Estas fotografias permitem visualizar um período da história que moldou, profunda e permanentemente, a nossa contemporaneidade, e que sentimos grande relutância em abordar. Embora representem uma época na qual a fotografia era exclusiva de uma classe dominante, dádiva a que poucos acediam, no processo criativo de Jasse estes retratos são um importante legado. Para além da sua estética apelativa, permite-nos reunir os estilhaços da história hostil de um país, onde os sucessivos episódios traumáticos causaram um apagamento irreversível da memória.
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06.09.2018 | por Kiluanji Kia Henda
Metáfora sarcástica de Yonamine para analisar, com senso comum e olhar emancipado, a história mais recente de Angola.O artista inverte a sintaxe criativa à qual nos tem habituado: onde ele acumulava agora esvazia, onde ele organizava em forma de quadrículas, agora o faz unindo a irregularidade de contornos das palavras e das frases, onde ele antes colava na parede, agora pendura ou estende como se já tivesse lavado e purificado tudo, como se a realidade tivesse deixado de ser um lençol corrompido e insano.
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18.05.2018 | por Adriano Mixinge e JAHMEK CONTEMPORARY ART
Fazemos parte desta coisa incrível que é este lugar. E cativos ficamos. Ninguém sai daqui alheio a assobiar. Bate uma tristeza, uma melancolia, uma saudade antecipada, porque este lugar… mesmo sendo uma madrasta cidade, tantas e tantas vezes, tem um encanto que reside na curva desse lado “Atlântico” que nos fez assim (...) Esse povo bom que lapida a vida sem ferramenta própria, capricha, encara e faz batota a rir.
Mukanda
13.03.2018 | por Isabel Baptista
De uma viagem recente a Luanda, destaco uma exposição colectiva e três individuais: Being Her(e), comissariada por Paula Nascimento (Angola) e Violet Nantume (Uganda); 50 Anos Vivendo, Criando, de António Ole (Angola); Luvuvamo + Nzola | Paz + Amor, de Paulo Kapela (Angola); e Senhores do Vento, de Thó Simões (Angola). Em Lisboa, assinalo Fuck It’s Too Late!, a primeira individual de Binelde Hyrcan (Angola) em Portugal, com curadoria de Ana Cristina Cachola (Portugal).
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27.02.2018 | por Ana Balona de Oliveira
De 1 a 6 de Fevereiro decorreu, na baixa de Luanda, a 4ª edição do Fuckin’ Globo. As propostas do colectivo artístico foram, como habitualmente, variadas. O tom e a crítica social e política apresentam-se cada vez mais contundentes. Revisitemos os quartos e a fachada do Hotel Globo, na rua Rainha Ginga.
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21.02.2018 | por vários
“Fuckin Globo III” não é uma exposição ao uso: situada à margem das instituições, privilegiando o papel criador e produtor dos artistas, revalorizando um espaço que foi nobre no tempo colonial mas passou a ser decadente no pós-independência e, sobretudo, visando um público sensível e conhecedor, marca uma reviravolta ainda maior no universo das profundas transformações culturais de Angola.
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21.02.2017 | por Adriano Mixinge
Paulo Moreira afirma ter iniciado este trabalho “motivado pela urgência em documentar e compreender a forma urbana” do bairro antes da demolição. As preocupações do arquiteto não estão circunscritas à sua disciplina, a proposta que nos apresenta é mais do que um projeto de investigação sobre um bairro informal, trata-se de um olhar intimista sobre a organização espacial, social e cultural da Chicala.
Cidade
07.09.2015 | por Cláudia Silva
O prédio da Lagoa no centro de Luanda (Largo do Kinaxixi), carcaça deixada por acabar em 1975 e ocupada por refugiados da guerra a partir de 1992, é um musseque (bairro da lata) em altura que acabou por transformar-se involuntariamente em símbolo da capital angolana — 17 andares sem água, nem luz, nem saneamento básico, sem varandas, sem corrimãos —, um prédio carente das mínimas condições de habitabilidade transformado em abrigo para gente deslocada.
A ler
20.06.2014 | por António Rodrigues
Os passados coloniais continuam presentes nos contextos pós-coloniais de várias formas, as quais podem ser encontradas quer na cultura pública, quer em lugares inesperados do quotidiano e na esfera do mundano, mostrando que os entendimentos comuns em relação ao Império, no período pós-descolonizações, se articulam com uma grande variedade de canais e instituições
Cidade
18.11.2013 | por Nuno Domingos e Elsa Peralta
Cheirava mal em toda a parte, um fedor ácido, e uma humidade pegajosa e abafada espalhava‐se pelo edifício. As pessoas transpiravam de calor e de medo. Havia um ambiente apocalíptico, uma expectativa de destruição. Alguém chegou com o boato de que se preparavam para bombardear a cidade durante a noite. Uma outra pessoa ouvira dizer que, nos bairros dos negros, se afiavam facas para cortar a garganta aos portugueses. A insurreição explodiria a qualquer momento. «Que insurreição?», perguntei, para poder informar Varsóvia. Ninguém sabia exactamente. Apenas uma insurreição, e descobriremos de que natureza é quando nos atingir.
