Romance de ideias que pensa Angola
Chama-se Poligrafia das páginas de jornais Angolanos, mas o livro retrata mais a multifacetada grafia do seu autor.
Jornalista de formação, António Tomás não se detém nos factos. Analisa-os, reflecte-os e põe-nos em confronto com o mundo em que vivemos. Angola e o mundo. A vida e as artes. Por isso, o livro que a editora Casa das Ideias lança do autor de O fazedor de Utopias: Uma biografia de Amílcar Cabral não é apenas uma colecção de crónicas ou compilação de textos. É, como sintetiza o autor, “um romance de ideias”, um “romance” de crónicas escritas sobre um modo de “pensar a sociedade sociedade angolana”, de “pensar política e poética”.
Ao longo de 230 páginas, António Tomás fala de cinema, de música, de literatura, da tecnologia e do futuro, sempre atento ao que Angola produz – o bom e o mau – nestes campos. O autor apresenta-nos uma visão do quotidiano, do que se faz, hoje, dentro e fora do país, mas, quase sempre, com Angola e os Angolanos como luz de fundo… O jornalista, natural de Luanda, onde trabalhou na Rádio Nacional de Angola e na Agência Angola Press, não se furta a temas. Sejam polémicos ou não. Pelo livro perpassam questões políticas, raciais e culturais, ideologias, tendências e preferências em crónicas inteligentes, de alguém atento e conhecedor, que foge aos lugares comuns e até, com frequência, do “politicamente correcto” a que estão amarrados muitos fazedores de opinião.
O estilo de António Tomás “é inquisitivo, comparativo, lúcido”. As suas crónicas “são cultas, abrangentes e penetrantes, sem fugirem dos temas que se propõem desenvolver, de forma sintética e perspicaz, obrigando-nos a questionarmos as nossas próprias crenças e convicções, criando novas interrogações”, destaca a editora Casa das Ideias. António Tomás interpela. O livro interpela-nos. As crónicas de «Poligrafia das páginas de jornais Angolanos» estão agrupadas sob os títulos: educação sentimental; questões literárias; imagens; sons; tecnologia; mundo; trevas; raça; política; país. Licenciado em Comunicação Social, pela Universidade Católica de Portugal, António Tomás trabalhou e colaborou em várias publicações portuguesas, como o Jornal Público, onde assinou recensões críticas sobre literatura africana, e textos sobre cinema africano, dança e teatro.
Isabel Costa Bordalo, Novo Jornal nº 152
Poligrafia das páginas de jornais Angolanos, de António Tomas