Il Cinema Africano e della Diaspora a Napoli

RAZZISMO, IMMIGRAZIONE E Il POTERE DELL’IMMAGINE - Il Cinema Africano e della Diaspora a Napoli
14/16 Ottobre 2010

07.10.2010 | por martalanca

Domingo na Marginal * Sunday at the Boulevard

Loucura e Frescura na Marginal de Maputo. Domingo é dia de folga e vale tudo. Reportagem  realizada por Nuno Milagre, foi para o ar numa 6ª feira 13, em fevereiro 2009 na TIM, Televisão Independente de Moçambique.

07.10.2010 | por martalanca | domingo, Maputo, marginal

Teaser du documentaire "Kreol" - Mario Lucio

07.10.2010 | por martalanca

Bom Povo Português

dia 10, domingo 17h
cine-matiné 35 anos do PREC no regueirão dos anjos, 69, Lisboa

_Bom Povo Português, Rui Simões 1981 135m

Bom Povo Português é um documentário que descreve a situação social e política de Portugal entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975, «tal como ela foi sentida pela equipa que, ao longo deste processo, foi ao mesmo tempo espectador, actor, participante, mas que, sobretudo, se encontrava totalmente comprometida com o processo revolucionário em curso, o PREC».

07.10.2010 | por martalanca | bom povo português

Mário Lúcio Sousa recebe Prémio Carlos de Oliveira

ilustração de Tiago Lança ilustração de Tiago Lança ilustração de Tiago Lança ilustração de Tiago Lança O escritor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa vai receber no próximo sábado, dia 10, às 21h45, na Biblioteca Municipal de Cantanhede, o Prémio Carlos de Oliveira, atribuído ao livro O Novíssimo Testamento, que acaba de ser editado pelas Publicações Dom Quixote
Esta é a segunda edição do Prémio Carlos de Oliveira, instituído pela Câmara Municipal de Cantanhede, que pretende estimular a criação literária e, simultaneamente, homenagear quem, de algum modo, se distinga no campo da literatura lusófona. A concurso, recorde-se, estiveram 67 obras, mas o júri não hesitou e, no momento da decisão, optou por atribuir o galardão a O Novíssimo Testamento, justificando a escolha do seguinte modo: “Mário Lúcio Sousa retoma, com este livro, as escrituras sagradas, reinventando-as através do recurso a um contrafactual herdado da teologia medieval, colocando a hipótese de Jesus ter sido mulher e explorando as vastas implicações e consequências dessa hipótese.”

ver aqui excerto do Novíssimo Testamento

07.10.2010 | por martalanca | Mário Lúcio Sousa

RDA-69

e o deserto recua… na República dos Anjos, em Lisboa
festa, jantares, crianças, filmes e conversas
começamos a saudar o Buíça e a chamar nomes à república e acabamos no ciclo mad max, onde tentamos descobrir a auto-gestão depois dos escombros
as crianças finalmente okupam o espaço com hortas e compotas
entretanto, o Gaia continua a explorar o armazém para popularizar os seus jantares onde se seguem sempre conversas de organização da acção e já para o fim, a
plataforma gueto, sugere-nos uma festa conversada onde sem justiça não aceita a paz
já amanhã é maratona Hal Hartley

07.10.2010 | por martalanca

Ruy Duarte de Carvalho fala sobre Nelisita

07.10.2010 | por martalanca | Ruy Duarte de Carvalho

Parabéns Vargas Llosa!

Ficamos contentes com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao escritor peruano, hoje conhecida. Depois de vários anos em que o seu nome foi sucessivamente apontado como vencedor do Nobel, a Academia Sueca decidiu, finalmente, premiar a obra de Vargas Llosa, conhecida e admirada em todo o mundo.