Mukanda
27.09.2013 | por Richard Kapuschinski
No meio de uma cidade frenética para o bem e para o mal, há pontos de abrigo – que nos abraçam e nos lembram que aqui também é a nossa casa. É importante não esquecer isto. O Espaço Cultural Elinga, local que alberga uma série de actividades lúdicas e culturais, é um desses pontos de abrigo. É antes de mais um local de cultura. Cultura no seu sentido mais original. A antiga Casa das Beiras do período colonial português é uma espécie de salvaguarda da liberdade espiritual artística, onde tudo é possível acontecer – mas sempre com algum estilo, com uma linguagem própria e interdisciplinar, com referências locais mas também internacionais.
Cidade
17.06.2013 | por Miguel Gomes
A história das cidades conta-nos sobre seu povo e sua cultura. Entender fenômenos complexos do espaço urbano contemporâneo passa, necessariamente, por uma compreensão alargada do seu contexto histórico-político.
Cidade
15.02.2013 | por Andréia Moassab
Um importante centro da cultura angolana, o teatro Elinga, vai desaparecer, como tantas casas antigas do centro da capital. Os arranha-céus, esses, crescem como cogumelos e deslocam para os subúrbios, a toque de bulldozers selvagens e de bastonadas da polícia, os musseques, essas favelas angolanas sem água nem eletricidade em que se amontoa a maior parte dos 6 a 7 milhões de habitantes de Luanda. ”As autoridades pretendem fazer de Luanda o Dubai da África austral, lembra Claudia Gastrow, Mas não se vê a lógica urbanística nem a coordenação. O centro da cidade não é mais que uma fachada. “Copiar o modelo Dubai? Até ao ponto de projetar construir, como no Golfo, ilhas artificiais ao largo de Luanda.
Cidade
28.09.2012 | por Christophe Châtelot
Luanda por terra água e ar foi produzido durante uma viagem de investigação a Angola entre Abril e Junho de 2012, no âmbito do Prémio Távora. No filme, os testemunhos apresentados apontam para um diálogo genuíno entre o bairro e a cidade (e o Mundo). Apontam para um relação recíproca entre privado e coletivo, entre biografia e história. Desafiam o lugar-comum propulsor de uma “cidade global” (rica) rodeada por “bairros pobres” (desesperados). Luanda é muito mais complexa do que isso.
Cidade
24.09.2012 | por Paulo Moreira
A mudança mais relevante em Angola tem a ver com a juventude. Os jovens de hoje, os quais representam a maioria da população angolana, já não se mostram tão traumatizados pela guerra civil quanto os respectivos pais. Estão também muito melhor informados e decididos a reinvidicar a parcela da riqueza do país a que têm direito. Dez anos após a morte em combate de Jonas Savimbi, no Leste de Angola, a juventude angolana está muito mais interessada no presente, e no futuro, do que no passado
Mukanda
28.08.2012 | por José Eduardo Agualusa
É a história, sobretudo, da progressiva exigência e consciência da autonomia dessa literatura para com os padrões culturais da metrópole, do reconhecimento da sua originalidade face aos modelos europeus e das tentativas de a recolocar em esquemas interpretativos próprios: Luanda como expressão duma sociedade crioula contraposta ao resto do país ainda profundamente embebido da original cultura banto, ou como elemento extrínseco na sua realidade de cidade fundada por estrangeiros mas pouco a pouco reconquistada pelos legítimos habitantes da terra e a sua cultura; a Luanda da contraposição Baixa-musseques, o coração pulsante da nação liberta mas precipitada numa guerra civil onde as regras existem só para ser enganadas, ou ainda a capital do “petro-capitalismo” descontrolado.
Cidade
14.04.2012 | por Alice Girotto
Não é exactamente Luanda e não é propriamente Lisboa. Batida é uma ponte, e o mundo vai aprender a atravessá-la.
Palcos
05.04.2012 | por Mário Lopes
E quando não é carnaval é natal, depois vem o ano novo, a pascoa é logo a seguir. Então virão as férias e é uma excitação. Se não forem as tuas serão as férias dos outros. Vamos finalmente comer e beber todo dia, comprar, passear e dormir. Férias são férias, se não for para isso o que vamos fazer? Depois terás que esperar o fim das férias dos outros. Um dos meus cambas diz: “Mandem vir mais uma. Eu enquanto espero, faço poemas”. Isso sim é ganhar tempo, assim como contribuir na vaquinha para o barril e “mandá-lo” abaixo depois do futebol. Só os diabetes e a corrida, não para o calçadão mas para as clínicas de corte de banha, nos permitirão perceber o que perdemos de tempo saúde e dinheiro.
Mukanda
04.04.2012 | por Sílvia Milonga
O rapper MCK lançou em Janeiro "Proibido Ouvir Isto" e, em quatro horas, de norte a sul de Angola, voaram 10 mil cópias. Fala com eloquência do país que existe para além do Eldorado de petróleo e diamantes. MCK de volta: "Eu avisei que era proibido ouvir isto, mas vocês carregaram play. Estou di volta na caminho di luta, em busca de justiça, paz e liberdade".
Palcos
01.03.2012 | por Mário Lopes
A peça “Tanta Asneira Para Dizer Luanda É Bonita” foi recebida com uma chuva de aplausos durante a primeira temporada no Nacional Cine-Teatro. Em palco, tudo começa com um assalto. Na vida real Orlando Sérgio, actor, Nuno Milagre, autor e Miguel Hurst, encenador, são cúmplices neste crime.
Palcos
10.01.2012 | por Joana Simões Piedade