Cais-do-Sodré

«É devera, não estava a reconhecê-la.»

Andresa rebusca na memória a família da cara parada na sua frente. Parece daquela gente de nhô Teofe, um de S. Nicolau a quem os estudantes tinham alcunhado de Benjamim Franklin. Ou será parente de nhô Antônio Pitra, irmão do Faia há muito embarcado para a Argentina?

Oh gente, se encontra pessoas, como ela, vindas daquelas terras de espreguiçamento e lazeira, associa-se quase sempre a uma ou outra família. Se não as conhece, bom, de certeza conheceu o pai, ou o primo ou o irmão, ou ainda uma tia velha, doceira de fama, até talvez uma das criadas lá da casa. E a conversa, por esse elo, estende-se, alarga-se, num desfolhar calmo, arrastado, saboroso quase sempre.

«Sabe, eu estava a olhar para si porque vi logo ser gente de minha terra», continuou Andresa, olhando e sorrindo para a figura seca de carnes sentada a seu lado.

Esta sorriu também. Um sorriso tímido e descansado.

Encorajada, Andresa ainda arriscou:

«Está cá há muito tempo?»

«Sim, já vai para dois meses. Não é muito tempo, mas já é alguma coisa.»

Andresa ajeita a mala sobra os joelhos, acaricia o fecho de tartaruga, num gesto vago, sem atinar porque dera conversa à senhora. Conchêl, porquê? Dondê? Só se for do tempo de chá de fedagosa. Sou mesmo disparatenta. Se eu era Andresa Silva, Andresa filha de nhô Toi Silva de Casa Madeira? Sim senhora, sou Andresa, sobrinha de nh’Ana, filha de nhô Toi. É sim. Mais conversa pâ mode quê? Ainda hei-de perder essas manias. Manias de dar treta a todo o biscareta da minha terra. Apareça-me pela frente seja quem for, não conheço, acabou-se.

Suas unhas delineiam o fecho de tartaruga e o olhar perde-se no brilho negro da mala de verniz.

«Bem, se não fosse a doença do Papá, eu estava agora aqui? Ah mô, não. Fazer o quê.»

Andresa pisca os olhos e surpreende-se a responder. És tu mesma, Andresa, és tu a dar sequência a esta conversa insípida. Poderias tê-la evitado, mas as conversas são assim. Têm um fio, um caminho a percorrer. Não te admires pois por te teres arriscado. «Ah! Seu pai está doente?»

«Papá morreu.»

A voz morreu também num sopro.

«Desculpe, eu não sabia», lastimou Andresa.

A senhora procurou um lenço na carteira e assoou-se. Guardou-o, fechou a carteira e pôs-se a olhar para a biqueira dos sapatos.

«Ele não queria embarcar nem dado de pau na cabeça. Quando Dr. Santos aconselhou-o a ser visto por um especialista e alvitrou para apanharmos o primeiro barco, ele fez um escarcéu, nhor Deus! Não vinha, não vinha! Por fim, tomou um ar arregaçado e fez uma guerra lá em casa. Falou, falou. Bateu com o punho fechado em cima da mesa e avisou-nos a todos: Ninguém mandava nele, era ainda homem da sua cabeça. Foi um caso sério convencê-lo. Disse mais coisas. Brigou, brigou, até ficar a nhongor na cadeira de lona. Estou mesmo a vê-lo, cabeça descaída sobre a queixada, mãos abandonadas no regaço. De vez em quando despertava, levantava a cabeça e abria os olhos para os fechar logo e continuar a nhongor. Para continuar na pesca da moreia. Coitado! Estava a adivinhar. » Respirou pausadamente. «Costumava dizer: Se eu der uma saltada até Lisboa, vou à Estufa Fria, vou ao Coliseu, e depois, vou de longada até ao Minho.»

