Pôr pedras nos assuntos: a Câmara do Porto e o monumento ao “Ultramar”

Pôr pedras nos assuntos: a Câmara do Porto e o monumento ao “Ultramar” O passado colonial português é ainda hoje uma cortina de fumo, um quase tabu, um não assunto. Sobre o colonialismo português gravita um enredo de silêncios comprometidos, onde se aliam adesões instantâneas a versões adocicadas da história e formas de organizar publicamente uma narrativa que não convém que se discuta. E uma das formas de contornar a discussão, de omitir os problemas, de prolongar os impensados, é impor a visão única no meio da praça, no meio da rua, encorajando os transeuntes a não pensar para além do que lhes salta imediatamente ao caminho. É a velha estratégia de pôr uma pedra no assunto e organizar publicamente o esquecimento, num processo naturalmente mais grave para as suas vítimas diretas.

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23.02.2021 | por Hugo Monteiro

O que vale uma estátua? Memória e descolonização mental em Moçambique.

O que vale uma estátua? Memória e descolonização mental em Moçambique. A memória é uma espécie de consciência seletiva do tempo, não se opondo ao esquecimento. A memória é uma interação entre a supressão e a conservação, sendo que restituição integral do passado é impossível uma vez que memória implica sempre uma seleção. O historiador Fernando Bouza cita mesmo um ditado africano que sintetiza o que foi referido sobre o modus operandi da memória: A memória vai ao bosque e trás de lá a lenha que quer.

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10.12.2018 | por Vítor de Sousa