Mulheres nas descolonizações, modos de ver e saber

II Encontros

“Descolonizar, dizem elas” *
(*a partir de Destruir, diz ela, Duras, 1969)

Hangar, 29-30 de Setembro

Toca Tchoro © Daniel Barroca e Catarina Laranjeiro (Fogo no lodo, 2023)

A segunda edição dos Encontros MULHERES NAS DESCOLONIZAÇÕES. MODOS DE VER E SABER junta criadorxs, curadorxs e investigadorxs para uma reflexão sobre os olhares, saberes e práticas de mulheres nas libertações e nos processos decoloniais, e sobre como, partindo destes, encetando novas práticas artísticas e comunicacionais, e potenciando novas perspectivas identitárias, se (re-)imagina o (pós-)colonialismo
Programa de investigação-acção, parte das práticas artísticas, de novos modelos de comunicação e da reflexão sobre os mesmos para questionar “políticas da memória” e identidade, ensaiando gestos de restituição. A reflexão sobre e a afirmação de modos de ver e fazer no feminino são centrais num processo necessário de cura e restituição.

Curadoria: Maria do Carmo Piçarra

Doutorada em Ciências da Comunicação, Maria do Carmo Piçarra é professora na Universidade Autónoma de Lisboa, investigadora contratada no ICNOVA e programadora de cinema. Tem investigado propaganda cinematográfica e a censura durante o Estado Novo, o cinema militante africano e os modos de ver e conhecer das mulheres durante os processos de descolonização. Entre outros livros e artigos, é autora de Olhar de Maldoror. Singularidade de um cinema político (2022), Projectar a ordem. Cinema do Povo e propaganda salazarista 1935 – 1954 (2020), Azuis ultramarinos. Propaganda colonial e censura no cinema do Estado Novo” (2015). Coordenou, com Jorge António, a trilogia Angola, o nascimento de uma nação (2013, 2014, 2015) e, com Teresa Castro, (Re)Imagining African Independence. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire (2017). Dinamiza a Aleph – Rede de Acção e Investigação Crítica da Imagem Colonial.

DIA 29

Identidade e memória nas práticas artísticas e da comunicação

10h-11h15: Sobre o colonialismo português tardio: uma breve imersão

Apresentação e conversa com Rita Cássia Silva

Rita Cássia Silva iniciou-se nas artes cénicas aos doze anos. Natural de Salvador-Bahia-Brasil, radicou-se em Portugal, a partir de 2000. Escolheu Lisboa enquanto primeira morada. Lagos e Mértola enquanto recônditos afetivos cruciais. Mãe de Martim. Escreve, interpreta, encena, pratica artivismo, intervém educacionalmente. Licenciada em Antropologia pelo ISCTE-UL. Doutoranda em Ciências da Comunicação – Comunicação e Artes, pela Universidade Nova de Lisboa. Integra o ICNOVA, Projeto Photo Impulse. Bolseira do Programa Aliança EUTOPIA (FCT / NOVA / CY CERGY PARIS). Curadora participativa da exposição “O Impulso Fotográfico (des) Arrumar o Arquivo Colonial”, patente temporariamente até 31 de Dezembro de 2023, no MUHNAC, Lisboa. As suas áreas de interesse situam-se na pesquisa baseada em criação artística, cruzamentos disciplinares, autoetnografia, género, comunicação, pensamento decolonial e cultura visual.

11h15-11h45: As donas da Casa: A presença (in)visível das mulheres na Casa dos Estudantes do Império

Apresentação por Vânia Maia, seguida de debate

Vânia Maia iniciou-se no jornalismo aos microfones de rádios locais. Para a imprensa escrita, fez reportagens na Central Nuclear de Chernobyl, em campos de refugiados no Uganda ou em áreas devastadas por ciclones, em Moçambique. Integra a bolsa de formadores da Associação Literacia para os Media e Jornalismo. Os seus trabalhos receberam mais de uma dúzia de distinções — seis delas relacionadas com a cobertura da pandemia. No 30.º aniversário do Prémio Lorenzo Natali, promovido pela Comissão Europeia, venceu na categoria Europa. Ganhou uma Bolsa de Investigação Jornalística pela Fundação Calouste Gulbenkian, que deu origem a uma grande reportagem sobre a presença feminina na Casa dos Estudantes do Império.