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07.10.2010 | por martalanca | Mario Vargas Llosa

A arte na sociedade cokwe e nas comunidades circunvizinhas

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL
A Arte na Sociedade Cokwe e nas Comunidades Circunvizinhas

Luanda, 9 e 10 de Novembro 2010
Hotel Trópico

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07.10.2010 | por martalanca | Cokwe

apresentação do Buala em Sampa

E lá estivemos, no dia 4, a falar um pouco deste projecto BUALA que cresce todos os dias, para alguns amigos e visitantes da Bienal de S.Paulo. Foi muito acolhedor e proveitoso!   

(…) A contemporaneidade africana contraria os olhares paternalistas que têm sido a tendência dominante na produção sobre África. Damos prioridade às novas gerações africanas que, embora tenham apanhado os conflitos e guerras nos seus países, estão menos vinculados a uma mentalidade de recalcamentos e trazem, nas suas cidades, outras vivências e lógicas de pensar e de sonha . Filhos da geração de nacionalistas e independentistas, fazem dessa herança a referência para as suas lutas, com os desafios do presente, que são muitos. Africanos que vivem fora e mantêm uma ligação ao continente reflectindo e posicionando-se de forma interessante. MM, ML e Lígia AfonsoMM, ML e Lígia AfonsoContribuições de não africanos que se propõem a abordar África sem as narrativas gastas do passado. Entre todos o contacto do mundo onde vivem, numa curiosidade genuína e apelativa.
Se os países africanos, em reconstrução e com muitas carências - presas dos oportunismos, desde os governos aos interesses estrangeiros, eternos cúmplices do subdesenvolvimento – não apostarem na cultura e educação, não poderão dar um passo fundamental para um verdadeiro jogo de forças entre iguais. O BUALA pretende contribuir para esse salto qualitativo com as ferramentas possíveis, desde já, criar um espaço de encontro e debate com a acessibilidade de todos. (…)

07.10.2010 | por martalanca | Bienal de S.Paulo, buala

o espectador emancipado, de Jacques Rancière

o espectador emancipado, de Jacques Rancière

06.10.2010 | por martalanca | Jacques Rancière

Zezé Motta, grande actriz brasileira, em A Divina Saudade

Zezé Motta em Temporada Popular no SESC Tijuca - 06 e 07/10 - 20h

06.10.2010 | por martalanca | Brasil, Zezé Motta

Anti-bruxaria do Sul dos Camarões no DocLisboa 2010

«Dia é tudo o que podemos ver e tocar… enquanto que a coisas da noite não se podem observar à simples vista. Só aqueles que sabem conseguem vê-las»

Na edição deste ano do Festival DocLisboa teremos a oportunidade de ver um documentário sobre a vida de um anti-bruxo do Sul dos Camarões. O filme –Dansa als esperits– é um retrato de um personagem extraordinário e um tributo à cultura Evuzok.

Para os Evuzok existem dois tipos de doenças: as «naturais» e as que vêm do mundo na noite, causadas pela bruxaria. Esta é a história de Mba Owona Pierre o ngengang –o «curandeiro». Ele lida com as doenças que vêm do mundo da noite, onde os espíritos vivem e atacam as pessoas. Pierre tem um dom especial e uma responsabilidade para com o seus conterrâneos. As rotinas diárias da aldeia –agricultura, pesca, culinária– representam o mundo do dia, onde a vida decorre pacificamente num ambiente no qual a modernidade começa a despontar. Elas falam-nos dos sentimentos, ações e necessidades básicas que nos unem a todos os humanos. Pierre escreve os seus pensamentos sobre a modernidade, a religião e a medicina, e leva-nos a presenciar o seu ritual de tratamento mais importante: a dança aos espíritos.

Sessões:
Sexta-feira, 15 de Outubro, 2010 · 21 h · Culturgest, Grande Auditório
Domingo, 17 de Outubro 2010· 18 h · Culturgest, Pequeno Auditório

Também haverá um Workshop com o realizador Ricardo Íscar no Sábado dia 16 às 11 h

Aqui pode ver-se um trailer de 3 minutos.

