“Kabeça” no Alkantara Festival 2023

Kabeça ©Bee BarrosKabeça ©Bee BarrosAs atrizes Aoaní Salvaterra e Joyce Souza estreiam no dia 19 de novembro às 17h30, a vídeo- performance “Kabeça”. Resultado da residência artística realizada no programa Kilombo, com a curadoria das Aurora Negra para o Alkantara Festival 2023, o trabalho que será apresentado na sala Mário Viegas, no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.

Em yoruba Orí significa cabeça. Mais do que uma parte fisiologicamente estruturada, o Orí é um orixá, um deus, uma divindade pessoal e intransferível. É Orí que irá acompanhar o indivíduo antes de seu nascimento até depois de sua morte. Orí foi uma escolha feita por cada um antes de nascer, e uma escolha que continuamente se faz, ou não.

No ocidente ensinam-nos que a cabeça é uma parte do corpo. Uma parte que abriga o cérebro, que tem uma estrutura composta de ossos, músculos e terminações nervosas. Uma parte que abriga o sistema nervoso. A noção de parte, de desmembramento proposta por lógicas coloniais espelham-se no corpo - cidade. O lapso enquanto instituição, a memória estrategicamente fragmentada, o violento soterramento é o palco desse cistema brancae - Lisboa.

É de terra que Orí é feito. Bater a cabeça na terra, no chão, é (em tradições de matriz africana, ressignificadas na diáspora) o gesto, a ação, de máximo respeito e reverência. O ato primeiro antes da gira, da festa, do movimento, do revide.
Nesta vídeo-performance batemos cabeça para quem veio antes, pedimos licença. Colocamos o nosso Orí e coração sobre as histórias soterradas, como uma cerimónia aos que perderam a cabeça. Interrompemos a lógica do que eles chamam “tempo”, conectamos. Procuramos perturbar o esquecimento como aqueles que não baixaram a cabeça. Reverenciamos quem aqui resistiu e resiste, no desejo de uma libertação súbita de energia que provoque movimentos nessa superfície.

Kabeça ©Indira MatetaKabeça ©Indira Mateta

A vídeo-performance consiste na ação de “bater a cabeça” em dez lugares de resistência negra na cidade de Lisboa, como forma de evocar a memória apagada pela cidade, suprimida pelo sistema, sufocada pelo colonialismo. Com criação e performance de Aoaní Salvaterra e Joyce Souza, o projecto tem direção de Fotografia de Huba Artes, Indira Mateta e Pedro Henrique Sousa, apoio à dramaturgia de Monalisa Silva, música de Xullaji, som de Sara Marita, iluminação de Ariene Godoy, Edição de Victor dos Santos e produção da Ngleva Produções.

As criadoras entendem a vídeo-performance “Kabeça” como um prólogo do projeto “Kabeça Orí”, que foi recentemente aprovado na 4.a edição das Bolsas de Criação na área das Artes Performativas Contemporâneas promovido pelo O Espaço do Tempo, com o apoio do Banco BPI e da Fundação “la Caixa”. O espetáculo terá estreia absoluta n’O Espaço do Tempo, em novembro de 2024, no âmbito do Festival ETFEST.

Aoaní Salvaterra

Nascida em Lobata, São Tomé e Príncipe, é licenciada em Comunicação Social (FANOR) e mestre em Artes Performativas (Escola Superior de Teatro e Cinema). Em 2012 lançou em Luanda, pela editora Chá de Caxinde, a coletânea de crónicas intitulada “Miopia Crónica”. Foi oradora no primeiro evento TEDx de São Tomé e Príncipe. Desde 2017 tem trabalhado como atriz e performer em teatro, cinema e audiovisuais, com trabalho exibidos nos Estados Unidos, Portugal, Alemanha, Itália e China.

Joyce Souza

Natural do Guarujá - SP, Brasil, é mestre em artes performativas (Escola Superior de Teatro e Cinema). Licenciada em educação artística (FPA) e teatro (EAD-Universidade de São Paulo). Artista e pesquisadora transdisciplinar atua entre Brasil e Portugal como atriz, performer, dramaturga e docente. Atualmente integra o elenco do espetáculo “descobri-quê?” da Estrutura e Dori Nigro em co-produção com o Teatro Nacional D. Maria II em digressão na Odisséia Nacional e ministra formações acerca de uma educação anti-racista e decolonial.

