“Eu falo português, você fala brasileiro”: uma língua com múltiplas variedades, falada por milhões, ainda motiva discriminação

“Eu falo português, você fala brasileiro”: uma língua com múltiplas variedades, falada por milhões, ainda motiva discriminação   "O português é uma língua global, pertence a todos, sem hierarquias” – a docente da Universidade de Leeds e presidente da Associação de Professores e Investigadores de Língua Portuguesa no Reino Unido, Sofia Martinho, reage assim à ideia de superioridade linguística que diz que ainda persiste em Portugal. “Os meus alunos também são um bocadinho donos da língua.” Os estudantes de Sofia Martinho são uma pequena amostra do interesse internacional pela aprendizagem de português.

A ler

18.07.2025 | por Alda Rocha

Quero aprender contigo, sobre o filme "A Visita e um Jardim Secreto" com a pintora Isabel Santaló

Quero aprender contigo, sobre o filme "A Visita e um Jardim Secreto" com a pintora Isabel Santaló A visita da sobrinha desdobra-se numa longa escuta, devolvendo-nos, com pudor e firmeza, a complexidade da criação feminina e da exclusão estrutural de mulheres na história, sem sucumbir aos moralismos. Não podemos esperar que A Visita e um Jardim Secreto repare uma injustiça histórica desta e de tantas mulheres artistas, nem reabilita Isabel Santaló para o cânone, resgatando o que não se deixou resgatar. É um filme que respeita a escolha do silêncio, a opacidade de quem já não precisa de explicar-se. Mas talvez componha uma arte com uma história – como defende Filipa Lowndes Vicente – feita de gestos pequenos, de memórias frágeis, e de vozes que não se calam, mesmo quando escolhem o silêncio. E de transmissão, de outras mulheres antes de nós que nos fortaleceram, que abriram caminho para nós.

Afroscreen

18.07.2025 | por Marta Lança

FMM Sines celebra 25 edições com música de 34 países

FMM Sines celebra 25 edições com música de 34 países   O programa musical é composto por 49 concertos de artistas de quatro continentes. Youssou N'Dour, Julieta Venegas, Rokia Traoré, 47Soul, Orchestra Baobab e The Mystery of the Bulgarian Voices são alguns dos nomes consagrados da música mundial com lugar marcado no FMM Sines 2025. Nação Zumbi, Lena d'Água, Ana Lua Caiano, Bonga, Capicua, Bia Ferreira e Roberto Chitsonzo, entre outros, garantem a representação dos países de língua portuguesa no alinhamento desta edição do festival.

Vou lá visitar

18.07.2025 | por vários

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 15)

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 15) Exalta a propriedade privada, mesmo que isso seja privar os outros de propriedades. Adora o Estado quando é para tapar buracos e salvar bancos, mas odeia-o quando é hora de pagar impostos e de prestar contas, vê-o apenas como guarda da propriedade privada (não admira que a PSP trabalhe a guardar cadeias de supermercados, enquanto os nossos impostos lhe pagam o salário). Sonha privatizar o próprio Estado e vendê-lo na bolsa de valores. O socialismo, por seu turno, defende que os meios de produção devem ser da sociedade, não privados, mas o Estado decide quem é a sociedade. Bora, trabalho digno, mercado domesticado, impostos redistribuídos. Escola, saúde e pão… e algum circo. Mas o que se viu foi: o grande líder, comités, chefes, burocracia e censuras brutais. O povo, todavia, nivelado por baixo… olé!

A ler

13.07.2025 | por Marinho de Pina

“Encontramo-nos na Zona?” Uma exposição de Ceci Lombardi, dri e Maria Cidraes

“Encontramo-nos na Zona?”  Uma exposição de Ceci Lombardi, dri e Maria Cidraes A tela expande-se, reaparecem os prédios de um lugar d’troca num horizonte próximo, e os bonecos de Maria Cidraes em Poemas cruzam a paisagem. A cidade está viva, em acção. O que as artistas parecem propor, é que as obras se pensem em comunicação entre si, como corpos que dançam juntos, em aproximação e soltura. “Encontramo-nos na Zona?” esboça com beleza e fulgor um gesto de ressignificação e abolição das noções de margem e centro. A floresta é dos jaguares. E a cidade - lá onde os comboios passam - é de quem a faz e de quem a imagina.

Cidade

12.07.2025 | por João Salaviza

Entrevista a Domicília Costa - 3ª parte: Paris e o regresso a Portugal com a democracia

Entrevista a Domicília Costa - 3ª parte: Paris e o regresso a Portugal com a democracia ntretanto, eu depois de Viseu, ele deixara-me uns contactos, eu falo aí, só não digo os nomes, claro. As pessoas poderiam não estar interessadas. E, portanto, ele deixou-me contactos a quem eu podia pedir ajuda, de algum modo, fosse monetário ou outra qualquer, de forma a me aguentar aqui enquanto não fosse ter com ele. Aqui, quer dizer, em Portugal. O funcionário foi lá num dia, eu devo ter saído de casa imediatamente a seguir, não me lembro, mas deve ter sido isso que aconteceu. No dia imediatamente a seguir, provavelmente não foi naquele eu saí novamente de casa dos meus pais e fui procurar uma das pessoas que ele me tinha indicado.

