Lançamento de 'Umbigo do Mundo, dia 8 na Travessa Lisboa

Lançamento do livro Umbigo do Mundo, da antropóloga indígena Francy Baniwa. Dia 8 de julho às 19h, na Livraria da Travessa, com um debate entre a autora e a poetisa indígena radicada em Braga, Ellen Lima Wassu.

Umbigo do mundo é um acontecimento literário e antropológico que merece ser celebrado. Fruto “de uma conversa do narrador com sua filha mulher”, conforme as palavras da autora, Francisco e Francy nos conduzem por uma trilha cosmológica pelas paisagens do Noroeste Amazônico, convidando-nos a sintonizar a sensibilidade e a imaginação em entidades, bichos, plantas, lugares e acontecimentos de um tempo ancestral — e que continua a reverberar. O ciclo de vinganças entre eenonai e hekoapinai, os cantos e benzimentos, as ações e transformações de Ñapirikoli, Amaro, Kowai, Kaali e Dzooli, tudo isso compõe o quadro de uma verdadeira epopeia amazônica, pela voz dos Baniwa ou Medzeniakonai. Ao longo destas páginas, o multilinguismo da região se faz presente no modo como o nheengatu e o baniwa se trançam ao português, em doses, trazendo ao leitor uma amostra da complexidade da arte verbal dos narradores rionegrinos. Umbigo do mundo, assim, é uma confluência entre diferentes rios de saberes, aproximando-se dos livros da constelação Narradores indígenas do Rio Negro a partir da transdisciplinaridade da constelação Selvagem, como um capítulo especial da florescente antropologia indígena. Com originalidade, Francy Baniwa alterna as vozes de narrador, de personagens e de etnógrafa, compartilhando, por meio de sua generosa e corajosa escrevivência, afetos e conhecimentos de seus parentes, do rio, da roça e da floresta. As ilustrações que acompanham o texto, do artista Frank Baniwa, irmão da autora, exprimem aquela modalidade da arte indígena contemporânea que tem registrado em cores e formas as ações e personagens de narrativas tradicionalmente orais, compondo uma singular obra verbo-visual, povoada de sensível intimidade com a mata e seus seres. Seguir este selvagem roteiro é como embarcar em uma floresta de mundos, ou como pôr lentes para mirar o mundo como floresta. Umbigo do mundo é a proclamação, desde o Alto Rio Negro, de que o centro do mundo se encontra mesmo na Amazônia, ou ainda, de que o centro está em toda parte, de todo modo, de que os formigueiros urbanos não são a exclusiva morada dos acontecimentos que atravessam a vida humana e mais que humana.

Idjahure Kadiwel

FRANCY BANIWA: Mulher indígena, antropóloga, fotógrafa e pesquisadora do povo Baniwa, clã Waliperedakeenai, nascida na comunidade de Assunção, no Baixo Rio Içana, na Terra Indígena Alto Rio Negro, município de São Gabriel da Cachoeira/AM. Engajada nas organizações e no movimento indígena do Rio Negro há uma década, atua, trabalha e pesquisa nas áreas de etnologia indígena, gênero, organizações indígenas, conhecimento tradicional, memória, narrativa, fotografia e audiovisual.
É graduada em Licenciatura em Sociologia (2016) pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). É mestra (2019) e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS-MN/UFRJ). É pesquisadora do Laboratório de Antropologia da Arte, Ritual e Memória (LARMe) e do Núcleo de Antropologia Simétrica (NAnSi) da UFRJ, e do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) da UFAM.
Foi coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN) entre 2014 e 2016. Coordenou o Projeto de Cooperação Técnica Internacional “Salvaguarda de Línguas Indígenas Transfronteiriças”, produzido entre uma parceria UNESCO-Museu do Índio, intitulado “Vida e Arte das Mulheres Baniwa: Um olhar de dentro para fora” entre 2019 e 2020; e que prossegue em 2023 para catalogar e qualificar as peças do primeiro acervo indígena da instituição, editar um catálogo de fotografia, produzir uma exposição virtual e finalizar a produção de 3 documentários, sobre cerâmica, tucum e roça. É diretora do documentário ‘Kupixá asui peé itá — A roça e seus caminhos’, de 2020. Atualmente coordena o projeto ecológico pioneiro de produção de absorventes de pano Amaronai Itá – Kunhaitá Kitiwara, financiado pelo Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN/FOIRN), pelo empoderamento e dignidade menstrual das mulheres do território indígena alto-rio-negrino.

