Exposições do artista Kiluanji Kia Henda na Europa e no Brasil
PROJETO VENCEDOR DO PRÉMIO FRIEZE NA SUÉCIA
Sob o Olhar Silencioso de Lenine, projeto de Kiluanji Kia Henda premiado pelo Prémio Frieze em 2017 em Londres (entre candidatos de mais de 82 países) viaja para a Suécia. A instalação insinua um paralelo entre as práticas de feitiçaria e as narrativas de ficção científica instrumentalizadas pelas potências da Guerra Fria - União Soviética e os EUA. A exposição Memory Matters, na qual a obra será apresentada, incide nos temas da historiografia e memória, partilhando memórias coletivas. Em diálogo com acontecimentos sociais e políticos contemporâneos e os seus contextos, os artistas trabalham desde a pós ditadura no Uruguai ao tempo soviético na Lituânia, passando por questões do poder na África do Sul. Transformando e reinterpretando elementos da memória material, como estátuas e memoriais, problematizam a história oficial, opondo-se ao esquecimento, repressão ou apagamento.
DUAS EXPOSIÇÕES COLETIVAS EM INGLATERRA
Em Plymouth, integrada no Projeto Atlântico com curadoria de Tom Trevor, apresenta a instalação arquitectónica After the Future na base do Centro Cívico, projectado pelo arquiteto Hector Stirling com a sua visão “utópica”. Interessado na ideia de reconstrução das cidades no pós-guerra, e pelo estilo modernista internacional que Stirling desenhou para o Centro Cívico, o artista relacionou-o com as experiências arquitetónicas em Luanda, e a perspectiva soviética sobre o futuro em Angola que nunca se concretizou. Fundem-se as narrativas de um novo mundo que projeta e idealiza, mas que não chega a acontecer.
A outra exposição coletiva que tem lugar em Bradford, também em Inglaterra, intitula-se Africa State of Mind e os curadores são Ekow Eshun e NAE. Nela fotógrafos de todo o continente africano interrogam ideias de ‘africanidade’ através de representações subjectivas da vida e da identidade africana enquanto enquanto estado mental e lugar físico, trazendo a complexidade da vida atual em África no combate às visões limitadas sobre o continente. O artista angolano apresenta a série intitulada A última viagem do ditador Mussunda N’Zombo antes da grande extinção. Esta série data de 2017 e teve a colaboração do performer Miguel Prince.
DA TRAGÉDIA À UTOPIA NO BRASIL
Na cidade de Santos, integrado nas Oficinas do Festival de Imagem do Valongo, que decorre em novembro no bairro histórico homónimo, Kia Henda apresenta a exposição individual Sem título, sem pele – Da tragédia a utopia, que reúne três séries importantes da trajetória do artista: “Homem Novo” (2009-2012), “O destino de Otelo” (2013), e “ A Última Viagem do Ditador Mussunda N’Zombo Antes da Grande Extinção” (2017). Refletindo sobre processos de curadoria engajados na discussão decolonial a curadoria Diane Lima refere que a intenção de mostrar esta exposição “centra-se num modo de leitura perfomativo a nível da linguagem que a própria narrativa das obras oferece” de um artista cujas obras, nas palavras de Lima, “nos arejam com novas formas de pensar e modos de fazer trazendo para o centro do debate as discussões em torno da forma da política e da política da forma.” Salienta-se o pendor ficcional e irónico da obra de Henda, em combinações de mundos e léxicos, que revisita a História e as suas estruturas de poder inscrevendo nela novos protagonistas.
Memory Matters [4 out 2018 – 17 fev 2019]
Skissernas Museum, Lund (Suécia)
https://www.skissernasmuseum.se/en/exhibitions/memory-matters/
After the Future [28 set - 21 out 2018]
The Arts Institute, University of Plymouth (UK)
https://www.theatlantic.org/kiluanji-kia-henda
Africa State of Mind [29 set 2018 - 16 dez 2018]
Centro de arte New Art Exchange, Nottingham (UK)
http://www.nae.org.uk/exhibition/africa-state-of-mind/143
Oficinas do Valongo Festival Internacional da Imagem [12 a 14 de outubro 2018]
Valongo, Santos (Br)
https://www.valongo.com/oficinas
Continuam:
Imagined Borders
De 7.09 a 11.11 de 2018.
