Projecto Cinecaravana "Hortas Di Pobreza" a chegar à Guiné-Bissau
O projecto CineCaravana consiste em levar a produção recente Hortas Di Pobreza, a cidades, vilas e aldeias da Guiné-Bissau, longe das salas de cinema, apresentando o filme de forma gratuita e aberta a toda a população. O filme Hortas Di Pobreza é uma produção independente que retrata a realidade social e económica da produção e comercialização de caju, produto que envolve a maior parte da população rural da Guiné-Bissau.
A partir da leitura do filme, e ao longo de um período de 22 dias de CineCaravana, colocamos ao dispor das populações um contínuo ciclo de debates e reflexão com o público a respeito das questões retratadas no documentário. Tendo projectado o filme e realizado sessões de discussão sobre as suas principais problemáticas – o comércio justo e a segurança alimentar – em Portugal e no estrangeiro, consideramos essencial que tanto o filme como o debate e reflexão nele subjacentes regressem onde serão mais necessários: o mundo rural guineense, local que deu corpo e alma ao filme.
Os objectivos centrais do projecto CineCaravana desdobram-se em duas áreas fundamentais: a área cultural e a área de intervenção e desenvolvimento local.
No domínio cultural, é nossa intenção levar cultura sob a forma de cinema a populações que não têm acesso a este tipo de arte, num país em que a única sala de cinema existente (em Bissau) fechou na década de 1990. É de igual importância o facto de o filme projectado ser na língua mãe das populações locais – o crioulo – cuja influência na cultura cinematográfica é praticamente inexistente. Espera-se que a projecção de um filme em crioulo possa ainda valorizar as produções locais e dinamizar a apetência para futuras obras nesta língua, normalmente marginalizada, apesar de ser a que une o povo guineense e a única que é compreendida por quase toda a população.
No âmbito da intervenção e desenvolvimento local, pretende-se acima de tudo motivar a uma reflexão conjunta sobre os destinos da população e agricultura locais, tendo em vista a possibilidade de empoderamento dos produtores locais. Discutir formas de organização de produtores e articulações com intervenientes ligados ao comércio justo poderiam ser primeiros passos importantes para uma melhoria significativa na justiça do comércio local e na segurança alimentar das populações.
Não podemos prever que resultados poderão advir destas reflexões comuns, mas antecipamos que a facilitação e promoção deste pequeno “fórum social” estimule a reflexão e o debate em conjunto, essenciais para poderem juntos definir linhas de acção e reflexão sobre os seus problemas comuns.