03.11.2023 | por martalanca | alkantara festival, Aoaní Salvaterra, Joyce Souza

Alkantara Festival 2022

De 11 a 27 de novembro, o Alkantara Festival convida artistas e públicos para uma programação internacional de dança, teatro, performance e encontros, distribuída pela cidade de Lisboa. Apresentam-se projetos que partem de investigações artísticas, políticas, culturais e sociais para experimentar formatos e possibilidades de diálogo. Alimentam-se espaços de reflexão para que o conhecimento e os sentidos ganhem novas estruturas de referência.

No Teatro São Luiz, quatro projetos convocam os públicos para movimentos e experiências: entre diásporas, exílios e sacrifícios; encontros em torno de processos de desflorestação, monoculturas e estratégias de regeneração; e corpos onde as memórias se reinventam a partir dos gestos.

18 a 20 novembro

Conversas
Refloresta
Plataforma Terra Batida
Coordenação: Rita Natálio

 

19 e 20 novembro

Dança
Sacrifico Enquanto Estou Perdido na Terra Salgada
Hooman Sharifi

 

24 a 26 novembro

Teatro
BOCA FALA TROPA
Gio Lourenço

 

26 e 27 novembro

Dança
NEVER ODD OR EVEͶ
De Filiz Sizanli & Mustafa Kaplan / Sofia Dias & Vítor Roriz

Mais informações aqui.

17.10.2022 | por Alícia Gaspar | Alkantara, alkantara festival, artes, conversas, cultura, dança, lisboa, teatro

Abertura Alkantara Festival 2021 | Alkantara Festival 2021 Opening

O Alkantara Festival 2021 arranca já no próximo sábado, dia 13 de novembro, com espetáculos de Cherish Menzo, Chiara Bersani, Clara Amaral e Faustin Linyekula, para além da festa de abertura MEIOFIO. Convidamos todas as pessoas a juntar-se a nós de 13 a 28 de novembro, para uma programação que se espalha por vários palcos.

The 2021 Alkantara Festival starts this Saturday, 13 November, with shows by Cherish Menzo, Chiara Bersani, Clara Amaral and Faustin Linyekula, and MEIOFIO, the festival opening party. We invite everyone to join us from 13 to 28 November, and enjoy a programme at theatres around the city.

@ AGATHE POUPENEY@ AGATHE POUPENEY

FAUSTIN LINYEKULA
Historia(s) do Teatro II

CULTURGEST
13 NOV
21H
14 NOV
19H

Comprar bilhetes/Buy tickets

@ THE BOOK PHOTOGRAPHER@ THE BOOK PHOTOGRAPHER

CLARA AMARAL
She gave it to me I got it from her

BIBLIOTECA PALÁCIO GALVEIAS 
13—14 NOV
15H, 16H30, 18H30, 20H
16—17 NOV
17H, 18H30, 20H30, 22H

SESSÕES COM LGP: 13.11 SÁB 18H30 | 16.11 TER 20H30

Comprar bilhetes/Buy tickets

Mais cedo, no mesmo dia, Clara Amaral apresenta o seu She gave it to me I got it from her, um livro que é uma coreografia, sobre três gerações de mulheres na sua família e o que transmitem entre elas. 

Earlier, on the same day, Clara Amaral performs She gave it to me I got it from her, a piece where she presents a book that is a choreography about three generations of women in her family, and what they pass on to each other.

© BAS DE BROUWE© BAS DE BROUWE

CHERISH MENZO
Jezebel

CCB - BLACK BOX
13—15 NOV
19h

Últimos bilhetes / Last tickets

Conversa pós-espetáculo
15 novembro, com Cherish Menzo e Chong Kwong, mediada por Carla Fernandes

No Centro Cultural de Belém, recebemos a Jezebel de Cherish Menzo, uma mulher que se assume como protagonista de um universo musical controlado por homens, o hip hop, para desconstruir estereótipos. Jezebel desacelera a batida do hip hop, apropria-se das suas imagens e das suas letras, para se redefinir.

Post show talks
15 November, talk with Cherish Menzo and Chong Kwong, moderated by Carla Fernandes

At Centro cultural de Belém, we will welcome Cherish Menzo’s Jezebel, a ‘hip hop honey’ who deconstructs the stereotypes in 90s music videos. She navigates the landscape of hip hop culture, looking for ways to reclaim her own image, beyond those stereotypes. 