04.07.2024 | par martalanca | amazônia, Ellen Lima Wassu, Francy Baniwa, Umbigo do Mundo

EcoImagens - Festival de Cinema Indígena da Amazônia

Em parceria com o Doclisboao Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra apresenta o EcoImagens - Festival de Cinema Indígena da Amazônia.

O festival, que decorre nos dias 1 e 2 de Junho (15h) na Casa de Cinema de Coimbra e no dia 3 de Junho (19h), na Cinemateca Portuguesaapresenta uma seleção de olhares cinematográficos sobre a Amazônia que se concentra no vínculo dos povos da região com a sua terra, em diálogo com produções indígenas do resto do Brasil. 

Numa época de globalização, desterritorialização e desmaterialização das relações humanas, este cinema chama a atenção para a centralidade dos laços físicos e emocionais com determinados lugares e seres humanos e não-humanos que dão sentido à nossa existência. Nas imagens que estes filmes nos trazem, a Amazônia deixa de ser um lugar longínquo, idealizado e objetificado pelo olhar externo ocidental, e transforma-se numa realidade concreta e palpável através do registo do quotidiano de povos indígenas intimamente ligados aos lugares e seres da sua região.

É através da imagem cinematográfica que as/os cineastas documentam as suas vidas e nos apresentam a sua perspetiva sobre a sua terra, reconfigurando a Amazônia e o Brasil como lugares onde pessoas, animais e plantas convivem há milénios e onde lutam por continuar a co-existir neste mundo ameaçado pela destruição ambiental.

A programação tem a curadoria de Graciele Guarani, Ailton Krenak, Rodrigo Lacerda, Martiniano Neto, Patrícia Vieira e conta ainda com a participação especial de Kamikia Kisêdjê.

Programa

Parentes na Resistência

1 de junho de 2022, 15h00, Casa do Cinema de Coimbra 

Parente – A Esperança do Mundo, de Graciela Guarani
A serpente e a Canoa, de Anne Dantes (em colaboração com Ailton Krenak) 
Última Volta do Xingu, de Kamikia Kisedje e Wallace Nogueira 
Mesa-redonda com: Ailton Krenak, Graciela Guarani e Kimikia Kisedje

Cosmovisões Indígenas

2 de junho de 2022, 15h00, Casa do Cinema de Coimbra

Shuku Shukuwe – A Vida é para Sempre, de Pajé Agostinho Manduca Mateus Kaxinawá e Ikã Nas Bai Muru Huni Kuin
Mulheres Indígenas Universo de um Novo Mundo, de Graciela Guarani
Wotko and Kokotxi – Uma História Tapayuna, de Kamikia Kisedje
Mesa-redonda com: Graciela Guarani, Kimikia Kisedje

Do Presente para o Futuro

3 de junho de 2022, 19h00, Cinemateca Portuguesa

Amne Adji Papere Mba – Carta Kisêdjê para o RIO+20, de Kamikia Kisedje
Nossos Espíritos Seguem Chegando - Nhe’ẽ Kuery Jogueru Teride Kuaray Poty/Ariel Ortega e Bruno Huyer, com Pará Yxapy, Kerechu Miri/Elza Ortega e Pará Reté/ Elsa Chamorro
Nhemongueta Kunhã Mbaraete: Conversas n. 4, de Michele Kaiowá, Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Sophia Pinheiro
Mesa-redonda com: Ailton Krenak, Graciela Guarani e Kimikia Kisedje

31.05.2022 | par Alícia Gaspar | amazônia, cinema, Cinema Indígena, ecolmagens, festival de cinema, kamikia kisêdjê

Conexões FESTin no Porto discute a Amazônia

Hoje, 20 de outubro, a partir das 14h, o FESTin retorna ao Porto na segunda etapa de sua itinerância, em mais uma parceria com o Espaço Cultural Tropical Hub e o Instituto Amigos da Amazônia (iAMA), para a realização de sua actividade de debates, o CONEXÕES FESTin. O seminário “A Amazônia e o Futuro da Humanidade” discutirá temas fundamentais, evidenciando a importância da Amazônia como ativo ambiental, social, econômico e cultural.