A décima segunda edição da Gwangju Biennale com a obra “Concrete Affection – Zopo Lady” uma instalação de vídeo inspirada no primeiro capítulo do livro do jornalista e escritor polaco Rychard Kapuscinsky ”Mais um Dia de Vida - Angola 1975”.
https://www.gwangjubiennale.org/en/biennale/event/program.do
Divided We Stand
De 8.09 a 11.11 de 2018.
No Museu de Arte Contemporânea de Busan, na Busan Biennale, com a instalação “Ilha de Vénus” e uma série de fotografias intitulada “Homem Novo”, integrada na exposição coletiva “Divided we Stand” com a curadoria de Jörg Heiser.
https://www.gwangjubiennale.org/en/biennale/event/program.do
From where I stand, my eye will send a light to you in the North,
Até 21.10 de 2018.
Te Tuhi Art Center
Na Nova Zelândia Kia Henda participa na exposição “From where I stand, my eye will send a light to you in the North”, patente no Te Tuhi Art Center, até 21 de Outubro com o tríptico “Redefining the Power III (da série Homem Novo com o Miguel Prince)”. Com curadoria de Gabriela Salgado, esta colectiva baseou o título numa performance de Otobong Nkanga (intitulada “Diaoptasia”, apresentada na Tate Modern, em Londres, em 2015), e numa série de desenhos do mesmo, que constituiram uma base para os artistas trabalharem e provocarem as noções eurocêntricas das narrativas históricas.
http://www.tetuhi.org.nz/whats-on/exhibitiondetails.php?id=200
Biografia
Kiluanji Kia Henda (1979). Vive e trabalha entre Luanda e Lisboa. É um artista autodidata e cresceu num meio habitado por entusiastas da fotografia, que o inspiraram a criar a sua própria arte e discurso. Mais tarde começou a dissecar a sua própria linguagem, através de intervenções música, teatro experimental e colaborando com um coletivo de artistas em Luanda. Alguns destes, mais tarde com Kia Henda, fizeram parte da Primeira Trienal de Luanda, plataforma que os impulsionou a expôr trabalho não só em Angola mas internacionalmente.
Kia Henda explora, através da fotografia, video, performance e escultura, temas como a história e memória colonial, o Modernismo em África, e as relações Europa-África, de forma humorística e irónica, desafiando noções de identidade, política e as percepções.
Kia Henda participou em diversos programas de residência e fez projetos em cidades como: Lisboa, Cidade do Cabo, Veneza, Paris, São Tomé, Amman and Sharjah. Participou nas seguintes exposições (seleção): Primeira Trienal de Luanda, 2007; Check List Luanda Pop, Pavilhão Africano, Bienal de Veneza, 2007; Farewell to Post-Colonialism, Trienal de Guangzhou, 2008; There is always a cup of sea to sail in, 29th Bienal de São Paulo, 2010; Tomorrow Was Already Here, Tamayo Museum, Mexico City, 2012; Les Prairies, Les Ateliers de Rennes, Rennes, 2012; Mondays Begins On Saturday, First Bergen Triennial, 2013; The Shadows Took Form, The Studio Museum of Harlem, New York, 2013; The Divine Comedy, Museum für Moderne Kunst, Frankfurt an SCAD Museum, Georgia, 2014; Surround The Audience, New Museum Triennial, New York, 2015. Em 2012, Kiluanji Kia Henda ganhou o Prémio Nacional para a Cultura e as Artes, atribuído pelo Ministério da Cultura Angolano. Em 2014, foi selecionado como um dos “Leading Global Thinkers” pela revista Norte-Americana Foreign Politics, como resultado do seu projeto acerca dos programas de caridade em África, intitulado “O.R.G.A.S.M” (Organization of African States for Mellowness). Em 2017 ganhou o Frieze Artist Award, sendo convidado para fazer uma nova instalação no feira de arte Frieze, em Londres.