Beatriz Batarda e Isabela Figueiredo I leitura encenada de "Caderno de Memórias Coloniais"

RETORNAR, TRAÇOS DE MEMÓRIA

PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS | SÁBADO, 30 JANEIRO, 17H

«O meu corpo foi uma guerra, era uma guerra, comprou todas as guerras. O meu corpo lutava contra si, corpo-a-corpo, mas o do meu pai era grande, pacífico. O corpo do meu pai era dele e valia a pena. O seu corpo era o do outro que estava em mim, mas sem guerra. Redondo, macio, arranhado, o corpo do meu pai dava-se ao riso, às cócegas, ao meu corpo.»

Isabela Figueiredo, Caderno de Memórias Coloniais 

Retornar, traços de memórias @José FradeRetornar, traços de memórias @José Frade

Beatriz Batarda e Isabela Figueiredo fazem leitura encenada de Caderno de Memórias Coloniais, sábado, dia 30, às 17 horas, no Padrão dos Descobrimentos. 

No âmbito do projecto expositivo Retornar – Traços de Memória, inaugurado em Novembro pela EGEAC, a actriz e encenadora Beatriz Batarda faz uma leitura encenada completa da obra Caderno de Memórias Coloniais, de Isabela Figueiredo. A jornalista e escritora Isabela Figueiredo intervém na leitura com uma performance que inclui objectos de memória e do passado que o seu corpo e as suas mãos hoje transportam e que o seu pai transportou.

Beatriz Batarda Beatriz Batarda Ao longo de mais de três horas, o público é convidado a entrar no cenário das antigas colónias portuguesas, em Maputo, através das palavras, por vezes bruscas, de uma adolescente que viveu o período conturbado do fim do Império colonial português, ao lado do pai, personificação do colonialismo. 
Este é também um espectáculo sobre a relação humana com os jogos de memória, seja fotográfica, sensorial, ficcionada com o passar do tempo ou a «memória real» perpetuada pelos objectos cuja verdade também se renova quando retirados do seu contexto «original».

A publicação, em 2009, desta autobiografia de Isabela Figueiredo é considerada um dos momentos literários mais importantes em Portugal, já que trouxe a público a experiência do «retorno», tema tabu até então.   

Uma vez que esta obra nos fala de liberdade, intolerância, memória, redenção, a entrada e saída da sala é permitida durante a leitura, deixando espaço para o público sair para reflectir, descansar, e decidir regressar ou ir embora.

A entrada é gratuita, mas está sujeita a reserva prévia para info@padraodosdescobrimentos.pt ou 213 031 950.

 

Duração prevista de 3h20 com permissão para entrada e saída da sala.

Ler crítica ao livro da Margarida Calafate Ribeiro. 

 

29.01.2016 | par martalanca | Beatriz Batarda, Caderno de Memórias Coloniais, Isabela Figueiredo, Retornar