Mulheres nas descolonizações, modos de ver e saber

II Encontros

“Descolonizar, dizem elas” *
(*a partir de Destruir, diz ela, Duras, 1969)

Hangar, 29-30 de Setembro

Toca Tchoro © Daniel Barroca e Catarina Laranjeiro (Fogo no lodo, 2023)

A segunda edição dos Encontros MULHERES NAS DESCOLONIZAÇÕES. MODOS DE VER E SABER junta criadorxs, curadorxs e investigadorxs para uma reflexão sobre os olhares, saberes e práticas de mulheres nas libertações e nos processos decoloniais, e sobre como, partindo destes, encetando novas práticas artísticas e comunicacionais, e potenciando novas perspectivas identitárias, se (re-)imagina o (pós-)colonialismo
Programa de investigação-acção, parte das práticas artísticas, de novos modelos de comunicação e da reflexão sobre os mesmos para questionar “políticas da memória” e identidade, ensaiando gestos de restituição. A reflexão sobre e a afirmação de modos de ver e fazer no feminino são centrais num processo necessário de cura e restituição.

Curadoria: Maria do Carmo Piçarra

Doutorada em Ciências da Comunicação, Maria do Carmo Piçarra é professora na Universidade Autónoma de Lisboa, investigadora contratada no ICNOVA e programadora de cinema. Tem investigado propaganda cinematográfica e a censura durante o Estado Novo, o cinema militante africano e os modos de ver e conhecer das mulheres durante os processos de descolonização. Entre outros livros e artigos, é autora de Olhar de Maldoror. Singularidade de um cinema político (2022), Projectar a ordem. Cinema do Povo e propaganda salazarista 1935 – 1954 (2020), Azuis ultramarinos. Propaganda colonial e censura no cinema do Estado Novo” (2015). Coordenou, com Jorge António, a trilogia Angola, o nascimento de uma nação (2013, 2014, 2015) e, com Teresa Castro, (Re)Imagining African Independence. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire (2017). Dinamiza a Aleph – Rede de Acção e Investigação Crítica da Imagem Colonial.

DIA 29

Identidade e memória nas práticas artísticas e da comunicação

10h-11h15: Sobre o colonialismo português tardio: uma breve imersão

Apresentação e conversa com Rita Cássia Silva

Rita Cássia Silva iniciou-se nas artes cénicas aos doze anos. Natural de Salvador-Bahia-Brasil, radicou-se em Portugal, a partir de 2000. Escolheu Lisboa enquanto primeira morada. Lagos e Mértola enquanto recônditos afetivos cruciais. Mãe de Martim. Escreve, interpreta, encena, pratica artivismo, intervém educacionalmente. Licenciada em Antropologia pelo ISCTE-UL. Doutoranda em Ciências da Comunicação – Comunicação e Artes, pela Universidade Nova de Lisboa. Integra o ICNOVA, Projeto Photo Impulse. Bolseira do Programa Aliança EUTOPIA (FCT / NOVA / CY CERGY PARIS). Curadora participativa da exposição “O Impulso Fotográfico (des) Arrumar o Arquivo Colonial”, patente temporariamente até 31 de Dezembro de 2023, no MUHNAC, Lisboa. As suas áreas de interesse situam-se na pesquisa baseada em criação artística, cruzamentos disciplinares, autoetnografia, género, comunicação, pensamento decolonial e cultura visual.

11h15-11h45: As donas da Casa: A presença (in)visível das mulheres na Casa dos Estudantes do Império

Apresentação por Vânia Maia, seguida de debate

Vânia Maia iniciou-se no jornalismo aos microfones de rádios locais. Para a imprensa escrita, fez reportagens na Central Nuclear de Chernobyl, em campos de refugiados no Uganda ou em áreas devastadas por ciclones, em Moçambique. Integra a bolsa de formadores da Associação Literacia para os Media e Jornalismo. Os seus trabalhos receberam mais de uma dúzia de distinções — seis delas relacionadas com a cobertura da pandemia. No 30.º aniversário do Prémio Lorenzo Natali, promovido pela Comissão Europeia, venceu na categoria Europa. Ganhou uma Bolsa de Investigação Jornalística pela Fundação Calouste Gulbenkian, que deu origem a uma grande reportagem sobre a presença feminina na Casa dos Estudantes do Império.

12h-13h30: Análise da iconografia da mulher negra na banda desenhada de Casa Grande & Senzala – em quadrinhos (Livia Sampaio), O feminismo é uma prática (Lorena Travassos) e Afrolis: jornalismo com cor e sotaque (Amina Bawa)

Apresentações por Livia Sampaio, Lorena Travassos e Amina Bawa, seguidas de debate

Livia Sampaio é brasileira, formada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Veio para Portugal para fazer o mestrado em Estudos Africanos no ISCTE com a dissertação Mulheres negras e o cabelo: Racismo, sexismo e resitência defendida em 2021, e, desde então, vem se dedicado no estudo do reflexo do racismo e misoginia no corpo da mulher negra em Portugal. Co-editora do livro Uma História com mulheres e autora do capítulo “Como o status social colonial é refletido no cotidiano das mulheres negras”. É doutoranda no curso de Media e Sociedade no Contexto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, da Universidade Autónoma de Lisboa.

