A Amazónia paga um preço imensurável pelo seu ouro. Parte II

A Amazónia paga um preço imensurável pelo seu ouro. Parte II Davi Kopenawa destaca, no documentário Escute: A Terra Foi Rasgada, a importância de continuar a denunciar e a construir alianças, não só com outros povos originários, mas também com parceiros não-indígenas, tanto no Brasil como fora: “Pessoal não fiquem tristes. Nós ainda estamos vivos. Não é hora de chorar. É hora de lutar. De continuar a viajar, denunciar. (…) Eu preciso do meu povo vivo e que permaneça no seu lugar. (…) Eu estou-me sentindo forte, porque nós estamos unidos. Estamos fazendo a aliança para ficar uma luta só. Sem luta, ninguém vai sobreviver”.

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20.11.2024 | por Anabela Roque

A transexualidade aos olhos da Genspect

A transexualidade aos olhos da Genspect Havia autocolantes a serem distribuídos gratuitamente com a inscrição: “No one is born in the wrong body” [Ninguém nasce no corpo errado, em tradução livre]. Havia livros, com o custo de 30 euros para cima, que indicavam ser a ajuda que os pais precisavam para “salvarem” os seus filhos da disforia de género. Havia panfletos de propaganda a igrejas que “providenciam um lugar seguro e passível de reflexão sobre o que significa ser gay, lésbica, bissexual e cristão, através de reuniões, rezas, retiros e conferências”.

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19.11.2024 | por Mariana Moniz

Na morte de Oswaldo Osório, um dos maiores mortos imortais da história da literatura caboverdiana e da lusografia

Na morte de Oswaldo Osório, um dos maiores mortos imortais da história da literatura caboverdiana e da lusografia Na prosa literária, foi autor de um romance intitulado As Ilhas do Meio do Mundo (2013), há muito aguardado com o título antecipado As Portas de Roterdão, para além de contos curtos de paixão amorosa intitulado Amores de Rua e da novela Nimores e Clara, muito inovadora do ponto de vista temático e do imaginário caboverdiano construtivista.

Vou lá visitar

17.11.2024 | por José Luís Hopffer Almada

Terão os direitos humanos um continente ou nacionalidade?

Terão os direitos humanos um continente ou nacionalidade? Seria o continente africano, e particularmente Moçambique, relegado a uma “periferia” da preocupação dos direitos humanos? Será que, inconscientemente, ainda carregamos o peso de um olhar colonial, em que África e as pessoas africanas são vistas como eternamente em crise, como se os problemas no continente fossem normais e, portanto, indignos de atenção urgente? O filósofo Frantz Fanon abordou a desumanização estrutural que condiciona as perceções dos povos africanos, e aqui vejo um eco dessa verdade: o sofrimento em Moçambique, no Congo, Sudão, Somália, entre outros países africanos, não parece evocar a mesma empatia global que crises em outros locais do mundo.

Mukanda

13.11.2024 | por Paula Machava

Prefácio - A impossibilidade da não-violência

Prefácio - A impossibilidade da não-violência Da vida quotidiana às relações internacionais, os exemplos poderiam multiplicar-se. A violência é parte fundamental da normalidade em que vivemos. Mas sobre a violência recai, frequentemente, um manto tão pesado de eufemismos e «explicações» que se torna difícil pensá-la, estabelecer os seus limites, até identificá-la. Iluminar um ponto em que se manifesta implica deixar muitas das suas manifestações na sombra. A sua invisibilidade é um produto da sua ubiquidade. A maioria dos episódios partilhados no parágrafo anterior – quando chegam às notícias – não convocam sequer a palavra «violência».

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11.11.2024 | por Diogo Duarte

A Amazónia paga um preço imensurável pelo seu ouro. Parte I

A Amazónia paga um preço imensurável pelo seu ouro. Parte I O filme de Bodanzky é o que mais expõe os conflitos sociais gerados pela atividade clandestina e ecoa a urgência do seu combate. O documentário revela como o garimpo afeta, de forma catastrófica, o meio ambiente e a saúde dos povos originários através da contaminação por mercúrio - metal usado ilegalmente pelos garimpeiros na extração do ouro.

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08.11.2024 | por Anabela Roque

Por ti, Portugal, eu juro!

 Por ti, Portugal, eu juro! Este livro foca‐se num universo muito específico deste contexto: os comandos africanos da Guiné que integraram as três companhias criadas por António de Spínola em 1971, homens a quem o então governador da Guiné prometeu a futura liderança do território quando a guerrilha do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) dali saísse derrotada — presciência que, como hoje se sabe, nunca aconteceu.

