EU SOU ÁFRICA - 10º episódio PEPITO - GUINÉ BISSAU

sábado, 9 de Abril, às 19h na RTP2

 

Carlos Schwarz da Silva, guineense nascido em Farim, em 1949, só exerceu o nome enquanto se fazia engenheiro agrónomo em Lisboa, ao mesmo tempo que se diplomava na luta estudantil contra a ditadura. Na Guiné Bissau, todos o conhecem por Pepito, lutador incansável contra as más práticas de Estado, mas sobretudo contra a fome, pela cidadania e pelo desenvolvimento. Fundador do pioneiro DEPA (Departamento de Experimentação e Pesquisa Agrícola) e da ONG Acção para o Desenvolvimento (AD), deputado, neto de polacos que sobreviveram ao Gueto de Varsóvia, filho de um jurista nacionalista preso pela PIDE e amigo de Amílcar Cabral, pai de 3 filhos, avô de 2 netos, Pepito é, nas palavras dos anciãos balantas, um “homem grande”.

Testemunha o 25 de Abril frente ao quartel do Carmo, com a mulher, Isabel Lévy Ribeiro, e juntos regressam a Bissau, determinados a viver intensamente o tempo histórico que lhes coube. Com 25 anos e um diploma na mão, Pepito sabe principalmente que quer mobilizar as pessoas para a acção, mesmo que isso signifique recomeçar inúmeras vezes do zero. Ele e os seus recomeçaram sempre. A viagem que fazemos, de Bissau à Floresta de Cantanhez - dois dos pólos de acção da AD - , é uma travessia pela sabedoria de um país repleto de singularidades. Uma paragem no quartel de Guiledge, marco importante da luta pela independência. “A Guiné Bissau tem trinta e duas etnias: são trinta e duas maneiras de pensar diferente, de dançar diferente, de fazer cultura diferente, de filosofias de vida diferentes. É uma riqueza extraordinária se todas forem consideradas elementos que potenciam a união”. São estes saberes que Pepito privilegia – contrariando leis ou métodos impostos pelo exterior –nas reuniões com os mais-velhos, na festa com os mais novos, nas conversas com mulheres e homens de experiências variadas, muitos dos quais ousaram seguir as práticas informais e eficazes que a equipa do engenheiro agrónomo foi pesquisando e testando, um projecto que se declina na agricultura e no eco-turismo, mas também nas Escolas de Verificação Ambiental, nas televisões e rádios comunitárias. Nas tabancas do sul, no antigo quartel de Guiledge - marco crucial da luta pela independência, memória viva -, em Quelélé, o que está em marcha é a luta contínua pela cidadania e por condições de vida dignas para os guineenses. Uma conversa profunda com o seu pai espiritual, o Rei dos Nalus, mergulha-nos num discurso de grande afecto e sabedoria.

 

+ info

 

Engenheiro agrónomo, Guiné-Bissau (1949-2014), com ascendências que misturaram sangues das mais variadas origens (caboverdiano, português, judeu, polaco) e que para a Guiné-Bissau regressou, quando jovem licenciado pelo Instituto Superior de Agronomia (Lisboa), para se dedicar à causa do desenvolvimento das populações do país que o viu nascer e que ele ama entranhadamente, sendo tão difícil, ali, onde a pobreza e o atraso dos povos se casaram com o desleixo, o gangsterismo e a corrupção (muitas destas maleitas são o que sobrou das terríveis experiências do “marxismo-leninismo africano”), resistir aos desenganos. E nota-se que, para resistir e persistir, Carlos Schwarz da Silva (“Pepito”, assim lhe chamam os amigos) ainda se ilumina no exemplo e na obra (incompleta, porque interrompida por Spínola, a PIDE e a traição de alguns dos “seus”) de outro agrónomo guineense, Amílcar Cabral.

07.04.2011 | par martalanca | Eu Sou África, Guiné Bissau, Pepito

Eu SOU ÁFRICA - 9º episódio MÁRIO LÚCIO DE SOUSA - CABO VERDE

DIA 2 DE ABRIL, 19H, NA RTP2

 

Mário Lúcio Sousa nasceu crioulo, na Ilha de Santiago, em 1964. Ficou órfão de pai aos 12 anos, e de mãe 3 anos depois, juntamente com os seus sete irmãos. Foi adoptado como pupilo pelas Forças Armadas e passou a viver no antigo Campo de Concentração do Tarrafal, de onde saiu para estudar na Praia e mais tarde em Cuba, onde se licenciou em Direito. Regressou a Cabo Verde em 1990, exerceu advocacia e  foi deputado, antes de se dedicar por inteiro às artes. Reivindicou a cultura continental africana para a música, primeiro com o  grupo Simentera e depois a solo, escreveu poesia, teatro e prosa. O seu mais recente romance - Novíssimo Testamento - valeu-lhe o Prémio Carlos de Oliveira. Diz que é no coração que se armazena a sapiência do mundo. Acaba de ser nomeado Ministro da Cultura de Cabo Verde.

