John Akomfrah: Purple
O Museu Coleção Berardo apresenta uma nova exposição do artista e realizador britânico John Akomfrah. Purple, o seu projeto mais ambicioso até à data, é uma imersiva instalação de vídeo em seis canais que mapeia as progressivas alterações climáticas em todo o planeta e os seus efeitos nas comunidades, na biodiversidade e na vida selvagem. Enquanto seguimento de Vertigo Sea (2015), obra de Akomfrah em destaque na 56.a Bienal de Veneza, Purple forma o segundo capítulo de uma tetralogia cinematográfica sobre a estética e a política da matéria. Sinfónico na sua escala, dividido em seis movimentos interligados, Akomfrah combina centenas de horas de filmes de arquivo com filmagens recentes e um som hipnótico para produzir a instalação de vídeo.
Encenado numa variedade de paisagens ecológicas em perigo, desde o interior do Alasca à gelada e desolada Gronelândia ou às vulcânicas Ilhas Marselhas no Pacífico Sul, cada local incita o observador a meditar na complexa relação entre os seres humanos e o planeta. Numa altura em que, segundo as Nações Unidas, as emissões de gases de efeito de estufa decorrentes da atividade humana se encontram em máximos históricos e as populações experienciam o significativo impacto das alterações climáticas — incluindo a alteração dos padrões meteorológicos, a subida do nível do mar e eventos meteorológicos mais extremos —, Purple introduz uma multitude de ideias numa conversa que inclui a extinção de mamíferos, a memória do gelo, o plástico no oceano e o aquecimento global.
Os filmes de Akomfrah caracterizam-se pela riqueza do estilo visual, construído em diversas camadas, que combina frequentemente a política contemporânea com a história ou a ficção com a mitologia. Aqueles são tipificados pelas suas investigações em tópicos como a memória, a identidade, o pós-colonialismo, explorando também muitas vezes a experiência da diáspora africana na Europa e nos Estados Unidos. O seu primeiro filme, Handsworth Songs (1986), foca-se nos motins de Birmingham e Londres, através de filmagens de arquivo, fotografias documentais e noticiários. Do trabalho mais recente de Akomfrah, fazem parte Tropikos (2016) — instalação em três ecrãs em referência ao trabalho de Stanley Kubrick e de Theo Angelopolous —, Auto da Fé (2016) — filme de época que apresenta uma série de oito migrações históricas ao longo dos últimos 400 anos — e Airport (2016) — explorando a deslocação atlântica de milhões de africanos até à Grã-Bretanha num filme de época experimental passado no século XVI. Como um péan ao mar, a instalação de vídeo em três canais Vertigo Sea (2015) explora uma variedade de histórias, dos baleeiros e das migrações internacionais até ao comércio transatlântico e ao início da globalização.
Nascido em 1957 em Acra, no Gana, Akomfrah vive e trabalha em Londres. Membro fundador do influente Black Audio Film Collective (1982–1998), a sua obra é apresentada em museus e exposições por todo o mundo, incluindo a Bienal de Liverpool; a Documenta 11, Kassel; o Centro Pompidou, Paris; a Galeria Serpentine, Londres; o Tate Britain, Londres; o Centro Southbank, Londres; o Bildmuseet Umeå, Suécia; o Museu de Arte Eli e Edythe Broad, Michigan; e o Museu de Arte Moderna (MoMA), Nova Iorque. Uma grandiosa retrospetiva da obra galerística de Akomfrah com o Black Audio Film Collective inaugurou na FACT, Liverpool, e na Arnolfini, Bristol, em 2007. Os seus filmes figuraram em festivais internacionais como Cannes, Toronto e Sundance, entre outros. No início de 2017, John Akomfrah ganhou o mais importante prémio britânico para a arte contemporânea internacional, Artes Mundi 7.
de 8 de novembro de 2018 a 10 de março de 2019
Projeto comissionado pelo Barbican, Londres, e co-comissionado por: Bildmuseet Umeå, Suécia; TBA21-Academy; Instituto de Arte Contemporânea de Boston; Museu Coleção Berardo, Lisboa; e Museu GARAGE, Moscovo.