Entraram vivos, saíram mortos: centenas exigem justiça para Daniel, Danijoy e Miguel
Centenas de pessoas manifestaram-se este sábado para exigir respostas sobre a morte de Daniel, Danijoy e Miguel, e para denunciar os permanentes atropelos aos direitos humanos nas prisões.
O início da manifestação “Entraram vivos, saíram mortos(link is external)” estava agendado para as 16 horas no Rossio, em Lisboa. Ao som de palavras de ordem como “Basta de hipocrisia, na prisão morre gente todo o dia”, “Não estamos todos, faltam os presos” ou “Abaixo os muros, de todas as prisões”, a manifestação prosseguiu pela Avenida da Liberdade, terminando em frente ao Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL).
Foi aqui que, no dia 15 de setembro de 2021, morreram Daniel Rodrigues e Danijoy Pontes. Um ano depois, perante a ausência de respostas concretas sobre a causa de morte dos dois jovens, largas centenas de pessoas mobilizaram-se e deixaram claro que continuarão a manifestar-se até que haja justiça.
Mas não foram só os nomes de Daniel e Danijoy que se fizeram ouvir pelas ruas de Lisboa. Miguel Cesteiro, encontrado morto no Estabelecimento Prisional de Alcoentre, a 10 de janeiro de 2022, também esteve “presente”. Aliás, como todas as “vítimas do sistema prisional”.
O protesto contou com a presença da mãe de um outro jovem que esteve recentemente detido no Estabelecimento Prisional de Lisboa, e que terá sido sujeito a forte medicação. Pede respostas sobre as razões que levaram os serviços a medicá-lo e informações sobre o que lhe foi prescrito. Mas não as obtém.
Em declarações aos Esquerda.net, o dirigente do SOS Racismo José Falcão afirmou que a violência policial dentro das prisões é “particularmente grave”, devido à situação de total fragilidade dos presos. O ativista foi claro ao afirmar que existe racismo dentro dos estabelecimentos prisionais e que os relatórios internacionais que têm vindo a ser divulgado só “vêm confirmar as denúncias que o SOS Racismo tem recebido, e reportado, há vários anos”.
Já Danilo Moreira foi taxativo ao afirmar que o “Estado não pode ser conivente perante atropelos aos direitos humanos nas prisões”. E é por isso mesmo que “vamos continuar a lutar ao lado das famílias e a exigir responsabilidades para que este tipo de situações não se voltem a repetir”, frisou.
Ver aqui a fotogaleria da Manifestação “Entraram vivos, saíram mortos”.
Artigo originalmente publicado por Esquerda.net a 18/09/2022