Angola: homenagem ao 40 aniversário de independência
O FCAT 2015 presta homenagem a Angola, dedicando a secção não competitiva “Relatos do passado: Angola e África do Sul”
A independência de Angola estará presente na 12ª edição do Festival de Cinema Africano de Córdova (FCAT), que decorrerá de 21 a 28 de março em diferentes espaços dessa cidade da Andaluzia, Espanha. Trata-se do único evento cinematográfico do mundo hispânico especializado em cinema africano. No final de 2015, Angola comemora o 40 aniversário da independência de Portugal. Esta homenagem vai se concretizar com uma secção especial dedicada a Angola: “Relatos do passado: Angola e África do Sul”. A mostra realizará um percurso cinematográfico pela história desses dois países, prestando especial atenção a Angola e às consequências da Guerra Civil.
A situação política angolana será a temática principal da maioria dos filmes apresentados nesta secção. A primeira de todas, Sambizaga, da francesa (de origem de Guadalupe) Sarah Maldoror, faz referência a um bairro operário de Luanda onde se encontrava a prisão portuguesa onde foram encerrados numerosos militantes angolanos. O filme acompanha a vida de Maria, a esposa do líder revolucionário Domingos Xavier que vai de prisão em prisão em busca do marido, detido pelos oficiais portugueses. Maldoror é conhecida pelo cinema militante e pelas obras realizadas em África.
Também será exibido o filme Por aqui tudo bem da realizadora angolana Pocas Pascoal, que fará parte do júri do festival. Esta obra reflete a integração na vida lisboeta de duas irmãs que fogem da Guerra. A longa-metragem tem sido reconhecida em festivais de relevo tais como o FESPACO 2013 (Prémio da União Europeia) ou o Festival de Cinema de Los Angeles, onde recebeu o prémio de melhor filme em 2012.
A franco-egipciana Jihan El Tahri oferece uma perspetiva diferente da história mais recente de Angola através do filme Cuba, uma odisseia africana, que salienta o papel de Cuba durante as guerras de libertação africanas e, mais concretamente, o envolvimento desse país na Guerra Civil de Angola. A obra foi premiada no FESPACO de 2007, assim como no Sunny Side of the Docs de Marselha em 2006 e no Festival Vues d’Afrique de Montreal em 2007.
O quarto filme que será apresentado durante o FCAT será Angola: Saudades de quem te ama de Richard Pakleppa, que mostra as contradições e as desigualdades sociais do país após 27 anos de guerra. Esta visão caleidoscópica da sociedade angolana tem recebido várias premiações internacionais, nomeadamente no Festival dos 3 Continentes de Nantes, no Dakfest de Munich e no Festival de Cinema de Dublim em 2006.
Além disso, duas das realizadoras desta mostra, Pocas Pascoal e Jihan El Tahri, participarão do III Fórum de Formação ACERCA “A árvore das palavras”, um espaço formativa e de divulgação que contribuirá para a promoção do diálogo intercultural desde os meios de comunicação social, a fim de ultrapassar os habituais discursos simplistas, reducionistas e paternalistas sobre os assuntos africanos, e em que jornalistas, críticos, estudantes, professores e cidadãos poderão pôr em comum as suas opiniões. Também o farão nos “Aperitivos de Cinema”, encontros informais entre cineastas convidados, cinéfilos e jornalistas, que contarão com a presença como moderador do célebre crítico de cinema espanhol Javier H. Estrada, graças à colaboração especial entre o FCAT e a revista de crítica cinematográfica Caimán (www.caimanediciones.es).
FCAT Córdova 2015
De 21 a 28 de março, a 12ª edição do Festival de Cinema Africano de Córdova terá uma programação com duas secções competitivas (“Hipermetropia” e “Em Breve”) e quatro secções paralelas (“Afroscope”, “Relatos do pasado: Angola e África do Sul”, “Homenagem a Emil Abossolo-Mbo” e “Diáspora africana”).
Para além da programação fílmica, várias atividades paralelas terão lugar durante o festival, entre as quais destacam os Aperitivos de Cinema, encontros informais entre cineastas, cinéfilos e jornalistas, Espaço Escola, vertente pedagógica do FCAT, Aldeia Africana, um espaço de workshops para o público infantil e o fórum “A árvore das palavras”, concentrado na crítica cinematográfica.
Por último, celebrar-se-á o encontro Literatura e Imigração e a exposição “São os meus direitos. A Declaração Universal de Direitos Humanos através do olhar de trinta fotógrafos”.