06.10.2010 | por luisestevao | camarões, DocLisboa, documentário

A República revisitada na galeria Diário de Notícias

Exposição comissariada por Pedro Lapa, com os artistas: Ângela Ferreira, João Tabarra, João Fonte Santa, João Pedro Vale, Luciana Fina / Moritz Elbert, Pedro Barateiro, Mafalda Santos, Gabriel Abrantes, Yonamine.

Inaugura 7 Outubro, às 19h na Galeria Diário de Notícias, Lisboa.

06.10.2010 | por franciscabagulho

Maputo-Maputo: um regresso na África Austral, exposição de Gonçalo Antunes

No dia 8 de Outubro, pelas 18:30, vai ser inaugurada a exposição Maputo-Maputo: um regresso na África Austral, da autoria de Gonçalo Antunes, na Sala Arte à Parte, em Coimbra. O catálogo será lançado simultaneamente.

Maputo-Maputo é um projecto artístico que parte de uma viagem realizada pelo antropólogo e artista Gonçalo Antunes, entre Novembro de 2009 e Janeiro de 2010, através de vários países da África Austral e tendo como ponto de partida e de chegada a capital de Moçambique – Maputo.

A exposição consiste na instalação de quinze painéis que contam a história dessa viagem, recorrendo a diversos meios plásticos (colagem, desenho, texto). Os materiais que compõem os painéis resultaram da recolha de fragmentos materiais da viagem (recortes de jornais e revistas, bilhetes, panfletos turísticos, folhetos políticos, fotografia, embalagens, etc.), o que envolve o trabalho numa estética forte em cor e informação.

O catálogo, prefaciado pelo antropólogo e Professor de antropologia da Universidade de Coimbra Fernando Florêncio, encontra-se dividido em quinze capítulos, que correspondem aos quinze painéis. São reproduzidas imagens dos painéis e de vários pormenores, acompanhadas de textos que nos dão a sua visão sobre a história do país ou região e narram as diversas experiências e encontros que preencheram a viagem.

Gonçalo Antunes residiu em Maputo entre 2008 e 2010, onde trabalhou em projectos de apoio a crianças de rua. Licenciou-se em Antropologia pela Universidade de Coimbra (2004) e fez um mestrado em Antropologia do Desenvolvimento no Goldsmith College em Londres (2007). Ao longo da última década tem tido diversas experiências pessoais e profissionais em vários países como Reino Unido, Índia, China, Timor, Brasil e Moçambique.

8 Outubro a 14 Novembro  Sala Arte à Parte (Rua Fernandes Tomás, nº29, Coimbra)

Para mais informações contactar: Gonçalo Antunes (912349464), Ana Rita Amaral (966952131)

05.10.2010 | por franciscabagulho

@ praia maria Palácio da Cultura Ildo Lobo arranca com programação regular a partir do mês de Outubro


Ainda em fase experimental o Palácio da Cultura Ildo Lobo (PCIL) irá apresentar uma oferta de conteúdos regulares a partir do mês de Outubro.

 

A Programação é enriquecida pela re-abertura da escola de música Sinboa com um novo formato e um leque de escolhas variado.

 

É também de salientar o Núcleo de Animação e Tempos livres do PCIL com propostas para crianças e jovens durante o ano lectivo e também actividades pontuais durante o fim de semana para pais&filhos.

Como já foi referido trata-se de uma fase experimental, de auto-conhecimento, e captação de recursos, parceiros, público(s).

 

A nível de infra-estruturas em Outubro as instalações sanitárias irão ser reabilitadas, desde os camarins às casas-de-banho Públicas, fruto de um esforço conjunto entre o MESCC e a Unesco. O serviço de Cafetaria-Bar também abrirá em breve e a livraria terá outra dinâmica.

 

Quanto aos equipamentos é com muita satisfação que recebemos um afinador de pianos, graças ao apoio do Banco Interatlântico. Para além dos pianos da sala das teclas, destinados unica e exclusivamente para o ensino, temos um piano para prática, um piano para pequenas apresentações e outro de apoio para ensino musical, na sala das cordas.

