Jimmie Durham traz à superfície a verdade da obra de arte, provavelmente um dos temas mais relevantes num mundo que esquece permanentemente a natureza ficcional da arte – o que não implica que não inscreva, na sua materialidade e no caráter representacional, uma intrínseca verdade paradoxal. A fragilidade e aparente vernacularidade das obras que integram a exposição joga, portanto, com a fina linha entre a produção do real e a recolha de objetos do mundo, num palimpsesto de sentidos que gera uma tensão entre o que nos é dado e o que construímos.
Vou lá visitar
02.12.2019 | por Delfim Sardo
Mekas nos deixa em um momento sombrio, quando todas as forças parecem querer apartar os laços que unem uma mão à outra e autoridades celebram o exílio dos que ousam sonhar outros mundos. Que ele e seus filmes permaneçam como as “coroas da vida” de que falou quando escreveu sobre Richter; pontes sinalizando que, mesmo em tempos graves, é possível seguir adiante para (como diz o título de um de seus filmes) “ocasionalmente encontrar lampejos de beleza”.
Afroscreen
28.01.2019 | por Patrícia Mourão
Em "I’m not your negro", a força da realização de Raoul Peck impõe-se na montagem das palavras do escritor com as imagens, plenas de sentido, que aproximou destas. Documentário de reutilização de imagens, ilustra que a história é o presente e actualiza, pelo olhar, a luta contra a morte do coração, diagnosticada por James Baldwin.
Afroscreen
29.10.2017 | por Maria do Carmo Piçarra
Esta consciência da fragilidade do corpo negro dentro de uma história de ataques sistemáticos condicionou a educação e o comportamento de gerações e gerações de negros. Qualquer atitude fora dos padrões de submissão e obediência definidos pelos brancos podia ser entendida como insolência e ameaça, logo, como justificação para a violência. Responder a um insulto, fazer gestos mais bruscos, olhar o outro nos olhos, exigir respeito, eram comportamentos que podiam, de um momento para o outro, abrir as portas do inferno e fazer recair sobre o corpo negro a violência pronta a explodir da população branca.
Mukanda
20.05.2017 | por Bruno Vieira Amaral
"Entre mim e o mundo" é uma reflexão profunda e pessoal, muitas vezes indignada, sobre o racismo. Numa carta ao filho adolescente, Ta-Nehisi Coates recorda a sua infância e juventude num bairro violento de Baltimore, o despertar intelectual por via dos livros, dos discursos de Malcolm X e de mulheres amadas. Dolorosamente, relembra ainda a perda de um colega de faculdade, também ele negro, vítima de uma perseguição policial.
O BUALA publica as primeiras páginas do livro que pôs a América a discutir o racismo.
Mukanda
14.03.2016 | por Ta-Nehisi Coates
Parecia um dia como outro qualquer, 1 de Dezembro de 1955. Uma costureira de 42 anos sentou-se no autocarro nos lugares disponíveis para “gente de cor”. Na cidade de Montgomery, no estado do Alabama, a lei dizia explicitamente que quando os brancos não tivessem lugares sentados podiam obrigar os negros a levantar-se, e se o veículo estivesse muito cheio os negros podiam ser despejados para a rua.
Nesse dia vários brancos entraram no autocarro e muitos negros levantaram--se dos seus lugares. Mas não todos. Rosa Parks recusou fazê-lo. “Estou cansada de ser tratada como uma pessoa de segunda classe”, disse ao condutor.
A ler
06.02.2013 | por Nuno Ramos de Almeida
Estará a América realmente pronta para confrontar-se com a sua história da escravatura? Por cada Rambo, um Django? Desta vez Tarantino foi mais longe e pôs meio-mundo a discutir raça, racismo e escravatura, o legado da guerra civil e a violência que está na génese da formação dos Estados Unidos.
Afroscreen
15.01.2013 | por Raquel Ribeiro