Esta pequena história já vem sendo repetida inúmeras vezes. A senhora sente necessidade de a recontar, por desabafo, para se aliviar:

Andresa repara no luto carregado da patrícia.

«Ele não resistiu à viagem. Dois dias depois de chegarmos, morreu no Hospital do Ultramar.»

«Coitado», disse Andresa por dizer, como se a conversa não devesse ficar por aí.

«É verdade. Pouca sorte.»

Tira o lenço da mala e chega-o outra vez ao nariz.

«É verdade.» Era ainda a senhora a desabafar. «Toda a vida a pensar em vir até Lisboa, toda a vida a pensar nesta viagem para afinal.»

De olhos descidos, Andresa arranja a saia. Tinha subido, deixando-lhe a descoberto os joelhos ossudos.

«Não se lembra de meu pai, pois não?»

«Não», confessa Andresa. «Na verdade não me lembro muito bem dele. Sabe, já lá vão quinze anos eu vim da nossa terra.»

«Pois é, pois é.»

E compondo outro tom.

«Meu pai era Simão Filili do Alto de Celarine.»

«Ah! O seu pai era nhô Simão Filili? Eu julgava (estava a mentir) que a senhora fosse sobrinha dele.»

«Éramos eu e a minha irmã Zinha que Deus-haja. Eu sou a Tanha. Raparigas éramos só as duas.»

«Recordo-me muito bem da Zinha. Estava toda certa vocês eram primas (outra mentirinha para acabar de compor o ramo). Era bonitinha.»

«Era, coitada.»

Agora sim, Andresa conseguiu mais ou menos os cordéis e sente-se à vontade. Quem poderia esquecer o homem pequenino e chupado daquela casa vermelha ali no Alto de Celarine? Só quem nunca tivesse ouvido contar histórias de gongon, histórias de correntes arrastadas na estrada da Pontinha, em noites de ventania, por artes de xuxo, ou das trupidas de cavalos a atravessarem a morada por volta da madrugada. O povo só se lhes referia ao barulho fragoroso das patas raspando o empedrado. Andavam a pregar a tumba de nhô Rei Vendido, dizia-se. Nha Xenxa, viúva do nhô João Sena, contava, e a voz velava-se-lhe de medo, ter ouvido certa ocasião uma voz de entre o galopear troador. Ela bem a tinha reconhecido. Era nhô Simão Filili a mandar: Aperta a brida da alimária de meu pai. Minhas esporas, minhas esporinhas, minha cilha, minha cilhinha! Eram más horas e nha Xenxa foi tomada de um pesadelo, senhores! Só se acalmou porque a filha, acordada pelos gemidos da mãe, lhe aplicara um bom par de boletadas.

Andresa analisa a patrícia a seu lado. Tem um aspecto tão apagado. Passará por esta vida sem se dar por ela. Olha, curiosa, para a face lisa da Tanha, ensombrada por olheiras escuras, mais escuras que o amulatado da sua face e lhe emprestam aos olhos uma melancolia saudosa. Que idade terá a Tanha? Uns trinta? Disparate, deve ser uma quarentona bem entrada. Com certeza. Andava ela no liceu e lembra-se da Tanha, já rapariga feita, a namorar da janela do sobrado com um moço de Santo Antão, filho de nhô Pedro de nha Mari Barba. Por sinal, era um bêbedo incorrigível. Apanhava cada fusca de se lhe tirar o chapéu. Fuscas de descompor toda a gente. Começava a covar, mãe deste é tal tal, e pai daquele é assim e assado, bô é filha de solteira, aquele não casou com tua mãe. Oh nha mãe! Quem passasse por ele nesses momentos apanhava o seu chá. Bô também é trivide de pé-descalço. Sentá num cabo, sentá. As pessoas riam mas fugiam daquele moço de Santo Antão. Moço desaforado devera! Bô sabê, Santo Antão tem muito grogue e esses moços habituam-se a tomar e depois é essa pouca-vergonha de cavar cada cristão sossegado no seu caminho.