12h-13h30: Análise da iconografia da mulher negra na banda desenhada de Casa Grande & Senzala – em quadrinhos (Livia Sampaio), O feminismo é uma prática (Lorena Travassos) e Afrolis: jornalismo com cor e sotaque (Amina Bawa)

Apresentações por Livia Sampaio, Lorena Travassos e Amina Bawa, seguidas de debate

Livia Sampaio é brasileira, formada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Veio para Portugal para fazer o mestrado em Estudos Africanos no ISCTE com a dissertação Mulheres negras e o cabelo: Racismo, sexismo e resitência defendida em 2021, e, desde então, vem se dedicado no estudo do reflexo do racismo e misoginia no corpo da mulher negra em Portugal. Co-editora do livro Uma História com mulheres e autora do capítulo “Como o status social colonial é refletido no cotidiano das mulheres negras”. É doutoranda no curso de Media e Sociedade no Contexto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, da Universidade Autónoma de Lisboa.

Lorena Travassos é fotógrafa, livreira e investigadora do ICNOVA. Actualmente é docente convidada no ICNOVA e investiga o arquivo a partir das questões decoloniais e de género. É fundadora da livraria feminista Greta em Lisboa.

Amina Bawa é jornalista, produtora cultural e mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade de Lisboa. No Brasil, trabalhou em áreas diversas como comunicação sindical e na produção de museus e espaços de cultura. Em Portugal, trabalha como Gestora de Conteúdo, Marketing e Comunidade na Associação Afrolis e como professora de Tecnologia da Informação e Comunicação na escola de circo do Chapitô. É Produtora Editorial no Gerador, além de ser co-fundadora do observatório de tendências brasileiras, Brasil Mood.

Modos de ser e fazer. Práticas artísticas

15h-16h15: Museu Pessoal

Performance e conversa com Gisela Casimiro

Gisela Casimiro é escritora, artista, performer e activista. Formou-se em Estudos Portugueses e Ingleses pela NOVA/FCSH. Trabalha sobre identidade, corpo, memória, trauma, racismo, pós-colonialismo e quotidiano. A sua prática envolve escrita, fotografia, instalação, colagem e som. É autora de Erosão e Giz (poesia), Estendais (crónicas) e Casa com Árvores Dentro (dramaturgia, encenado por Cláudia Semedo/Companhia de Actores). Em teatro foi co-criadora e actriz de SET THE TABLE, de Raquel André e Cristina Carvalhal. Participou em exposições no Armário, Galerias Municipais do Porto e de Lisboa, entre outros. Integra a Coleção António Cachola. Coordena, com Teresa Coutinho, o Clube de Leitura do Batalha Centro de Cinema. É membro fundador da UNA – União Negra das Artes. De momento faz o apoio à dramaturgia de BLACKFACE!, de Marco Mendonça, a estrear em 2023.

Toca Tchoro © Daniel Barroca e Catarina Laranjeiro (Fogo no lodo, 2023)Toca Tchoro © Daniel Barroca e Catarina Laranjeiro (Fogo no lodo, 2023)

DIA 30

Modos de ser e fazer. Práticas artísticas

10h-11h15: Mankaka Kadi Konda Ko

Performance e conversa com Filipa Bossuet

Filipa Bossuet (1998) Licenciada em Ciências da Comunicação e aluna do mestrado em Migrações, Inter-Etnicidades e Transnacionalismo, na NOVA FCSH. Utiliza a performance, a pintura, a fotografia e o vídeo experimental para retratar processos de identidade, negritude, memória e cura.

Luta e luto. Entre passado e presente

11h30-12h45: Mulheres de fogo, no lodo

Apresentação e conversa com Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca

Catarina Laranjeiro (1983) estudou Psicologia Social na FPCE-UL (Lisboa), Cinema/Imagem em Movimento no Ar.Co (Lisboa), Antropologia Visual na FU (Berlim) e doutorou-se em Pós-Colonialismo e Cidadania Global no CES-UC. É investigadora no Instituto de História Contemporânea da NOVA-FCSH. Tem autoria e colaboração em diversos projetos que aliam a investigação à criação artística, cruzando a antropologia, o teatro e o cinema. Realizou o filme PABIA DI AOS (2013).

Daniel Barroca estudou Artes Plásticas na Escola de Arte e Design das Caldas da Rainha e no Ar.Co. Foi artista residente na Künstlerhaus Bethanien em Berlim, na Rijksakademie em Amesterdão, no Ashkal Alwan em Beirute, e no Drawing Center em Nova Iorque. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Botin e da Comissão Fulbright, entre outras. Neste momento, desenvolve uma pesquisa doutoral sobre imagem antropológica e guerra colonial. Ao longo do seu percurso artístico, tem desenvolvido projetos de cinema expandido e experimental, que têm sido apresentados em festivais de cinema e espaços de arte contemporânea em diversas partes do mundo.