 

A letra do Vulcãozinho é o mote para uma estória com a Ilha do Fogo ao fundo, símbolo do seu renascer como artista. Vestido de branco, caminha pelo forte da Cidade Velha com a mesma musicalidade com que depois caminhará pelo antigo campo de concentração do Tarrafal onde viveu nos anos pós-independência. Sem perder a suavidade nos passos e nas palavras, vai desvelando um pouco do seu universo onde sabedoria e poesia são uma só. Assim visitará a família na sua terra natal onde o batuco não pára e os barcos continuamente se lançam ao mar. E num concerto da Praia, com tantos amigos, celebrará a crioulidade, a mesma que junta o tocador de korá com a guitarra portuguesa, e muitos abraços. Na sua casa com vista para a Cidade da Praia - a devida distância para poder pensá-la - conta-nos dos afectos, da língua portuguesa, esse objecto não palpável de união de pessoas, da História que partilhamos, da riqueza humana, desafios de Cabo Verde e do seu compromisso pessoal com a vida.

29.03.2011 | par martalanca | cabo verde, Eu Sou África, Mário Lúcio de Sousa

eu SOU ÁFRICA - 6º episódio MÁRIO KAJIBANGA - ANGOLA

Sábado dia 12, 19h - RTP2

 

MÁRIO Kajibanga nasceu em 1963 em Luena, Moxico, mas há 32 anos escolheu Benguela para viver e aí criar raízes e família. Define-se como um activista cultural e o trabalho que desenvolve na ONG Bismas das Acácias aprofunda a pesquisa das artes tradicionais angolanas, com acento na dança e na música. É de origem Tchokwé e a aprendizagem tradicional de iniciação para a vida, tem para ele a mesma importância da licenciatura em Ciências de Educação e História pela Universidade Agostinho Neto. Foi soldado administrativo aos 12 anos, entrou na JMPLA em 1978 e começou a fazer política cultural em 1986. Em 1995 trocou o trabalho no Estado pelo da ONG angolana ADRA, e desde aí foi um dos fundadores da Escola de Formação de Professores do Ndombe Grande e do KAT, projecto que engloba um colégio e uma editora, a única com existência fora de Luanda. Em 2010 assumiu o cargo de Director Provincial da Cultura de Benguela.

Resgatar as tradições culturais é, para Mário Kajibanga, a missão de uma vida. Sempre ligado ao desenvolvimento cultural, primeiro através da ONG ADRA e depois do projecto Bismas das Acácias, que fundou, Kajibanga acredita que só através da cultura o povo angolano pode reencontrar a sua identidade. É nessa afirmação de identidade que centra o trabalho na Direcção Provincial de Cultura de Benguela e nos Bismas das Acácias, cujo repertório mostra danças propiciatórias, danças ligadas à lavoura ou ao mundo mágico-religioso. A isto estão ligadas as revelações de uma visita ao Dombe Grande, terra dos ovimbundo, dos vandombe e dos vakuisi, conhecida pelo “feitiço” e pelos mitos de jacarés justiceiros. Terra também de novas gerações, as que Kajibanga viu crescer na escola que ajudou a fundar e aonde quer regressar quando terminar o mandato político. O seu olhar contemplativo atravessa a praia morena, um ritmo de vida calmo nesta província de acácias, a sul de Angola.