 

Já está aberta exposição permanente com quadros do acervo PCIL, com trabalhos de artistas cabo-verdianos como Tchalé Figueira, Kiki Lima, Nelson Lobo, David Levy Lima, Abrãao Vicente, Mito Elias, Nelson Lobo, Bela Duarte, Manuel Figueira, assim como artistas intenacionais como o Moçambicano Chichorro, entre outros.

 

Estamos em reconstrução, em aprendizagem e abertos ao público. Contamos com a visita, opinião, crítica, sugestão, contribuição de todos aqueles que nos visitem física ou virtualmente.

 

Naturalmente que se trata de um trabalho em rede onde os criadores-artistas têm desempenhado um papel fundamental para que este programa se concretize, a eles um muito Obrigado!

 

Segue então o programa de Outubro:

Sábado 2

Ensino Música - Apresentação da Sinboa - Escola de Música   | 11h - Sala da China

Sexta 8

Exposição Retrospectiva - Mindelact - 16 anos em Cena | Sala da China - todos os dias das 15h às 22h - patente até ao dia 31 de Outubro

Sábado 9

Apresentação Núcleo de Actividades e Tempos Livres PCIL | 16h - PCIL

| Tertúlias sobre a Educação Artística em Cabo Verde | Exposição de Trabalhos de Alunos de EVT | Feira do Livro Infantil | Cinema de Animação | Actividades Paralelas para Pais e Filhos |

Terça 12

Exposição Fotografia -  THE DELICATE SOUNDS, de Joe Wuerfel Sala de Exposições - todos os dias das 15h às 22h - patente até ao dia 31 de Outubro

Quarta e quinta-feira  12 e 13

Workshop Ballet Flamenco com Companhia de Dança DANIMARO

Sexta a Segunda-feira 15 a 18                                                                                                                         

URBANUS - Encontro de Expressões Urbanas Contemporâneas| Vários espaços das 15h às 22h

Segunda-feira 18 Dia Nacional da Cultura

Encerrramento - URBANUS

Entrega Prémio Orlando Pantera

Festa DOC TV CPLP 2010

Semana 25 a 29

SunSet’s - Dj’s e Performes ao Pôr do Sol | Varanda Panorâmica das 18h às 20h30

 

ACTIVIDADES PERMANENTES

·         Sinboa - Formação Musical: Violino, Piano, Violão, Acompanhamento de Músicas Tradicionais Cabo Verdianas, Baixo

Dos 7 aos 99 anos | mais informações: sinboa@gmail.com

·         Núcleo de Animação e Tempos Livres: Grupo de Teatro LubitUs, Musicalização Infantil, Grupo Coral Infantil, Atelier de Artes Plásticas

Dos 7 aos 14 Anos | mais informações: programacaodopalacio@gmail.com

 

Acolhimento:

Sala Incubar-TE| Artes Plásticas - Pintura de Painéis para Igreja de São Miguel - José Maria Barreto

Sala AltaVoltagem| Música - Hip Hop Acolhimento Akasia Roots (preparação para participação no Waga Festival - Burkina Faso)

Sala de Ensaios| Música - Vários Zequinha Magra; Tony di Fogo; Remna Schwartz

SalaXina| Música - Grupo Coral da Uni-CV

 

 

Palácio da Cultura Ildo Lobo

Praça Alexandre Albuquerque

+ 238 261 80 18

programacaodopalacio@gmail.com

 

 

Palácio da Cultura Ildo Lobo

Coordenadora: Samira Pereira

Office Manager: Leonor Rodrigues

Coordenação Pedagógica Sinboa: Zeca Couto

 

Agradecimentos: MESCC, CMP, Fundação Amílcar Cabral, Zero Point -Art Gallery, CCF, CCP, Banco InterAtlântico, Núcleo de Música da UNI-CV, Centro Cultural do Mindelo, Mindelact, Unesco e aos amig@s PCIL

04.10.2010 | por samirapereira

Buala na Folha de São Paulo

Site sobre cultura africana será lançado hoje na Bienal de SP

Buala.org reúne artigos sobre literatura, música e artes visuais

SILAS MARTÍ

De olho na mais nova geração de artistas africanos, um site que será lançado hoje na Bienal de São Paulo tenta mapear a produção cada vez mais forte dessa região.