@ ALICE BRAZZITI@ ALICE BRAZZITI

CHIARA BERSANI
Gentle Unicorn

TNDMII - SALA ESTÚDIO
13,15,16 NOV
19H
14 NOV
16H30

Últimos bilhetes / Last tickets

No Teatro Nacional D. Maria II, podemos observar o Gentle Unicorn de Chiara Bersani que, sozinha em cena, dá corpo a um unicórnio. Lentamente, Bersani permite-nos observar os seus gestos, a sua delicadeza e rever o que achamos que sabemos sobre ela.

At Teatro Nacional D. Maria II, we will have the chance to observe Chiara Bersani’s Gentle Unicorn. In this solo, Bersani dedicates her body to the figure of the unicorn. Slowly, she allows us to observe her gentle gestures and reconsider what we think we know about her.

   

FESTA DE ABERTURA
MEIOFIO

ESTÚDIO TIME OUT
13 NOV
21H -02H 
Entrada Livre

13.11.2021 | por Alícia Gaspar | abertura do festival, alkantara festival, cherish menzo, chiara Bersani, Clara amaral, faustin linyekula, festa de abertura MEIOFIO

Alkantara Festival | Tarantode no Espaço Urbano Desmemoriado

@ © Irineu Destourelles - Sobre o original chafariz D’el Rey, C. 1570-80, Anónimo, Coleção Berardo@ © Irineu Destourelles - Sobre o original chafariz D’el Rey, C. 1570-80, Anónimo, Coleção Berardo

20.11 2021, sábado, 19h30
TERRA BATIDA
Vídeo Performance - 180 Min Conversa Performance - 60 Min

Nesta vídeo-performance transmitida em direto via Internet, o artista visual Irineu Destourelles reflete sobre a ausência ideológica e histórica dos corpos negros na cidade de Lisboa, contraposta à exacerbação da vídeo-vigilância e da punição.

À vídeo-performance, segue-se uma conversa performance, intitulada “Leituras dos desassossegos de Tarantode: performance”, entre Irineu Destourelles e Gio Lourenço, do Teatro Griot, sobre desmemorização, violência, vigilância, e ‘animalização’ do corpo negro.

Dizem que Tarantode é a feia alma penada de João de Sá Panasco que anda pela nossa cidade sem segredo. Outrora, por desígnio real, nobre cavaleiro ao serviço da Ordem de Santiago. O “Preto da casa do Rei” com língua sanguinária e desdenhado pela corte. Morreu infeliz e só. Seguido à distância, Irineu Destoureles na pele de Tarantode, meio-pessoa, meio-animal, percorre Lisboa à procura de borboletas. Uma vídeo-performance transmitida em directo via internet.

— Irineu Destourelles

Nota biográfica

Irineu Destourelles é um artista visual cuja prática artística é sublinhada por um tratamento especulativo do impacto da violência discursiva sobre a personalidade. Trabalhando predominantemente com a imagem em movimento e com particular atenção ao conceitos que constroem categorias sociais ele propõem estados de ser problemáticos. Os seus trabalhos tem sido apresentados no Museu Calouste Gulbenkian (Lisbon, 2019), MAMA Showroom (Rotterdam, 2019), Goodman Gallery (Cidade do Cabo, 2019), Transmission (Glasgow, 2017), Transmediale (Berlim, 2015), Videobrasil 18 (São Paulo, 2013) entre outros. Estudou Belas artes na Willem de Kooning Academy (Roterdão) e Central Saint Martins (London). Nascido em Santo Antão, Cabo Verde em 1974 e vive em Edimburgo, Reino Unido.

Mais informação aqui.

Bilhetes aqui.

12.11.2021 | por Alícia Gaspar | alkantara festival, cultura, Irineu destourelles, negritude, tarantode no espaço urbano desmemoriado, vídeo performance

Alkantara Festival arranca no sábado com quatro espetáculos no mesmo dia

Os primeiros dias do festival são marcados pelas criações de Cherish Menzo, Chiara Bersani, Clara Amaral e Faustin Linyekula.

Alkantara Festival – Festival Internacional de Artes Performativas, que este ano decorre entre 13 e 28 de novembro, arranca no próximo sábado (13 de novembro) com quatro espetáculos, que serão apresentados em quatro palcos lisboetas, nomeadamente da Culturgest, Centro Cultural de Belém (CCB), Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII) e Teatro do Bairro Alto (TBA). O arranque do festival será assinalado pela festa de abertura Meio Fio, com curadoria de Cigarra, que se realiza no Estúdio Time Out (no Time Out Market), a partir das 21h00.

