por João Lucas, Rui Lopes Graça e Ana Clara Guerra Marques
João Lucas.
Lisboa (1964). Inicia os estudos musicais aos 8 anos, na Academia dos Amadores de Música. Conclui com alta classificação o curso superior de piano do Conservatório Nacional em 1989, na classe do professor Miguel Henriques, após vários anos de estudo com a pianista Tania Achot. Inicia os estudos de composição com Fernando Lopes Graça, tendo posteriormente estudado com Constança Capdville, Cristopher Bochmann, Sérgio Azevedo, Carlos Caíres e António Pinho Vargas, entre outros. Profissionalizou-se em 1982, tendo colaborado como músico, produtor e director musical em numerosas gravações e espectáculos ao vivo. A partir de 1989 dedica-se igualmente à composição de música de cena para teatro e dança. Neste âmbito, colaborou com os encenadores Lúcia Sigalho, Fernanda Lapa, Mário Trigo, Isabel Medina, António Feio, Pedro Carmo, Cristina Carvalhal, Lígia Soares, Andresa Soares, Diogo Dória, João Garcia Miguel, e com os coreógrafos Clara Andermatt, João Fiadeiro, Paulo Ribeiro, Rui Lopes Graça, Rui Horta, Amélia Bentes, Marta Lapa, Aldara Bizarro e Olga Mesa, entre outros.
Compôs e produziu música para cinema e filmes de animação.
Colaborou com vários artistas plásticos em projectos de instalação.
Foi director musical e produtor de numerosos discos de música portuguesa. Editou em nome próprio o CD Abstract Mechanics e Um Redondo Vocábulo em parceria com João Afonso.
Apresenta-se regularmente como pianista em concertos de música improvisada, tendo actuado ao lado de nomes como Carlos Zingaro, Rodrigo Amado, Paulo Curado, Miguel Mira, Victor Rua e Nuno Rebelo entre outros.
Rui Lopes Graça.
Torres Novas, Rui Lopes Graça iniciou os seus estudos de dança como bolseiro da Escola do Ballet Gulbenkian e do Centro de Formação Profissional da Companhia Nacional de Bailado.
Em 1985, ingressou no elenco desta companhia e tornou-se bailarino solista em 1996. Dançou grande parte do repertório da CNB, em bailados clássicos e contemporâneos.
Em Julho de 1999, participou no Curso Internacional para Coreógrafos e Compositores da Universidade de Bretton Hall, em Inglaterra, dirigido por Robert Cohan, Nigel Osborne, Ivan Kramar e Gale Law.
Desde 1996, tem coreografado para a Companhia Nacional de Bailado, Ballet Gulbenkian, Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, Companhia Rui Lopes Graça, entre outras.
Coreografou igualmente para a Expo’98, Porto 2001 Capital Europeia da Cultura, Centro Cultural de Belém e festivais internacionais nos EUA, Holanda, Espanha, Itália, México, Noruega e Turquia.
Em 2011, Integrado na semana Moçambique em Lisboa, coreografou a peça Gold, para a Companhia Nacional de Canto e Dança de Moçambique com apresentações em Maputo e Lisboa.
Destacam-se entre as suas criações Cantoluso, Savalliana, À Flor da Pele, Veneno, Antídoto, Arte da Fuga, Random, Gold e Perda Preciosa.
Atualmente, é coordenador de Gesto Contínuo, atelier permanente de criação coreográfica da Companhia Nacional de Bailado.
Para além da sua actividade como coreógrafo, é convidado regularmente a leccionar na Escola Superior de Dança e na Universidade de Stavanger na Noruega.
Ainda Durante 2012, criará nova coreografia para o Ballet du Rhin em França.
Ana Clara Guerra Marques.
Bailarina e coreógrafa angolana, tem trabalhado pela defesa da dança como linguagem artística em Angola através de criações, palestras, conferências e workshops, insistindo na necessidade do ensino institucional da dança.
Possui o grau de Mestre em Performance Artística – Dança com a tese «Sobre os Akixi a Kuhangana entre os Tucokwe de Angola: A performance coreográfica das máscaras de dança Mwana Phwo e Cihongo», pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa.