Lorena Travassos é fotógrafa, livreira e investigadora do ICNOVA. Actualmente é docente convidada no ICNOVA e investiga o arquivo a partir das questões decoloniais e de género. É fundadora da livraria feminista Greta em Lisboa.

Amina Bawa é jornalista, produtora cultural e mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade de Lisboa. No Brasil, trabalhou em áreas diversas como comunicação sindical e na produção de museus e espaços de cultura. Em Portugal, trabalha como Gestora de Conteúdo, Marketing e Comunidade na Associação Afrolis e como professora de Tecnologia da Informação e Comunicação na escola de circo do Chapitô. É Produtora Editorial no Gerador, além de ser co-fundadora do observatório de tendências brasileiras, Brasil Mood.

Modos de ser e fazer. Práticas artísticas

15h-16h15: Museu Pessoal

Performance e conversa com Gisela Casimiro

Gisela Casimiro é escritora, artista, performer e activista. Formou-se em Estudos Portugueses e Ingleses pela NOVA/FCSH. Trabalha sobre identidade, corpo, memória, trauma, racismo, pós-colonialismo e quotidiano. A sua prática envolve escrita, fotografia, instalação, colagem e som. É autora de Erosão e Giz (poesia), Estendais (crónicas) e Casa com Árvores Dentro (dramaturgia, encenado por Cláudia Semedo/Companhia de Actores). Em teatro foi co-criadora e actriz de SET THE TABLE, de Raquel André e Cristina Carvalhal. Participou em exposições no Armário, Galerias Municipais do Porto e de Lisboa, entre outros. Integra a Coleção António Cachola. Coordena, com Teresa Coutinho, o Clube de Leitura do Batalha Centro de Cinema. É membro fundador da UNA – União Negra das Artes. De momento faz o apoio à dramaturgia de BLACKFACE!, de Marco Mendonça, a estrear em 2023.

Toca Tchoro © Daniel Barroca e Catarina Laranjeiro (Fogo no lodo, 2023)Toca Tchoro © Daniel Barroca e Catarina Laranjeiro (Fogo no lodo, 2023)

DIA 30

Modos de ser e fazer. Práticas artísticas

10h-11h15: Mankaka Kadi Konda Ko

Performance e conversa com Filipa Bossuet

Filipa Bossuet (1998) Licenciada em Ciências da Comunicação e aluna do mestrado em Migrações, Inter-Etnicidades e Transnacionalismo, na NOVA FCSH. Utiliza a performance, a pintura, a fotografia e o vídeo experimental para retratar processos de identidade, negritude, memória e cura.

Luta e luto. Entre passado e presente

11h30-12h45: Mulheres de fogo, no lodo

Apresentação e conversa com Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca

Catarina Laranjeiro (1983) estudou Psicologia Social na FPCE-UL (Lisboa), Cinema/Imagem em Movimento no Ar.Co (Lisboa), Antropologia Visual na FU (Berlim) e doutorou-se em Pós-Colonialismo e Cidadania Global no CES-UC. É investigadora no Instituto de História Contemporânea da NOVA-FCSH. Tem autoria e colaboração em diversos projetos que aliam a investigação à criação artística, cruzando a antropologia, o teatro e o cinema. Realizou o filme PABIA DI AOS (2013).

Daniel Barroca estudou Artes Plásticas na Escola de Arte e Design das Caldas da Rainha e no Ar.Co. Foi artista residente na Künstlerhaus Bethanien em Berlim, na Rijksakademie em Amesterdão, no Ashkal Alwan em Beirute, e no Drawing Center em Nova Iorque. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Botin e da Comissão Fulbright, entre outras. Neste momento, desenvolve uma pesquisa doutoral sobre imagem antropológica e guerra colonial. Ao longo do seu percurso artístico, tem desenvolvido projetos de cinema expandido e experimental, que têm sido apresentados em festivais de cinema e espaços de arte contemporânea em diversas partes do mundo.

14h30-15h30: “Eu sou a rixa”: traçando a evolução da identidade da segunda geração no Reino Unido através dos arquivos audiovisuais

Apresentação e conversa com Ana Naomi de Sousa

Ana Naomi De Sousa é uma realizadora e jornalista independente. Realizou os documentários The Architecture of Violence, Angola – Birth of a Movement; Guerrilla Architect; e Hacking Madrid – todos exibidos na Al Jazeera em inglês. Colaborou com Forensic Architecture e Amnesty International, no documentário interativo Saydnaya sobre uma prisão militar síria, tendo vencido um prémio Peabody em 2017. Escreve sobre a política pós-colonial, espacial e cultural para diversas plataformas, incluindo The Funambulist, The Guardian, e Al Jazeera. Colabora como realizadora na rede de ‘Decolonizing Architecture’, e como tradutora no projeto ‘Traduzindo Ferro, Transformando Conhecimentos’, entre outros. Actualmente, está a realizar a sua primeira longa-metragem.

16h00-17h30: Projecção de Entre Eu e Deus (Yara Costa Pereira, 2018, 60), seguida de conversa (via zoom) com Yara Costa

Yara Costa (1982) nasceu em Moçambique. Depois de ter terminado o ensino secundário na África do Sul, estudou jornalismo na Universidade Federal Fluminense, no Brasil. Após um mestrado em cinema documental na Universidade de Nova York, frequentou um curso de cinema em Cuba.


