DEBATE As vozes da afrodiáspora em Lisboa

Com Aida Gomes, Kitty Furtado, Noemi Alfieri, Rui Cidra, Telma Tvon 

Curadoria e moderação Marta Lança 

11 de novembro 17h - Biblioteca Nacional

Na esfera pública, nas instituições educativas e culturais, na produção de discursos ou na criação de formas artísticas, impõe-se uma maior representatividade de pessoas negras. O imaginário político em tempos pós-coloniais, com as suas inevitáveis tensões, é simultaneamente causa e consequência da voz de novos grupos e de artistas, envolvidos em processos atravessados por várias estratégias. Uma delas assume a forma declarada de um debate, crítico e reflexivo, acerca da produção afro-diaspórica, nas áreas da literatura, cinema e música. 

O campo artístico português será, hoje, um espaço mais diversificado em termos de representação e de produção? Na inscrição de vozes negras, que identidades se vêm reconfigurando e que convenções e cânones vão sendo agitados? O que contam essas narrativas da afro-diáspora sobre momentos cruzados da história portuguesa, angolana e cabo-verdiana? O que pensam da exclusão e ocupação da cidade essas mesmas vozes? A que contextos de migrações acedemos nas diversas linguagens e gerações? Quais as dificuldades e potência das mulheres negras no meio artístico português? De que modo a existência de um racismo estrutural afecta o sector da arte e será que estão ao nosso alcance as ferramentas para o combater? 

A Biblioteca Nacional de Portugal, em articulação com o trabalho desenvolvido pela plataforma BUALA, pretende contribuir para esse debate entre agentes culturais e investigadores, numa perspetiva interdisciplinar.

 

24.10.2024 | par martalanca | afrodiáspora, Kitty Furtado, Noemi Alfieri, Rui Cidra, telma tvon

GERMINAR com Ariana Furtado, Colectivo FACA, Kitty Furtado

22 maio quarta 18h30 Teatro do Bairro Alto - programa de Melissa Rodrigues

Num ciclo dedicado a semear futuros coletivos, refletimos sobre educação e as suas ramificações e intersecções com a arte, a decolonialidade e a contra-colonialidade, a imaginação e a transgressão como prática de liberdade, como nos ensinou bell hooks.  

Inspiramo-nos nas palavras-sementes de Amílcar Cabral, Lilica Boal, Frantz Fanon, Paulo Freire, Lélia González, entre tantas outras, para fazer da educação a primeira e principal arma de mudança.

Antes da conversa será projetado o filme Skola di Tarafe/Mangrove School de Filipa César e Sónia Vaz Borges.

Skola di Tarafe/Mangrove School  

Video & 16mm transferido para vídeo, 2K, som, cor, 35’, 2022

 Numa viagem recente à Guiné-Bissau, fomos pesquisar sobre as condições dos alunos nas escolas de guerrilha situadas nos mangais. Em vez disso, rapidamente nos tornámos nós próprias as alunas e a primeira lição foi como andar. Se andares erguida, colocando primeiro os calcanhares no chão, logo escorregas nos ouriques e cais no arrozal inundado ou ficas presa na lama do mangal. Então, tens que baixar o corpo, dobrar os joelhos e espetar os dedos dos pés verticalmente na lama, estender os braços para a frente e avançar num movimento consciente e presente. Na escola do mangue, a aprendizagem acontece com o corpo todo.

Este trabalho parte de uma pesquisa profunda sobre o sistema militante educativo desenvolvido pelo Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) durante o processo de libertação, os onze anos de luta armada (1963-74) contra a ocupação colonial portuguesa e o interesse recorrente no imaginário da tarafe – a palavra criola para mangue. O mangue é uma arquitetura natural aérea, onde a memória ainda flutua através das redes das raízes e o respiro da maré oxigena um conhecimento de resistência numa condição de resistência pelo conhecimento. Aqui entramos num imaginário entrelaçado de várias dimensões convergentes: a epistemologia do rizoma, conceitos de educação militante e política, os ensinamentos de habitantes da comunidade Malafo, arquivos nómadas e noções agronómicas/botânicas de engenharia de mangais.

Sónia Vaz Borges & Filipa César 

*

ARIANA FURTADO nasceu em Cabo-Verde, cresceu em Portugal, é professora do 1.º Ciclo e coordenadora da Escola Básica do Castelo em Lisboa, Agrupamento de Escolas Gil Vicente. É coautora dos projetos premiados Com a mala na mão contra a discriminação e Ge(ne)rando polémica…ou antes pelo contrário. Traduziu ainda os livros para a infância: O Senhor da Dança e O Grão de Milho Mágico de Véronique Tadjo, O Colar Mágico e O Camaleão que se achava feio de Souleymane Mbodj.

KITTY FURTADO é crítica cultural empenhada na diluição de fronteiras entre academia e esfera pública. Doutora em Estudos Culturais, tem sido curadora de mostras de cinema (pós-)colonial e promovido a discussão pública em torno da Memória Cultural, do Racismo e das Reparações.

 O COLECTIVO FACA é um projeto de cidadania ativa, que questiona as narrativas da cultura visual, formado em 2019 por Andreia Coutinho e Maribel Mendes Sobreira. Trazem discussões para o debate cultural português acerca das temáticas do feminismo, colonialismo, racismo, LGBTQI+ e não-normatividade em geral em espaços museológicos. Não apagando a História, cruzam as diversas narrativas, puxando as margens para o centro do debate.

16.05.2024 | par martalanca | ariana furtado, colectivo FACA, filipa césar, Kitty Furtado, Sónia Vaz Borges