um projecto de Pedro Blanc
a presença e detalhe da matéria são extenção da paisagem, humana, fisica e social à excepção de rede mosquiteira e lonas reutilizadas, é construído de coqueiro, madeira e folha e outras ‘palhas’ sob um embasamento de terra batida.
Makuti é nome para folha nas várias linguas do sul de Moçambique, em terra de coqueiro dá o nome à peça feita ao trançar folha daquela palmeira para criar pequenos ‘painéis’ leves. Faz cobertura, revestimento, sombra exterior ou vedação, na abundante construção de matéria local.
O projecto é o de um dos pontos de uma rede de espaços de encontro e de cultura na peninsula de inhambane.
Num tecido de caminhos, árvores, e estradas. Hábitos, oficios, bancas, comércio, casas e gente…É sombra.
Já tradicionalmente o espaço de reunião é à sombra de uma árvore grande, e penso que é isso…
Conseguiu-se aqui pensar numa rede intermédia de espaços no tecido intra-cultural de uma capital de província em Africa, que históricamente é polo inter cultural no Índico. Este espaço que se concretiza no projecto de arquitectura reflecte uma postura do estudo sobre a ‘cidade de cultura’
A ideia e seu projecto vêm do estudo de uma cidade, Inhambane, que compreende uma área rural e natural maior e mais povoada que a parte urbana do municipio. Baseado numa iniciativa vinda da capital, Maputo, o estudo pressupunha a descentralização cultural numa estratégia de potenciar Inhambane como capital de cultura.
Usando da sazonalidade do turismo e proximidade de outros polos maiores na região, estudar quais elementos poderiam, junto com uma produtora, e outros agentes culturais, ajudar a equipar este ‘programa’ de cidade de cultura.
Uma das ferramentas que pretende operar no próprio uso da cidade é o caderno de campo, uma publicação A5 ao baixo reflete também as ideias do projecto, mas principalmente reflexões de cidade e cultura. Isso no inicio, bem como história e cartas geograficas, para mais tarde estender a reflexão ao próprio caderno, o uso, registo, interacção e troca de informação através do mesmo, numa ferramenta urbana de mapas e legenda.
Do processo inicial ao estudo da mobilidade da cidade e dos seus agentes intra culturais, fluxos e lugares de encontro, produziram-se as ferramentas para operar no território. o desenho, mais tarde, é o do ensaio perante um universo culturalmente rico e de recursos simples. a inovação no pormenor é deixar de cortar e vincar na tecelagem, aumenta a resistência e rentabilidade em secções portantes que funcionam excepcionalmente bem à tracção.
O desenho desta estrutura que se apoia ao centro num degrau sobre uma cisterna e na periferia em pilares de madeira, foi revelado e experimentado em vários suportes e a mostra é sobre isso, os protótipos (.2) à escala real, maquetes (.3) em palha, ou cartão, ou pvc entrançado, registos gráficos (.4) e video, paginação e desenho de um caderno (6) de campo da cidade, e o complicado mas gratificante levantamento de imagem aerea (5).
A ideia de exposição começa na realização de uma viga (.1) que no alto permanece direita apoiada em dois pontos na diagonal do espaço. O objecto é um prisma triangular, tecido e atado com matéria orgânica e aparelhado em pré esforço pelo seu interior (de modo a não ter flecha). Esta presença paira sobre a exposição que deve estar presente nos diferentes momentos do projecto, a apreciação da cidade, da rede de espaços, e edifício arquitectónico.