14h30-15h30: “Eu sou a rixa”: traçando a evolução da identidade da segunda geração no Reino Unido através dos arquivos audiovisuais

Apresentação e conversa com Ana Naomi de Sousa

Ana Naomi De Sousa é uma realizadora e jornalista independente. Realizou os documentários The Architecture of Violence, Angola – Birth of a Movement; Guerrilla Architect; e Hacking Madrid – todos exibidos na Al Jazeera em inglês. Colaborou com Forensic Architecture e Amnesty International, no documentário interativo Saydnaya sobre uma prisão militar síria, tendo vencido um prémio Peabody em 2017. Escreve sobre a política pós-colonial, espacial e cultural para diversas plataformas, incluindo The Funambulist, The Guardian, e Al Jazeera. Colabora como realizadora na rede de ‘Decolonizing Architecture’, e como tradutora no projeto ‘Traduzindo Ferro, Transformando Conhecimentos’, entre outros. Actualmente, está a realizar a sua primeira longa-metragem.

16h00-17h30: Projecção de Entre Eu e Deus (Yara Costa Pereira, 2018, 60), seguida de conversa (via zoom) com Yara Costa

Yara Costa (1982) nasceu em Moçambique. Depois de ter terminado o ensino secundário na África do Sul, estudou jornalismo na Universidade Federal Fluminense, no Brasil. Após um mestrado em cinema documental na Universidade de Nova York, frequentou um curso de cinema em Cuba.


29.09.2023 | par martalanca | Descolonização, mulheres

Seminários "Prefigurações decoloniais no espaço urbano: entre pesquisas, ativismos e práticas cotidianas

Após algumas reuniões e muitas trocas transatlânticas vai agora para o mundo a primeira sessão da série de seminários “Prefigurações decoloniais no espaço urbano: Entre pesquisas, ativismos e práticas cotidianas.” Uma co-produção do Coletivo de Antropologia Urbana (CAU—CICS.NOVA & CIES-IUL, Portugal), o Instituto de Referência Negra Peregum (Brasil) e o Grupo de Estudos de Antropologia da Cidade (GEAC-USP, Brasil).

Os encontros online bimestrais terão um tema ligado ao espaço urbano e uma mesa composta por pessoas que são referência enquanto pesquisadoras/ativistas/protagonistas de práticas cotidianas rebeldes e indisciplinadas. Esperamos com esta iniciativa desativar, imaginar e descolonizar diferentes dimensões da vida urbana e contribuir para a construção coletiva e ampliada de um pensamento radical e de uma agenda decolonial para as cidades. O primeiro seminário será no dia 2 de Maio, próxima terça-feira, às 14 Brasil e 18h Portugal, sobre racismo ambiental. Um debate sobre como as populações racializadas e periféricas são mais atingidas pelas emergências climáticas.

Mais detalhes e informação AQUI!


27.04.2023 | par mariadias | Descolonização, seminário, urbanização

Ciclo de Cinema e Descolonização

28.10.2022 | par Alícia Gaspar | cinema, Descolonização, iseg, Moçambique, pós-colonialismo

Mundo de Aventuras de José Fonte Santa I Évora

Curadoria de José Alberto Ferreira

Fundação Eugénio de Almeida I Centro de Arte e Cultura, Piso 2


Horário

MAIO - SETEMBRO
De terça-feira a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-19h00

OUTUBRO - ABRIL
De terça-feira a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-18h00