Cara a cara

11.07.2025 | por Josina Almeida

“Fim do Mundo” em São Tomé e Príncipe - celebrando as ilhas, a cultura e a sustentabilidade

“Fim do Mundo” em São Tomé e Príncipe - celebrando as ilhas, a cultura e a sustentabilidade O ciclo de conferências “Alterações Climáticas e o Papel das Ilhas” reune especialistas de diversas áreas para abordar os desafios e oportunidades das ilhas face às mudanças climáticas globais. Interdisciplinar, o evento contempla debates sobre políticas públicas, sustentabilidade ambiental, inovação tecnológica e resiliência climática, promovendo o diálogo entre ciência, cultura, sociedade civil e governos.

Vou lá visitar

03.07.2025 | por CACAU

Migração nos EUA: A fronteira e os números matam

Migração nos EUA: A fronteira e os números matam Donald Trump apresentou os primeiros 100 dias de governo como uma vitória sobre a imigração ilegal. Reduziu drasticamente as apreensões de migrantes na fronteira com o México, aumentou as deportações e reforçou o controlo militar. Nos EUA, os migrantes (legais e ilegais) vivem em estado de pânico ante um governo que detém e deporta indiscriminadamente. Os perigos aumentaram para quem tenta entrar no país sem papéis. Os números contam uma história, mas os mortos também continuam a aparecer, mais silenciosos que nunca.

Jogos Sem Fronteiras

02.07.2025 | por Pedro Cardoso

O papel das bibliotecas comunitárias na redução das desigualdades sociais educativas: uma reflexão a partir de experiências em Luanda

O papel das bibliotecas comunitárias na redução das desigualdades sociais educativas: uma reflexão a partir de experiências em Luanda Este artigo explora o papel das bibliotecas comunitárias e alternativas como ferramentas para a mitigação das desigualdades sociais educativas, com base em experiências desenvolvidas em zonas periféricas de Luanda, Apoiado em observações empíricas e referências da sociologia da educação e da leitura, o texto discute o potencial de transformação desses espaços informais, mas organizados, para a promoção da justiça social, do acesso ao conhecimento e da cidadania activa.

A ler

30.06.2025 | por Daniel Anibal

White Racism, entrevista a Loren Landau

White Racism, entrevista a Loren Landau A maioria dos americanos provavelmente não quer saber. Gostaria de ouvir o que os sul-africanos dizem sobre estas pessoas. Sei que muita gente acha isto ofensivo ou ridículo, mas talvez isso inicie uma discussão sobre o papel e a posição dos brancos na sociedade sul-africana. Acho que ainda há alguns debates que precisam de ser feitos.

A ler

26.06.2025 | por Laura Burocco

A língua caboverdeana é um fator de unidade transnacional

A língua caboverdeana é um fator de unidade transnacional A dificuldade no consenso para a padronização da escrita é perfeitamente entendível e advém do processo histórico caboverdeano de que pouco ou nada falamos. Julgamo-nos uns aos outros, fulanizamos críticas que se desviam invariavelmente do foco principal, partidarizamos a política e perdemo-nos em desaguisados indigestos. As configurações seculares que nos enformam, desde o povoamento, trazem com elas estigmas de desunião quer entre as ilhas do arquipélago, quer na relação com o nosso continente, que teimamos em manter sem nos apercebermos quão colonizado deixámos ficar o nosso pensamento.

A ler

25.06.2025 | por Fernanda Marques

Nação, narrativa e memória traumática: para uma interpretação pós-colonial da trajetória afrodiaspórica no romance 'Os Pretos de Pousaflores' de Aida Gomes

Nação, narrativa e memória traumática: para uma interpretação pós-colonial da trajetória afrodiaspórica no romance 'Os Pretos de Pousaflores' de Aida Gomes Alicerçado nos estudos pós-coloniais, da memória, da narratologia e dos feminismos – particularmente nas teorias de Homi Bhabha (2005), Pierre Nora (1993), Ruth Page (2006), Walter Benjamin (1987) e Paul Ricoeur (2012) – este artigo visa evidenciar os valores estéticos, sociológicos e historiográficos do romance. Pretende-se, assim, contribuir para a visibilidade da literatura afrodiaspórica de língua portuguesa e estimular reflexões mais amplas sobre temas prementes no debate público contemporâneo, centrados no deslocamento, na imigração e na diáspora.

A ler

24.06.2025 | por Peilin Yu

Banho de Cheiro

Banho de Cheiro cheira a Porto – com o perdão da adaptação da canção popular imortalizada na voz de Amália. Tem o cheiro das sardinhas a assar na rua e dos manjericos nas mãos. Ok, às vezes, o odor é um pouco duvidoso, o do alho-porro, símbolo de fertilidade de épocas muito mais antigas do que a chegada de qualquer santo na Península Ibérica, e que os homens encostam na cabeça de quem passa por pura benfeitoria, mas cuja fragrância nada convidativa o fez ser substituído pelos coloridos martelinhos de plástico. Dizem que as mulheres costumavam levar raminhos de oliveira pelas ruas, significando os pelos púbicos, que punham na cara dos homens que passavam.

