"Do Cinema de Estado ao Cinema Fora do Estado: ANGOLA"

O ciclo;  ”Do Cinema de Estado ao Cinema Fora do Estado: ANGOLA” acontece na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, do dia 12 a 23 de Novembro de 2024; com uma programação onde são destacadas algumas das obras fílmicas que marcam e registam o nascimento, a história social, política, econômica, institucional… de uma nação; Angola. Gostaria de vos contar mais detalhes sobre estes filmes; em que cada um deles nas suas imagens em movimento, nos contam pedaços de histórias reais, ficcionadas; sobre Angola. Dando-nos deste modo a oportunidade de conhecermos melhor a sua história; e percebermos o processo e o percurso evolutivo do cinema angolano até aos dias de hoje; e a importância da sua ‘presença’ no panorama mundial.

Através dos mesmos -filmes- e já não tão timidamente, temos assistido a um crescente interesse, desenvolvimento e evolução na arte cinematográfica, em Angola; seja dos cineastas, público, ou ainda de uma nova geração de estudantes de cinema angolano; como também o interesse e curiosidade de países estrangeiros pelo cinema produzido neste país; tendo como exemplo a presença dos nossos filmes pelos festivais e salas de cinema mundiais.Mas prefiro não me alongar, nesta conversa, e esperar por vocês na próxima semana, e, como tantas outras vezes, criarmos ‘rodas’ de boas e animadas conversas, que seguramente nos ajudam a ‘arrumar’ ideias, pensamentos sobre Angola no seu todo; que é tanto… E para isso, poderemos contar com a presença do realizador Ery Claver; Pocas Pascoal; Zéze Gamboa, entre outras personalidades do mundo das artes, e claro, nós, público.

