Local: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | Anfiteatro IV
Organização: Inocência Mata (CEComp/FLUL) e Márcio Aurélio Vecchia (USP)
Memória Colonial, Um filme de Diana Andringa
Projeção seguida de debate
Dundo, Memória Colonial (2009), de Diana Andringa, aborda o regresso de sua realizadora ao Dundo, Angola, sua terra natal, após cinco décadas. Nascida em 1947 e filha de um engenheiro da DIAMANG, ela deixa o Dundo aos 11 anos. No documentário, de 60 minutos, Andringa revisita lugares que foram importantes na sua infância, bem como conversa com antigos funcionários daquela empresa, os quais deixam relatos de como era viver sob o colonialismo. O que nos diz essa memória colonial?
Esta actividade realiza-se no âmbito do projeto FCT A LITERATURA COLONIAL PORTUGUESA: ALÉM DA MEMÓRIA DO IMPÉRIO (2022.06543.PTDC), do Grupo MORPHE/CEComp.
Apresentação de Márcio Aurélio Recchia (USP)
Comentários e moderação de Ana Bela Morais (LOCUS/CEComp)
É com muito prazer que a Acesso Cultura se associa, pela terceira vez, à AMPLA – mostra de cinema. “Tradicionalmente”, a mostra começa uns dias antes da abertura oficial, com um debate ou formação, em co-produção com a Acesso Cultura. Assim, teremos muito prazer em contar convosco no debate deste ano, no dia28 de Fevereiro (Culturgest, Sala 1, 18h-20h). A entrada será livre, sujeita à lotação da sala. Para muitas pessoas, a decisão de ir ao cinema é simples. Essencialmente, é preciso escolher o dia e a hora. Será o mesmo para uma pessoa com deficiência visual ou S/surda? Poderá ver qualquer filme? Em qualquer cinema?
Conscientes de que a muitas pessoas em Portugal, desde pequenas, não é permitido desenvolverem o gosto ou o hábito de ir ao cinema, propomos reflectir sobre a(s) responsabilidade(s) por esta continuada exclusão e discriminação. Juntamos espectadores (ou eventuais espectadores…), distribuidoras e exibidoras para discutirmos as razões das barreiras e formas de as ultrapassar.
Pessoas convidadas: Ana Ribeiro (Arte-Educadora), Inês Gonçalves (Actriz), Leonor Silveira (ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual), Pedro Borges (Midas Filmes), Rita Rio de Sousa (Castello Lopes Cinemas), Sebastião Antunes (Músico)
Moderadora: Joana Reais (Cantora)
Sobre a AMPLA
Este ano, a AMPLA – mostra de cinema realiza-se entre os dias 1 e 3 de Março, na Culturgest, em Lisboa. A AMPLA é (ainda) a única mostra de cinema em Portugal cuja programação é totalmente acessível a pessoas com deficiência visual, deficiência auditiva ou Surdas. Haverá ainda algumas sessões descontraídas.
No dia 19 de Fevereiro, realizámos um debate sobre os apoios (ou à falta deles) à maternidade/paternidade no sector cultural. Várias pessoas comentaram depois connosco que foram confrontadas com questões nas quais nunca tinham pensado. Foi apenas um primeiro debate, teremos de lhe dar continuidade. No nosso website, poderão encontrar a gravação e um resumo.
Império, Espaço e Propaganda e visitas conversadas ainda antes de acabar o ano
A corrente exposição inspira o debate: Império, Espaço e Propaganda será o tema da próxima Mesa Redonda, a acontecer já no próximo dia 24, pelas 18h30, no auditório do Padrão dos Descobrimentos. Neste encontro entre Cláudia Castelo, Gonçalo Carvalho Amaro e Miguel Bandeira Jerónimo, com moderação de António Camões Gouveia, foca-se a perspetiva histórica adjacente aos projetos, que ora não avançaram, ora avançaram a muito custo, muito tempo e muitas alterações depois.