Movida não sabe por que curiosidade, indagou:

«A senhora está cá sozinha?»

Tanha levantou os olhos, virou a cara para Andresa e teve um sorriso de convívio, um sorriso das pessoas daquelas terras se encontram pessoas conhecidas, patrícios, amigos antigos.

«Bem, eu tenho cá o meu irmão Júlio. Júlio já é mé dico, mas está casado. Casou com uma rapariga daqui. Com uma mondronga.»

Andresa estranhou:

«O seu irmão já está formado? Não sabia.»

«Oh, sim», e Tanha sorriu satisfeita. «Acabou o curso há uns quatro anos. Eu podia ter ficado em casa de meu irmão, mas preferi ficar com as minhas primas em Oeiras.»

Baixando a voz, confidenciou:

«As mondrongas são atrevidas e em casa das minhas primas estou mais à vontade.»

Andresa sorriu. Continuou a sorrir e a olhar a gare vazia. Era a uma dessas horas mortas da tarde quando os comboios levam meia dúzia de passageiros. Espalham-se pelas carruagens e aguardam, pacientes, o momento da partida.

Um comboio entrou na gare e veio parar junto delas. Tanha levantou-se e passou a mão pela saia. Segurava com ar desajeitado as luvas e a mala.

«Deve ser este.»

«Deve ser», confirmou Andresa. «Mas não deve partir antes de dez minutos.»

«Sim, mas vou andando. Fico mais descansada.»

Sorria outra vez. Os cabelos negros, bem puxados e seguros com molas, emprestavam-lhe um ar esfíngico.

Andresa acompanhou-a por momentos.

«Sabe, eu podia ir consigo. Moro em Caxias. Mas estou à espera do meu marido.»

Calou-se. No fundo, irritada consigo mesma. Lá estive eu com explicações. Levo a vida nisso. Ora, não vou com ela porque não estou mesmo nada interessada. Para conversa já chega.

Em passo calmo entrou no bar e pediu um café. Teria de esperar meia hora por novo comboio. Sorveu o líquido quente. Soube-lhe bem.

Outra vez na gare, acendeu um cigarro e ocupou no banco o lugar de há pouco.

Estava-se na Primavera, mas as tardes continuavam cinzentas e com ar ensonado. A gare vazia de comboios parecia mais clara, no entanto.

Não chega a compreender porque se constrangia a acompanhar a Tanha. Estar à espera do marido estava, mas não havia problema. Podia ir com a Tanha pela linha adiante e matar saudades, a ouvir a fala descansada e sabe de Soncente, fala de conversa de novidades.

O cigarro esquecido entre os dedos ganha um morrão comprido e cinzento.

De há algum tempo para cá acontece-lhe isto. Vê um patrício, sente necessidade de lhe falar, de estabelecer uma ponte para lhe recordar a sua gente, a sua terra. Entretanto, feito o contacto, o desencanto começa a apoderar-se dele. Qualquer coisa bem no íntimo lho faz sentir. Não há afinidades nenhumas com as pessoas de há quinze anos para trás. Nem são as mesmas. Topa-os aqui e ali, no Rossio, na Estrela, espalhados por Lisboa, no Camões aos domingos de manhã, no Conde Barão, no Cais do Sodré.

Nhô Simão Filili vivo, por certo continuaria a ser a mesma figura lendária e de meter respeito. Era de uma raça! Toda a gente conhecia Nhô Simão Filili. Nhô Simão Escochóde, segredavam os meninos.

Uma inglesa ruiva, de bengala, senta-se a seu lado.

Andresa atira para longe o cigarro e cruza as pernas.

Conhecera Nhô Simão num dia de mormaço.

Tinha ido na tarde calorenta entregar um volume de As Farpas emprestado pelo pai e encontrara-o sentado num banco, à porta de casa, com um manduco a escavar e a fazer riscos no chão.