É Licenciada em Dança – Especialidade de Pedagogia, pela Escola Superior de Dança de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa.
Inicia os seus estudos em dança na Academia de Bailado de Angola em 1970 e, em 1978, conclui o 1º Curso de Instrutores de Dança, ao mesmo tempo que dirige a única Escola de Dança existente no país, actividade que desenvolve a par da docência.
Tem publicado diversos artigos em revistas académicas internacionais e periódicos angolanos. É autora dos livros “A Alquimia da Dança” (1999), “A Companhia de Dança Contemporânea de Angola” (2003) – este com a colaboração do fotógrafo Rui Tavares – e “Para uma História da Dança em Angola – Entre a Escola e a Companhia: Um Percurso pedagógico” (2008), estando em preparação a publicação de um trabalho de investigação sobre a performance coreográfica das máscaras de dança cokwe.
Da sua estratégia para a defesa e projecção da dança enquanto linguagem artística e arte performativa em Angola, fazem ainda parte a sua prática como bailarina e coreógrafa, fundando em 1991 a Companhia de Dança Contemporânea de Angola, a primeira companhia profissional em Angola (e uma das primeiras em África) com a qual criou diversas obras, entre as quais: “A propósito de Lweji”, “Mea Culpa”, “Imagem & Movimento”, “Palmas, por favor!”, “Neste país”, “Uma frase qualquer e outras… (frases)”; “Agora não dá! ‘Tou a bumbar…” e “Os quadros do verso vetusto”, “Corpusnágua”, “5 Estátuas para Masongi”, “1 Morto & os vivos” e, mais recentemente, “Oratura - dos Ogros… e do Fantástico…” (2008), “Peças para uma sombra iniciada e outros rituais mais ou menos” (2009) e “O Homem que chorava sumo de Tomates” (2011). As duas últimas marcam a introdução em Angola do conceito e prática de Dança Inclusiva.
Dirigiu mais de uma centena de espectáculos profissionais e foi coreógrafa coordenadora dos espectáculos das cerimónias de abertura e encerramento da Taça Africana das Nações Orange Angola 2010.
Numa diversificação das linguagens da dança, baseia-se num trabalho pessoal de investigação sobre danças tradicionais e populares de algumas regiões de Angola, assim como da estatuária, utilizando os elementos recolhidos na criação de uma linguagem nova para a dança angolana. A crítica social é outra das suas opções.
Pioneira da dança inclusiva e da dança contemporânea em Angola, introduz novas formas e conceitos de espectáculo e inaugura a utilização de espaços não convencionais, com performances que marcam o seu trabalho com alguns dos mais reconhecidos escritores e artistas plásticos angolanos, entre os quais se destacam, Jorge Gumbe, António Ole, Masongi Afonso, Mário Tendinha, Francisco Van-Dunem, Manuel Rui, Carlos Ferreira, Frederico Ningi e Pepetela.
Como investigadora tem tido participação activa em diversos encontros, palestras, conferências e workshops de âmbito nacional e internacional, trabalhando há mais de 20 anos no estudo sobre as danças patrimoniais angolanas.
Em 1995 é-lhe outorgado o prémio “Identidade” pela UNAC (União Nacional dos Artistas e Compositores) e em 2006 são-lhe atribuídos o Diploma de Honra do Ministério da Cultura de Angola e o Prémio Nacional de Cultura e Artes – 2006. Em 2011 recebe o Diploma de Honra da UNAC com o título de “Pilar da Dança” em Angola.
Não se desligando da sua actividade docente, tem partilhado com alunos de diversas instituições os seus conhecimentos.
É membro individual do Conselho Internacional de Dança (CID) da UNESCO. Actualmente é consultora da Ministra da Cultura. Como quadro superior do Ministério da Cultura angolano participa na concepção dos cursos de formação em dança e elaboração dos respectivos planos de estudo e programas curriculares, insistindo assim na importância e necessidade de um ensino das artes em Angola.
Prosseguindo o desenvolvimento do seu projecto de investigação sobre as danças tradicionais angolanas existentes e em risco de extinção, prepara o seu doutoramento na Faculdade de Motricidade Humana em Lisboa, com a Stanford University (EUA).