Dois anos depois do lançamento do livro O Brasil Contemporâneo e a Democracia (Outro Modo, 2020), o Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa e a Livros Outro Modo promovem um encontro para reflexão e ação sobre a atual encruzilhada brasileira. No próximo dia 26/10, às 18h30, na Fundação José Saramago (Lisboa) será realizado o ato-debate Brasil: que futuros em disputa?, onde reúnem-se pensadores brasileiros e portugueses num alerta sobre as implicações da atual conjuntura.
Convidados já confirmados: João Pedro Stédile, Adelaide Gonçalves, Chico Diaz, Ana Chã, Susana Matos Viegas, Carlos Latuff, Ladislau Dowbor, Graziella Moretto, Pedro Cardoso, Fernando Walcacer, Isabel Araújo Branco, João Luís Lisboa, Danilo Moreira, Mabel Cavalcante, Pedro Cardim, Adriano Karipuna. Com inserções de Guilherme Boulos e mediação de Carlos Alberto Jr.
Ato-debate na Fundação José Saramago, presencial e online.
“Brasil, que futuros em disputa?”
Por Ariadne Araújo
No passado, nas aldeias grandes e pequenas desse mundo, um sino de bronze acordava o povo para acudir às catástrofes – as cheias dos leitos dos rios, os incêndios que se propagavam rapidamente, os desabamentos e derrocadas de pedras, os perigos vindos das mãos dos homens. Hoje já não tocam mais. Ou, pelo menos, não por isso. Os tempos são outros. Os perigos são outros. Os sinos também são outros. Os sinos de hoje, no dizer do escritor português José Saramago (1922-2010), Prêmio Nobel de Literatura, não repicam o badalo no bronze frio, mas, sim, em vozes – milhares delas, cada vez mais fortes. Vozes que ressoam alertas atuais e convocam o povo para novas urgências. Estes sinos contemporâneos são “os múltiplos movimentos de resistência e ação social, que pugnam pelo (re)estabelecimento de uma nova justiça”.
Sendo assim, às vésperas do segundo turno no Brasil, um repique de sinos-vozes vai ecoar na próxima quarta-feira, na Casa dos Bicos, ali na Rua dos Bacalhoeiros, bem no boliço do centro de Lisboa, onde hoje funciona a Fundação José Saramago. Em umas das salas desta velha casa, contruída no século 16, as vozes deste novo sino vão levar aos portugueses e aos brasileiros uma pergunta crucial para os tempos em que vivemos: “Brasil, que futuros em disputa?”. Sentado na primeira fila de bancos, haverá de estar o espírito desencarnado de Saramago, também homenageado por esse ato-debate, por sua obra e pensamento crítico. Nas narrativas e personagens de seus livros – de lembrança, os alentejanos Mau-Tempo e sua mulher Sara da Conceição -, a denúncia da exploração, do desemprego e da pobreza extrema dos trabalhadores rurais, em Portugal. Não teria o Brasil de agora e suas vidas severinas também um tantinho do Alentejo, do Levantado do Chão?
O escritor, que nunca aceitou a resignação, é “bússola” para estas vozes que, pela persistência e determinação, hão de “acordar o mundo adormecido” ou pelo menos transformar-lhes os sonhos. Como “pontes sonoras sobre rios e mares”, gritando que a atual encruzilhada brasileira não é um problema só nosso. Longe disso. Pois, o resultado das urnas no Brasil terá impacto planetário. Já que estão em jogo importantes questões ambientais com a situação do desmatamento da floresta Amazônica - aumentou assustadoramente desde que o presidente Jair Bolsonaro iniciou seu mandato -, e vem batendo recordes a cada novo mês.