Batizado de Buala, termo no dialeto quimbundo que significa casa ou aldeia, o novo portal deve cobrir todos os tipos de manifestação cultural na África, de literatura e música às artes, com foco em países de língua portuguesa.

“Existe uma nova geração de artistas que nasceu no pós-independência e começou a criar um discurso próprio”, diz a portuguesa Marta Lança, editora do buala.org. “Estão mais conscientes de seu lugar no mundo, buscando uma nova africanidade.”

Já de pé, em fase de testes desde maio, o site registra por volta de 10 mil acessos por mês e tem cerca de 50 colaboradores espalhados pelo mundo, em especial em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Portugal e Brasil.

Para além da esfera lusófona, também há colaboradores no norte africano, no Senegal e na África do Sul.

“Para nós, interessa a situação atual, aquilo que é produzido hoje nesses países”, diz Lança. “Não é uma África cristalizada no tempo. Interessam as grandes transformações das metrópoles.”

Toda a reformulação urbanística de Luanda, por exemplo, é assunto para um amplo ensaio publicado no site.

Também há contribuições de escritores angolanos como Mia Couto e José Eduardo Agualusa, além da cobertura de fenômenos da cultura pop, como o estilo kuduro.

“É criar esse canal de informação entre o continente e a diáspora, usar a cultura digital para conhecer o continente”, diz Lança. “Muitos dos próprios africanos não têm acesso ao discurso que está sendo produzido sobre eles.”

 

Publicado hoje na Folha de São Paulo (link só para assinantes)

04.10.2010 | por guilhermecartaxo

Puto Português - Ta sair male

03.10.2010 | por martamestre | puto português

Francisco Vidal + Ihosvanny _ novas galerias no Buala

Acabámos de abrir mais duas exposições na nossa Galeria:

Diário pele de leopardo digital”, de Francisco Vidal

Noise I Ruído”, de Ihosvanny

Francisco VidalFrancisco VidalIhosvanny

03.10.2010 | por franciscabagulho

Manifesto dos Brancos da UFRGS pelas cotas raciais

ESSE SAMBA VAI PARA CELSO ATHAIDE, ALBA ZALUAR E CAETANO VELOSO!
Este texto é um manifesto escrito e subscrito por brancos que compõem a comunidade escolar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele é uma retumbante admissão pública, por nossa parte, de que vivemos em um contexto de exclusão estrutural de negros e indígenas dos benefícios e espaços de cidadania produzidos por nossa sociedade e onde, ao mesmo tempo, é produzida uma teia de privilégios a nós brancos, que torna completamente desigual e desumana nossa convivência. Somos opressores, exploradores e privilegiados mesmo quando não queremos ser. O racismo não é um “problema dos negros”, mas também dos brancos. É pelo reconhecimento destes privilégios que marcam toda nossa existência, mesmo que nós brancos não os enxerguemos cotidianamente, que exigimos a imediata aprovação de Ações afirmativas de Reparação às populações negras e indígenas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No Brasil vivemos em um estado de racismo estrutural. Já é comprovado que raça é um conceito biologicamente inadmissível, só existe raça humana e pronto. Mas socialmente, nos vemos e construímos nossa realidade diária em cima de concepções raciais. Portanto, raça é uma realidade sociológica. Não é uma questão de que eu ou você sejamos pessoalmente preconceituosos. Mas é só olhar para qualquer pesquisa que veremos como existe um processo de atração e exclusão de pessoas para estes ou aqueles espaços sociais, dependendo de sua cor. Não é à toa que não temos quase médicos negros, embora eles sejam a maioria nas filas dos postos de saúde; que quase não vemos jornalistas negros, mas estes são expostos diariamente em páginas policiais; que não temos quase professores negros, especialmente em posições com melhores salários, e vemos alunos negros apenas em escolas públicas enquanto, na universidade pública quase só encontramos brancos. A situação dos indígenas não é diferente, quando eles ainda sofrem lutando pelo direito mínimo de ter suas terras e aldeias, mesmo isso lhes é surrupiado pelos brancos. Vamos parar com esta falácia de dizer que não aceitamos cotas raciais na universidade, porque não queremos ser racistas: se vivemos no Brasil, se fomos criados nesta cultura, se construímos nossas vidas dentro deste conjunto de relações onde a raça é um elemento determinante, somos todos racistas! Não fujamos da realidade. Não usemos a falsa desculpa de que não queremos criar divisões entre raças no Brasil. Nossa sociedade poderia ser mais dividida racialmente do que já é hoje? O estudo de Marcelo Paixão intitulado “Racismo, pobreza e violência”, compara o IDH dos brancos e dos negros dentro do Brasil. O IDH tenta medir a qualidade de vida das populações, combinando os três fatores que, por abranger, cada qual, uma imensa variedade de outros, seriam os essenciais para a medição: renda por habitante, escolaridade e expectativa de vida. Na última versão do IDH, de 2002, o Brasil ocupa o 73º lugar entre 173 países avaliados, mesmo possuindo todas as riquezas nacionais e sendo o 11º país mais desenvolvido economicamente no mundo. Porém, entre 1992 e 2001, enquanto em geral o número de pobres ficou 5 milhões menor, o dos pretos e pardos ficou 500 mil maior. [Consideram-se brancos 53,7% dos brasileiros; pretos ou pardos, 44,7%, que chamaremos, hora em diante de negros]. O estudo mostra que Brasil dos brancos seria, na média o 44º do mundo em matéria de desenvolvimento humano, ao passo que o Brasil dos negros estaria no 104º lugar!!! Nada disso é novidade, porém, para quem aceita viver com os olhos minimamente abertos. Temos que reconhecer que vivemos num sistema estruturalmente racista, que se reproduz em cima de mecanismos constantes de exclusão e exploração dos negros e de privilégios naturalizados aos brancos. Em um sistema racista, pessoas brancas se beneficiam do racismo, mesmo que não tenham intenções de serem racistas. Nós brancos não precisamos enxergar o racismo estrutural porque não sofremos diariamente diversos processos de exclusão e tratamento negativamente diferencial por causa de nossa raça. Nossa raça (e seus privilégios) são tornados invisíveis dia-a-dia. Este sistema de privilégios invisíveis a nós brancos é que nos põe em vantagens a todo instante, por toda nossa vida, em todas as situações, e que destroça qualquer tentativa de pensarmos que estamos onde estamos apenas por méritos pessoais. Que mérito puro pode ter qualquer branco de