Prémio Nacional de Cultura - Angola
O escritor Ruy Duarte de Carvalho, falecido em Agosto na Namíbia, foi distinguido a título póstumo ontem, em Luanda, com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de literatura.
Os vencedores do prémio foram anunciados em conferência de imprensa promovida pelo Ministério da Cultura. O júri, presidido por Zavoni Ntondo, distinguiu igualmente Virgílio Coelho, Mestre Makiesse, Núcleo de Artes Pitabel, Zeze Gambôa, Bonga e Grupo Ntunga Nzola.
Na categoria de Literatura, o júri decidiu atribuir o prémio, a título póstumo, a Ruy Duarte de Carvalho, falecido em Agosto na Namíbia aos 69 anos. O presidente do júri, Zavoni Ntondo, disse que o prémio foi atribuído pela dimensão antropológica da sua produção literária, onde se destaca, com especial relevo, o traço pastoril dos Cuvale. “Trata-se de um escritor que pela sua dimensão artística merece este reconhecimento”, frisou Zavoni Ntondo, acrescentando que Ruy Duarte de Carvalho produziu de forma esmerada poesia e ficção.
Com as obras “Em busca de Kabasa: Estudos e reflexão sobre o Reino do Ndongo” e “Os Túmúndóngó, os génios da natureza e o Kilamba”, o antropólogo Virgílio Coelho venceu na categoria de Investigação em Ciências Humanas e Sociais. O presidente do júri, Zavoni Ntondo, referiu que a escolha de Virgílio Coelho se deve à pertinência e ao interesse dos trabalhos para o estudo científico da organização político administrativa do Reino do Ndongo e socioeconómica e religiosa dos túmúndóngó. “Estes dois estudos contribuem para o conhecimento profundo da história do Reino do Ndongo”, disse.
Makiesse ganha em pintura
O artista plástico Mateus José Bartolomeu, mais conhecido por Mestre Makiesse, foi o vencedor na disciplina de Artes Plásticas pelo “elevado e genuíno valor artístico da sua obra”, apresentada e preservada ao longo de mais de 40 anos de carreira. A sua obra, segundo o presidente do júri, representa um referencial obrigatório às novas gerações e tem sabido conservar a originalidade e a peculiaridade das artes plásticas tradicionais, perante influências exógenas.
“A sua oficina de artes é um espaço colectivo de produção artística em especial nas modalidades de escultura em madeira e na formação artística dos jovens”, disse Zavoni Ntondo.
Pitabel vence em teatro
O prémio na disciplina de teatro coube ao Núcleo de Artes Pitabel, pela encenação da peça “As trilogias de Missosso”, baseada no livro do escritor Óscar Ribas, já falecido, através do qual se observa a valorização da literatura angolana e a sua adaptação ao palco.
“A perfeita harmonia entre o texto e o actor, enquanto intérprete, e a cenografia, ressaltam a qualidade da obra, onde se destaca ainda o factor promocional das línguas africanas de Angola”, justificou Zavoni Ntondo. O realizador Zeze Gambôa, pelo conjunto da sua obra conquistou o prémio na categoria de Cinema e Audiovisuais, na medida em que com a sua visão sócio-política e cultural, perseverança e coragem em divulgar ao mundo a nossa História e Cultura, contribuiu para a projecção de uma nova imagem do país.
Como operador de som, argumentista, produtor e realizador talentoso e eclético, explicou o presidente do júri, Zeze Gambôa exercitou os mais variados géneros cinematográficos com um estilo inovador.
Na disciplina de música, o Júri do Prémio Nacional de Cultura e Artes decidiu atribuiu o galardão a Barceló de Carvalho “Bonga”, pelos “muitos e intensos anos de vida artística permanentemente consagrados à defesa, promoção e divulgação da alma rítmica da música de Angola”. O prestígio conquistado a nível nacional e internacional, segundo Zavoni Ntondo, levou Bonga a afirmar-se como uma referência cultural incontornável para as gerações mais novas.
O grupo Ntunga Nzola, da província de Cabinda, pelo trabalho que tem vindo a desenvolver em prol da preservação das danças tradicionais locais, no estilo kintweni, levou o júri a distingui-lo com o prémio na categoria de dança.