 

09.03.2011 | par martalanca | Eu Sou África

EU SOU ÁFRICA - 5º episódio MAMI ESTRELA - CABO VERDE

Sábado, dia 5, às 19h na RTP2

 

Mami Estrela, nominho de Maria Miguel, nasceu em Santo Antão mas fez de São Vicente casa e da acção social uma luta a favor do seu Cabo-Verde. Usando a educação e a cultura como armas contra o subdesenvolvimento – fiel às lições de Amilcar Cabral -, Mami divide-se entre as aulas na  UNI-CV e os muitos projectos do seu Atelier Mar: a valorização turística da habitação tradicional da Ribeira da Torre, o associativismo cultural em S. Pedro, a recuperação dos saberes e sabores tradicionais em Lajedos. Mami estudou em Portugal, fez uma pós-graduação em Educação Especial, no Rio de Janeiro e, quando regressa a Cabo Verde, participa na criação do sistema de educação pré-escolar, nos serviços de promoção social, no Instituto Cabo-Verdiano de Solidariedade e no Ministério da Cultura. Mas os prazeres da vida nunca ficam para trás: inaugura o dia com um mergulho na praia da Laginha, dedica-se às suas plantas e cozinhados (de momento sem os dois filhos, a estudarem em Portugal, e o companheiro, Leão Lopes, fundador do Atelier Mar) e não falha nenhuma caminhada com o grupo de amigos pelos praias de S. Vicente e pelos montes verdes de Sto. Antão.  

Uma caminhada da praia do Norte ao Calhau revela-nos a luz intensa da ilha de S.Vicente. Na praia de S. Pedro pratica-se filosofia com crianças. Na UNI-CV, há uma aula com jovens desejosos de debater assuntos que lhes dizem respeito. O fim de tarde na baía e a praia da Laginha vistos do cimo do Atelier Mar, depois das compras no mercado do Mindelo. Mami Estrela  ensina crianças a aproveitarem papel para fazer mais papel e organiza cabazes com os produtos da terra resultantes dos vários projectos socio-comunitários que o Atelier Mar despoletou. Valorizar as culturas locais, os saberes endógenos e o modo de vida das comunidades, assim como a produção ligada a várias técnicas artesanais, faz parte dos seus objectivos. Mami Estrela trabalha entre duas ilhas complementares, as montanhas de S. Antão e o mundo social de S.Vicente, entre o campo e o mar. É que no seu trabalho tudo está interligado, os produtos que os agricultores produzem e os artesãos integram, recuperar  casas tradicionais e pensar num modelo de turismo sustentável, entrelaçar cultura com desenvolvimento e pensar a importância do crioulo, língua dos afectos mas não só.

 

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03.03.2011 | par martalanca | cabo verde, Eu Sou África, Mami Estrela

Eu SOU ÁFRICA - 4º episódio JOÃO CARLOS SILVA - S.TOMÉ E PRÍNCIPE

JOÃO CARLOS SILVA – SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE 

DIA 26 DE FEVEREIRO, 19H, NA RTP2 

DIA 25 MARÇO, na RTP ÁFRICA


João Carlos Silva nasceu em Angolares, em 1956, andarilhou por Angola e Portugal, onde estudou Direito, exerceu jornalismo e se iniciou como artista plástico, para depois regressar às suas ilhas de S.Tomé e Príncipe com novas referências e vontade de “utopiar”. É a sua energia que oferece ao país, pondo mãos à obra. Diz-se um “cozinhador”  - e como tal se tornou familiar na televisão pelas experiências dos programas Na Roça com os Tachos e Sal da Língua - arte que põe em prática na Roça de S. João, um projecto turístico eco-cultural em Angolares. Aí preparou os ingredientes da primeira Bienal de Artes em 1995, evento crucial na dinamização da nova arte santomense, e que hoje tem novo fôlego, alimentada por uma geração de artistas que marca já presença no circuito da arte contemporânea internacional. A galeria Teia d’Arte e o novíssimo projecto CACAU – Casa das Artes, Criação, Ambiente e Utopias, onde uma nova geração arregaça às mangas para a cultura e cidadania activas, são outras das criações de João Carlos Silva, e espaços incontornáveis para quem visita S.Tomé.  


