Spent manifesta-se nas paredes urbanas, que são as suas telas, um papel importante na sua vida, o mesmo permite-lhe manter uma relação com a sociedade, pela via discursiva e visual. Este meio é talvez um espaço onde consiga articular melhor os seus problemas e questionamentos existenciais, de crises, da natureza imagética, e de outras propostas estéticas e filosóficas.
Cidade
07.09.2024 | por Selso Zua
Sob a pele dos protagonistas Cartola e Aquiles vemo-nos de forma frontal com a experiência de sujeitos que continuam a habitar o território do não pertencer, a despeito de suas presenças já contarem com cinco séculos de existência em Portugal. O texto literário da escritora Djaimilia Almeida ilustra esses limites relacionados à pertença e a complexidade de construir uma subjetividade a partir dos trânsitos, deslocamentos e do não pertencimento.
A ler
06.06.2024 | por Liz Almeida
Talvez o esforço de reconciliação entre vítimas e agressores - dois lugares por vezes ocupados simultaneamente pelos mesmos sujeitos - não sirva para curar as feridas de quem viveu a fractura do conflito em si, mas sim para criar um espaço de possibilidade de re-invenção e reparação nas gerações futuras. Assim, o irreparável e o reparável podem coexistir no tempo dos vivos, com a condição inegociável de não deixar que o esquecimento apague aquilo que aconteceu, por mais insuportável que seja lembrar.
Mukanda
29.11.2023 | por Aline Frazão
Lola & Mami - Um Fragmento de amor é a sua primeira curta-metragem. Nela explora as masculinidades tóxicas que habitam a cidade de Luanda, esses homens que tudo dizem poder e fazer, simultaneamente com uma auto-estima de rastos. Com guião e produção promovidos nas residências do Atelier Mutamba, pelo Kino Yetu (em português “nosso cinema”), teve a participação de vários realizadores como Gegé M'bakudi e Irene A’Mosi.
Afroscreen
08.11.2023 | por André Soares
Eu defendo que é na e pela música popular urbana, produzida esmagadoramente nos musseques de Luanda, que os homens e mulheres angolanos forjaram a Nação e articularam expectativas sobre o nacionalismo e sobre a soberania política, económica e cultural. Fizeram-no pelas relações sociais que se desenvolveram em torno da produção e do consumo de música. O conteúdo lírico e o som musical importavam, mas o público e os músicos davam-lhes um significado dentro do contexto. Por outras palavras, a música, no fim da Angola colonial, moveu as pessoas para uma Nação e de encontro ao nacionalismo, porque as aproximou de novos espaços urbanos, de novas maneiras, através de linhas de classe e etnia, através da política íntima e pública do género.
Palcos
13.07.2023 | por Marissa Moorman
Eu tinha medo de que o Mateus descobrisse que eu andava a mexer nas coisas dele. Mas, mesmo assim, não recusei o desafio. Despedimo-nos e fomos cada um para o seu caminho. A caminho de casa, dei por mim, mais do que uma vez, a pensar naquela ligação que o Marley tinha feito. Estava dividido. Parte de mim estava desmoralizada com a ideia de que o castelo do texto “As Belezas da Cidade-Baixa” podia não ser aquilo que eu imaginava. E a outra parte preferia acreditar que o castelo descrito na carta não era o mesmo castelo da Cidade-Baixa. Esta última, defendia que não se tratava de nada mais do que a fértil e sempre conspiradora imaginação do meu primo a armar mais uma das suas. Já na minha rua, curvei-me para amarrar os atadores e deparei-me com o Didi. Ergui a cabeça. Cheirava a cigarro, cerveja e não dizia coisa com coisa.
– Tens aí cem kwanza? – chutou, enquanto andava num passo descoordenado.
