Manthia Diawara
A Letter from Yene
Institut français du Royaume-Uni, Londres
21.07, 19h00
A estreia internacional de “A Letter from Yene” (2022), vídeo-ensaio da autoria de Manthia Diawara, acontece no Institut français du Royaume-Uni (Londres). Com produção de Maumaus/Lumiar Cité, o vídeo-ensaio resulta de uma comissão de Serpentine, MUBI e PCAI Polygreen Culture & Art Initiative, no âmbito do programa interdisciplinar Back to Earth da Serpentine, e conta com cofinanciamento de Direção-Geral das Artes/Ministério da Cultura e apoio de Heinrich-Böll-Stiftung, Dakar.
À apresentação do vídeo-ensaio segue-se uma conversa entre o artista e Hans Ulrich Obrist, diretor artístico da Serpentine.
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“A Letter from Yene” acontece a partir de conversas com a comunidade que habita a cidade de Yene, na costa do Senegal, onde o artista vive parte do ano. A área era ocupada por pescadores e agricultores mas, nas últimas décadas, tem sido sujeita à erosão costeira e à urbanização descontrolada. O peixe tornou-se escasso e, como as pirogas, barcos tradicionais de pesca, não se podem deslocar até ao alto mar, os seus proprietários procuraram novas ocupações. A pesca moderna requer barcos motorizados e grandes redes feitas de fio não-biodegradável que se tornam letais quando se emaranham com os corais púrpura e os detritos humanos, acabando por dar à costa como criaturas tecidas pelo mar. As mulheres que costumavam tratar do peixe fumado e preservá-lo como parte de um modo de vida sustentável, agora vendem seixos aos proprietários das casas recém-construídas. A areia, o granito, as conchas e os seixos que os proprietários compram para construir, decorar e proteger as suas casas contra os ventos e o sal do mar contribuem, ironicamente, para a degradação das camadas inferiores do oceano e intensificam a erosão costeira.
O vídeo-ensaio desenvolve-se como se fosse uma carta escrita pelo artista ao espectador. O artista não é apenas o contador de histórias, mas também o proprietário de uma das casas ao longo da praia. A sequência de encontros entre os pescadores, as mulheres que apanham seixos e o artista explora a forma como as suas vidas entrecruzadas contribuem, coletiva e inconscientemente, para o enfraquecimento do ambiente que partilham.
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Manthia Diawara (Mali) vive e trabalha entre Abu Dhabi, Nova Iorque e Dakar. É Professor de Literatura Comparada na NYU Abu Dhabi. Entre os seus trabalhos em suporte filme ou vídeo, destacam-se: “Uma Ópera do Mundo” (2017); “Negritude, um Diálogo entre Soyinka e Senghor” (2015) “Édouard Glissant: Um Mundo Em Relação” (2009), “Maison Tropicale” (2008), “Rouch in Reverse” (1995) e, em conjunto com Ngugi wa Thiong’o, “Sembene Ousmane: The Making of the African Cinema” (1994). Entre as suas publicações, destacamse: “Cinema Africano - Novas Formas Estéticas e Políticas” (com Lydie Diakhaté, 2011), “Não Arredamos Pé” (2008/”We Won’t Budge: An African Exile in the World”, 2003), “BlackAmerican Cinema: Aesthetics and Spectatorship” (1993), “African Cinema: Politics and Culture” (1992) e “In Search of Africa” (1998). Os seus ensaios sobre a cultura das diásporas africanas foram publicados no The New York Times Magazine, LA Times, Libération, Mediapart, Artforum, entre outros.
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