Entrada livre

João Fonte Santa é um dos artistas mais representativos da sua geração. O seu trabalho aborda a incessantemultiplicação de instâncias produtoras de imagens, a sua circulação na cultura de massas e a legibilidadeideológica destes processos. Fonte Santa apropria-se habitualmente de imagens — da banda desenhada aosjornais, da pintura à fotografia, da iconografia popular ao cinema — a partir das quais interroga sentidos,filiações, sensibilidades e identidades.As imagens e os seus modos de circulação integram as formações discursivas que produzem narrativasde poder e de saber. Por elas tanto se mitificam identidades como se caucionam relatos históricos ouhegemonizam discursos. É talvez por isso que elas são o campo privilegiado de questionação e de desafio,análise, desconstrução ou insubmissão por parte de muitos artistas. E é seguramente por isso que estesgestos de apropriação, transformação, re-significação e leitura instalam o acto de criação num territórioonde se cruzam crise e crítica, ética e estética, arte e sociedade.No percurso artístico de João Fonte Santa, a problematização das mitologias nacionais e a desconstruçãoda história, como acontece neste Mundo de Aventuras, tem sido uma constante. Nesta exposição, comefeito, interrogam-se narrativas identitárias em torno de três núcleos. No primeiro, aborda-se a identidadenacional, entre o Berço da nação e A portuguesa, duas peças que tensionam o tempo histórico atravessandoo espaço expositivo.Num segundo núcleo, abordam-se as imagens publicadas no relato dos exploradores portuguesesHermenegildo Capelo e Roberto Ivens, De Angola à contra-costa. As grandes telas que abrema exposição representam imagens daquele livro, originalmente publicado em 1886. Elas evocam a leituraaventurosa desta Descrição de uma viagem através do continente africano compreendendo narrativasdiversas, aventuras e importantes descobertas, como reza o subtítulo encantatório da obra, onde a faunae a flora são analisadas, fotografadas e reproduzidas ilustrando cada passo da travessia continental.Na exposição, é a fauna africana que domina as escolhas do artista, cujas telas de cores fortes e traçopreciso convidam a ler a evidência do mundo natural, submetido pelas armas e pela caça aos exploradoreshumanos. Não um paraíso, mas um paraíso selvagem que as armas domesticam e ordenam.É nesse contexto que se inscreve o terceiro núcleo, no qual o artista trabalha sobre um original debanda-desenhada português anónimo, sem título, datado de 1977, no qual se mitifica o herói branco emação numa África em guerra. A análise, apropriação, re-produção (isto é, literalmente, produção de novo)de vinhetas deste objecto contraria abertamente o eufórico mundo de aventuras que dá título à exposição.Em rigor, desafia-nos a mergulhar nos 31 desenhos da série, em chave serial, iterativa, elíptica e traumática.A exposição apresenta-se como um exercício de desmontagem das imagens de dominação, no queMarie-José Mondzain caracteriza como «descolonização do imaginário». Num mundo fortemente dominadopela imagem, o gesto de criação de (mais) imagens só pode recusar a lógica da acumulação e verter-se emanalítica do imaginário, desafiando-nos a reler as narrativas à luz das suas e das nossas contradições.É este o mundo de aventuras que lhe propomos.

José Alberto Ferreira, curador



Programa Inaugural

Sábado, 9 de julho | 16h00

Alice Geirinhas e José Alberto Ferreira conversam com João Fonte Santa sobre a exposição, seguindo-se uma visita guiada

Entrada livre, limitada à lotação do espaço

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João Fonte Santa

Estudou Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade Clássica de Lisboa. Começou por se dedicar à produção de banda-desenhada underground no contexto do surgimento de fanzines. Lentamente, contudo, o seu trabalho afirmar-se-ia no campo da pintura. Trabalhando a partir de um extenso fundo de imagens e referências de cultura pop, edificaria uma obra que tem tanto de visualmente atraente como de pertinente no modo como apresenta uma visão do mundo particularmente crítica.  

Expõe regularmente desde meados dos anos 90. Das suas exposições individuais, destacam-se: 

Frozen Yougurt Potlash, Galeria VPF Cream Art, Lisboa;

O Aprendiz Preguiçoso, Festival Sonda, Atelier-Museu António Duarte, Caldas da Rainha;
Do Fotorrealismo à Abstração, Salão Olímpico, Porto.
Pintura Para Uma Nova Sociedade, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira;
TODOS OS DIAS A MESMA COISA – CARRO – TRABALHO – COMER – TRABALHO – CARRO – SOFÁ – TV – DORMIR – CARRO – TRABALHO – ATÉ QUANDO VAIS AGUENTAR? – UM EM CADA DEZ ENLOQUECE – UM EM CADA CINCO REBENTA!, Galeria VPF Cream Art, Lisboa;
O Colapso da Civilização, VPF Cream Art, Lisboa;
Bem-vindos à Cidade do Medo, MAAT, Lisboa

Algumas exposições coletivas:

Zaping Ecstazy, CAPC, Coimbra
Plan XX!, G-Mac, Glasgow
Terminal, Fundição de Oeiras, Oeiras
Gabinete Transnatural de Domingos Vandelli, Museu de História Natural da Universidade de Coimbra, Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Café Portugal
, Design Factory, Bratislava; FEA, Évora
Glocalização ou Colapso, Obras na Coleção MG, espaço Adães Bermudes, Alvito
Portugal Portugueses, Museu Afro-Brasil, São Paulo
Utopia/Dystopia, MAAT, Lisboa
Studiolo XXI, FEA, Évora
A Incontornável Tangibilidade do Livro ou o Anti-Livro, MNAC, Lisboa
Cosmo/Política #7, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira;

José Alberto Ferreira
Docente convidado da Universidade de Évora, onde leciona disciplinas da área da história e teoria do teatro. Tem colaboração dispersa em vários jornais e revistas, nacionais e internacionais.  Dirigiu e produziu o Festival Escrita na Paisagem (2004-2012), no âmbito do qual programou projetos e criações de artistas nacionais e internacionais na área do teatro e do transdisciplinar. Foi o curador português do projeto INTERsection: Intimacy and Spectacle, integrado na Quadrienal de Praga. Dirigiu e programa Ciclos de São Vicente, em Évora (2011-2017). É o Director Artístico do Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida desde 2018. 