A primeira exposição do João Carlos, quando regressou ao seu país, chamava-se oportunamente “Fazedor de coisas”, e desde então não parou de fazê-las. Esta é uma viagem pelas outras facetas do cozinhador para quem “a cozinha é um palco, um acto de amor e de cultura”. João Carlos mostra-nos as antigas roças coloniais da sua infância e juventude, a roça D. Augusta, onde ouvimos as histórias de Néné e a roça da Gratidão, onde o pai era o administrador, até chegarmos à actual Roça São João, onde ambiente, património, educação, arte e turismo se reúnem. A hora e meia da cidade, nos Angolares, terra de descendentes de escravos angolanos e do rei Amador que dirigiu uma revolta de escravos em 1595, encontramos um Centro Comunitário de Turismo de Pesca Artesanal, o Hospital de Criação, a associação Roça Mundo, que pretende trazer o mundo até ao local. Na cidade de S.Tomé, a Teia d’Arte  mantém da antiga Teia d’Aranha (restaurante fundado pelo pai) o espaço multiusos e as tertúlias, e a ambiciosa CACAU – Casa da Artes, Criação, Ambiente e Utopias, abriu as portas ao encontro, formação, espectáculos, criação de micro-empresas e acções de cidadania activa. João Carlos Silva recorda a euforia com que assistiu à independência e advoga que num país pequeno e com poucos recursos como S.Tomé e Príncipe, urge a imaginação e o espírito empreendedor para estimular a auto-estima, a criação de  emprego, a construção da cidadania, em suma, fazer do país um entreposto cultural com a nova geração ao leme.

 

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23.02.2011 | par martalanca | Eu Sou África, João Carlos Silva

EU SOU ÁFRICA - último episódio AUGUSTA HENRIQUES

para quem não viu na RTP 2 poderá ver aqui o episódio 3 da série EU SOU ÁFRICA, filmado nas ilhas Bijagós, GUINÉ BISSAU, com Augusta Henriques da TINIGUENA

 

23.02.2011 | par martalanca | Eu Sou África

EU SOU ÁFRICA - EXIBIÇÃO NA RTP ÁFRICA

A série documental EU SOU ÁFRICA,de Maria João Guardão, produzida pela Vitrimedia e Desmedida Filmes para a RTP irá ser emitida na RTP ÁFRICA.
A exibição do 1º. Episódio está prevista para dia
4 DE MARÇO (Sexta-feira) às 21h00 (hora de Lisboa)
com repetição dia 
6 DE MARÇO (Domingo) às 19h30 (hora de Lisboa)
Será mantida esta programação semanalmente, com o seguinte alinhamento de programas:
EP. 1 - LUZIA SEBASTIÃO (Angola) - 4 MARÇO
EP. 2 - IRMÃ CATARINA PAULO (Moçambique) - 11 MARÇO
EP. 3 - AUGUSTA HENRIQUES (Guiné-Bissau) - 18 MARÇO
EP. 4 - JOÃO CARLOS SILVA (São Tomé e Príncipe) - 25 MARÇO
EP. 5 - MAMI ESTRELA (Cabo Verde) - 1 ABRIL

EP. 6 - MÁRIO KAJIBANGA (Angola) - 8 ABRIL
EP. 7 - CONCEIÇÃO DEUS LIMA (São Tomé e Príncipe) - 15 ABRIL
EP. 8 - CAMILO DE SOUSA (Moçambique) - 22 ABRIL
EP. 9 - MÁRIO LÚCIO (Cabo Verde) - 29 ABRIL 
EP.10 - PEPITO (CARLOS SCHWARZ) (Guiné-Bissau) - 6 MAIO 

Toda a informação actualizada sobre o programa pode ser encontrada aqui e
 aqui

18.02.2011 | par martalanca | Eu Sou África

2º episódio EU SOU ÁFRICA - IRMÃ CATARINA PAULO

dia 12, sábado, às 19h na RTP2

Freira franciscana da Congregação de Nossa Senhora das Vitórias desde os 16 anos, a Irmã Catarina nasceu em Gaza, Moçambique, nos anos 30, e foi a primeira religiosa negra a dirigir uma congregação no Moçambique independente. Nos anos quentes da guerra civil (até 1992) trabalhou em campos de refugiados e de deslocados, inventou lares em casarões esventrados, “barafustou” com várias “autoridades” para conseguir o que queria. Umas vezes ganhou outras não. Em 2003 foi para o Chibuto, onde criou o mais recente projecto de uma vida cheia de conquistas árduas. Chama-se Centro Comunitário do Chimundo e são quatro hectares de terra que começam debaixo de um cajueiro. “Aqui todos trabalham contra a ‘coitadinhice’”, diz-nos a irmã Catarina com o seu ar calmo, intimamente preocupada com as 26 crianças que brincam e aprendem na Escolinha do Chimundo. Lá todos trabalham para o mesmo projecto, nem que seja a apanhar lenha. “Se só dermos comida, quando morrermos como é que vai ser?”

