Poderes malignos

Poderes malignos Muitas crianças de rua transportam consigo estas tenebrosas estórias. Ao chegar ao meu local de trabalho na baixa de Luanda, cumprimentei o Strong, miúdo de rua por quem passava todos os dias. Com a sua t-shirt encarnada, fez-me sinal, disse-me que me queria mostrar uma coisa, para o acompanhar ao Sambila. Não sei o que me deu para confiar assim num miúdo e ir com ele até ao Sambizanga. Mas a convicção dele mostrava que era caso sério e a verdade é que confio nos meus gestos impetuosos. Esperou que eu saísse, e lá fomos, no Starlet comprado em terceira mão, de passeio ao subúrbio. Pelo caminho soube que ele vinha das Lundas. Perguntei-lhe porque estava em Luanda sozinho então.

Cidade

20.09.2020 | por Marta Lança

Moram numa ilha de que nem sabem o tamanho.

Moram numa ilha de que nem sabem o tamanho. E ensinam a “ler”a ilha. E oferecem o sorriso, os olhos feito berlindes a brilhar, a surpresa inquieta que não pára e é amiga da alegria, de caxexe a magia o encantamento que a cor provoca em seres mínimos que, sem saberem ler ou escrever, assinam o testemunho disso que é ser pequenino e ser “só” numa ilha sem casinha a sério, ou um calção novo, ou um vestido novo, com um laço... ou um lanche abrilhantado com um pão fresco mesmo seco e um sumo desses de pacote que chegam vazios com a calema...um rebuçado de mel... ou um par de chinelos sem ser um de cada nação.

Mukanda

14.05.2019 | por Isabel Baptista

O horror também tem infância, notas sobre "Bestas de Lugar Nenhum" de Uzodinma Iweala

O horror também tem infância, notas sobre "Bestas de Lugar Nenhum" de Uzodinma Iweala "Bestas de Lugar Nenhum" é o primeiro romance de Uzodinma Iweala. É-nos dado a conhecer o universo dos pensamentos de uma criança, Agu, forçada a combater sem qualquer razão, por interesses de governantes dos quais nunca alcançará o entendimento.

A ler

20.10.2011 | por Marta Lança

Conversas à tardinha

Conversas à tardinha Conversas entre as crianças sobre temas que têm a ver com alguns dos obstáculos com que se confrontam no seu dia a dia, devidos à exclusão social: o tráfico e consumo de droga que algumas delas chegam a presenciar em certas zonas do seu bairro, a prisão onde podem encontrar-se familiares ou amigos destes; o roubo e o crime, acerca dos quais todas elas já ouviram falar, pelo menos enquanto acontecimento provável. Trata-se de perceber como é que a prática da Filosofia com Crianças pode abrir a reflexão para pensarem a sua situação de modo a sentirem-se mais integradas para além da comunidade em que vivem.

A ler

31.08.2011 | por Rita Pedro