Publicou, além de textos dispersos por catálogos e revistas, Uma Discreta invençam (2004), sobre Gil Vicente, Por dar-nos perdão (2006), sobre teatro medieval, Da vida das Marionetas, sobre os Bonecos de Santo Aleixo (2015). Editor e coeditor de vários títulos, de que destaca Escrita na paisagem (2005), Autos, passos e Bailinhos (2007), Tradução, Dramaturgia, Encenação  (2014), Perpectivas da investigação e(m) artes: articulações (2016), Teatro do Vestido. Um dicionário (2018). Colabora com várias organizações ministrando cursos e seminários.

08.08.2022 | par Alícia Gaspar | banda desenhada, cinema, Descolonização, exposição, fotografia, joão fonte sana, jornais, mundo de aventuras

Arquiteto e artista guineense Marinho de Pina debate descolonizar a descolonização na Católica

Dia 27 de maio, às 18h30, na Universidade Católica no Porto

“Até onde vão os limites da descolonização e da colonização? Como podemos descolonizar a descolonização quando os donos do poder são quem controla o discurso?” Estas e outras questões serão temas em debate com Marinho de Pina, arquiteto e artista guineense, que irá encerrar o ciclo de aulas abertas 2022 da Escola das Artes. A sessão vai decorrer no dia 27 de maio, às 19h00, no FabLab do Edifício do Restauro da Universidade Católica, no Porto. A entrada é aberta a toda a comunidade.


O artista convidado pela Escola das Artes, Marinho de Pina, assinou um conjunto de projetos arquitetónicos como a modelação tridimensional e renderização de projeto artístico “Namibia Today” de Kasper König & Laura Horelli para o Pavilhão Alvar Aalto em Veneza (2018), e o projeto da Casa Pina em Bissau, na Guiné-Bissau (2017). Em 2017, venceu o Poetry Slam Lisboa (2017), o Concurso de Ensaios sobre Arquitetura do Departamento da Arquitetura da Universidade Lusófona (2009), entre outros. Assina também duas curtas-metragens: “A Minha Escola” e “Kankuran”, ambos de 2016. Nesta sessão, serão discutidas as possibilidades de considerar factos históricos e presentes que moldam os discursos descolonizantes ou que deviam moldar os discursos descolonizantes mas não são considerados.

O programa das Aulas Abertas 2022 da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto integra artistas, investigadores e ativistas de áreas e contextos distintos. Os encontros têm como objetivo contribuir para os debates contemporâneos que circundam as práticas artísticas e o pensamento crítico. Entre fevereiro e maio, realizaram-se aulas abertas com Luiz Camillo Osorio, Ângela Ferreira, Ulrich Baer, Manthia Diawara, Rosangela Rennó e Jessica Sarah Rinland.

Entrada Livre

Escola das Artes

Universidade Católica Portuguesa no Porto

Rua de Diogo Botelho, 1327, 4169-005 Porto

Para mais informações sobre todos as sessões e artistas convidados, aceda aqui.

24.05.2022 | par Alícia Gaspar | aula aberta, Descolonização, marinho de pina, universidade católica

Dossier "Racismo em Portugal: Um país em estado de negação"

22.11.2021 | par Alícia Gaspar | Beatriz Gomes Dias, comunidades ciganas, Descolonização, guto pires, José falcão, Mamadou Ba, Maria Gil, piménio ferreira, racismo, racismo em portugal

Memorializar e descolonizar a cidade (pós)colonial - debates

Por ocasião do lançamento do projeto ReMapping Memories Lisboa e Hamburgo, Lugares de Memória (Pós)Coloniais, levado a cabo pelo Goethe-Institut, têm lugar uma série de discussões abertas sobre a cidade. Iremos debater temas como as marcas coloniais visíveis na cidade e nos corpos de quem a habita; a luta anti-colonial e a inscrição africana e afrodescendente no espaço metropolitano; ou, de um modo mais global, políticas, abordagens e desafios do processo de “descolonização” nas cidades europeias. Os debates contarão com estudiosos, ativistas e artistas e podem ser assistidos pela FB do Goethe, do TBA e do BUALA. 

Curadoria Goethe-Institut e Marta Lança 

5, 6 e 7 de maio das 18h00 às 20h00  

Os encontros decorrem em zoom com streaming, são gravados para material do site.