Vamos conhecer a Irmã Catarina e a história de persistência de uma mulher que sabe a importância da sua cultura. De uma religiosa consciente daquilo que faz com que um povo – o seu - não se torne “uma árvore sem raiz”. Visitamos as suas memórias de família, o lugar no quintal onde o pai está enterrado, escutamos o silêncio da casa, as vozes da oração. E ouvimos a história de um lugar onde, com quase nada, se constroi quase tudo.
É com convicção que a Irmã Catarina percorre o caminho para a Escolinha do Centro Comunitário do Chimundo, onde todos os dias da semana as crianças do bairro comem a papa e aprendem a brincar com as letras e os números. A religiosa orgulha-se do seu projecto “que é grande, não por ter condições, mas porque há um coração que ama”. Ouvimo-la falar do que significou a independência, a necessidade de afirmação dos moçambicanos: “eu tinha que fazer a história da minha sociedade e simultaneamente da minha congregação, este país precisa de homens e mulheres decididos a fazer história.” Conta dos medos da Guerra, dos deslocados que esta gerou e do urgente processo de paz e desenvolvimento. “Só pelo trabalho e pela educação podemos deixar de ser coitadinhos para sermos pessoas.”

CHIBUTO, CHIMUNDO
O Chibuto fica a norte na província de Gaza. A três quilómetros encontra-se o bairro do Chimundo, criado após as cheias de 2000 para acolher os refugiados originários do vale do Limpopo, completamente alagado. Quotidianamente os pais regressam ao vale para trabalhar nas machambas (as hortas), deixando muitas das crianças entregues a si próprias, crianças que a Escolinha fundada pela Irmã Catarina recebe na medida das possibilidades que vai tendo. Para saber mais : www.centrocomunitariodochimundo.comwww.aidglobal.org

 

Eu Sou África

 

11.02.2011 | par martalanca | Eu Sou África, Moçambique

3º episódio do EU SOU ÁFRICA, AUGUSTA HENRIQUES - GUINÉ BISSAU

dia 19, Sábado, às 19h na RTP2

 

Augusta Henriques tem cinquenta e oito anos, dois filhos, uma neta e uma vida inteira de engajamento na transformação social e no desenvolvimento do seu país, a Guiné Bissau. É a fundadora e secretária geral da Organização Não Governamental guineense TINIGUENA - que significa esta terra é nossa. É o poder dessa pertença que Augusta afirma em todas as suas acções. “Não podemos responder pelo ontem nem pelo amanhã, mas hoje podemos fazer a diferença!” Augusta tem personalidade de líder, fala de forma assertiva, e há muito tempo que diz: “Sim, podemos fazer”.


A agitação da avenida principal de Bissau, perto do mercado Bandim, contrasta com a paz das ilhas Urok, no arquipélago dos Bijagós. Augusta Henriques move-se entre estes dois mundos, passando recentemente mais tempo na sua ilha natal, a Formosa. Formou-se em Portugal mas sempre teve presente que o seu futuro era na Guiné-Bissau, “um país novo para construir” e cheio de orgulho à época da independência. Regressa para trabalhar no primeiro Ministério da Educação do país e, mais tarde, no enquadramento da lei para as organizações não governamentais guineenses. Há 20 anos criou a TINIGUENA para trabalhar em prole da sustentabilidade e da protecção da biodiversidade do seu país, nomeadamente no arquipélago dos Bijagós, a primeira área marinha protegida comunitária da África ocidental. A gestão harmoniosa dos recursos naturais que ali se pratica e as estratégias erguidas em conjunto com as comunidades são, afirma Augusta Henriques, “um exemplo de governação para o país”. acredita. Esta associação manteve-a “na Guiné-Bissau de cabeça erguida, de mangas arregaçadas e de peito aberto para abraçar as coisas boas” e procurar alternativas para melhorar as condições de vida das pessoas.

 

10.02.2011 | par martalanca | Augusta Henriques, Eu Sou África, Guiné Bissau

1º episódio do EU SOU ÁFRICA, LUZIA SEBASTIÃO - LUANDA

dia 5, Sábado, às 19h na RTP2

Vem de uma família tradicional angolana, de Luanda, filha de Adriano Sebastião, preso pela PIDE quando Luzia tinha 8 anos, o que semeou a sua consciencialização política. Combatente na guerra de libertação, conhecida como Comandante Gi, participou mais tarde nas células do MPLA, partido em que militou. Licenciou-se em Direito na Universidade Agostinho Neto, onde hoje lecciona Direito Penal, e ultima o seu doutoramento entre a Faculdade de Direito de Coimbra e a sua casa no tranquilo bairro Alvalade, em Luanda. Para Luzia Sebastião, a função da universidade “é ter opinião” e esforça-se para que o mundo académico tenha uma palavra a dizer nos destinos do país. Trabalhou nos ministérios da Educação e da Justiça e exerceu advocacia durante longos anos, actividade que  suspendeu ao ser mandatada juíza  do Tribunal Constitucional. É uma mulher de armas, habituada a vencer pela força da razão. 