O enfraquecimento das políticas de proteção ambiental, a defesa de implantação de mineradoras e alargamento de áreas destinadas à agricultura em zonas de floresta são, portanto, de interesse de todos. Por outro lado, uma coisa está ligada à outra, há a ameaça ao sistema democrático brasileiro. Problema que puxa o debate sobre a fragilização da democracia no mundo - minada por “estratégias de domínio”, nas palavras de Saramago. Interesses que “nada têm a ver com o bem comum a que, por definição, a democracia aspira”. Ou será que, como deixou proposto no prefácio do livro Terra, de Sebastião Salgado, teremos um dia de retirar o Cristo Redentor e, “no lugar dele, colocar quatro enormes painéis virados às quatro direções do Brasil e do mundo, e todos, em grandes letras, dizendo o mesmo: UM DIREITO QUE SE RESPEITE, UMA JUSTIÇA QUE SE CUMPRA”. Talvez.
Se Saramago será o sineiro desta reflexão, os sinos terão mistos sotaques, do Brasil e de Portugal, reunindo artistas, historiadores, antropólogos, economistas e pensadores da conjuntura brasileira. Porque, afinal, como nos lembram os escritos do dono da casa, votar só não basta. Temos de abrir os olhos, os ouvidos e a voz diante do poder econômico e financeiro mundial, a “real força que governa o mundo – e, portanto, o seu país e a sua pessoa”. E que, pela mesma via, transforma governos em meros “comissários políticos”. A Amazônia que o diga. Contra estas forças, que nos enrolam de propagandas e “açúcares”, temos o dever de multiplicar os sinos e as badaladas, que elas cheguem o mais longe possível. “Para que uma justiça pedestre, `companheira e quotidiana dos homens´, não seja declarada defunta”. E não tenhamos de pranteá-la, lamentando não ter acudido a tempo a catástrofe desta morte anunciada.
O Ato-debate “Brasil, que futuros em disputa?”, é uma iniciativa do Coletivo Andorinha e editora Livros Outro Modo, com apoio da Fundação José Saramago.
O debate terá transmissão ao vivo pela Internet (14:30h em Brasília; 18h30 em Lisboa), através do canal da Frente Internacional Brasileira contra o golpe e pela democracia (Fibra), com o link https://youtu.be/5y_E5odSKoU
Sábado, dia 11 de junho, às 18h. Apareçam para ver, ouvir, sentir e participar em mais uma conversa dirigida por Gisela Casimiro, desta vez com a participação de Joana Von Bonhorst e Carmo Gê Pereira.
Na livraria barata, Av. de Roma 11-A, 1049-047 Lisboa.
Kenneth Montague(Canadá) é um reputado curador e colecionador de arte, fundador e diretor da Wedge Curatorial Projects, uma organização sem fins lucrativos que apoia artistas africanos e da diáspora, emergentes e consagrados.
No dia 4 de maio, falará no CCB sobre a sua mais recente exposição e livro de fotografias da cultura da diáspora africana: As We Rise, eleito um dos 20 Melhores Livros de Fotografia de 2021 pela revista TIME. Criada a partir da sua própria coleção – The Wedge Collection, em Toronto, uma coleção dedicada a artistas de ascendência africana – a exposição, e a publicação que a acompanha, analisa as ideias multifacetadas da vida negra, abordando temáticas como diligência, beleza, alegria, pertença, subjetividade e autorrepresentação. Com mais de uma centena de obras de artistas negros do Canadá, Caraíbas, Reino Unido, Estados Unidos e continente africano e, portanto, diferentes perspetivas atlânticas, este projeto oferece uma exploração da identidade negra em todos os lados do Atlântico.
Esta conferência integra o ciclo Visualidades Negras, com curadoria e moderação de Filipa Lowndes Vicente (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), que propõe várias reflexões sobre a relação entre visualidade e negritude.
Com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.
No dia 27 de abril, pelas 19h00, terá lugar, no auditório do Goethe-Institut em Lisboa, o debate Guerra contra a Ucrânia: um ponto de viragem para a Europa?, com a participação da professora universitária e ex-secretária de Estado Ana Santos Pinto, da investigadora política Mónica Dias, do economista Janis Kluge e da investigadora e perita ucraniana Ljudmyla Melnyk. O debate será moderado por Ricardo Alexandre e tem tradução simultânea em português e alemão.
