Terça-feira: Tudo o que é sólido dissolve-se no ar
Quando era criança assistia fascinada, como muitas pessoas da minha geração, aos programas televisivos do Vasco Granja e ficava deliciada com aqueles desenhos animados que criavam mundos a partir de plasticina, cartolina ou de uma só linha. Cerca de trinta e tal anos depois convoco esse universo, nomeadamente o trabalho de Osvaldo Cavandoli, para esta segunda criação do projeto Sete Anos Sete Peças.Tendo em conta que uma linha reta é a linha mais curta que se pode traçar entre dois pontos,este é o ponto de partida escolhido por mim e pelo Luca Bellezze para a criação de uma espécie de cartoonao vivo urdido a partir de um fio. Numa lógica de frameaframe, vai sendo construída uma narrativa visual e sonora que retrata, de forma sintetizada, aspetos particulares da realidade contemporânea.Num tempo em que as linhas divisórias, as fronteiras, as barreiras, as linhas da frente e de mira dos conflitos bélicos, as fileiras e as linhas de identificação do drama dos refugiados, as linhas de respeito dos limites marítimos das nações, as linhas duras das fações radicais de organizações políticas e religiosas estão na ordem do dia, pretendemos trabalhar (n)uma linha unificadora, capaz de juntar o que se encontra separado.
Cláudia Dias
sexta, 31 março → conversa após o espetáculo
José Goulão (jornalista), Gustavo Carneiro (Conselho Português para a Paz e Cooperação) e Cláudia Dias, numa conversa moderada por Jorge Louraço (dramaturgo, professor na ESMAE), vão falar da crise dos refugiados puxando o fio à meada, procurando a origem dos factos, retrocedendo passo a passo pelos caminhos onde foram deixadas pegadas de refugiados políticos, económicos ou ambientais, até encontrar o desastre climático, a fome ou a guerra, e, na origem destes infernos, os pecados mortais cometidos a sul e a oriente da Europa por homens, europeus, brancos — quase todos, mas não só.
Ficha artística
conceito e direcção artística: Cláudia Dias Artista convidado: Luca Bellezze
texto: Cláudia Dias
intérpretes: Cláudia Dias e Luca Bellezze Olhar Crítico – Sete Anos Sete Peças: Jorge Louraço Figueira Cenografia e desenho de luz: Thomas Walgrave
assistência: Karas
animação: Bruno Canas
direção técnica: Nuno Borda De Água
produção: Alkantara
coprodução: Maria Matos Teatro Municipal; Teatro Municipal do Porto Residências Artísticas: Teatro Municipal do Porto/Teatro do Campo Alegre; O Espaço do Tempo; Centro Cultural Juvenil de Santo Amaro – Casa Amarela
agradecimentos: Ângelo Alves, Anselmo Dias, Ilda Figueiredo, José Goulão, Jorge Cadima, Paulo Costa O projeto SETE ANOS SETE PEÇAS é apoiado pela Câmara Municipal de Almada
Alkantara – A.C. é uma estrutura financiada por: Ministério da Cultura / Direcção-Geral das Artes e Câmara Municipal de Lisboa