Mirrado, possivelmente devido à muita nhongra e fominha, possuía contudo um falar alterado. Assarapantava quem nunca o tivesse ouvido. As palavras enrolavam-se-lhe na boca como cascalhos arrastados até à praia por ondas bravias. Saíam, ao cabo, soltas, desconsertadas, e sempre intencionais. Falava assim por ser maçónico, dizia-se. Era da maçonaria, confirmava o povo, fazia artes como as feiticeiras. Só lhe faltava o rabo escondido por baixo das saias compridas das bruxas de Tchada Além, o rabo como o dos sanchos da Travessa do Monte. Nha Chica Maçaroca, a bruxa da Achada, quase se lhe via a ponta do rabo a arrastar pelo pó da estrada. E as criadas embalavam os meninos: Nha Chica Maçaroca ta buli ta bai, ta buli ta bem.

Bia Antónia, a velha criada da casa, era quem contava estas e outras patranhas à Andresa. Depois do jantar, Bia Antónia sentava-se num caixote, perto da escada, na varanda sobranceira ao quintal. Entre duas fumaças do canhoto sempre dependurado no canto da boca, a serva desfiava um ror de histórias. Andresa, debruçada à varanda, ouvia-a distraída.

Bia Antónia discorria, convicta.

«A primeira prova para um homem ser maçonco é atravessar descalço um mar de alfinetes. Dezide, menina, nhô Simão Filili fez esta prova como nenhum outro. Ia a atravessar o mar de alfinetes, ouviu uma trupida. Pareciam cavalos de gente-gentio, catrapau, catrapau. Dente cerrado, não voltou a cara para trás, e os cavalos catrapau, catrapau. Nhô Simão, desorientado, roupa rachada, baba a escorrer, mãos picadas, nunca voltou a cara para trás.»

Bia Antónia chupava mão-fechado a arder lento no canhoto esquecido ao canto da boca.

«E depois?», perguntava Andresa.

A velha serva levantava os olhos papudos para Andresa e respondia:

«Agora, falado ele comanda todas as noites um vapor de guerra ali na Pontinha.»

«Que casta de conversa é esta, Bia Antónia?»

«Sim senhora, é devera. Por artes de maçonaria ele costuma fazer aparecer um vapor de guerra ao bater da meia-noite. Gentes já o têm visto, todo fardado de branco. Nha Xenxa mora mesmo por cima da Pontinha e sente-o toda a santa noite. É um arrastar de ferros e é nhô Simão a gritar a noite inteira para a marinhagem.»

«Mas nha Xenxa viu-o?», tornava Andresa incrédula.

«Não senhora, nha Xenxa é mulher cristã. Ela benze-se e reza responsos, uái, maçoncos têm pacto com o xuxo.»

Andresa gostava de ouvir estas histórias espalhadas pela boca do povo. E o povo acreditava tanto nelas a ponto de nhô Simão Filili tornar-se temido e respeitado de ponta a ponta da ilha.

O maior brado fora no dia da morte da Zinha. Ninguém o esqueceu. O acontecimento preenchera tardes e serões das casas da morada por muitos e muitos dias e daí todos ficarem convencidos. Ele era mação de verdade. E o círculo de lendas à volta de nhô Simão Filili mais se avolumou ainda.

Zinha andava doente há longos meses de uma doença esquisita. A pele virara-se-lhe baça e de cor suja. O noivo lá para a Guiné e o povo murmurava. Doença assim não podia ter outra origem senão mal-feitiço feito pela amante preta de Bissau. Vocês não sabiam? Gente da Guiné fazia mal-feitiço por tudo e por nada. Também não era novidade: Qualquer rapaz solteiro costumava arranjar a sua rapariga e, muitas vezes, um ou dois filhos antes de casar com outra. Quanto à Zinha, mal-feitiço ou não, a verdade era ela estar doente. Mal-feitiço ou não, muita gente nova em Soncente morria tuberculosa e, se crianças ainda, morriam de febre tifóide, e se meninos de mama, morriam com desinteria. Então, pâ mode quê tanta tolice de boca para fora?