A ler

23.06.2025 | por Gabriella Florenzano

Angola: eleições, indústria da fraude e pobreza

Angola: eleições, indústria da fraude e pobreza Quando acossados por organizações internacionais que denunciam a existência de presos políticos, esses regimes fraudulentos, para a sua propaganda, põem o líder a simular indultos, amnistias e outro tipo de “perdões” com o objectivo de mostrar forjada “magnanimidade e humanismo” do líder. Nesse regime totalmente fraudulento, barões do partido-estado controlam o crime organizado e todos os grandes negócios, sobretudo os escuros com multinacionais da indústria extrativista, peça indispensável nesse complexo e perverso processo.

A ler

22.06.2025 | por Luzia Moniz

AIMA e Governo recusam residência a imigrantes da Igreja dos Anjos

AIMA e Governo recusam residência a imigrantes da Igreja dos Anjos Os ataques vis contra os direitos dos imigrantes são ataques contra os direitos de todas e todos nós. E o discurso de ódio e violência com que querem contaminar o país visa todas e todos os que acreditam na Justiça, na Igualdade, na Liberdade. Os desafios do momento presente, e aqueles que se avizinham no horizonte, exigem-nos uma luta feroz e intransigente pelos direitos de todas e de todos.

Cidade

21.06.2025 | por Mariana Carneiro

Black & White. Poesia, anti-racismo e a Revolução Russa pt. 2

Black & White. Poesia, anti-racismo e a Revolução Russa pt. 2   Muita coisa se alterou, certamente, de há um século para cá. Já não existe nem União Soviética nem uma transformação revolucionária global parece hoje uma ideia minimamente exequível. O que persiste, mesmo que em condições mudadas, é o racismo estrutural como elemento indispensável para o funcionamento do capitalismo, hoje em decomposição acelerada e num devir profundamente violento. Os termos dos debates de há cem anos continuam a ecoar nos debates actuais entre «os que nada temos a perder», e será por certo esse o interesse de os manter presentes.

A ler

20.06.2025 | por Fernando Ramalho

A Tetralogia da Amizade, conversa com João Rosas a partir do filme 'A Vida Luminosa'

A Tetralogia da Amizade, conversa com João Rosas a partir do filme 'A Vida Luminosa' Há uma questão geracional que é a de gostar de muitas coisas e não gostar de nada, ter muitos estímulos e ao mesmo tempo um niilismo existencial de que isto não serve para nada, uma precariedade laboral muito grande, uma infantilidade ou infantilização que leva, de facto, à dificuldade em tomar decisões, a uma superproteção. Não há necessariamente uma questão de género embora, as raparigas (do casting) tenham uma ideia de ser mulher, o que implica uma força e desenvoltura de «isto é a minha voz e quero tê-la», enquanto os rapazes estão mais perdidos.

Afroscreen

19.06.2025 | por Marta Lança e João Rosas

Raízes e rotas

Raízes e rotas Instalação artístico-política e de caminhadas de ressignificação da paisagem arbórea urbana. Com uma leitura decolonial das árvores centenárias de Lisboa, interrompe-se a narrativa exotizante, reintengrando contextos de deslocamento e exploração das espécies trazidas de diferentes geografias ocupadas. Investiga-se coletivamente a colonialidade urbana, a resistência cultural, assim como a interdependência entre seres humanos e não-humanos e epistemologias ancestrais reparadoras.

A ler

18.06.2025 | por várias

Entrevista a Domicília Costa - parte 2. As prisões de muitos camaradas. Como se constroem as memórias.

Entrevista a Domicília Costa - parte 2. As prisões de muitos camaradas. Como se constroem as memórias. Devia haver alguns que tinham uns arranjinhos, porque a família lhes dava umas coisas, mas no geral era isso. Todos nós tínhamos um salário, era igual para todos. Com aquele salário tínhamos de comer, pagar a água, tínhamos de pagar a luz, só não pagávamos a renda da casa. A renda não era paga pelos funcionários. E aquilo que eu ganhava e aquilo que o meu pai ganhava era entregue ao partido, independentemente de ser muito ou pouco.

A ler

17.06.2025 | por Josina Almeida

Uma festa para viver – a propósito dos cinquenta anos da independência de Angola

Uma festa para viver – a propósito dos cinquenta anos da independência de Angola Este ciclo procura exibir alguns dos produtos cinematográficos que, desde meados da década de setenta e até hoje, saíram do território. Convocando múltiplas temporalidades e respetiva complexidade histórica – a euforia e a urgência da revolução, a angústia da guerra e a reconstrução nacional, o colapso da promessa socialista e a sua reconfiguração numa chave capitalista e neoliberal –, a programação que aqui incluímos é uma oportunidade para refletir na pluralidade e polissemia do cinema angolano. É também o testemunho da sua fertilidade e resiliência criativas.

Afroscreen

17.06.2025 | por Sofia Afonso Lopes