10.11.2024 | by martalanca | cinema angolano, cinemateca

As várias faces de Regina Guimarães e Saguenail

CICLO REALIZADORES CONVIDADOS: REGINA GUIMARÃES & SAGUENAIL

3 a 29 de junho na Cinemateca 
Regina Guimarães (n. 1957) e Saguenail (n. 1955) fazem cinema há mais de 50 anos. Formaram a casa de produção independente Hélastre, no Porto, em 1975, e desde então é a partir dela que declaram o seu amor pelo cinema. É uma relação intensa, ativa e apaixonada que toma uma forma multifacetada, pelo menos tripla: seja na criação, na crítica ou na programação, é sempre de fazer cinema que se trata. Todas estas três faces, inseparáveis, estão em ato neste programa.
Saguenail fez o seu primeiro filme aos 14 anos, em 1969, e durante a sua juventude ainda em França fez outros filmes a que chamou “pecados de juventude” – desses veremos REVOLVER OU CHEVEUX BLANCS, que fez aos 18 anos. Com um desejo e um anseio forte pelo cinema desde muito cedo, então, Saguenail mantém uma prática regular na realização (para além da colaboração com outros cineastas, portugueses e estrangeiros, sobretudo na montagem). Podemos caracterizar brevemente essa prática pelo uso dos meios e ferramentas cinematográficas mais estabilizados e académicos (desde logo na planificação), para corromper e desestabilizar por dentro esse mesmo academismo ou estabilidade. “Sou formalista”, diz na conversa que fecha o catálogo que acompanha este Ciclo. E é de um formalismo arrojado que se trata, radicalmente independente, independência que está assim inscrita em todas as dimensões da sua prática, desde a produção à realização e distribuição dos seus filmes. “Se alguém já fez, não faço”, é a única regra que tem na organização dos seus projetos fílmicos. E em todos os que veremos aqui percebemos o que quer dizer: apesar de uma aparência clássica (os campos/contra-campos, os raccords de continuidade), os filmes de Saguenail são marcados por um forte experimentalismo formal, todos eles tratados preciosos sobre a possibilidade e o limite da “linguagem” cinematográfica – são filmes que perguntam o que é e o que pode essa linguagem. Com temas muito diversos – do colonialismo, à própria morte, ao espaço (imaginário ou não) da cena ou da cidade, ao Porto (que não é só cenário, é tema e vértice na obra dos dois), ao corpo, memória, imagem ou luz (temas que atravessam muitos dos seus filmes) – o tema do trabalho de Saguenail é sempre o mesmo: a imagem cinematográfica.
Regina Guimarães pelo seu lado começou a filmar, ou a “cometer” filmes, como diz, só no final dos anos 80, quando percebeu que os meios videográficos lhe permitiam filmar sozinha, sem ter de explicar a outros aquilo que não sabia explicar se não fosse ela mesma a fazer. Poeta, Regina filma como escreve, a partir daquilo que vê, na rua ou na história das imagens, que articula em montagens-devaneios, que ligam o distante, o discordante, em novos todos – os filmes – poliédricos e expansivos, sempre subversivos. Não é por acaso que se sucedem os “cadernos” na sua prática, e assim é neste programa: não sendo objetos diarísticos, os seus filmes estão ligados ao seu corpo, à sua presença e passagem pelos lugares, aos seus encontros, respondem-lhes, de um modo explosivo (explodem com as formas convencionais). Fazem na prática o que Regina defende quando escreve ou fala sobre cinema: reclamam um espaço para o rascunho na criação cinematográfica.
Os dois escrevem em “Cinema Pobre”, texto publicado no número 0 de A Grande Ilusão, revista de crítica cinematográfica que dirigiram entre 1984 e 1996: “O nosso militantismo é duplo: defesa do cinema — vontade de assegurar a sobrevivência de um meio de expressão para além da sua contingente adequação social (como o circo, os fantoches, etc.) — e luta por uma desenfreada descoberta das suas potencialidades ainda inexploradas.” Com práticas e objetos muito diferentes, então, feitos a partir de impulsos distintos, e resultando em filmes muito díspares também, Regina Guimarães e Saguenail aproximam-se nas perguntas e na reflexão, profunda e contínua, que mantêm sobre o cinema – sobre as suas formas, as suas possibilidades, os seus limites (que trabalham para esticar em todas as suas frentes). Paulo Rocha, confesso admirador dos filmes do casal, elogiava a liberdade e ousadia com que mexiam com as ferramentas do cinema, liberdades e ousadias que o vídeo, meio indomável dizia o cineasta, ajudou a potenciar. Esse gesto que Rocha admirava ficará claro neste programa.
As perguntas que Regina e Saguenail fazem ao cinema não são só colocadas nos filmes: com uma prática crítica e de programação tão longa quanto a da criação, os realizadores apresentam e discutem os filmes (seus e de outros) na mesma medida, com a mesma intensidade com que os fazem. A rubrica dos “realizadores convidados” na Cinemateca é às vezes acompanhada de uma carta branca, outras vezes não. Neste caso, não seria possível fazer um retrato do cinema de Regina e Saguenail se não existisse uma carta branca. As 20 sessões que compõem este programa incluem assim filmes de Regina e Saguenail e filmes de outros, todos eles escolhidos pelos próprios. É um programa que acompanha a visão que os dois têm sobre o cinema e sobre o lugar que os seus filmes ocupam por entre os filmes que veem e amam. É um programa feito por dois cinéfilos, cinefilia apaixonada que arde e é declarada (por citações, referências) dentro dos seus próprios filmes – onde se encontram os cineastas não programados nesta carta branca (Godard, Marker, Carné, Lehman, tantos outros).

Mudas Mudanças (1980) de SaguenailMudas Mudanças (1980) de Saguenail
Levamos assim até ao programa o questionamento que Regina e Saguenail mantêm vivo, em curso e em público, numa prática que recupera as sessões cineclubísticas mais intensas (movimento onde foram figuras importantes e ativas) – este programa inclui aliás CINECLUBE, que Saguenail fez em 2020, em pleno confinamento, onde integra e joga com esse espaço que continua a criar quotidianamente (um espaço de ver e discutir e por isso ver outra vez). Os realizadores vão apresentar e acompanhar todas as sessões do programa, que serão momentos preciosos para acompanhar esta prática ao vivo e discutir com eles as suas ideias de cinema e o ponto onde a sua prática crítica toca a da realização (uma não vive sem a outra, nos filmes que vamos ver). À exceção de MUDAS MUDANÇAS, MA’S SIN e OS MEUS MORTOS, todos os filmes de Regina Guimarães e Saguenail a exibir no Ciclo são primeiras apresentações na Cinemateca.
Resta dizer que esta retrospetiva é incompleta. Não só porque Regina Guimarães e Saguenail continuam, desenfreadamente, a cometer filmes, mas porque há facetas da sua prática ausentes neste programa. A mais óbvia, e mais importante, é o trabalho fílmico que têm desenvolvido em conjunto sobre o cinema português. São filmes onde exploram, experimentam, por dentro, com os filmes dos outros, onde fazem um meta-cinema, objetos incontornáveis na sua prática por conjugarem a tríade apontada acima (crítica, programação, realização). E são objetos preciosos e raros sobre a História do cinema português. Ficaram de fora desta carta branca onde Regina e Saguenail quiseram pôr em cena outros movimentos do seu trabalho – apontados nos títulos das sessões, que são também deles – mas são ótimas razões para continuar a visitar a simultaneamente monumental e pobre obra de Regina Guimarães e Saguenail.