Mukanda
09.06.2023 | por Israel Campos
"NOSSA SENHORA DA LOJA DO CHINÊS", do realizador angolano Ery Claver, estreia em Portugal, na sala Fernando Lopes. Quando um comerciante chinês traz para um bairro de Luanda uma singular imagem de plástico sagrado de Nossa Senhora, uma mãe enlutada busca a paz, um barbeiro atento inicia um novo culto e um jovem desorientado busca vingança por seu amigo perdido. Este bizarro conto urbano revelará uma família e uma fachada de cidade cheia de ressentimento, ganância e tragédia.
Afroscreen
23.02.2023 | por vários
Em Angola, nos últimos dois anos e meio, surgiram vários projectos sociais, sem fins lucrativos, ligados à difusão do livro e da literatura no geral. Uma das componentes mais fortes nesses diversos projectos foi a criação de diversas bibliotecas comunitárias, em diferentes regiões do país, pelas mãos de jovens que se foram inspirando uns aos outros. Várias pessoas, em diferentes lugares, às vezes em simultâneo e outras não, foram dando asas à sua imaginação e dentro das suas comunidades criaram bibliotecas comunitárias que têm servido a um número significativo de pessoas, sobretudo crianças e jovens.
Vou lá visitar
18.01.2023 | por Leopoldina Fekayamãle
Quando começou a perceber a apatia que existia em relação à defesa do património de Luanda, Ângela Mingas descobriu também que o seu trabalho não teria só a ver com arquitectura. Nem sequer com história. Era uma coisa do presente e, para a qual, toda a sociedade teria que ser chamada. Fala em mudança de mentalidades e é esse o trabalho mais difícil.
Cidade
04.11.2022 | por Susana Moreira Marques
São artistas que pintam e mostram uma nova Angola, com técnicas e estéticas tão ousadas como os seus discursos e olhar para o cenário artístico. Nas artes visuais angolanas, a produção mais potente vem da periferia, longe do centro onde se encontram as galerias e salas de exposição.
Em outubro do ano passado fui desafiado a sair da minha zona de conforto — a música — para entrevistar os jovens da residência artística ResiliArt que produziram obras para a II Bienal Africana da Cultura da Paz. Aceite a proposta, tornou-se evidente que essa produção artística não está na elite de Luanda e que apenas uma parte destes artistas entra nos grandes centros durante as exposições e não tem acesso às condições de produção e mercado.
Vou lá visitar
16.02.2022 | por Analtino Santos
Pensei em ser embaixadora, diplomata, coordenadora, não, vou mesmo é ser presidente do meu país… Ainda tenho fé. Eu falo sobre essas coisas porque acho que existe essa necessidade, não só da minha parte mas também porque o povo quer ver retratada a sua vida. E também porque eu gosto de investigar o relacionamento que temos com o resto do mundo – somos vistos como dependentes mas esta geração é independente.
Cara a cara
18.01.2022 | por Miguel Gomes
O edifício do largo Matadi (ex-Tristão da Cunha) é, como sabem aqueles que o frequentam, o maior ponto cultural da cidade. Aquela informalidade e disponibilidade para o outro, sem que seja o dinheiro a comandar a natureza das relações, representando uma certa baixa de Luanda, de mistura socio-cultural, de experimentação e de modernidade, entre o local e o global, com angolanos e estrangeiros, é praticamente só ali que acontece. A convivência de dois tipos de arquitectura é um marco da história da cidade, os vestígios de outros tempos lado a lado com o ritmo acelerado de uma cidade frenética, também ali estão bem representados. Não nos faltam justificativas para a preservação e valorização do Elinga.
A ler
18.01.2022 | por Marta Lança
a designação de “Palácio” há muito caiu em desuso, por nos remeter para um contexto de regimes políticos em decadência que instrumentalizavam as artes mantendo-as cativas da sua grandiosa máquina propagandística ditatorial, por outro, marginaliza, numa total falta de respeito e consideração, os artistas / profissionais da DANÇA.
