Dêem-lhes armas que matam-se entre si

Dêem-lhes armas que matam-se entre si  É quase madrugada e Raquelina não chega, a preocupação no coração de sua mãe é ainda maior. Nas primeiras horas do dia, a senhora fez-se à rua e, no seu muro, uma imagem do filho Paito colada à de Raquelina com uma cruz desenhada na testa de ambos. Gritou e os vizinhos saíram para assistir. Todos os traumas voltaram. Pobre mãe, decidiu arrumar suas coisas e regressar a casa que lhe viu nascer, onde durante anos fugiu da guerra civil.

Mukanda

29.11.2024 | por Edna Matavel

25 balas por Moçambique

25 balas por Moçambique São estas balas cravadas no meu peito que levantam choros e dor. Desperta para a vida, desperta tu que ainda dormes, porque o momento de ressuscitar os Mondlane, Machel, Azagaia e tantos outros que aqui, nessa eterna espera, se encontram, chegou. 25 balas por Moçambique, carreguei esta dor, mas com satisfação de saber que a luta continua.

Vou lá visitar

28.11.2024 | por Edna Matavel

Terão os direitos humanos um continente ou nacionalidade?

Terão os direitos humanos um continente ou nacionalidade? Seria o continente africano, e particularmente Moçambique, relegado a uma “periferia” da preocupação dos direitos humanos? Será que, inconscientemente, ainda carregamos o peso de um olhar colonial, em que África e as pessoas africanas são vistas como eternamente em crise, como se os problemas no continente fossem normais e, portanto, indignos de atenção urgente? O filósofo Frantz Fanon abordou a desumanização estrutural que condiciona as perceções dos povos africanos, e aqui vejo um eco dessa verdade: o sofrimento em Moçambique, no Congo, Sudão, Somália, entre outros países africanos, não parece evocar a mesma empatia global que crises em outros locais do mundo.

Mukanda

13.11.2024 | por Paula Machava

Universidades sem algemas

Universidades sem algemas Num momento em que, no país e no mundo, ideias e políticas anti-democráticas e autoritárias crescem e ameaçam direitos e liberdades que há muito temos como garantidos, a repressão feita às estudantes e o silenciamento forçado da comunidade universitária dá passos num sentido particularmente perigoso. À beira do ano em que nos preparamos para celebrar meio século do 25 de Abril, tudo isto é revoltante.

Mukanda

20.11.2023 | por vários

Lesther

Lesther Antes de ter a cabeça a prémio, Lesther Alemán era um estudante de Comunicação Social com o dom da palavra. Tinha 20 anos e integrava a Aliança Universitária Nicaraguense. Com o país a ferro e fogo, em abril de 2018 uma mesa de diálogo entre Ortega e os opositores tentava encontrar uma saída para o caos que se arrastava há um mês. Quando o jovem de 20 anos - óculos de armação grossa e voz grave, quase cerimonial - pegou no microfone a sala congelou.

Jogos Sem Fronteiras

26.08.2021 | por Pedro Cardoso

Indígenas, imigrantes, pobres: o afropolitanismo no rap crioulo - parte 1

Indígenas, imigrantes, pobres: o afropolitanismo no rap crioulo - parte 1 O rap crioulo rompe com o grafocentrismo em primeiro lugar, depois com o imaginário da lusofonia e, finalmente, com a perspectiva canônica de tradução. Por tal relação epistêmica que tem como único aporte a oralidade e o nomadismo da palavra e da voz, o rap crioulo se engaja ao enlace comunitário afropolitano e fundante de sua própria crioulidade.

Palcos

24.08.2015 | por Susan de Oliveira

Uganda: a luta da “ida a pé para o trabalho” e as lições do Soweto e da Praça Tahrir

Uganda: a luta da “ida a pé para o trabalho” e as lições do Soweto e da Praça Tahrir A lembrança da Praça Tahrir alimenta as esperanças da oposição e fomenta os receios do governo. Para muitos dos oposicionistas, o Egipto acabou por significar a terra prometida, no sentido proverbial. Para muitos dos governantes, o Egipto representa um desafio fundamental ao poder, que exige que se lhe resista a todo o custo. As coisas chegaram a um ponto em que o mínimo sinal de protesto desencadeia a máxima reacção do governo. A tal ponto que o governo, que há apenas poucas semanas chegou ao poder com uma maioria arrasadora, parece agora carecer não só de flexibilidade mas também de estratégia de saída.

Mukanda

02.07.2011 | por Mahmood Mamdani

Somos todos ilegais

Somos todos ilegais De Melila à Polónia, de Chipre às Canárias, milhares de pessoas tentam quotidianamente abandonar os seus locais de origem e atingir o continente europeu em busca de melhores condições de vida, deixando para trás os mais variados cenários – guerras, incêndios, secas, inundações, regimes repressivos, desemprego maciço, salários de miséria, fundamentalismos vários – e confrontando-se, em todo o lado, com a mesma estratégia repressiva, as mesmas barreiras e perseguições, o mesmo racismo e a mesma violência.

Jogos Sem Fronteiras

01.08.2010 | por Ricardo Noronha