O primeiro momento do festival está a cargo da artista portuguesa Clara Amaral, que apresenta She gave it to me I got it from her na Biblioteca Palácio Galveias, nos dias 13, 14, 16 e 17 de novembro, uma coprodução do Alkantara com o Teatro do Bairro Alto e a Veem House for Performance (Amesterdão). Clara Amaral tem desenvolvido um trabalho feminista, interseccional e interdisciplinar para explorar o aspeto performativo da leitura e da linguagem. Nos dias 13 e 14 de novembro há sessões às 15h, 16h30, 18h30 e 20h. Na terça e quarta-feira, 16 e 17 de novembro, as sessões decorrem às 17h, 18h30, 20h30 e 22h. No dia 13 de novembro às 18h30 e no dia 16 de novembro às 16h30 as sessões terão interpretação em Língua Gestual Portuguesa.
She gave it to me I got it from her, de Clara Amaral @The Book PhotographerShe gave it to me I got it from her, de Clara Amaral @The Book Photographer
Também com apresentação no primeiro dia do festival, a coreógrafa holandesa Cherish Menzo leva Jezebel ao CCB nos dias 13, 14 e 15 de novembro, às 19h. Aqui, a criadora e intérprete assume-se como protagonista de um universo musical controlado por homens, o hip hop, para desconstruir estereótipos associados ao corpo hipersexualizado da mulher. No dia 15 de novembro, após o espetáculo, haverá, na Black Box do CCB, uma conversa (falada em inglês) com Cherish Menzo e a rapper Chonk Kwong mediada pela tradutora, jornalista e ativista cultural angolana Carla Fernandes.

Jezebel, de Cherish Menzo @Bas De BrouwerJezebel, de Cherish Menzo @Bas De Brouwer

Já no Teatro Nacional D. Maria II, estará Chiara Bersani com Gentle Unicorn  de 13 a 16 de novembro (sábado, segunda e terça-feira, às 19h; domingo às 16h30). A artista italiana reflete sobre o significado político do seu próprio corpo, assumindo-se como agente na criação da imagem que o mundo terá dela. Após a sessão de domingo, dia 14, haverá na Sala Estúdio do TNDMII, uma conversa entre Chiara Bersani e a artista portuguesa Diana Niepce, com moderação de Carla Fernandes. A conversa será em inglês.

Gentle Unicorn, de Chiara Bersani @Alice BrazzitGentle Unicorn, de Chiara Bersani @Alice Brazzit

Ainda no primeiro dia do festival, às 21h00, já na Culturgest, dá-se o espetáculo de abertura oficial do festival, com o bailarino e coreógrafo congolês Faustin Linyekula. Linyekula, que em 2016 foi o artista convidado da Bienal Artista na Cidade, em Lisboa, estreia em Portugal História(s) do Teatro II, peça que revisita a nação congolesa nos anos 70 e a criação do Ballet National du Zaïre com três dos seus membros originais. O espetáculo pode também ser visto no sábado, dia 14 de novembro, às 19h00.

História(s) do Teatro II, de Faustin Linyekula ©Agathe PoupeneyHistória(s) do Teatro II, de Faustin Linyekula ©Agathe Poupeney

Uma festa de abertura repleta de performances

Na noite de sábado, 13 de novembro, o Time Out Market acolhe a festa de abertura da edição deste ano do Alkantara Festival, com curadoria de Cigarra (Ágatha Barbosa) e intitulada Meio Fio. Durante 5 horas, Meio Fio será mais do que uma festa ou pista de dança, assumindo-se como espaço performativo. O programa inclui música, performances, instalações e “degustações sinestésicas” preparadas por Cigarra, Jajá Rolim, Kurup, Jaçira, Eubrite, Muleca XIII, Judas, Paulo Fluxuz_, entre outros artistas. A festa acontece no espaço do Estúdio Time Out, entre as 21h e as 02h. A entrada é livre.

Até ao dia 28 de novembro, a programação do Alkantara Festival vai circular pelas salas dos habituais parceiros do festival, como o Centro Cultural de Belém, a Culturgest, o São Luiz Teatro Municipal, o Teatro do Bairro Alto e o Teatro Nacional D. Maria II, assim como pelo Espaço Alkantara, em Santos, e a Casa da Dança, em Almada.