estar no lugar confortável em que se encontra hoje, mesmo que tenha saído da pobreza, dentro de um sistema que lhe privilegiou apenas por ser branco, ao mesmo tempo em que prejudicou outros tantos apenas por serem negros? Vamos apresentar uma breve listinha de circunstâncias em nossas vidas que expõem nossos privilégios de brancos e que, embora não percebêssemos, embora os víssemos apenas como relações naturais para nós, por sermos pessoas normais e “de bem”, foram decisivas para nos trazer onde estamos (e por não serem vivenciados também por negros e indígenas, seu resultado é fazer com e seja tão desproporcional o número destas populações dentro da UFRGS, por exemplo): 1) Sempre pude estar seguro de que a cor da minha pele não faria as pessoas me tratarem diferentemente na escola, no ônibus, nas lojas, etc; 2) Estou seguro de que a cor da pele dos meus pais nunca os prejudicou em termos das busca ou da manutenção de um emprego; 3) Estou seguro de que a cor da pele dos meus pais nunca fez com que seu salário fosse mais baixo que o de outra pessoa cumprindo sua mesma função; 4) Posso ligar a televisão e ver pessoas de minha raça em grande número e muitas em posições sociais confortáveis e que me dão perspectivas para o futuro; 5) Na escola, aprendi diversas coisas inventadas, descobertas, grandes heróis e grandes obras feitas por pessoas da minha raça; 6) A maior parte do tempo, na escola, estudei sobre a história dos meus antepassados e, por saber de onde eu vim, tenho mais segurança de quem sou e pra onde posso ir; 7) Nunca precisei ouvir que no meu estado não existiam pessoas da minha raça; 8) Nunca tive medo de ser abordado por um policial motivado especialmente pela cor da minha pele; 9) Já fiz coisas erradas e mesmo ilegais por necessidade, e nunca tive medo que minha raça fosse um elemento que reforçasse minha possível condenação; 10) Posso ir numa livraria e perder a conta de quantos escritores de minha raça posso encontrar, retratando minha realidade, assim como em qualquer loja e encontrar diversos produtos que respeitam minha cultura; 11) Nunca sofri com brincadeiras ofensivas por causa de minha raça; 12) Meus pais nunca precisaram me atender para aliviar meu sofrimento por este tipo de “brincadeira”; 13) Sempre tive professores da minha raça; 14) Nunca me senti minoria em termos da minha raça, em nenhuma situação; 15) Todas as pessoas bem sucedidas que eu conheci até hoje eram da mesma raça que eu; 16) Posso falar com a boca cheia e ficar tranqüilo de que ninguém relacionará isso com minha raça; 17) Posso fazer o que eu quiser, errar o quanto quiser, falar o que eu quiser, sem que ninguém ligue isso a minha raça; 18) Nunca, em alguma conversa em grupo, fui forçado a falar em nome de minha raça, carregando nas costas o peso de representar 45% da população brasileira; 19) Sempre pude abrir revistas e jornais, desde minha infância, e estar seguro de ver muitas pessoas parecidas comigo; 20) Sempre estive seguro de que a cor da minha pele não seria um elemento prejudicial a mim em nenhuma entrevista para emprego ou estágio; 21) Se eu declarar que “o que está em jogo é uma questão racial” não serei acusado de estar tentando defender meu interesse pessoal; 22) Se eu precisar de algum tratamento medico tenho convicção de que a cor da minha pele não fará com que meu tratamento sofra dificuldades; 23) Posso fazer minhas atividades seguro de que não experienciarei sentimentos de rejeição a minha raça. Esta realidade destroça meu mito pessoal de meritocracia. Minha vida não foi o que eu sozinho fiz dela. Muitas portas me foram abertas baseadas na minha raça, assim como fechadas a outras pessoas. A opção de falar ou não em privilégios dos brancos já é um privilegio de brancos. Se o racismo, e os privilégios dos brancos são estruturais, as ações contra o racismo devem ser também estruturais. Racismo não é preconceito: racismo é preconceito mais poder. Se não forçarmos mudanças nas relações e posições de poder em nossa sociedade, estaremos reproduzindo o racismo que recebemos. E agora chegou a hora de a universidade dizer publicamente: vai ou não vai “cortar na própria pele” o racismo que até hoje ajudou a reproduzir, estabelecendo imediatamente Cotas no seu próximo vestibular? Se mantivermos o vestibular “cego às desigualdades raciais” estaremos, na verdade, mantendo nossos olhos fechados para as desigualdades raciais que nós mesmos ajudamos a reproduzir sociedade afora. Nós, brancos da universidade que assinamos esta carta já nos posicionamos: exigimos cortar em nossa própria pele os privilégios que até hoje nos sustentaram. Cotas na UFRGS já!

02.10.2010 | por martalanca | cotas raciais, democracia racial