29.09.2023 | por martalanca | Descolonização, mulheres

etceteras, festival feminista de design e edição

Apresentamos: etceteras: uma celebração das muitas mãos que circulam textos feministas! Casa Comum, Praça Gomes Teixeira, Porto, Portugal,  5–7 outubro 2023.

Totalmente aberto e gratuito, este festival de três dias inclui palestras, workshops, conversas, performances, projecção de filmes, tour feminista, e uma Feira do Livro. 

Feminismos são redes colectivas de literacia. É através dos esforços interligados de escritoras, editoras, designers, artistas, impressoras, livreiras, distribuidoras, tradutoras, investigadoras, bibliotecárias, contrabandistas—e tantes outres—que as ideias feministas circulam. E quando o fazem, movem-nos e criam movimentos.

As palestrantes Bec Wonders, Hilda de Paulo, Loraine Furter, Raquel Lima, e Sharmaine Lovegrove, exploram histórias de mulheres na publicação, ferramentas editoriais feministas, imprensa LGBTQIA+, contrangimentos na escrita académica, e muito mais. As conversas com Ellen Lima Wassu, Paula Guerra, Carla Fernandes e outres mergulham nos mistérios da tradução, nas plataformas digitais feministas e na pesquisa de arquivos marginalizados. As exibições de filmes permitem-nos espreitar as histórias escondidas de editoras, jornalistas e escritoras na sua conquista de espaços de disseminação de mensagem radicais e anti-hegemónicas.

Os workshops com Alícia Medeiros, Flavia Doria, Gabriela do Amaral, Isabeli Santiago, MACHEIA, Mio Kojima, Parasto Backman, e Susana Carvalho oferecem novas competências e perspectivas sobre escrita criativa, tipografia, criação de zines, espaço urbano e muito mais. A Feira do Livro reúne 26 editoras, livreiras, e colectivos editoriais de Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Holanda, Suécia, México, Uruguai e mais além. Ao final do dia 7 de outubro, sábado, o festival termina com uma perfomance de voz e áudio pela artista Ece Canlı.

A equipa de curadoria do etceteras é formada pela designer e investigadora Isabel Duarte, pela antropóloga, designer e educadora Maya Ober, e pela designer e editora Nina Paim, apoiada pela produção executiva da investigadora Geanine Escobar. etceteras é co-produzido pela Associação Cultural Calote Esférica e pela plataforma feminista Futuress

Marquem nos vossos calendários, passem a palavra, e venham reunir-se connosco para que o etceteras seja um evento inesquecíve!

Geanine, Isabel, Maya e Nina

Palestras

  • As redes de publicação da segunda onda feminista com a historiadora Bec Wonders.
  • O percurso de Sharmaine Lovegrove desde livreira até se tornar directora da Dialogue Books.
  • Entraves, barreiras e constragimentos na edição académica pelos olhos da poeta
    e investigadora Raquel Lima.
  • Ferramentas editoriais feministas com a designer Loraine Furter.
  • processos de exclusão de pessoas trans e travestis no mercado literário português dissecados pela artista Hilda de Paulo.

Workshops e Tours

  • escrita de correspondência com a designer Mio Kojima.
  • Artesania e autoria coletiva com o coletivo MACHEIA.
  • tipografias contra-hegemônias com a designer Parasto Backman.
  • Wikipedia, edição e ativismo com a jornalista Flavia Doria.
  • Silêncios, maternidade e a procura de uma nova língua com a poeta Gabriela do Amaral.
  • Fanzines mão-na-massa com a designer Susana Carvalho do atelier Carvalho-Bernau.
  • Tour Feminista do Porto com a arquiteta Alícia Medeiros e a curadora Isabeli Santiago.

Conversas moderadas

  • Arquivismo e narrativas fora da história instituída com a socióloga Paula Guerra e a historiadora Joana Matias.
  • Práticas de tradução que aproximam mundos com a editora Maria Múr Dean e a poeta
    Ellen Lima Wassu.
  • Tecnologias e plataformas digitais na organização e mobilização feminista com Carla Fernandes da Afrolis.pt e Zinthia Alvarez Palomino da Afrofeminas.com.

Filmes

  • Para Não Esquecer Virgínia Quaresma acompanha a vida de Virgínia Quaresma uma activista negra e lésbica, considerada a primeira mulher jornalista em Portugal.
  • O que Podem as Palavras é um relato em primeira mão das três autoras do livro As Novas Cartas Portuguesas, de 1972, que foi censurado em Portugal e criou uma onda de solidariedade com feministas de todo o mundo. 
  • The Books We Made conta a história de Kali for Women, a primeira editora feminista da
    Índia fundada por Urvashi Butalia e Ritu Menon em 1984.

Feira do Livro 

Nas bancas da Feira do Livro poderá descobrir-se o legado da literacia feminista através de livros, revistas, fanzines, edições, cartazes, jornais, ilustrações e muito mais! A Feira centra-se em editoras, livreiras, e coletivos editoriais que amplificam perspectivas historicamente marginalizadas, incluindo Almanac Press, “Amor?Luta!”, Archive Books, Cahiers des typotes, culturala, Edições Afrontamento, Félixe Kazi-Tani, ​​Girls Like Us magazine, ​​gentopia, Greta Livraria, Revista Leonorana, Hangar Books, Hopscotch Reading Room, Important & Stupid, microutopías, Mujeres negras que cambiaron el Mundo, Occasional Papers, Page Not Found, Roxanne Maillet, Sapata Press, Sismógrafo, Sold Out.