Murmurava-se à boca pequena, e um dia a notícia correu as ruas de cima a baixo não se sabe como. Zinha enviara um telegrama ao noivo a romper o compromisso. Ninguém comentou o caso, todavia, a cidade aprovou. Sim, senhora. Era a única saída para acabar com o mal-feitiço sobre a doente. Isso não obstou, no entanto, de a Zinha vir a falecer pouco tempo depois, numa madrugada, ainda o galo não havia cantado duas vezes.

Tanha andara aflita com ataques de espuma na boca e gritos para a vizinhança ouvir, o pai não consentira na vinda de nhô padre para dar à irmã os últimos sacramentos e, entretanto, já se falava na morada. O enterro ia ser religioso.

Andresa relembra estes sucedimentos e afigura-se-lhe nunca terem acontecido, tanto mais, mal assistira a eles. Ainda uma vez, Bia Antónia, à noite, sentada como de costume, no caixote ao pé da escada de acesso ao quintal, desfia o resto desta história de gongon.

«Oiça menina — e a criada chupa duas vezes pelo pipo do seu canhoto meio apagado —, oiça, quando nhô Padre chegou à porta de nhô Simão Filili não foi capaz de entrar.»

Andresa haveria de continuar a olhar os ramos da tamareira, longos, caídos, varrendo, com o ventinho tépido da noite, a roldana presa com cordas de carrapato a três toros entrançados sobre a boca do poço.

«Aquela casa está assombrada, menina.»

Bia Antónia coça a cabeça por debaixo do lenço para depois continuar no mesmo tom:

«Nhô Simão Filili mandou forrar a sala onde estava o caixão e também a porta da entrada, tudo com folhas de palmeira, e esperou nhô Padre. Ah, também pôs um ramo grande sobre o peito e cruzou os braços bem cruzados sobre ele.»

O vento assobiava mais rijo e Bia Antónia aconchega-se melhor no mandrião de riscado. Andresa deixara escorrer um cuspinho aguado sobre as pedras do quintal.

«Quando nhô Padre lá chegou viu tamanho aparato de maçonaria, voltou as costas e não passou da entrada da porta. Casa excomungada! Dezide menina Tanha está farta de chorar. Sabe, o enterro passou por detrás da igreja. Oh, mas na sua companha foram dois violões e um violino a tocarem mornas até ao cemitério.»

Poisa as mãos sobre os joelhos e, com esforço, levanta-se do caixote onde se tinha sentado. Levou as mãos à ilharga onde as descansou num laivo de espreguiçar, levantando-se nos bicos dos pés descalços. Momentos depois, acrescentou:

«Toda a gente na sua companha chorou bem chorado. Foi muito chorada ela.»

Andresa relembra tudo isto com tanta minúcia como se nunca se tivesse despegado da Mãe-Terra e tivesse continuado as pegadas de nhô Simão Filili de nhô Faia, de Antoninho Ligório, do Pitra.

A seu lado, a inglesa ruiva continua sua companheira de banco.

Na gare vazia descobre o comboio.

Levanta-se e começa a andar. Junto à segunda carruagem espreita. Tanha, olhar descansado, a face serena, num canto do assento como se devessem caber aí mais umas cinco pessoas ainda no mesmo banco, sorri para Andresa.

Coitada de Tanha! Vou com ela até Caxias.

 

Orlanda Amarílis (1974)

do livro Contos, Orlanda Amarílis, Tigre de Papel, 2024, integrado na colecção Ventriloquia, parceria com Um Colectivo.

por Orlanda Amarílis
Vou lá visitar | 16 Dezembro 2024 | Cabo Verde, conto, imigração