Luanda, vista da fortaleza

Uma mulher muito elegante e bonita conduz pelas ruas de Luanda, umas em melhor estado que outras, mostrando a sua cidade que tem vindo a vestir uma nova pele, “perdendo certos traços ao ficar mais moderna.” Ainda assim o bairro da sua infância, o Cruzeiro, continua reconhecível, apesar dos muros cada vez mais altos nas casas. Luzia estava no 6º ano quando deixou o liceu para entrar na guerra de libertação. Depois foi um rodopio de emoções. Os tantos anos de guerra que Angola viveu ensinaram-lhe que era preciso “reconhecer erros de parte a parte”.

Vamos ouvi-la falar de Justiça, do sistema de direito herdado de Portugal, da constituição que vinha de 1992 e que em 2010 foi alterada, dos direitos das mulheres e dos desafios de governação. Vamos com ela ao Tribunal Constitucional, à Faculdade Agostinho Neto e à casa de fim-de-semana, nos arredores de Luanda, com um neto ao colo e uma família que vai chegando para o almoço e ocupa dois sofás inteiros. Luzia acredita nas novas gerações e tem vocação para leccionar. Relembra os tempos em que as crianças se sentavam “em latas de leite Nido e punham os cadernos nos joelhos para escrever”. Sabe que ainda há muito a melhorar. A sua geração, a da Utopia, viveu na expectativa de um desenvolvimento que demora a acontecer - “muitas das coisas pelas quais lutámos ainda não se cumpriram”, diz - mas acredita na capacidade de resistência dos angolanos e num futuro melhor para a sua terra promissora.


 

03.02.2011 | par martalanca | Eu Sou África, Luzia Sebastião

EU SOU ÁFRICA - aos sábados, 19h, na 2

1º episódio, dia 5 de fevereiro: Luanda, com Luzia Sebastião

 

Em 2010 fizemos uma viagem pelas cinco áfricas que falam português - Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo-Verde. Encontramos países com 35 anos de vida independente e pessoas que ousaram experimentar novas ideias e instigar práticas diferentes, construindo caminhos para a cidadania. EU SOU ÁFRICA é o resultado desses encontros, uma série documental de 10 episódios que são outros tantos retratos de gente capaz de inacreditável resiliência e de sonhos altos, gente que caminha com a História.

Dez heróis quase desconhecidos do grande público que, como actores e testemunhas privilegiadas, reflectem sobre a história recente de África e os desafios que o continente enfrenta. Todos participaram na independência dos seus países e, mais do que respostas, partilham interrogações para o futuro e a capacidade de desfazer os lugares-comuns que persistem na percepção dos seus lugares de origem. O campo de acção é diverso, da Educação, às Artes, à Justiça, à Agricultura, à Religião, ao Ambiente ou à História, mas o terreno que lavram é comum: a responsabilização de cada um face ao presente, pois todos os protagonistas decidiram viver integramente o seu tempo histórico e as problemáticas que o mesmo trouxe. São estas pessoas que EU SOU ÁFRICA traz para a frente da câmara, e com elas países inteiros. Porque, como diz Ruy Duarte de Carvalho, “um percurso biográfico se faz de tempos, de lugares, modos, percepções, ocorrências, experiências, resultados, aquisições, perplexidades, digestões e ressacas”, e alguns percursos conseguem ser tão exemplares como humanos.

Realização 

Maria João Guardão 

Pesquisa

Marta Lança

Imagem

Luísa Homem

Som

Marta Lança/Maria João Guardão

Produção 

Patrícia Faria / Marta Lança (local) 

Música Original

Steve Bird

Pós-produção de Imagem

RoughCut

Micael Rodrigues

Pedro Rodrigues

Pós-produção Audio

Big Bit

João Megre

Layout & Design

RoughCut

David Gabriel

produção RTP  - Vitrimédia (Diogo Queiroz de Andrade) e Desmedida Filmes (Maria João Guardão)

 

 

02.02.2011 | par martalanca | Eu Sou África