Língua: dia 5 e 6: português, dia 7: alemão e português, com tradução simultânea.

O site ReMapping Memories Lisboa e Hamburgo, Lugares de Memória (Pós)Coloniais resulta de uma pesquisa, mapeamento e análise de lugares em Lisboa e Hamburgo que contam histórias de colonialidade, de resistência e disputa de memória (material e imaterial) no espaço urbano. Num processo entre várias cidades europeias, pretende-se contribuir para o não apagamento da história e da memória colonial e pós-colonial de Lisboa e Hamburgo, defendendo a igualdade na pertença e acesso à cidade, ainda segregada na sua geografia, vivência e representações. 

#ReMappingMemories

5 de maio de 2021 – 18-20h

As marcas coloniais na cidade e no corpo - Moderação: Marta Lança 


Vídeo 1 de Rui Sérgio Afonso

Isabel Castro Henriques -  Percursos históricos dos Africanos em Lisboa (séculos XV-XX)

Mamadou Ba - A geografia racial estrutura a relação entre estar na cidade e ser da cidade

António Brito Guterres - A forma (pós)colonial da Metrópole

Debate 

6 de maio de 2021 – 18-20h 

Vídeo 2 de Rui Sérgio Afonso

Inscrição de uma AfroLisboa  - Moderação: Marta Lança 

Nádia Yracema - Artista mo(nu)mento

Kalaf  Epalanga - A importância de criar um Museu da Kizomba

José Baessa de Pina (Sinho) - Como construir comunidade nos subúrbios de Lisboa 

Debate 

7 de maio 2021 – 18-20h 


Vídeo 3 de Rui Sérgio Afonso

Estratégias para descolonizar a cidade - Moderação: António Sousa Ribeiro  

Miguel Vale de Almeida - “Como abanar estátuas?” os debates sobre Descolonizar a cidade

Maria Paula Meneses - Lisboa: histórias ocultas e linhas contínuas 

Noa K. Ha - O desafio da memória pós-colonial. Legados de colonialidade na cidade

Debate

Sinopse dos debates e bios dos convidados disponível aqui.

01.05.2021 | par Alícia Gaspar | ativismo, cidade, colonialismo, debates, Descolonização, Goethe institut, Hamburg, história, lisboa, memorializar e descolonizar a cidade pós colonial, Portugal, re-mapping memories, ReMappingMemories, sociedade

"História e Políticas de Memória"

Seminários CH-ULisboa | II Sessão do ciclo: “História e Políticas de Memória” | Memórias de impérios (período colonial e descolonização) | 10 de Fevereiro | 17h30 | Online

Intervenções

Rui Gomes Coelho (UNIARQ-UL)

Elsa Peralta (CEC-UL)

José Damião Rodrigues (CH-ULisboa)

Ligação ZOOM: https://bit.ly/3gTj5RG

ID da reunião: 833 1275 3170

Senha de acesso: 817478

Mais informações sobre este ciclo de seminários: https://bit.ly/3nloZxc

18.01.2021 | par martalanca | centro de história, Descolonização, história, memórias de império, período colonial, políticas de memória, seminário online

Colonialismo do Colonialismo: Como Era Gostoso o Meu Francês, de Nelson Pereira dos Santos

Colonialismo do Colonialismo: Um novo Ciclo de Cinema na Zona Franca Nos Anjos desta vez focado no tema do Colonialismo e da “Descolonização”. O ciclo será composto por quatro filmes que decorrerão todas as quintas-feiras de Março.
O segundo filme será “Como Era Gostoso o Meu Francês” de Nelson Pereira dos Santos, esta quinta-feira às 21h00. A cantina estará fechada para o evento mas teremos petiscos e bar aberto.