Durante a programação será exibida a longa-metragem documentário “Amazônia, O despertar da Florestania”, que tem como um de seus realizadores a actriz brasileira Christiane Torloni, que estará presente na sessão prevista para ter início às 19h30.

Christiane Torloni durante as gravações do documentário “Amazônia, o Despertar da Florestania”Christiane Torloni durante as gravações do documentário “Amazônia, o Despertar da Florestania”

Com a proposta de abordar como o meio ambiente vem sendo tratado desde o início do séc. XX, o documentário, realizado por Christiane Torloni e Miguel Przewodowski, resgata personagens históricos e reúne depoimentos de representantes de diversos segmentos ligados ao tema – indígenas, ambientalistas, jornalistas, artistas e intelectuais, entre outras pessoas que vêm lutando para preservar esse legado. A “Florestania”, palavra que sintetiza os conceitos de cidadania e direitos florestais, é o código genético de nossa identidade.

Programação

14h – Conferência de abertura, com Prof. Virgílio Viana (Superintendente da Fundação Amazônia Sustentável - FAS e Diretor Executivo do Instituto Amigos da Amazônia - iAMA)
16h – Painel: Perspectivas para os fundos patrimoniais relacionados
com cultura e meio ambiente no Brasil, com Ricardo Levisky (Presidente
Legado Levisky)
17h – Painel: Bem Viver e Felicidade na visão dos Índios Baniwas, com
Profª. Alíria Noronha (Conselheira do iAMA)
17h45 – Coffee break
18h15 – Mesa redonda: Amazônia Sustentável | Participantes: Christiane Torloni (actriz e realizadora), Eng. Aurélio Tavares (Energias Renováveis e Sócio Fundador do iAMA), Prof. Jorge Bento (Ex-Reitor da Faculdade de Desportos da Univ. do Porto e Sócio Fundador do iAMA), Prof. Efrem de Aguiar Maranhão (Membro Titular da Academia Brasileira de Educação), Profª. Gisele Lins (Reitora da Univ. Nilton Lins e Sócia Fundadora do iAMA) | Mediador: Alexei Waichenberg (Curador e Diretor Executivo do Tropical Hub)
19h30 – Exibição do filme “Amazônia, o Despertar da Florestania”
21h30 – Coquetel de inauguração DO iAMA

Alguns trechos do seminário poderão ser vistos, ao vivo, no Instagram @tropicalhub.pt. Mas as inscrições para participar presencialmente, gratuitas, ainda podem ser feitas aqui.

O Tropical Hub

FESTin Porto, em setembro, exibiu 5 longas nos jardins do Tropical HubFESTin Porto, em setembro, exibiu 5 longas nos jardins do Tropical Hub

A convite dos organizadores, o FESTin teve a honra de inaugurar a programação do novo espaço cultural do Porto, no mês passado. O Tropical Hub conta com uma galeria de arte e um espaço a céu aberto de música, teatro e cinema, e sediará o Instituto Amigos da Amazônia (iAMA). O espaço fica na Avenida de Montevidéu, 196, Foz do Douro – Porto.

FESTin em Lisboa em dezembro

Após as incertezas do primeiro semestre, que levaram ao seu adiamento em abril. o Festival retorna a Lisboa para a realização de sua 11a edição. No tradicional Cinema São Jorge e em parceria com a Mostra de Cinema da América Latina, reunirá realizadores, produtores, artistas e o público do cinema falado em português.

20.10.2020 | par martalanca | amazônia, amazônia sustentável, Brasil, christiane torloni, festin, índios baniwas