Mukanda

08.11.2024 | por Sofia da Palma Rodrigues

Libertar a Memória #2 cinema | debates | livros

Libertar a Memória #2 cinema | debates | livros Fazê-lo em Lagos tem especial relevância, uma vez que se assume como local emblemático na História da expansão portuguesa e também como o primeiro porto de desembarque europeu de pessoas escravizadas na costa ocidental africana. Na atualidade, a relevância da descoberta em 2009, de 158 ossadas de africanos escravizados, enterrados onde, dos séculos XV a fim XVI-inícios do XVII, havia uma lixeira urbana (no Valle da Gafaria), durante trabalhos arqueológicos preventivos da construção de um parque de estacionamento, veio confirmar as fontes documentais que referem que em Lagos aconteceu a grande primeira venda de pessoas escravizadas da Época Moderna.

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08.11.2024 | por Luísa Baptista

A vida é um mar de perguntas sem respostas” – Jessemusse Cacinda

A vida é um mar de perguntas sem respostas” – Jessemusse Cacinda Eu quis escrever justamente para não estar num só lado. A literatura não tem lado. A literatura é o respeito pela diversidade que faz o nosso país e o nosso continente. Este 'Kwashala Blues' é uma oportunidade para os moçambicanos conhecerem-se a si mesmos. Mas também para celebrar as dores e alegrias das pessoas deste país e deste continente.

Cara a cara

07.11.2024 | por Eduardo Quive

Trump again. ¿Y ahora?

Trump again. ¿Y ahora? São 5.30 da manhã, hora do centro do México. Abro os olhos e Trump já é presidente virtual. Os bad hombres estão de volta. Do lado de cá, para os trumpistas; ou além Rio Bravo, para os mexicanos.

Jogos Sem Fronteiras

07.11.2024 | por Pedro Cardoso

“me debrucei pra escrever algo pra minha avó, pro mundo não se esquecer de mim, como fez questão de esquecê-la.”

“me debrucei pra escrever algo pra minha avó, pro mundo não se esquecer de mim, como fez questão de esquecê-la.” uma ou três mulheres, porque esse texto fala sobre a quase impossibilidade de ser par, e três ou um, já nos coloca mais perto das que estão aqui, mas já se foram. eu queria que fossemos sete, mas sete talvez fosse pedir demais a vocês, então distribua no palco um ou três pedestais com microfones, um pra EU, um pra ELA outro para NÓS. texto escrito para atrizes, mas principalmente um teatro feito para poetas.

Palcos

06.11.2024 | por Luz Ribeiro

boa de panela e cabeça - a propósito da leitura que fiz de Lacuna, de Luz Ribeiro

boa de panela e cabeça - a propósito da leitura que fiz de Lacuna, de Luz Ribeiro Trata-se de um texto em fragmentos de que muito gosto - e reivindico aqui a possibilidade de gostar de um texto, gostar de algo, gostar de alguém, não o gosto do “bom gosto" ou do “mau gosto”, mas o gosto de me relacionar afectivamente com algo que admiro, com que sinto cumplicidade, que me interpela, me encanta, me estimula a reimaginar mundos e possibilidades do sensível, algo que abre o entendimento do mundo à sua complexidade. E que o faz de modo generoso e justo.

Mukanda

06.11.2024 | por Ana Bigotte Vieira

“Deviam fazer-lhe um monumento em Angola”, conversa com Bonga Kwenda sobre Mário Pinto de Andrade.

“Deviam fazer-lhe um monumento em Angola”, conversa com Bonga Kwenda sobre Mário Pinto de Andrade. Bonga é um músico angolano conhecido no mundo inteiro. Em 1966 fixou-se em Portugal para se dedicar ao atletismo, mas poucos anos depois fugiu do país para escapar ao controlo da polícia política. O seu primeiro disco, Angola 72, saído na Holanda e cantado inteiramente em kimbundu, serviu para dar impulso à luta anticolonial e é ainda hoje um marco da música angolana. Nesta conversa, Bonga fala da sua trajectóri

Cara a cara

06.11.2024 | por Elisa Scaraggi e projeto

Um mapa para configurar mundos

Um mapa para configurar mundos comunidade e coragem por toda ilha por toda terra palavra é pássaro palavra é instrumento político política é retomar a terra

Mukanda

31.10.2024 | por Ellen Lima Wassu e Marta Lança

Dia municipal do Poetry Slam é comemorado pela primeira vez no Rio de Janeiro

Dia municipal do Poetry Slam é comemorado pela primeira vez no Rio de Janeiro A inclusão desta data no calendário oficial do Rio de Janeiro é uma iniciativa ímpar e já nasce como uma das pioneiras do Brasil e do mundo, abrindo caminho para outras ações de reconhecimento do poetry slam através da ferramenta parlamentar e, com certeza, fortalecendo a cena slam na nossa sociedade e no âmbito das políticas públicas de cultura.