Os bilhetes para os espetáculos, cujos preços variam entre os 7 e 16 euros, podem ser adquiridos nas bilheteiras, físicas e online, dos teatros parceiros. Há ainda várias atividades de entrada livre, como performances ou ensaios abertos. A programação completa encontra-se disponível no site do Alkantara Festival: https://alkantara.pt

11.11.2021 | por Alícia Gaspar | alkantara festival, arte, cinema, conversas, cultura, espetáculos, teatro

Alkantara Festival apresenta programa para estimular a discussão pública

O Alkantara Festival apresenta o programa da edição de 2020, que de 13 a 29 de novembro traz às salas lisboetas 20 espetáculos e projetos artísticos, nove destes em estreia absoluta, e recebe online o Fórum Cultura.

Dança, teatro, performance, conversas e debates constituem a programação da edição de 2020 do Festival Internacional de Artes Performativas, que em novembro inaugura um ciclo anual e reúne em Lisboa duas dezenas de artistas de várias proveniências disciplinares e culturais.

O Alkantara apresenta-se como espaço de encontro, partilha e discussão pública e, entre edições, as questões, projetos e práticas abordadas no festival serão aprofundadas em residências artísticas, workshops e encontros públicos, programados maioritariamente no Espaço Alkantara. A direção artística do projeto, formada por Carla Nobre Sousa e David Cabecinha, pretende desta forma acompanhar os trabalhos artísticos de forma duradoura e dar continuidade às discussões que esta edição vai permitir partilhar com o público.

Joana Levi, Rasante (Terra Batida)Joana Levi, Rasante (Terra Batida)

No programa do Alkantara Festival 2020 vão estar em destaque projetos que contribuem para reflexões sobre a crise ambiental, que contrariam a invisibilização de identidades marginalizadas ou que investigam sobre a capacidade de construção e reinvenção de sentidos em cena.

Em estreia absoluta serão apresentados os espetáculos: Heading Against the Wall, de Cão Solteiro & André Godinho, que explora a possibilidade de fazer teatro fora do teatro e será apresentado em duas versões, para ver em casa ou ao vivo no TBA no Lux; Still Dance for Nothing (2020), criado pela coreógrafa Eszter Salamon em colaboração com a bailarina Vânia Doutel VazTafukt, que marca o regresso ao Alkantara do coreógrafo de origem marroquina Radouan MrizigaSexta-feira: O fim do mundo… Ou então não, o quinto capítulo do projeto “Sete Anos Sete Peças” da coreógrafa Cláudia DiasGrinding The Wind, um trabalho da artista palestiniana Dina Mimi com comissariado de The Consortium Comissions - uma iniciativa de Mophradat para promover artistas do mundo árabe; e The Anger! The Fury!, que procura uma mistura radical de otimismo alimentado pela raiva de querer mudar o mundo, da coreógrafa e dramaturga Sónia Baptista.

Ao longo do festival, no São Luiz Teatro Municipal, será possível descobrir e acompanhar a rede Terra Batida, proposta por Marta Lança e Rita Natálio, através de um conjunto de atividades com entrada livre. No âmbito desta rede serão apresentadas pesquisas, conversas e debates, com propostas de Ana Rita TeodoroMaria Lúcia Cruz CorreiaSílvia das FadasVera Mantero e, também em estreia absoluta, as performances Superintensiva de Marta LançaRasante de Joana Levi e ssil de Rita Natálio. A rede Terra Batida junta pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono, envolve residências em vários locais do país, o lançamento de publicações e projetos artísticos com apresentação inédita no Alkantara Festival.

Em estreia nacional serão apresentados quatro espetáculos: Farci.e, de Sorour Darabi, artista de origem Iraniana, que encontra na dança uma forma de resistir à violência da língua que obriga a definir e separar o masculino e o feminino; CUTLASS SPRING que traz pela primeira vez a Portugal a coreógrafa canadiana Dana Michel, que prossegue a procura por compreender o mistério em que se tornou a sua identidade sexual; Histoire(s) du Théâtre II, do coreógrafo congolês Faustin Linyekula, que em 2016 foi Artista na Cidade de Lisboa e volta a subir ao grande palco da Culturgest; e L’Homme rare de Nadia Beugré, uma coreógrafa nascida na Costa do Marfim, que cria uma coreografia para cinco homens que parte de movimentos considerados femininos para confundir as nossas perceções de género.