Entrada livre



Nelson Pereira dos Santos foi um dos cineastas que ensaiaram as primeiras nuances do Cinema Novo Brasileiro. Com seu Rio, 40 Graus (1955), o diretor plantou a ideia da liberdade da câmera, da naturalidade dos cenários e de um roteiro livre de maneirismos. Influenciado pelo neorrealismo, o diretor foi um dos pioneiros a abordar temas contemporâneos e não farsescos; pessoas de diferentes classes sociais e relações humanas em diversos níveis. Em 1963, com o lançamento de seu icônico Vidas Secas, Nelson Pereira dos Santos já tinha seu lugar marcado na cinematografia brasileira.
Nossa atenção, no entanto, se volta para Como Era Gostoso o Meu Francês (1971), uma visão não paternalista ou eurocêntrica das relações entre os índios e os europeus nas primeiras décadas do século XVI. Os eventos históricos que permeiam a obra estão localizados no período da França Antártica, a colônia francesa estabelecida no Rio de Janeiro entre 1555 e 1560.
O roteiro do filme, escrito em tupi, francês e português, baseia-se principalmente em Viagem ao Brasil, relato do alemão Hans Staden, viajante capturado pelos tupinambás que sobreviveu ao ritual antropofágico, e de volta à Alemanha, publicou a sua versão dos costumes e funcionamento da vida na comunidade indígena. Temos ainda temos indicações históricas de obras quinhentistas de Theodore De Bry, André Thevet e Jean de Léry. O diretor ainda leu e se utilizou de outros registros históricos, como a carta de Villegagnon a Calvino e textos de padres jesuítas.
Essa grande existência de documentos e versões históricas trouxeram grande riqueza para o filme, o que permitiu, por exemplo, que se adotasse o ponto de vista dos tupinambás para o período de preparação do prisioneiro francês (preparação para o ritual antropofágico), com destaque para a visão feminina em boa parte da obra. A desconstrução – ou resultado de um exercício antropofágico, vindo de um filme inserido no movimento tropicalista – da visão comum sobre a relação de índios e europeus estranha o espectador desavisado ou desacostumado com tal abordagem, especialmente porque mostra o controle indígena sobre muitas situações, do comércio aos acordos sobre manutenção de prisioneiros.
Do ponto de vista histórico ou mesmo do uso de fontes narrativas, Como Era Gostoso o Meu Francês é um filme louvável. A percepção da pureza dos nativos e o trato para com o prisioneiro – sempre muito bem cuidado antes de ser morto e assado para servir de alimento à tribo – é um dos elementos que foge à maior parte das versões sobre esse período, seja em filmes ou mesmo alguns documentários. Aqui, esse novo olhar vem adicionar ao conhecimento do espectador mais uma versão para os fatos, e não reafirmar o que já se sabe.
Todavia, mesmo que irretocável no quesito histórico-narrativo, o filme falha como produto. Em primeiro lugar, a falta de um enredo (mais) dramático – no sentido de construção de um drama – acaba por misturar o gênero de ficção com nuances de documentário num enredo que só poderia ser bom se fosse abordado por um único gênero. Durante todo o tempo, os eventos ligados à cultura indígena aparecem expostos quase sem nenhum filtro narrativo, com grande número de danças, grande repetição de cenas (ou sequências com ambientações diferentes mas que representavam a mesma coisa) e os incômodos intertítulos, com trechos de documentos históricos.
Se no início do filme vemos representada de forma irônica brilhante a carta a Calvino, por que não usar o mesmo estilo de narração para os documentos a seguir? A separação entre as cenas filmadas e os textos históricos quebrou o ritmo da obra e mesmo que estes sejam bem distribuídos por toda a película, o filme passaria muito melhor sem eles.
Como Era Gostoso o Meu Francês foi censurado pelo gabinete militar, classificado de imoral. O filme foi levado para festivais internacionais (Berlim, Cannes), e só depois de muitas tentativas, liberado para exibição no país. Sobre a censura, a escritora Clarice Lispetor se pronunciou, em sua crônica no Jornal do Brasil. O texto data de 16 de outubro de 1971: “Trata-se de um filme que não escandaliza ninguém. […] Talvez seja inocência minha, mas por favor me respondam: qual é a diferença entre o corpo nu de um índio e o corpo nu de um homem branco? Assisti ao filme em salinha de projeção particular. Havia outras pessoas assistindo também. Duas delas eram freiras de alto nível eclesiástico. A opinião delas: filme belíssimo, de uma ‘grande pureza’, de um valor histórico inestimável por causa de toda a reconstituição […] no filme não há um só gesto ou intenção obscenos ou simples sugestão maliciosa. Será que daqui a pouco nos escandalizaremos se virmos um menino branco nu? Porque em menino pode e em adulto não pode? […] Melhor, por via das dúvidas, pôr terno e gravata nos tupinambás.”
A despeito das falhas de concepção, essa obra de Nelson Pereira dos Santos é um registro do cinema nacional e da própria história do Brasil que deve ser visto e discutido. Tanto por ser fruto de uma época de transformações culturais, quanto por vir de um cineasta que ajudou dar uma cara nova ao cinema nacional, Como Era Gostoso o Meu Francês é um daqueles filmes que dão ao espectador uma outra proposta de pesamento sobre uma ideia já enraizada e massificada pela própria história. 