Palcos
22.11.2021 | por vários
Condição feminina, da condição da mulher no mundo atual, no mundo africano também e até europeu: a imposição do casamento, a imposição da obediência ao homem, que vem muito da religião católica, e isto está relacionado, por um lado, com a negação da mulher e, por outro lado, com a sua contribuição tanto num contexto extremo de guerra como no contexto social em geral.
Cara a cara
14.10.2021 | por Doris Wieser, Yara Monteiro e Paulo Geovane e Silva
Fuckin'Globo, provavelmente, o mais ousado dos eventos de arte contemporânea que acontece na cidade, num momento em que as tensões políticas, económicas e sociais do ano pré-eleitoral, em Angola, estão à flor da pele.
Vou lá visitar
23.08.2021 | por Adriano Mixinge
Pois, para mim, entre portugueses e holandeses venha o diabo e escolha... E nós, muitas vezes, fizemos o papel de diabos para nos livrarmos ou de uns ou de outros... Mas para que estamos a falar mais uma vez nisto? É sempre a mesma coisa, parece que não estamos só presos na Fortaleza, mas nessa história que nos juntou e não se livra de nós, nunca, enquanto houver uma noite de ex-estátuas...
Mukanda
29.05.2021 | por Onofre dos Santos
A galeria de arte contemporânea THIS NOT A WHITE CUBE expande a sua presença internacional com a abertura de um novo espaço em Lisboa, no Chiado.
Para assinalar a ocasião, entre 27 de Maio e 17 de Julho, apresenta em simultâneo nas duas delegações de Lisboa e Luanda, uma exposição individual do artista santomense René Tavares.
“In Memory We Trust” promove uma reflexão em torno das noções de memória, história, tradição, património e miscigenação.
Vou lá visitar
16.05.2021 | por vários
"António Ole: Matéria Vital" reúne obras de diversos períodos do multifacetado percurso artístico de mais de cinquenta anos de António Ole (Luanda, 1951). Realizadas em vários meios, da escultura à fotografia, do desenho ao vídeo, estas obras colocam em evidência a atenção que Ole tem dedicado à natureza e aos seus elementos e matérias vitais. A terra, a água, o fogo e o ar assumem aqui inúmeras formas que, no seu conjunto, convidam a uma percepção planetária e a uma consciência ecológica não só da coabitação, mas, sobretudo, da interdependência entre formas de vida humana e não humana (animal, vegetal, mineral) – assunto vital, para cuja premência e urgência a própria realidade pandémica veio, mais do que nunca, alertar.
Vou lá visitar
27.04.2021 | por Ana Balona de Oliveira
Thó Simões, artista plástico angolano, acabou de apresentar em Luanda a sua mais recente exposição intitulada “Entre Homens e Monstros”. As imagens criadas pretendem alargar o debate sobre as microviolências de uma cidade em constante mutação. O artista foi um dos percursores da arte urbana em Angola com uma trajetória com passagem por Linda-a-Velha, Oeiras, Malanje e Luanda. A prática profissional em agências de publicidade e depois a rua trouxeram-lhe a vontade de intervir politicamente através do mural e da arte urbana. Nesta conversa questiona a forma como a arte pode mudar as vivências de uma cidade e um país em crise económica e social e ainda com os estilhaços da guerra civil e a ocupação colonial.
Cara a cara
19.04.2021 | por André Soares
A kizomba veio nas bagagens dos africanos, que em finais dos anos 90 do século passado fizeram de Lisboa a cidade das suas vidas. A kizomba parece ter vindo do ambiente das festas de quintal de Luanda e Angola, mas claro que veio em jeito de passada de São Vicente ou da Praia, de Cabo Verde. Ao juntarem-se nas discotecas africanas em Lisboa e nas festas africanas nas universidades portuguesas a kizomba começa a entrar no léxico dançante das pessoas que visitavam estes espaços. Muitas das discotecas latinas tinham momentos de kizomba, o que também ajudou a levar o género um pouco à boleia da salsa e da bachata da República Dominicana.
Palcos
04.02.2021 | por Marta Lança