O programa do Alkantara Festival 2020 acolhe ainda a antestreia de Glottis no Centro Cultural de Belém, uma espécie de concerto dançado da coreógrafa Flora Détraz, em que três figuras fantásticas comunicam com o desconhecido. O Teatro Nacional D. Maria II recebe também Coreografia, o mais recente trabalho de João dos Santos Martinsque traduz a procura do coreógrafo para construir uma dança que é um texto e escrever um texto que é uma dança.

Além do programa de espetáculos, no festival realizam-se duas sessões do Fórum Cultura, um espaço para discutir temas chave para o desenvolvimento profissional do meio artístico, organizado em parceira com o Polo Cultural das Gaivotas | Boavista/Loja Lisboa Cultura, no âmbito do programa PISTA. O primeiro encontro acontece no dia 16 de novembro, às 15h, será dedicado à Representatividade Negra nas Artes Performativas: Significados, Limites e Políticas de Ação Afirmativa e conta com a moderação da investigadora Raquel Lima. O segundo encontro realiza-se a 21 de novembro, às 15h, e terá por tema A coprodução nos bons e maus momentos e moderação da gestora cultural Vânia Rodrigues. Estas edições do Fórum Cultura, serão de participação livre, com transmissão online.

A partir do dia 13 de outubro, é possível adquirir o Cartão Alkantara que oferece descontos especiais na aquisição de bilhetes. O valor do cartão é de 10 euros, que revertem na totalidade para o Fundo de Solidariedade com a Cultura. O cartão pode ser adquirido até 12 de novembro em alkantara.bol.pt e utilizado antes e durante o festival para a compra de bilhetes online ou nas bilheteiras dos teatros. Cada cartão permite comprar um bilhete por espetáculo com desconto de 30% no CCB e de 50% na Culturgest, TBA no Lux, São Luiz Teatro Municipal e Teatro Nacional D. Maria II.

O programa detalhado do Alkantara Festival 2020 pode ser consultado em alkantara.pt.

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Informações adicionais sobre o Alkantara Festival e a Associação Alkantara:

O Alkantara Festival apresenta em Lisboa, desde 2006, um programa experimental de dança, teatro, performances, conversas, concertos e outras atividades, contribuindo para a reflexão sobre práticas artísticas e a sua relação com questões das sociedades contemporâneas.

É um importante lugar de encontro para profissionais das artes performativas e promove a internacionalização da comunidade artística portuguesa, através da coprodução e apresentação de artistas de diferentes gerações, nacionais ou que desenvolvem a sua atividade a partir de Portugal.

Até 2018, o Alkantara Festival realizou-se com periodicidade bianual e habitualmente no mês de maio. Em 2020, ano em que se completam 27 anos de história do Danças na Cidade (1993-2004), festival fundado pela bailarina Mónica Lapa (1965-2001) e que antecedeu o Alkantara, o projeto passa a ser anual e a acontecer em novembro. O reforço da regularidade visa potenciar o envolvimento do projeto com artistas, organizações parceiras e públicos, capacitando a sua participação na discussão pública, na produção de conhecimento e no próprio tecido cultural da cidade de Lisboa.

Alkantara é uma associação cultural sem fins lucrativos, com atividade reconhecida de interesse público, centrada na promoção e desenvolvimento de projetos na área das artes performativas.

Organiza o Alkantara Festival, produz o projeto Sete Anos Sete Peças da coreógrafa Cláudia Dias, gere e programa o Espaço Alkantara desde 2007, edifício histórico em Santos, do município de Lisboa, onde a associação também se encontra sediada. No Espaço Alkantara acolhe residências artísticas, projetos e iniciativas de estruturas pares, promove formações para profissionais da cultura, apresenta espetáculos e diversas atividades que sustentam um programa continuado de pesquisa e investigação artísticas.

Dentro ou fora de portas, a Associação Alkantara coproduz e programa em diálogo com uma rede alargada de parceiros, que atuam em contextos nacional e internacional, sustenta práticas artísticas e de governação interdependentes, e institui-se uma organização cultural atenta, ativa e participante nas sociedades.

A Associação Alkantara é financiada pela República Portuguesa/Cultura — Direção Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Lisboa.

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14.10.2020 | por martalanca | alkantara festival, cultura, discussão pública, fórum cultura