Cidade

30.10.2024 | por Miriane Peregrino

Os Papéis do Inglês e muito mais: venham lá conhecer Ruy Duarte de Carvalho

Os Papéis do Inglês e muito mais: venham lá conhecer Ruy Duarte de Carvalho O início do livro remete justamente para essa intenção: a de combater o “imaginário viciado”. Dirigindo-se a essa interlocutora, escreve: “A narração daquela estória que prometi contar‐te, a do suicídio de um inglês no interior mais fundo de Angola e nesta África concreta de que tu, e todo o mundo, tão pouco realizam no exacto fim deste século XX, fora de um imaginário nutrido e viciado por testemunhos e especulações que, afinal, se ocupam mais do passado europeu que do africano (...), poderia, a ser levada avante, começar aqui e agora.”

Ruy Duarte de Carvalho

29.10.2024 | por Isabel Lucas

“Até que tudo caiu no esquecimento”. Falar de Luís Romano à mesa.

“Até que tudo caiu no esquecimento”. Falar de Luís Romano à mesa. A nossa identidade é, toda ela, traçada com o passado. Seria então muito imprudente retirar ou apagar um momento histórico dessa mesma matriz genética, como as nossas fomes cíclicas e as murmuradas histórias de canibalismo, as ideologias e divisões feudais ainda muito presentes em Cabo Verde, Amílcar Cabral e toda a história da luta pela independência, a nossa condição africana, as atrocidades feitas a nós próprios, ou aos nossos irmãos africanos, ou qualquer outro elemento que possa ter contribuído de alguma forma para aquilo que somos hoje.

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29.10.2024 | por Nuno Miranda

A visão pan-africanista e não-alinhada de Amílcar Cabral e a atual situação da África e do mundo, à luz de alguns relevantes factos da atualidade *

A visão pan-africanista e não-alinhada de Amílcar Cabral e a atual situação da África e do mundo, à luz de alguns relevantes factos da atualidade * Uma primeira expressão do fervor afro-crioulista, pan-africanista, pan-negrista, ecumênico e internacionalista de Amílcar Cabral encontra-se nalguns dos seus poemas mais icónicos e assume laivos de esfuziante entusiasmo quando, em 1949, toma conhecimento, através do amigo e camarada angolano Mário Pinto de Andrade, dos poemas negritunidistas de poetas francófonos reunidos e organizados por Leópold Senghor na 'Anthologie de la Nouvellhe Poésie Négre et Malgache', a qual contou com um marcante prefácio do filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre intitulado “Orphée Noir”.

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28.10.2024 | por José Luís Hopffer Almada

Sobre escrevivências, fronteiras e ficar Odara

Sobre escrevivências, fronteiras e ficar Odara Ser uma jovem migrante brasileira negra investigadora em Portugal é resistir à destituição do meu potencial singular e complexo, quando a lógica colonial insiste em me cristalizar em identidades marcadas para morrer. É tentar equilibrar o aforismo gramsciano - pessimismo da razão e otimismo da vontade - numa fronteira cultural, social e política cujo agente de imigração não vai com a minha cara. Mas na escrevivência posso ser fronteiriça, posso ser tudo e nada, posso até abandonar esse texto sem uma lição que o valha.

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27.10.2024 | por Gessica Correia Borges

O Humor, a Liberdade de Expressão e a Blackface entram num bar

O Humor, a Liberdade de Expressão e a Blackface entram num bar Os limites do humor estão em permanente expansão, constrição e discussão. E por muito que isso seja chato, seja para veteranos como eu, com pouca paciência para novidades, seja para velhos enquistados, ou jovens com tempo a mais e vida a menos ou o contrário, é bom que assim seja. O humor faz parte do discurso e o discurso faz parte dos tempos. Muda. Aliás muda tudo, muitas vezes para tudo ficar na mesma.

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25.10.2024 | por Pedro Goulão