Créditos

Curadoria: Isabel Duarte, Maya Ober & Nina Paim

Produção Executiva: Geanine Escobar

Design gráfico: Joana & Mariana

Website: ReadyMag, a tool for creating websites without code.

Tipografia: Parallel, Joana Siniavskaja

Revisão: Susana Camanho (PT) & Sacha Fortuné (EN)

Consultadoria Curatorial: Isabeli Santiago

Local: Casa Comum, Universidade do Porto

Produção: Calote Esférica & Futuress.org

Apoio: Criatório, dgArtes, Graham Foundation & ProHelvetia

O nosso website foi desenvolvido e desenhado pela Readymag, uma ferramenta intuitiva que oferece composição livre e configurações de tipografia avançadas 

Design gráfico: Joana & Mariana; Tipografia: Parallel, by Joana Siniavskaja; © etceteras: festival feminista de design e edição

29.09.2023 | por martalanca | edição, feminismos

Open Restitution Africa

No âmbito das atividades do Grupo de Trabalho – Reparação e Restituição do GI-Práticas e Políticas da Cultura do Centro em Rede de Investigação em Antropologia CRIA no dia 25 de setembro, das 16h às 18h na Associação Passa Sabi, terá lugar a apresentação do projeto OPEN RESTITUTION AFRICA. 

O projeto, liderado por Áfrican*s, reúne dados sobre os atuais processos de restituição em todo o continente africano, serve como portal de estudos de caso e exemplos de melhores práticas, e incentiva um debate baseado em dados, aprofundado e desafiador sobre as complexidades, responsabilidades e imperativos éticos da restituição. O projeto é impulsionado pela necessidade de tornar central e acessível a amplitude do conhecimento que está a ser construído em torno dos debates sobre restituição, mas também para a urgência de uma abordagem afro-centrada conduzida pelos próprios africanos. 

Por que é importante?

Atualmente, a informação disponível para os profissionais, as partes interessadas e para o público em geral é escassa, sobre o atual estatuto internacional da restituição – debates, políticas e práticas no continente. Por causa disso, não somos capazes de observar tendências, mudanças e impactos objetivos, e permitir que mais pessoas operem a partir de uma posição de conhecimento. 

O que precisamos de saber?

 

Programa do dia 

16.00-16.05 Introdução por Laura Burocco

16.05-16.40 Apresentação ORA Report por Molemo Moiloa com tradução consecutiva do Inglês pelo Portuguese da Lara Menezes do NEAL-NOVA e Bernardo Smith Lima do NEAISCSP-UL

16.40-17.40 Debate

18.00 Encerramento

Dia : Segunda 25 de Setembro de 2023 

Local :  Associação Passa Sabi -  R. Augusto Abelaira 1600, Lisboa

Horário: 16.00-18.00 

Promotores : CRIA através do seu Grupo de Trabalho - Reparação e Restituição

Parceiros : NEAL-NOVA-Núcleo de Estudos Africanos e Lusófonos da Nova; ISCSP - UL -Núcleo de Estudantes Africanos; Mamadou Ba- SOS Racismo; Apolo de Carvalho; Associação Passa Sabi. 

Molemo Moiloa lidera a pesquisa na Andani.Africa. Vive e trabalha em Joanesburgo, em diversas funções na intersecção da prática criativa e da organização comunitária. O trabalho académico de Molemo centra-se nas subjetividades políticas da juventude sul-africana. Colabora artísticamente com MADEYOULOOK, que explora imaginários populares do cotidiano e suas modalidades de produção de conhecimento. Foi Diretora da Rede de Artes Visuais da África do Sul (VANSA). Molemo também trabalha com o Market Photo Workshop, os departamentos da Escola de Artes e Antropologia Social da Universidade de Witwatersrand, entre outros. Possui bacharelado em Belas Artes e mestrado em Antropologia Social pela Wits University.

MADEYOULOOK foi indicado para o Prêmio Vera List Center de Arte e Política 2016/17 na New School, Nova York. Molemo foi Chevening Clore Fellow 2016/17 e vencedor do Prêmio Vita Basadi em 2017.

20.09.2023 | por martalanca | Open Restitution Africa

Chamada de Trabalhos | Reparar (n)o Irreparável (N.º 13) |

De 18 de setembro a 31 de dezembro de 2023

Editoras temáticas: Ana Cristina Pereira (Universidade do Minho, Portugal), Gessica Correia Borges (Universidade do Minho, Portugal) e Marta Lança (BUALA)

Propomos, neste novo número da Vista, pensar as reparações do mundo estilhaçado em que vivemos enquanto um programa de contravisualidade, no sentido em que procura compreender a mentira instituída pela visualidade e propor-lhe alternativas (Mirzoeff, 2011, 2023). Esta sugestão comporta a consciência da sua própria impossibilidade conceptual e ética, uma vez que implicaria acabar com este mundo para que uma nova possibilidade de vida pudesse emergir (Ferreira da Silva, 2022; Mbembe, 2020/2021). No entanto, a consciência do direito à reparação é tão antiga como o colonialismo e a escravatura, e tem sido uma demanda das vítimas desses processos históricos (Araujo, 2017; Azoulay, 2019; Savoy, 2022). Face à impossibilidade de reparar a brutalidade da violência colonial (Mbembe, 2020/2021) — a ocupação, a espoliação, o etnocídio, o desenraizamento, os raptos, as violações, o epistemicídio, o saque em grande escala, e o extrativismo — é preciso, ainda assim, fazer a sua “necrologia” (Hicks, 2020), insistir no gesto de reparação, através de uma “ética da incomensurabilidade” (Tuck & Yang, 2012), parte essencial de um processo de cura e cuidado permanentes.

