uma ou três mulheres, porque esse texto fala sobre a quase impossibilidade de ser par, e três ou um, já nos coloca mais perto das que estão aqui, mas já se foram. eu queria que fossemos sete, mas sete talvez fosse pedir demais a vocês, então distribua no palco um ou três pedestais com microfones, um pra EU, um pra ELA outro para NÓS. texto escrito para atrizes, mas principalmente um teatro feito para poetas.
Palcos
06.11.2024 | por Luz Ribeiro
Bonga é um músico angolano conhecido no mundo inteiro. Em 1966 fixou-se em Portugal para se dedicar ao atletismo, mas poucos anos depois fugiu do país para escapar ao controlo da polícia política. O seu primeiro disco, Angola 72, saído na Holanda e cantado inteiramente em kimbundu, serviu para dar impulso à luta anticolonial e é ainda hoje um marco da música angolana. Nesta conversa, Bonga fala da sua trajectóri
Cara a cara
06.11.2024 | por projeto e Elisa Scaraggi
comunidade e coragem
por toda ilha
por toda terra
palavra é pássaro
palavra é instrumento político
política é retomar a terra
Mukanda
31.10.2024 | por Ellen Lima Wassu e Marta Lança
A inclusão desta data no calendário oficial do Rio de Janeiro é uma iniciativa ímpar e já nasce como uma das pioneiras do Brasil e do mundo, abrindo caminho para outras ações de reconhecimento do poetry slam através da ferramenta parlamentar e, com certeza, fortalecendo a cena slam na nossa sociedade e no âmbito das políticas públicas de cultura.
Cidade
30.10.2024 | por Miriane Peregrino
O início do livro remete justamente para essa intenção: a de combater o “imaginário viciado”. Dirigindo-se a essa interlocutora, escreve: “A narração daquela estória que prometi contar‐te, a do suicídio de um inglês no interior mais fundo de Angola e nesta África concreta de que tu, e todo o mundo, tão pouco realizam no exacto fim deste século XX, fora de um imaginário nutrido e viciado por testemunhos e especulações que, afinal, se ocupam mais do passado europeu que do africano (...), poderia, a ser levada avante, começar aqui e agora.”
Ruy Duarte de Carvalho
29.10.2024 | por Isabel Lucas
A nossa identidade é, toda ela, traçada com o passado. Seria então muito imprudente retirar ou apagar um momento histórico dessa mesma matriz genética, como as nossas fomes cíclicas e as murmuradas histórias de canibalismo, as ideologias e divisões feudais ainda muito presentes em Cabo Verde, Amílcar Cabral e toda a história da luta pela independência, a nossa condição africana, as atrocidades feitas a nós próprios, ou aos nossos irmãos africanos, ou qualquer outro elemento que possa ter contribuído de alguma forma para aquilo que somos hoje.
A ler
29.10.2024 | por Nuno Miranda
Uma primeira expressão do fervor afro-crioulista, pan-africanista, pan-negrista, ecumênico e internacionalista de Amílcar Cabral encontra-se nalguns dos seus poemas mais icónicos e assume laivos de esfuziante entusiasmo quando, em 1949, toma conhecimento, através do amigo e camarada angolano Mário Pinto de Andrade, dos poemas negritunidistas de poetas francófonos reunidos e organizados por Leópold Senghor na 'Anthologie de la Nouvellhe Poésie Négre et Malgache', a qual contou com um marcante prefácio do filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre intitulado “Orphée Noir”.
A ler
28.10.2024 | por José Luís Hopffer Almada
Ser uma jovem migrante brasileira negra investigadora em Portugal é resistir à destituição do meu potencial singular e complexo, quando a lógica colonial insiste em me cristalizar em identidades marcadas para morrer. É tentar equilibrar o aforismo gramsciano - pessimismo da razão e otimismo da vontade - numa fronteira cultural, social e política cujo agente de imigração não vai com a minha cara. Mas na escrevivência posso ser fronteiriça, posso ser tudo e nada, posso até abandonar esse texto sem uma lição que o valha.
A ler
27.10.2024 | por Gessica Correia Borges
Os limites do humor estão em permanente expansão, constrição e discussão. E por muito que isso seja chato, seja para veteranos como eu, com pouca paciência para novidades, seja para velhos enquistados, ou jovens com tempo a mais e vida a menos ou o contrário, é bom que assim seja. O humor faz parte do discurso e o discurso faz parte dos tempos. Muda. Aliás muda tudo, muitas vezes para tudo ficar na mesma.
A ler
25.10.2024 | por Pedro Goulão
As histórias contam-se na primeira pessoa. Fala-se de agressões gratuitas, da falta de respeito, de não se sentirem cidadãos de direito: “antes de se identificar já foi vítima”, “queremos ser tratados como cidadãos”; polícias à paisana com conversas ordinárias, insultos repetidos “pretos de me***”, “volta para a tua terra”; saídas à noite que acabam em tragédia, rusgas quando se está calmamente no café a ver a bola e se acaba deitado no chão à chuva, a ouvir insultos, festas de aniversário ou modestos convívios que de repente se misturam com balas, e ops, danos colaterais...
