O início do livro remete justamente para essa intenção: a de combater o “imaginário viciado”. Dirigindo-se a essa interlocutora, escreve: “A narração daquela estória que prometi contar‐te, a do suicídio de um inglês no interior mais fundo de Angola e nesta África concreta de que tu, e todo o mundo, tão pouco realizam no exacto fim deste século XX, fora de um imaginário nutrido e viciado por testemunhos e especulações que, afinal, se ocupam mais do passado europeu que do africano (...), poderia, a ser levada avante, começar aqui e agora.”
Ruy Duarte de Carvalho
29.10.2024 | por Isabel Lucas
A partir da revisitação da sua filmografia, em particular da série documental Presente Angolano, Tempo Mumuíla (1979) e da ficção Nelisita (1982), bem como através da análise das reflexões encetadas pelo autor no ensaio O Camarada e a Câmara (1984), o presente artigo procura contribuir para a discussão teórica em torno das possibilidades de um encontro entre cinema e antropologia para além do filme etnográfico.
Ruy Duarte de Carvalho
18.07.2023 | por Sofia Afonso Lopes
Recorro aos materiais produzidos por Carvalho durante um longo período de tempo para mostrar algumas dimensões do seu processo criativo, procurando fornecer uma primeira interpretação destas em relação a algumas das suas obras. Uso livremente várias áreas exploradas pelo autor, concentrando-me, porém, sobretudo em dimensões gráficas e visualmente estimulantes. Combino essa discussão com a apreciação de alguns resultados do que chamo “animar” este arquivo obtidos através da inventariação e apresentados na exposição, e termino enquadrando um dos vídeos baseados em material de arquivo nela apresentado.
Ruy Duarte de Carvalho
08.10.2020 | por Inês Ponte
Podemos sentar para ativar o arquivo das séries de Mauro Pinto, Ihosvanny, Tchalé Figueira, Carlos Correia, Maíra Zenun, Lana Almeida, Jordi Burch, Nuno Awouters, Patrícia Lino, René Tavares, Lubanzadyo Mpemba, Andrea Paz, Ismail Aydin, Délio Jasse, Andrew Esiebo, Pascale Marthine Tayou, Djaimilia Pereira de Almeida, Albano Costa Pereira, Ruy Duarte de Carvalho, Reinata Sadimba, Marta Lança, Zanele Muholi, Rui Sérgio Afonso, John Liebenberg, Silvana Rezende, Mourad Charrach, Uche James-Uroha e Inês Gonçalves.
Vou lá visitar
24.08.2020 | por Marta Lança
Qual a relevância da obra de Ruy Duarte de Carvalho para se pensar a pós-colonialidade? É esta a questão que me parece quase óbvia, quando releio os seus textos, sobre eles reflicto, neles reencontro propostas que, escritas a partir de outros lugares ou de lugares idênticos – África, Europa, Brasil –, me suscitam interrogações semelhantes, formas de ler o passado e o presente em que me revejo mais facilmente do que em outros autores.
Ruy Duarte de Carvalho
16.09.2014 | por Manuela Ribeiro Sanches
Ruy Duarte de Carvalho descobriu e praticou uma antropologia pós-moderna e pós-colonial sem pagar o preço da etiqueta ou as quotas do partido. Antes de Ana a Manda, tese de doutoramento sobre o contexto muxiluanda, a sua produção literária fora da antropologia no sentido estrito já estava encaminhada e já revelava as possibilidades da multiplicação dos géneros e da sua hibridação – justamente uma característica da pós-colonialidade e uma das receitas agora tão repetidas para a invenção de novas textualidades e autorias.
Ruy Duarte de Carvalho
16.09.2014 | por Miguel Vale de Almeida
Durante os dias de exibição do espectáculo "Paisagens Propícias" pela Companhia de Dança Contemporânea Angolana poderá ver a exposição de aguarelas no Teatro Camões em Lisboa. Nas palavras de Ana Paula Tavares: "Espaços incorporados surgem aqui tratados da maneira certa seguindo o traçado das suas antiquíssimas formas subjugadas a novas perspectivas que obrigam o olhar a elevar-se do chão para seguir a dupla organização das espécies (muros, prédios, varandas, esquinas) enquanto espaço habitado e representado em sequência pois a sua mais primitiva materialidade muda. Era uma vez uma cidade, seus centros em movimento contínuo, suas três dimensões invertidas, seus habitantes e suas falas."
Ruy Duarte de Carvalho
18.01.2013 | por vários
Este artigo mostra como a ficção de Guimarães Rosa foi lida por escritores de Angola e Moçambique, mais especificamente por Luandino Vieira, Ruy Duarte de Carvalho e Mia Couto, atentando para os impactos da obra rosiana na produção desses escritores. Pretendo também destacar a dimensão política das estratégias poético-ficcionais rosianas, percebida de imediato pelos mencionados escritores africanos.
A ler
14.12.2012 | por Anita Martins de Moraes
A Companhia Dança Contemporânea Angola abraçou este grande desafio, para adequar gestos que passo a passo se revelavam, à condição das imagens adoptadas da escrita de Ruy Duarte de Carvalho, dos seus filmes, dos seus desenhos, da sua fotografia, dos seus diários de campo e do seu olhar - que tão generosamente nos chegou através das palavras de quem com ele cruzou a vida.
há gestos que repetem outros gestos e corpos velhos a temperar a juventude e outros.(...) Ruy Duarte Carvalho
Ruy Duarte de Carvalho
19.11.2012 | por João Lucas, Rui Lopes Graça e Ana Clara Guerra Marques
investiga as noções de representação implicadas no uso de materiais etnográficos para estudo das literaturas africanas de língua portuguesa. Discute, inicialmente, como essas literaturas têm, desde suas primeiras manifestações, se aproximado da antropologia, propondo-se como retrato de sociedades não-ocidentais. Analisa, em seguida, como esta expectativa de retrato se insinua na recepção crítica de um romance contemporâneo, Terra Sonâmbula (1992), do moçambicano Mia Couto. Propõe, então, por meio da análise do romance Os papéis do inglês (2000), que o projeto literário do escritor angolano Ruy Duarte de Carvalho resiste a este tipo de expectativa, problematizando-a.