Hoje, por todo o mundo, governos de antigas potências coloniais e instituições — como a universidade e o museu — estão a ser pressionados para estabelecer políticas de reparação. Nestas se incluem acautelar os direitos dos descendentes de espoliados e escravizados, pedidos de desculpa pelas atrocidades do colonialismo e pela prática da escravatura em larga escala, a implementação de políticas afirmativas (por exemplo, quotas étnico-raciais no acesso à universidade e aos lugares de decisão nas estruturas), a revisão das narrativas históricas e, consequentemente, dos curricula (através da inclusão de narrativas, sujeitos históricos e artistas até agora excluídos), a devolução de objetos saqueados, a descolonização do espaço público (por exemplo, através do desmantelamento de estátuas racistas e a memorialização às vítimas da escravatura), o perdão de dívidas odiosas e o pagamento de indemnizações.

A discussão sobre os processos de reparação não é de hoje, mas tem vindo a ganhar preponderância à escala mundial, e em Portugal aparecem pontualmente vozes que querem participar nessa conversa global, sobretudo na academia, mas também fora dela, como na Assembleia da República, no meio artístico e no ativismo. Destacamos, neste âmbito, o “IV Encontro de Cultura Visual” e a Oficina de Reparações organizados por Ana Cristina Pereira e Inês Beleza Barreiros, coordenadoras do Grupo de Trabalho de Cultura Visual da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, em colaboração com o teatro da mala voadora (Porto), entre 23 de junho e 8 de julho de 2023, onde se procurou articular práticas artísticas, académicas e do ativismo social em torno do tema reparações. O presente número da Vista pretende também ser uma continuação do trabalho desenvolvido durante esse período.

Convidamos à submissão de trabalhos (que podem ser disruptivos relativamente ao formato tradicional de textos em revistas científicas) que contribuam para o debate crítico e contra-hegemónico, sobre:

  • Reparar restituindo: sobre as restituições dos objetos roubados, adquiridos em circunstâncias pouco claras ou no âmbito de uma relação de poder colonial (Figueiredo, 2022), e a repatriação de restos humanos. Sobre como descolonizar os museus e “curadorias do desconforto” (Vlachou, 2022);
  • Reparar o espaço público: sobre as políticas de memória no espaço público, sejam as estátuas, os nomes das ruas, decoração de espaços de poder, entre outros. Sobre o “trabalho da memória como reparação” (Sturken, 2022);
  • Reparar a narrativa histórica: sobre os programas escolares, os compêndios e as suas imagens, as fontes (visuais) da narrativa histórica e a representatividade (Sousa et al., 2022);
  • Reparar a paisagem: sobre ecologia e política, o extrativismo e como combatê-lo. Sobre formas de “justiça reparativa” que contemplem também a natureza;
  • Reparar através da arte: sobre o papel da produção artística e das práticas culturais nestes processos (Demos, 2020; Eugénio, 2019). Como estes estão a ser trabalhados e com que resultados;
  • Outros temas que possam contribuir para a reflexão sobre reparações e visualidade.

 

DATAS IMPORTANTES

Submissão (texto completo): de 18 de setembro a 30 de novembro de 2023
Publicação do número: edição contínua (janeiro a junho de 2024)

LÍNGUA

Os artigos podem ser submetidos em inglês ou português. Os artigos selecionados para publicação serão traduzidos para português ou inglês, respetivamente, devendo ser publicados integralmente nos dois idiomas.

EDIÇÃO E SUBMISSÃO

Vista é uma revista académica de acesso livre, funcionando de acordo com exigentes padrões de revisão por pares, operando num processo de dupla revisão cega. Cada trabalho submetido será enviado a dois revisores previamente convidados a avaliá-lo, de acordo com a qualidade académica, originalidade e relevância para os objetivos e âmbito da revista.

Os originais deverão ser submetidos através do website da revista (https://revistavista.pt/). Se está a aceder à Vista pela primeira vez, deve registar-se para poder submeter o seu artigo (indicações para se registar aqui).

O guia para os autores pode ser consultado aqui.

Para mais informações, contactar: vista@ics.uminho.pt

 

REFERÊNCIAS

Araujo, A. L. (2017). Reparations for slavery and the slave trade. Bloomsbury.

Azoulay, A. A. (2019). Potential history: Unlearning imperialism. Verso.

Demos, T. J. (2020). Beyond the worlds’ end: Arts of living at the crossing. Duke University Press.

Eugénio, F. (2019). Caixa-Livro AND. Editora Fada Inflada.

Ferreira da Silva, D. (2018, 4 de outubro). A dívida impagável. Bualahttps://www.buala.org/pt/mukanda/a-divida-impagavel-lendo-cenas-de-valor...

