"Pássaros de asas abertas - Antologia de Contos Angolanos" assinala os 40 anos da Independência de Angola
A diversidade da temática da literatura angolana, manifestada como “um pássaro planando de asas abertas”, é ilustrada no livro “Antologia de Contos”, que reúne textos, na maioria inéditos, dos 40 anos da independência de Angola.
Pássaros de Asas Abertas – Antologia de Contos Angolanos, será lançado em Lisboa a 2 de março no Auditório Armando Guebuza, na Universidade Lusófona, é uma iniciativa conjunta da União dos Escritores Angolanos (UEA) e do Centro de Estudos Comparentistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Os 36 textos, selecionados pelos académicos Margarida Gil dos Reis e António Aquino, que prefaciam a obra, foram escritos por outros tantos autores, destacando-se, entre outros, Agostinho Neto (primeiro presidente de Angola), Luandino Vieira, Ruy Duarte de Carvalho, Pepetela, Ondjaki, João Melo, José Eduardo Agualusa, Jacques dos Santos e Ismael Mateus.
Numa nota aos leitores no início da obra, o secretário-geral da UEA, António Carmo Neto, que também é autor de um dos textos, indicou que o livro de contos é a “primeira parte” de uma homenagem aos 40 anos de Angola (11 de novembro de 1975) e também de quatro décadas da própria associação dos escritores, a que se seguirá um outro: “Antologia da Poesia Angolana”, cuja data de publicação não adianta.
“Tendo privilegiado textos inéditos, pretendíamos que se reunissem aqui alguns contos que ajudam a contar «estórias» das vidas de quatro décadas, vistas por um olhar do século XXI. Quem correr o mundo sob o dorso do pássaro de asas abertas, viajando ao passado, continuará a estar no presente”, escreve Carmo Neto.
Para os prefaciadores e selecionadores dos textos, a obra pode ser um “importante instrumento no campo do ensino”, pois a escolha dos textos foi pautada por “critérios académicos, de gosto e de qualidade”, admitindo, porém, a subjetividade que podem causar cada um deles.
“O enorme acervo literário levou-nos a sobrevoar textos de 36 escritores, maioritariamente vivos. (…) A literatura angolana exprime (…) um pensamento em transformação, multicultural, repleto de novas opções estéticas”, referem Margarida Gil dos Reis e António Aquino no prefácio.
Para os dois académicos, o livro repassa pelos primeiros anos do pós independência, pelas “vozes da sanzala”, pelo imaginário mítico e pela reelaboração do fantástico, pelo permanente diálogo entre as “estórias” e a História, pela sociedade, pela memória individual e coletiva, pelos laços de família, pela mulher e pelo amor.
“Esperamos que a antologia leve o leitor a viajar, como um pássaro planando de asas abertas, sobre o seu ficcionado mundo, que seja um instrumento valioso para o estudo do conto e da literatura angolana, sobretudo no que diz respeito às instituições de ensino dentro e fora de Angola que utilizam a língua portuguesa como veículo”, sublinham.
O livro, com 206 páginas, é editado pela A.23 Edições.