A guerra de agressão não provocada contra um país neutro e soberano fez tremer e realinhar a Europa. O que significa este “ponto de viragem no tempo” para a Europa? Como queremos lidar com instabilidade e incerteza na ordem internacional no futuro? De que vale a democracia ocidental se for ameaçada? E que impacto tem esta guerra em países tão diferentes como a Alemanha e Portugal?
Após o debate, haverá a oportunidade de conversar com os convidados.
A 10 de Junho de 1995, para celebrar o Dia da Raça e a vitória na Taça de Portugal do Sporting, um grupo de etno-nacionalistas portugueses sai às ruas do Bairro Alto, em Lisboa, para espancar pessoas negras. O resultado oficial foram 11 vítimas, uma delas mortal.
Com o apoio de:Maus da Fita I SOS Racismo
Todas as exibições serão seguidas de debate - e até concertos/performances - connosco ou com outros intervenientes.
A história pós-Colombo assenta numa ideia de globalização e progresso unilateral, racista, antropocêntrica, capitalista, patriarcal e heterossexista. O pós 2ª guerra criou uma ilusão de fraternidade e igualdade, sem que a ordem do poder fosse disputada.
A ordem que até aqui reconhecemos parte do norte global, coloca-o e à sua linhagem no centro, esmaga e apaga a diversidade, distorce a sua presença histórica, confabula a normalidade e prescreve soluções competitivas de felicidade e de sucesso individual.
Este modelo colonial de sociedade e produtividade está em crise. A pandemia confronta-nos com a falência do trabalho, dinheiro e património como metas estruturadoras dos grandes propósitos de vida.
Enquanto sociedade preparamo-nos para um novo capítulo? É possível pensar um futuro inclusivo, justo e sustentável sem saber quem somos no espelho da história? Sem recuperar histórias e conhecimentos de outros centros e protagonistas? Haverá futuro fazível sem plurividência?
NESTA MICAR, PROCURAREMOS AS VOZES E CORPOS CUJAS MEMÓRIAS E VISÃO TÊM SIDO MANTIDAS NAS MARGENS. EXPLORAREMOS O LUGAR DE MULHERES, DE JOVENS E DA ARTE NA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL. PARA COM TODAS AS PESSOAS E ATRAVÉS DELAS RESGATAR O DIREITO À MEMÓRIA PASSADA, DESCOLONIZAR A ORDEM DO MUNDO E REIVINDICAR O DIREITO AO FUTURO.
Todas as sessões têm entrada gratuita, embora sujeita a levantamento prévio de bilhetes, os quais estarão disponíveis na bilheteira do Teatro Municipal do Porto — Rivoli.
Através de uma parceria entre o INSTITUTO, o colectivo InterStruct e a Rampa, nasce na cidade do Porto um hub ao abrigo da iniciativa VAHA, uma rede de diálogo composta por organizações culturais da Turquia e de outros países europeus que visa sensibilizar e emancipar a sociedade civil face aos mais diversos desafios sociais e políticos.
O primeiro resultado dessa sinergia traduz-se num ciclo de conversas virtuais sobre os vestígios da herança colonial da cidade do Porto, com o título de “Pós-Amnésia: Desmontando Manifestações Coloniais”. Dedicado a desvendar, pensar e questionar os vestígios - materiais e imateriais - do passado colonial da cidade, este ciclo é constituído por três debates com especialistas de várias áreas que partilham as suas experiências a partir de diferentes geografias.
O primeiro debate, “Monumentos e Memoriais” acontece a 25 de fevereiro (19h00) e conta com a participação de Beatriz Gomes Dias / DJASS, Bárbara Neves Alves e Felipe Moreira. Será moderado por Mamadou Ba.