Figueiredo, J. (2022). Falling into history: A case for the restitution of Mbali tombstones and the revival of the realms of memory of the enslaved. Postcolonial Studieshttps://doi.org/10.1080/13688790.2022.2152163

Hicks, D. (2020). The brutish museums. The Benin bronzes, colonial violence and cultural restitution. Pluto Press.

Mbembe, A. (2021). Brutalismo (M. Lança, Trad.). Antígona. (Trabalho original publicado em 2020)

Mirzoeff, N. (2011). The right to look: A counterhistory of visuality. Duke University Press.

Mirzoeff, N. (2023). White sight. Visual politics and practices of whiteness. MIT Press.

Savoy, B. (2022). Africa’s struggle for its art: History of a postcolonial defeat. Princeton University Press.

Sousa, V., Khan, S., & Pereira, P. S. (2022). Reparações históricas: Desestabilizando construções do passado colonial. Comunicação e Sociedade41, 11–22. https://doi.org/10.17231/comsoc.41(2022).4039

Sturken, M. (2022). Terrorism in American memory: Memorials, museums, and architecture in the post-9/11 era. New York University Press.

Tuck, E., & Yang, K. W. (2012). Decolonization is not a metaphor. Decolonization: Indigeneity, Education & Society1(1), 1–40. https://jps.library.utoronto.ca/index.php/des/article/view/18630

Vlachou, M. (2022). O que temos a ver com isso? O papel político das organizações culturais. Buala; Tigre de Papel.

mais informações.

18.09.2023 | por martalanca | Reparações

Bustagate, de Welket Bungué

Bustagate, um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa) eis o panorama escandaloso da violência e desigualdade social em Portugal. Eis um filme-intervenção póstumo à sua personagem imaginária, dedicado aos portugueses. 

Bustagate é um filme híbrido, que mistura textualidade e três narrativas visuais para contar e asfixiar o público, fingindo colocá-los no mesmo lugar que a nossa defraudada Sociedade, personificada pela nossa heroína Cláudia Simões. Bustagate, surge um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa). Através dos comentários do artista como agente político em nome do Ministério Público Português, Welket faz o recorte de um panorama escandaloso e desajustado de violência e desigualdade social em Portugal. Antes da estreia  em festival, a crítica ao filme feita pelo website Hoje Vi(vi) Um Filme diz “Desde o sentimento de pertença/não pertença ao país que é nosso mas não nos tem como seus, ou ao país que nos acolhe mas onde há alguém que prefere usar da violência e do preconceito para não nos tratar como iguais, retirando direitos a quem os detém, Bustagate clama a defesa dos que foram e ainda são oprimidos pela brutalidade retrógrada. Clama Liberdade, Igualdade e Justiça.” Assim sendo, a estreia do filme é assumida através das redes sociais, num momento em que o mundo clama por um sentido democrático de direitos que se desvanece, através de uma mobilização gobal massiva pelo movimento #blacklivesmatter que em Portugal despertou as silenciadas indignações da diáspora africana e portuguesa, que conhece bem o que é dor e perda. Aqui está um filme-intervenção póstumo ao personagem imaginário aqui chamado Pretugal (personificando o Luís Giovani Rodrigues), dedicado ao povo português (aos tradicionalmente “nativos” e aos descendentes do continente africano que nasceram aqui). Esta criação segue o assunto principal retratado no filme-manifesto Eu Não Sou Pilatus (Seleção Oficial DocLisboa - Competição Internacional, 2019).

Um curta-metragem de Welket Bungué, baseado em fatos reais do caso de “Brutalidade policial contra Cláudia Simões” (Amadora, Portugal, 19 de janeiro de 2020). Com a participação de Isabél Zuaa e Cleo Tavares. Criação da KUSSA PRODUCTIONS, filmado em Cabo Verde, com imagem e som de vídeos virais online de vários autores. In memoriam Luís Giovani Rodrigues, o estudante caboverdiano que morreu em Dezembro de 2019, após ter sido agredido por pelo menos dez homens em Bragança (norte de Portugal).

‘Bustagate’ is a hybrid movie, mixing textuality and three visual narratives to tell and asphyxiate the audience, pretending to put them in the same place as our deflated heroine (society).

“We will try to understand what are the civil rights problems in our society. We still believe that our domination over four centuries in Africa, South America and everywhere else was an important mission that bridged the humanity, although we don’t know why they still come to our country P*rtugal.” ‘Bustagate’ is a hybrid movie, mixing textuality and three visual narratives to tell and asphyxiate the audience, pretending to put them in the same place as our deflated heroine (society). ‘Bustagate’ emerges one year after the incident in the neighborhood of Jamaica (south bank of Lisbon). Through the artist commentaries as a politician agent on behalf of the Portuguese public prosecutor, Welket reports a scandalous and misfit panorama of violence and social inequality in Portugal. Here is a posthumous interventional film for this imaginary character called Pretugal (as Luís Giovani Rodrigues), dedicated to the Portuguese people (“natives” and the descendants of the African continent who born here). This creation follows the main subject of the previous manifesto-film ‘I Am Not Pilatus’ (Official Selection DocLisboa - International Competition, 2019).

A short film by Welket Bungué, based on true facts from the case of “Police brutality against Cláudia Simões” (Amadora, Portugal 19th January 2020). Performed by Isabél Zuaa & Cleo Tavares. A KUSSA PRODUCTIONS’ creation, filmed in Cape Verde, with image and sound from online viral videos by several authors. In Memoriam of Luís Giovani Rodrigues, the Cape Verdean student who died after been assaulted by at least ten men in Bragança (North of Portugal).

