O cinema tem um papel político em Moçambique, mesmo que os nossos filmes não sejam políticos. Foi criado como um instrumento político, teve uma influência regional enorme: os nossos documentários tiveram influência na África do Sul pós-apartheid, no Zimbabué, na Namíbia, em Angola, em todos os países da região. Foi uma ideia genial e extraordinária da Frelimo pós-independência, que trouxe para cá [Jean-Luc] Godard, Jean Rouch, Ruy Guerra e dezenas de outros cineastas e gente do cinema: cubanos, italianos, ingleses, franceses.
Afroscreen
11.10.2022 | por Lurdes Macedo
Mas gostaria de contrariar dois mitos: a ideia fácil de que a estética africana é caracterizada pela presença da cor negra, o que é absolutamente redutor; e o falar-se de UMA estética africana quando África é bastante diversa, tanto a nível das comunidades como das religiões, dos próprios ex-poderes coloniais, para além da enorme diferença dos espaços, dos cenários, dos ritmos…
Cara a cara
26.11.2020 | por Sílvia Vieira e Tiago Resende
Depois de passar quatro anos na famosa Cadeia Central de Maputo por roubar carros, BRUNO (34) é finalmente um homem livre e quer distância da antiga gangue. Com o apoio da dedicada namorada, MIA (28), abre uma pequena oficina de mecânica. A vida deles parece estar no caminho certo quando Bruno é surpreendido por um misterioso empréstimo bancário feito pela falecida mãe. Se não pagar USD30.000, o banco ficará com a casa que herdou. Sem dinheiro, ele está determinado a defender a dignidade da mãe e a casa. A única saída é fazer alguns ‘jobs’ para a antiga gangue.
Afroscreen
18.08.2016 | por vários
Licínio Azevedo conta-nos as peripécias de um filme que traz a lume um episódio negro do período pós-independência moçambicano, quando o governo da Frelimo quis reeducar milhares de “anti-sociais”, dissidentes intelectuais, Jeovás, homossexuais, criminosos, mães solteiras e prostitutas.
Afroscreen
13.09.2012 | por Marta Lança
Não poderia haver melhor escolha, ao abrir o 6º Dockanema, que o filme de Patrício Guzman “Nostalgia da Luz “, numa edição que se propõe render homenagem ao cineasta Ruy Guerra, para mais uma vez reafirmar esse propósito.
Os primeiros filmes do Patrice Guzman foram mostrados em Moçambique logo após a independência, e ele é um dos raros realizadores cuja toda a obra cinematográfica foi mostrada no nosso país. Escolhi a Nostalgia da Luz, por ser, na minha opinião, o melhor exemplo disponível do documentário como memória de um povo.
Afroscreen
07.09.2011 | por Pedro Pimenta
Ao lado de expressões já consagradas, como expanded cinema, migração das imagens, film exposé e mesmo terceiro cinema, a noção de “passagens da imagem” foi usada, num determinado momento, para descrever o movimento da imagem cinematográfica para fora da sala, constitutiva e definidora do dispositivo clássico. A partir dos anos 1970, o cinema não só conquistou espaços (museus, galerias, centros de arte), como adquiriu novas formas. Uma das importantes exposições que iluminam esse processo intitulava-se justamente Passages de l'image.
Afroscreen
07.07.2011 | por Lúcia Ramos Monteiro
O filme "Mueda, Memória e Massacre" (1979), de Ruy Guerra, definido oficialmente como a primeira longa-metragem de ficção moçambicana, poderia ser considerado, numa primeira leitura, como uma reconstituição cinematográfica.No dia 16 de Junho de 1960, a administração portuguesa de Mueda reprimiu violentamente uma manifestação pacífica em prol da melhoria das condições de vida e de trabalho. As circunstâncias do Massacre permanecem ainda hoje ambíguas, particularmente no que respeita ao número de vítimas - 14, segundo o relatório oficial português; mais de 600, de acordo com a Frelimo.
Afroscreen
02.07.2011 | por Raquel Schefer
Os primeiros filmes contra o colonialismo português em Moçambique foram feitos por realizadores estrangeiros a convite da FRELIMO, transformando o país em um laboratório de experiências para Ruy Guerra, Jean Rouch, Jean-Luc Godard, Murilo Salles, José Celso Martinez Corrêa, Santiago Alvarez, e muitos outros cineastas. Uma reflexão sobre um capítulo da história do cinema moçambicano apresentada no seminário 'Terceira Metade', no Museu de Arte moderna do Rio de Janeiro.
Afroscreen
24.06.2011 | por Alessandra Meleiro
O cinema moçambicano é parte do acervo histórico nacional, e uma ferramenta poética para perceber o presente e perspectivar futuros; é património cultural, a par da nossa literatura, da pintura, da escultura, do teatro, do canto e da dança, podendo espelhá-las a todas, essas belas e malasartes, mais a imensa riqueza linguística e diversidade de que é feita a invenção real e utópica da nossa plural identidade.
Afroscreen
30.04.2011 | por Luís Carlos Patraquim
Entre a ditadura da verdade e a liberdade da ficção, Sol de Carvalho optou pela segunda. Jornalista da Rádio Moçambique e da revista Tempo na era do partido único, o cineasta moçambicano percebeu-se incapaz de apresentar a realidade como facto, preferindo assumir-se como um transfigurador do real. Com um olhar declaradamente do Sul e um passado orgulhosamente revolucionário, o documentarista social traz para a tela, entre outros, retratos de um país de futuro hipotecado pelo VIH/sida. Com ou sem claquete, gosta de provocar.
Cara a cara
28.01.2011 | por Cristiana Pereira
O projecto "Fora de Campo" propõe olhar o Arquivo de Cinema de Moçambique através das práticas materiais e simbólicas da sua própria estrutura de memória. O arquivo é entendido como um corpo autónomo mas simultaneamente dependente de uma cadeia de ideologias associadas à condição tecnológica e política que a máquina moderna do cinema implicou.
Afroscreen
19.11.2010 | por Catarina Simão
Catembe (1965) documenta os sete dias da semana no quotidiano de Lourenço Marques. Além de Cinema Directo – usado sobretudo nas entrevistas de abertura em que Manuel Faria de Almeida pergunta a transeuntes na Baixa lisboeta o que sabem sobre Lourenço Marques –, integrou sequências de ficção protagonizadas pela mulata Catembe.
Afroscreen
08.11.2010 | por Maria do Carmo Piçarra