Ruy Duarte de Carvalho
10.10.2011 | por Anita Martins de Moraes
O Ruy Duarte de Carvalho, poeta, antropólogo, cineasta, artista plástico, angolano por adopção, nascido em Portugal, morreu na Namíbia, em Swakopmund, numa espécie de exílio voluntário. Soube da sua morte, por mensagem do Gégé Belo, e logo pensei: “É mesmo verdade, os grandes homens já morreram, e muitos deles morrem no exílio…”
Ruy Duarte de Carvalho
10.09.2011 | por Justino Pinto de Andrade
Pretendemos divulgar aspectos mais dispersos da obra de Ruy Duarte de Carvalho através deste arquivo digital que disponibiliza alguns textos do autor e sobre autor, fotografias e audiovisuais, facilitando a acessibilidade a conteúdos diversificados que intersectam a sua obra. Uma obra que permanece intensa, por ler e descobrir, pensar e relacionar.
Ruy Duarte de Carvalho
24.05.2011 | por Buala
Localizada no Bairro dos Eucaliptos, junto à nova esquadra policial da comuna do Forte Santa Rita e do Centro de Saúde, no Namibe, a sul de Angola, a instituição de ensino chama-se "Escola Rui Duarte de Carvalho", em homenagem àquele que foi a figura catedrática e emblemática do mosaico cultural da terra dos mucubais.
Cidade
28.03.2011 | por João Upale
Voltar a Swakopmund é estranho, fora da estação há sempre uma neblina na cidade e, dado que tudo fecha às cinco da tarde, a cidade fica deserta, quase abandonada, uma velhinha que passeia por ali, uns namorados acolá, mas fora isso é Twin Peaks
Ruy Duarte de Carvalho
17.01.2011 | por Luhuna de Carvalho
Esta é a história de um rio que desce pelos sertões. De uma viagem que foram três e deu um livro. De uma amizade entre uma brasileira e um angolano. Em 2006, Daniela Moreau acolheu e acompanhou Ruy Duarte de Carvalho ao longo da bacia do São Francisco. E esteve na homenagem in memoriam ao escritor, no festival de cinema do Estoril.
Ruy Duarte de Carvalho
12.11.2010 | por Alexandra Lucas Coelho
Ruy Duarte de Carvalho foi o grande impulsionador da viagem e o guia deste relato. A comitiva era a seguinte: o Luhuna, que ia recolhendo numa câmara materiais de observação direta; o Miguel, certeiro nas impressões e navegações espaciais; e as Martas – avivando a conversa, gerindo a logística da viagem. Ninguém, à exceção do Ruy, sabia grande coisa sobre a África do Sul para lá das suas tensões recentes.
Ruy Duarte de Carvalho
08.11.2010 | por Marta Lança
A etnia kuvale para além de observada e estudada do ponto de vista antropo-sociológico constituiu e constitui um elemento importante na construção da memória e identidade angolanas, sendo transversal ao período colonial e pós-colonial. Através de três olhares antropo-literários, de Augusto Bastos, Pepetela e Ruy Duarte de Carvalho, reconstruiremos esse simbolismo e a actualidade do mesmo, percorrendo o caminho que medeia entre a recolha etnográfica (muitas vezes com base na compilação de relatos orais) e a sua exposição sob a forma da palavra escrita.
Ruy Duarte de Carvalho
23.09.2010 | por Cátia Miriam Costa
Através dos provérbios e de outras manifestações colectivas da sua cultura, abre-se a uma voz impessoal capaz de captar tanto as observações mais terra-a-terra, relacionadas com a vida de todos os dias, como os mitos fundadores da cultura local.
O seu discurso nada tem de dogmático; ele faz-nos ler as reflexões do autor sobre o seu próprio trabalho, o seu medo obsessivo de trair ou de conhecer mal este ou aquele acontecimento, este ou aquele comportamento, a alegria decorrente do sentimento de ter penetrado no que é a beleza feminina, de ter avaliado a importância das transumâncias, de ter conseguido fazer de uma zona desértica o seu momento de vida material e intelectual.
Ruy Duarte de Carvalho
23.09.2010 | por Gérard Chalendar e Pierrette Chalendar
Voz transmudante e transumante, inaugural. E desse teu dizer primevo, um apuro e um rigor encantatórios se vieram sedimentando num tom crescente de métrica libertária e de epopeia, para se afirmarem cada vez mais como um dizer poético de sábio e longuíssimo fôlego, e caracterizar toda a tua obra, na qual, “as artes de que sobretudo [dás] notícia são aquelas expressões da actividade humana imediatamente ligadas ao exercício de estar vivo e dar continuidade à vida.”
Ruy Duarte de Carvalho
25.08.2010 | por Zetho Cunha Gonçalves
Como brasileira, persigo na sua viagem pelos nossos sertões, e não só, o encantamento e a capacidade de, no chão tão batido por outros viajantes, descobrir o inédito, elaborá-lo, convertê-lo em prosa, contrapondo as imagens do país apreendidas na errância às que colheu nas leituras desde a adolescência em Moçâmedes. Na escrita dessa experiência, compreendi o sentido de desmedida. Não a do país de dimensões continentais, mas a da energia do olhar que nos revela outras faces de nós mesmos.
Ruy Duarte de Carvalho
23.08.2010 | por Rita Chaves