Kussa Productions © ALL (CIVIL) RIGHTS MUST BE (P)RESERVED, 2020

16.09.2023 | por martalanca | Bustagate, Cláudia Simões, Welket Bungué

LIBERTAR A MEMÓRIA Ciclo de Cinema

Junho a Setembro 2023 DESTAQUE - SESSÃO 23 DE SETEMBRO

Curadoria: KITTY FURTADO

SÁBADO - 17:30

Entrada livre com pré-reserva: ccf@cineclubefaro.pt

Seguir Evento: fb.me/e/567I8wmo3 | Vídeo-Trailer Libertar a Memória

Filmes:

Eu não sou Pilatus / I’m not Pilatus (2019) - Portugal, DOC, 11min

Realização, montagem e edição: Welket Bungué

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Monumento Catástrofe (2022) - Portugal, DOC, 69min

Realização: Colectivo Left Hand Rotation

Produção: Cósmica

Música: Daniel Birch, Fuck Buttons 

Eu não sou Pilatus (2019) de Welket Bungué (Guiné-Bissau, 1988) é um manifesto artístico antirracista, feito através do diálogo entre dois vídeos de telemóvel, difundidos nas redes sociais, que testemunham dois olhares distintos e opostos sobre Portugal, a democracia e as suas instituições. Um destes vídeos expressa a total rejeição de uma manifestação por direitos civis na Avenida da Liberdade, em Lisboa. O outro é a denúncia da carga policial no Bairro da Jamaica, que deu origem à referida manifestação. A montagem reflexiva de Bungué chama-se Eu não sou Pilatus – Dizer eu não sou Pilatus é desde logo um posicionamento político. Eu não sou Pilatus quer dizer eu não lavo as minhas mãos como Pilatus; eu não me abstenho, eu não enfio a cabeça na areia, eu não olho para o lado, eu não ignoro o problema. Ao dizer eu não sou Pilatus, Welket Bungué deixa implícita uma pergunta: e vocês?

Monumento Catástrofe (2022) do coletivo Left Hand Rotation é um road-movie, em Portugal, que mapeia uma parte da construção do espaço público de forma crítica, partindo da ideia de Catástrofe, que está também relacionada com fatores locais e globais e relações de poder. O que é uma Catástrofe? Quem nomeia um dado acontecimento como Catástrofe? Quem decide memorializar determinadas Catástrofes, como e para quê? Para quem? Monumento Catástrofe forma um díptico com o livro A volta ao Mundo em 80 catástrofes – especial Portugal, que é editado como um guia turístico e revela o fenómeno natural, o capitaloceno, a necropolítica e o acidente enquanto produtores das catástrofes.

Os monumentos, incluindo memoriais, podem funcionar como ativadores da memória que desvelam discursos e atrocidades passadas. Como nos diz Patrícia Freire, da Cósmica – a produtora, narradora e chofer desta viagem - «Não esquecer é um ato de resistência e o monumento também cumpre essa função de “despertar as centelhas da esperança” ao contribuir para que os erros do passado não ressurjam».

A comunidade que se cria numa sala de cinema pela partilha de um filme pode virtualmente transformar o mundo. Assim, ainda que a história partilhada venha do passado o cinema projeta-se no futuro como o melhor companheiro para o presente.

Kitty Furtado sobre Libertar a Memória - Sessão 23 de Setembro 

Aveiro, 2023

O Cineclube de Faro traz este ano à Fortaleza de Sagres o ciclo de cinema Libertar a Memória, com coordenação artística de Luísa Baptista que decorre uma vez por mês, sempre aos sábados, pelas 17:30h durante os meses de Junho a Setembro, com entrada livre através de pré-reserva: ccf@cineclubefaro.pt

Através de escolhas de um grupo de curadores convidados vamos abordar o tema Patrimónios (des)confortáveis do DiVaM 2023, com os contributos de Gisela CasimiroLuca ArgelSuzano Costa e Kitty Furtado que em cada mês serão responsáveis pelo conteúdo a exibir. Temas como (des)colonização, escravatura, segregação social, lugares e identidades, formas de organização, dicotomias sociais e culturais, aqui numa pluralidade de perspectivas e visões alternadas de questões fragmentárias da sociedade, que à luz dos acontecimentos actuais, sugerem que talvez a História não esteja assim tão bem contada.

Haverá também uma curadoria literária da responsabilidade de Marta Lança e do projecto Buala - livros escolhidos para enquadrar, desafiar e abrir novos caminhos e que poderão ser adquiridos em cada sessão

 

Agradecemos a vossa divulgação desta iniciativa e convidamos desde já a estarem presentes nas próximas sessões.


 Downloads_Press Kit: press release editável, imagens e todos os materiais exclusivos para Imprensa nesta pasta: 


 Press-kit - 23 de Setembro - Libertar a Memória

Mais informações:

Comunicação: Luísa Baptista - 966 803 707

E-mail: ccf@cineclubefaro.pt

Site: https://www.cineclubefaro.pt/libertar-a-memoria

Facebook: www.facebook.com/cineclubefaro

Instagram: www.instagram.com/cineclube_faro/

Youtube: www.youtube.com/@cineclubedefaro8605

 

Libertar a Memória é um projeto do Cineclube de Faro, com a coordenação e direção artística de Luísa Baptista, apoiado pela Direção Regional de Cultura do Algarve / DiVaM - Dinamização e Valorização dos Monumentos.

