Memórias em Tempo de Amnésia II, de Álvaro Vasconcelos
Neste segundo volume de Memórias em Tempo de Amnésia, acompanhamos o percurso de Álvaro Vasconcelos da África colonial para a Europa, num reencontro com Portugal lá fora, em Bruxelas e Paris.Relata o encontro com exilados políticos e da guerra e com os emigrantes, que se iam integrando na vida democrática, mesmo que a ditadura procurasse afastá‐los da luta pela liberdade, ampliando a narrativa lusotropicalista e transformando a saudade em mito identitário nacional.É uma crónica dos longos anos 60 que terminaram, como este livro, com o 25 de Abril e o Primeiro de Maio de 1974. Um retrato da revolução cultural dos anos 60, que teve o seu epicentro em Maio de 68, em Paris, que desconstruiu a sociedade patriarcal e ampliou os direitos humanos, afirmando o feminismo e tornando o racismo e o machismo ilegítimos. O livro é a afirmação do dever de memória sobre a brutalidade e a miséria do Portugal da ditadura, lembtando os que se revoltaram em nome da liberdade, na multiplicidade de vozes de militantes políticos, artistas, ativistas associativos, num tempo em que a Europa democrática, que tirara as lições da Segunda Guerra Mundial, era terra de asilo e de solidariedade antifascista.Aqui ouvimos vozes dessa geração, como, entre outras, a de Maria Teresa Horta, Sérgio Godinho, Hélder Costa, Helena Cabeçadas, Ana Benavente, Teresa de Sousa, Irene Pimentel, Mário Mesquita, Pedro Bacelar de Vasconcelos, João Escórcio, João Bernardo Honwana, Miguel Dias Vaz. Em conversa com Álvaro Vasconcelos, relatam as aspirações e os ideais que permitiram a conquista da liberdade e o fim do colonialismo. O livro integra também a memória dos processos que permitiram que utopias libertadoras se empedernissem em totalitarismos mortíferos, que o niilismo triunfasse, ao mesmo tempo que surgiam os primeiros sintomas da contrarrevolução conservadora – que ganhou ainda mais força neste século, com o ressurgimento da extrema-direita.