Cidade
25.10.2024 | por Marta Lança
Durante o último ano, em todo o mundo, tiveram lugar as maiores mobilizações das últimas décadas em solidariedade com a luta do povo palestiniano. No contexto português não foi diferente, com a presença popular massiva nas ruas e praças de várias cidades, com a partilha e discussão em vigílias diárias ou semanais e em assembleias populares onde se traçaram estratégias e objetivos, não apenas para que as exigências de um cessar-fogo se materializassem imediatamente, mas como prática descolonizadora que tem a libertação da Palestina e de todos os territórios colonizados como horizonte.
Mukanda
22.10.2024 | por Bruno Costa
A ideia de só termos saudades do futuro voltou pois a fazer todo o sentido na sequência desta "primavera", com a agravante de se estar a observar agora um tipo de gestão da comunicação social/jornalismo que tem contornos ainda mais preocupantes do ponto de vista da liberdade de imprensa, da independência editorial dos jornalistas e do pluralismo mediático. Neste segundo e último mandato de João Lourenço, sente-se que o poder político está muito mais agressivo, a lidar com os projectos editoriais que não consegue controlar directamente, com as atenções voltadas para o jornalismo digital que usa a Internet como meio de transmissão.
A ler
18.10.2024 | por Reginaldo Silva
A tua investigação parte de uma relação histórica entre humanos e lobos numa tensão mútua, e a escassez. Escreves que o lobo ocupa um lugar simbólico da escassez, ameaça tomar as almas dos últimos filhos de famílias numerosas. Nas fábulas o lobo aparece sempre como ameaça, na figura do lobo mau, aquele que vai comer os filhos da cabrinha, ou a avó do Capuchinho Vermelho.
Cara a cara
15.10.2024 | por Marta Lança e Bruno Caracol
O ocidente é um hospício, um receptáculo consciente e premeditado da magia preta. Cada desaparecimento é um registro. Isso é ressureição. Insurreição. Espalhe a magia preta, mas espalhar ou dispersar não é admitir a informidade. O som posterior é mais do que uma ponte. Ele rompe a interpretação mesmo quando o trauma que registra desaparece. Amplificação de um semblante arrebatado, retrato acentuado. Não há necessidade de descartar o som que emerge da boca como uma marca de separação. Sempre foi o corpo inteiro que emitiu o som: instrumento e dedos reclinados.
A ler
04.10.2024 | por Allende Renck
Hoje o Rei não vai estar. Não foi requerido. Mais logo no Palácio Presidencial da Cidade do México, a tomada de posse de Claudia Sheinbaum como presidente do país latino-americano não vai ter na assistência o enjoado Felipe VI a olhar com nostalgia para os céus da antiga Nova Espanha. A recusa de Sheinbaum em convidar o monarca por uma “ofensa da Casa Real espanhola à soberania e ao povo do México” está a obrigar Espanha a confrontar-se com as suas próprias lutas internas.
A ler
30.09.2024 | por Pedro Cardoso
A Espanha abre a boca para falar que, ao longo dos séculos, os dois países compartilharam uma herança comum e um relacionamento cultural e histórico que transcendem os episódios da colonização. Transcendem como? É muito conveniente para o país europeu (e para a Igreja Católica) a postura de bom gentio de outrora, quando governantes – desculpem o meu francês – abriam as pernas para os antigos colonizadores, perpetuando após a independência a mesma posição de vassalagem.
A ler
27.09.2024 | por Gabriella Florenzano
Ruy Duarte de Carvalho colocou todas estas aptidões ao serviço da compreensão e defesa das comunidades pastoralistas nómadas do Sul de Angola. Nesta missão, não o movia nenhum tipo de nostalgia romântica pelo passado, mas antes o reconhecimento da perfeita adequação das práticas dos pastores ao seu meio ambiente semidesértico, bem como da fragilidade deste modo de vida perante o avanço da ocidentalização. Do seu ponto de vista periférico em Angola, Ruy Duarte de Carvalho compreendeu as profundas ligações entre colonialismo, modernização, nacionalismo, identidade, progresso, ecologia e tecnologia, bem como a lógica por detrás da difusão da ideologia do progresso.
Ruy Duarte de Carvalho
25.09.2024 | por Alexandra Santos
Hoje já não sei o que dessa recusa é consciente ou inconsciente. Sei é que as razões angolanas continuam a arrepiar-me e as razões portuguesas me deixam perfeitamente indiferente, desde que não impliquem as razões angolanas. Isto, para mim, é uma evidência. Não decorre de nenhuma elaboração mental, ou de uma qualquer afirmação de ordem política.
Ruy Duarte de Carvalho
24.09.2024 | por Maria João Seixas
Tudo o que se faz em teatro é fictício, e a ficção identifica-se com a artificialidade. O artificial hoje, na medida em que o teatro procura ter o seu mundo, já não cria aquela ilusão de uma mensagem homenageante, uma linguagem de favorecimento do poder ou do anti-poder.(...) Uma bela história sequencial apenas nos embala e, enquanto espectadores, deixamos de ser activos. Em geral, hoje os textos estão a fugir do processo de narratividade.
Cara a cara
24.09.2024 | por Marta Lança
Por Cláudia Simões, Bruno Candé, Daniel Rodrigues, Danijoy Pontes, Giovani Rodrigues, Mumia Abu Jamal e todas as pessoas que ainda hoje enfrentam a brutalidade dos poderes capitalista, fascista, xenófobo, patriarcal, racista, afrofóbico e neocolonial.
Pelo direito de existir, resistir, circular e habitar.
Pelo trabalho digno, sobretudo das mulheres que trabalham no setor das limpezas.
Mukanda
20.09.2024 | por vários