Conta com BUALA e a livraria A Internacional como parceiros e com apoio da Multicópias - Centro de Soluções Gráficas.

 

14.09.2023 | por martalanca | libertar a memória

Festival Interferências

15,16 e 17 de setembro Projecto da Companhia Olga Roriz de apoio à criação anuncia programação completa

A 3.ª edição do Interferências, festival bi-anual de apoio à criação da Companhia Olga Roriz, realiza-se de 15 a 17 de setembro, nos diferentes espaços do Palácio Pancas Palha, em Lisboa.
As portas abrem no dia 15 de Setembro às 17h e nos dias 16 e 17 de Setembro às 15h. 

O Interferências partiu de uma vontade de acolher, apoiar e incentivar a criação artística, procurando expandir as suas possibilidades, ao cruzar espectáculos, conversas de jardim e uma feira focada em edições realizadas por artistas.

O Interferências define-se pelo seu lado plural, experimental e transversal a várias práticas artísticas, numa lógica de relação horizontal entre público, artistas e programadores culturais, contribuindo assim para uma ampliação das escalas de visibilidade dos projectos seleccionados.
Segundo Bruno Alexandre, director do Interferências: “Ao pensarmos o Festival Interferências, reconhecemos que as palavras desejo e fragilidade estão presentes desde a primeira edição.

O desejo assenta na vontade de criar um espaço real, embora efémero, onde oito projectos artísticos possam expor o seu imaginário, fruto de uma residência artística de um mês, onde procuramos proporcionar as condições de trabalho para uma nova criação.

A ideia é transformar o Palácio Pancas Palha, espaço de trabalho da Companhia Olga Roriz, numa rede de intimidade onde o risco é vivido de uma forma colectiva, assumindo a interferência não como um ruído que afasta, mas como a vibração necessária e urgente que une o trabalho artístico.

E aqui chegamos à fragilidade, palavra que tem estado na linha da frente do estado de excepção permanente em que se vive na área da cultura, propondo que a olhemos com a instabilidade que a define, deslocando-nos para a possibilidade de a habitarmos em conjunto, seja na forma de um espectáculo, de uma conversa de jardim, ou de uma feira do livro imaginada por um conjunto de artistas.

Sabendo que é um privilégio poder continuar a insistir, continuaremos a fazê-lo, porque após duas edições, parece-nos importante manter um espaço que assume o compromisso e a urgência de ser casa de todxs aqueles que ainda não vimos e não conhecemos, questionando o porquê de não estarem aqui.”

 

11.09.2023 | por martalanca | dança, Festival Interferências

SABURA FESTIVAL.

Acontecerá já no próximo fim de semana (8, 9 e 10 de setembro) o SABURA FESTIVAL. Sabura, palavra do Criolo cabo verdiano e guineense significa “momento ou atividade que dá prazer ou alegria”. É isso que o festival pretende, criar momentos de “comunhão entre povos e culturas, uma celebração da vida, do amor, da alegria e da liberdade, ao som de ritmos dos mais diversos estilos e origens.”

O festival será no SESIMBRA NATURA PARK e terá 5 palcos e mais de 80 artistas, da recriação da música popular portuguesa, do samba ao reggae, passando pelo hip hop, música africana e balcânica, eletrónica. 

Alguns artistas são conhecidos do público, outros virão pela primeira vez a Portugal. O festival pretende ser não só diversão e festa, mas também um espaço para partilha de projetos, encontros de associações e ativismos, reforçando a consciencialização cultural e os debates de ideias. Tem já nesta edição, o acolhimento de 2 projetos sociais, Porbatuka, que traz formação musical a jovens da zona da Costa da Caparica e também o projeto Lolaboard 360 que leva a prática do skate a diferentes comunidades. 

Há ainda outros programas para todas as idades com: yoga, capoeira, skate, kayak, arborismo, artesanato, prova de vinhos, feira de gastronomia, atividades para crianças. Por ser fora de uma zona urbana, este é um festival onde se pode pernoitar em campismo ou glamping, e ainda há disponibilidade para reservas.

Um dos nomes a descobrir neste festival, Nish Wadada, a diva do reggae cabo verdiano, tem sido presença habitual em vários festivais pela Europa e vai atuar com BlackBoard Jungle.  As palavras da mesma, dadas em entrevista ao jornal caboverdiano Expresso das Ilhas, refletem a importância da iniciativa e produção de encontros culturais como este: 

Estar de volta aos palcos da Europa levando a minha música, as minhas mensagens e a bandeira de Cabo Verde, a públicos de diferentes países, quando a Europa vive, atualmente, vários desafios relacionados com a imigração, racismo e maior justiça social, é uma grande responsabilidade” 

A Programação de sexta feira e domingo será das 15horas àté à 1 hora da manhã.

No Sábado, dia 9, das 12 horas até às 6 da manhã. 

Ainda há lugares para campismo e para voluntariado, espreitem as redes sociais do Festival e descubram mais. Espera-se que o SABURA estreie com sol e muito público! 

04.09.2023 | por martalanca | SABURA FESTIVAL.