ver programa 
 

18.06.2024 | by martalanca | cinemateca, Regina Guimarães, Saguenail

VI Encontro de Cinematecas Ibéricas

Entre 6 e 7 de junho de 2022, às 19h, a Cinemateca acolhe o VI Encontro de Cinematecas Ibéricas, dedicado ao tema Cinema e educação, que serve de pretexto para a exibição numa sessão pública, com apresentação, do filme Révolution École 1918-1939, de Joanna Grudzinska.


Sinopse:

A história de um sonho e da sua parcial (temporária?) derrota. Com base em documentos de arquivo hoje em grande parte esquecidos, Joanna Grudzinska analisa as tentativas radicais de concetualização e construção de uma nova escola que nasceram na Europa no rescaldo da Primeira Guerra Mundial, que foram rapidamente interrompidas pelo contexto da Segunda, e que só parcialmente foram retomadas depois. São abordadas as ideias e as experiências de Rudolf Steiner, Maria Montessori, Célestin Freinet, Alexander S. Neill, Ovide Decroly, Paul Geheeb ou Janusz Korczak – “estes pedagogos que, a contracorrente dos dogmas da sua época, inventam uma educação mista e livre em que a realização plena da criança triunfa sobre a disciplina” (Pierre Ancery).

06.06.2022 | by Alícia Gaspar | cinema, cinemateca, cinematecas ibéricas, educação, história

Cinemateca | Cerro dos Pios

12/11/2020, 21H00 | Sala M. Félix Ribeiro

Ciclo ante-estreias com sessão de apresentação no Cinemateca.

“Há uma década que não vejo o meu pai. Juntamente com os meus colegas da escola de cinema, parto para o lugar onde nasci e o reencontro parece inevitável” (Miguel de Jesus). Filme sobre uma procura, ‘Cerro dos Pios’ interroga as possibilidades abertas pelo chamado cinema do real em formato diarístico e auto-reflexivo.

Vencedor do Prémio do Júri da Competição Nacional do Doclisboa 2019.

“Cerro dos Pios” de Miguel de Jesus com Afonso Mota, Bruno Côrte-Real, Francisco Costa, Manuel Martins, Miguel de Jesus Portugal, 2019

Documentário de 82 min | M/12

04.11.2020 | by martalanca | cerro dos pios, ciclo ante-estreias, cinemateca, miguel de jesus

Angola, o Nascimento de Uma Nação (Vol. 1) - O Cinema do Império

Lançamento do 1º Volume do livro “Angola, o nascimento de uma nação”, sobre o cinema em Angola, organizado por Maria do Carmo PiçarraJorge António.

Locais e Horas:
Dia 9 Julho - Lisboa, Cinemateca Portuguesa, 20H00;
Dia 10 Julho - Lisboa, FNAC Colombo, 18H30;
Dia 11 Julho- Porto, Universidade de Letras, 17H30;
Dia 26 Julho - Évora, Casa da Zorra, 22H.

Em Angola, será lançado em Setembro, dia 26, no Centro Cultural Português, data a confirmar posteriormente.

 

 

03.07.2013 | by herminiobovino | cinema angolano, cinemateca, lisboa, porto

DOCTV na Cinemateca

A partir de amanhã e até sexta-feira decorre na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, a Mostra dos Documentários resultantes do 1º Programa DOCTV da CPLP, com filmes de todos os países membros desta organização.

Mais informações nos sites do ICA e da Cinemateca.

14.09.2010 | by guilhermecartaxo | cinema, cinemateca, CPLP, documentário