(Luis Santiago@planocritico.com)

Como Era Gostoso o Meu Francês (Brasil, 1971)
Direção: Nelson Pereira dos Santos
Roteiro: Nelson Pereira dos Santos, Humberto Mauro
Elenco: Arduíno Colassanti, Ana Maria Magalhães, Eduardo Imbassahy Filho, Manfredo Colassanti, José Kléber, Gabriel Archanjo, Gabriel AraújoAna Batista
Duração: 84 min.

06.03.2017 | par marianapinho | Brasil, Colonialismo do Colonialismo, Descolonização, Nelson Pereira dos Santos, tupinambás

Colonialismo do Colonialismo: Um novo ciclo de cinema

2 de março / quinta-feira / 21h
Zona Franca dos Anjos (Rua de Moçambique, 52)

Colonialismo do Colonialismo:
Um novo Ciclo de Cinema na Zona Franca Nos Anjos desta vez focado no tema do Colonialismo e da “Descolonização”. O ciclo será composto por quatro filmes que decorrerão todas as quintas-feiras de Março.

O primeiro filme será “El Abrazo de la Serpiente” de Ciro Guerra, esta quinta-feira às 21h00. A cantina estará fechada para o evento mas teremos petiscos e bar aberto.

Entrada livre

Sinopse:
Theo (Jan Bijvoet) é um explorador alemão que, em 1909, procura a ajuda do xamã Karamakate (Nilbio Torres/Antonio Bolivar), o último sobrevivente conhecido da tribo dos Cohiuanos, para servir de guia no percurso do rio Amazonas. Gravemente doente, Theo busca a yakruna, uma planta sagrada com poderes curativos. Quase quatro décadas depois, o norte-americano Evans (Brionne Davis) lê os diários de Theo e resolve percorrer o mesmo trilho, de forma a descobrir e estudar a planta medicinal. Para isso, encontra-se com Karamakate. Durante todos estes anos, muita coisa mudou na paisagem amazónica e mais ainda no coração do velho índio…
Realizado pelo colombiano Ciro Guerra (“La Sombra del Caminante”, “Los Viajes del Viento”), um filme a preto e branco que se baseia nos diários de Theodor Koch-Grunberg (1872-1924), um explorador alemão que contribuiu para o estudo da mitologia, etnologia e antropologia dos povos indígenas da América do Sul (em particular dos Pemon, da Venezuela, e dos índios brasileiros da região da Amazónia). “O Abraço da Serpente” foi nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro (Colombia).

27.02.2017 | par marianapinho | cinema, Ciro Guerra, colonialismo, Descolonização, El Abrazo de la Serpiente, zona franca dos anjos

Da Descolonização ao Pós-Colonialismo: perspetivas pluridisciplinares

Call for papers - até 13 de setembro, 2015

De 1947 (independência da Índia) a 1990 (autodeterminação do Zimbabwe, 1980, e da Namíbia, 1990), chegou ao fim o que era normalmente descrito como o colonialismo moderno europeu na Ásia e em África. A vaga anticolonial varreu todo o planeta ao mesmo tempo que, nos anos do pós-2ª Guerra Mundial, as mudanças sociais e económicas sentidas no mundo ocidental produziram o Estado de bem-estar social, a cultura de massas e abriram caminho a uma nova etapa da globalização. O que parecia ser o triunfo da descolonização sobre a hegemonia ocidental, com toda a sua “energia, vitalidade e otimismo”, foi rapidamente absorvido pela “distribuição de poder no sistema mundial” (Lazarus, 2004). 
Este congresso está aberto a uma discussão multidisciplinar sobre : 
Diferentes processos económicos e políticos de descolonização (casos português, francês, britânico, holandês, belga, italiano, espanhol e sul-africano), assim como diferentes dimensões da “condição pós-colonial” (Baker et al., 1995; Young, 2012), incluindo: 
Fluxos demográficos migratórios e recomposição social em contextos de conflito anti-colonial e de descolonização formal 
A negociação de identidades nacionais em contextos pós-coloniais 
Relações Norte-Sul, uma avaliação crítica de programas de cooperação e respetivas doutrinas de desenvolvimento 
Usos coloniais e pós-coloniais do passado: memórias e representações dos conflitos e das transições 
Educação, Pós-Colonialismo e Globalização 
Descolonizações, literaturas e culturas 
Estamos, por isso, abertos à submissão de papers individuais, propostas de painéis e mesas redondas que incidam sobre qualquer um destes tópicos e linhas de investigação. 
REGRAS GERAIS 
INSCRIÇÕES 
Unidades de investigação associadas à organização: Instituto de História Contemporânea da FCSH/UNL (IHC/FCSH/UNL), Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE/FPCEUP), , Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) 

11.09.2015 | par martalanca | Descolonização, pós-colonialismo