em formação, cujos contornos de debate e investigação têm tido nos últimos anos uma exponenciação relevante, bem como têm interferido de forma fracturante na organização moral, ética e social das sociedades contemporâneas, o que por si só justifica a atenção que o tema nos merece.
A teoria do género tem sido debatida e questionada em vários meios mais científicos e intelectualizados, mas a realidade é que também se instalou no debate público entre interrogação e condenação sobre os novos modelos de vivência da sexualidade, e o seu consequente enquadramento legal e político.”
Emília Tavares (Curadora)
ARTISTAS: Ana Bezelga, Ana Pérez-Quiroga e Patrícia Guerreiro, Ana Pissarra, Carla Cruz, Catarina Saraiva, Célia Domingues, Cristina Regadas, Elisabetta di Sopra, Hong Yane Wang, Itziar Okariz, Joana Bastos, Lilibeth Cuenca Rasmussen, Maimuna Adam, Mare Tralla, Maria Kheirkhah, Maria Lusitano, Mónica de Miranda, Nilbar Güres, Nisrine Boukhari, Oreet Ashery, Patrícia Guerreiro, paula roush & Maria Lusitano, Pushpamala N, Rachel Korman, Razan Akramaw, Rita GT, Roberta Lima, Sükran Moral, Susana Mendes Silva, Tejal Shah, Zanele Muholi.
A Fundação PLMJ, instituída pela sociedade de advogados PLMJ – A.M. Pereira, Sáragga Leal, Oliveira Martins, Júdice e Associados e sedeada em Lisboa, apoia a arte da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)através do desenvolvimento de uma colecção, da organização de exposições, da edição de livros e da realização de outros projectos. Neste âmbito, a Fundação PLMJ promove o Prémio Fundação PLMJ de Vídeo-arte da CPLP, com periodicidade anual, mediante o lançamento de um concurso aberto a artistas nascidos ou residentes em países membros da CPLP (excepto Portugal), nomeadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Para concorrer ao Prémio Fundação PLMJ de Vídeo-arte da CPLP, os interessados deverão enviaruma obra em suporte DVD (duas cópias devidamente identificadas) para o Instituto Camões de cada país da CPLP até ao dia 15 de Julho de 2011, acompanhada da seguinte informação em suporte CD (um exemplar devidamente identificado): título e data da obra; ficha técnica da obra; memória descritiva da obra; CV; morada, número de telefone e endereço electrónico do concorrente. Os elementos constantes da candidatura (DVD e CD) não serão devolvidos aos concorrentes.
A Fundação PLMJ, na pessoa do seu comissário, Miguel Amado, premiará uma obra com a respectiva aquisição no montante de 2.500 euros, bem como a sua exibição na próxima exposição dedicada à arte da CPLP organizada pela Fundação PLMJ. Seleccionar-se-ão, ainda, mais quatro a nove obras para apresentação no DOCKANEMA – Festival do Cinema Documentário, que decorre anualmente em Maputo durante Setembro. A exibição das obras no DOCKANEMA é da responsabilidade da direcção deste evento, não cabendo à Fundação PLMJ tal processo.
A Fundação PLMJ notificará, por correio electrónico, os autores da obra premiada e das obras seleccionadas para apresentação no DOCKANEMA até ao dia 31 de Agosto de 2011.
Para esclarecimentos, contactar Rita Dinis Neves através do endereço de correio electrónico rita.neves@plmj.pt ou do telefone +258827881852.
IN/FLUX is a series of three DVDs. Each DVD is a compilation of experimental films and videos from the African world. The violence and the pleasures, the contradictions, fears and desires of a planet shaped by the postcolonial condition, the present-future of our common humanity in a global, 21st century system shot through with radical change: these are the foci of IN/FLUX, addressed from Africa and her diasporas by creators who reject easy approaches or answers. The works included in the first IN/FLUX DVD centre on the dual theme of movement and displacement. They consider shifts in time, place and psyche, in imaginaries and (pre)conceptions, played out on urban stages deployed as laboratories for the elaboration of alternative perceptual fields. A range of genres is represented: documentary gazes and Afrofuturist takes, spy camera zoom-ins and travels through virtual landscapes, (mock) music-video and horror-flick aesthetics. The result is a (media) trip through multiple universes: inner worlds, dreamscapes and in your face reality checks. IN/FLUX is a partnership between two cutting-edge entities: SPARCK (Space for Pan-African Research, Creation and Knowledge / The Africa Centre - Cape Town, South Africa) and Lowave (an independent film label based in Paris, France). IN/FLUX # 1 is curated by Dominique Malaquais, Cédric Vincent and Silke Schmickl. Featuring works by NEIL BELOUFA / DINEO BOPAPE / STACY HARDY & JACO BOUWER / AHMED EL SHAER (DIRECTOR) / ISMAIL FAROUK / KHALED HAFEZ / GODDY LEYE / NASTIO MOSQUITO / MOWOSO / JULIA RAYNHAM Dvd available from www.lowave.com