O segundo debate, “Rotas e Toponímia”, será marcado pela participação de Cartografia Negra (São Paulo), African Lisbon Tour (Lisboa) e Rota dos Escravos (Luanda), com a moderação de Isabeli Santiago. Acontece no dia 4 de Março, também às 19h00.
Por último, a terceira conversa, que decorre no dia 11 de março (19h00), irá incidir sobre “História e Cultura”, e contará com a participação de Ângelo Delgado, Onésio Intumbo e Manuel de Sousa, assim como com a moderação de Navváb Aly Danso.
Os debates terão lugar virtualmente, pelo que podem ser acedidos através das redes sociais do INSTITUTO, do InterStruct ou da Rampa.
Mais detalhes sobre estes debates e o ponto de partida:
Monumentos e Memoriais — 25/fev
Refletir sobre estruturas comemorativas a partir do seu potencial simbólico, assim como o interesse público sobre a sua edificação e preservação. O debate será fomentado pela análise de monumentos existentes no espaço público que perpetuam narrativas coloniais, assim como de monumentos que oferecem uma contranarrativa à dominante, a partir de casos específicos nas cidades de Lisboa, Porto e São Paulo.
Memorial à Escravatura - Beatriz Gomes Dias, Djass
Monumento ao Esforço Colonizador Português - Bárbara Neves Alves
Imagens de Controle e Monumentos - Felipe Moreira
Moderação: Mamadou Ba
Rotas e Toponímia — 04/mar
Abordar a “amnésia” que parece existir no espaço urbano e na toponímia de ruas, praças, placas de lojas, etc., questionando as representações que celebram pessoas ou eventos relacionados com o comércio de escravos, colonialismo e guerra colonial, assim como a ausência de representações contra-hegemónicas e decoloniais. Neste debate participarão grupos e iniciativas que têm promovido esta discussão nas cidades de Lisboa, Luanda e São Paulo.
Volta Negra - Cartografia Negra
African Lisbon Tour - Naky Gaglo
Rota dos Escravos - Associação KALU
Moderação: Isabeli Santiago
História e Cultura (11/mar) - 19h
Refletir sobre o legado colonial em Portugal a partir da sua dimensão histórica e cultural. Assim, narrativas e linguagens hegemónicas são questionadas, enquanto perspectivas anticoloniais fazem emergir a multiplicidade de relações de poder e de experiências subjetivas que foram historicamente marginalizadas.
Marta Lança e Nuno Domingos nas Conversas com o público (1 de fevereiro, às 18h, foyer do TMJB)
Oscilando entre a espectacularidade mediática e a ocultação da história, a nossa época dispersa-se, em convulsões, nas exigências cruzadas da compulsiva curiosidade (ou bisbilhotice) e da complexada necessidade de esquecimento. Mergulhamos na vasa dos detalhes mais íntimos dos «casos» ou das «celebridades», fogos-fátuos que duram dias ou semanas, enquanto desviamos os olhos do que surge como desconforme ou incómodo, buscando um anestesiamento para os traumas do passado ou marginalizando as presenças pós-coloniais das nossas cidades. Nesta peça, em especial nas parte IV e V, esta tensão surge muito pronunciada entre o «caso Natascha Kampusch» e a amnésia dos horrores nacionais-socialistas. Para debater as relações entre o visível e o invisível nas nossas sociedades do espectáculo, em que parecer vale tanto ou mais do que ser, teremos connosco Marta Lança e Nuno Domingos.
Bruno Monteiro
Marta Lança (n. 1976) é programadora, tradutora e editora. Termina um doutoramento em Estudos Artísticos na FCSH-UNL onde tem formação em Estudos Portugueses e Literatura Comparada. Os temas de pesquisa passam pelo debate pós-colonial, programação cultural, processos de memorialização, plataformas de discurso e estudos africanos. Criou as publicações V-ludo, Dá Fala, Jogos Sem Fronteiras e, desde 2010, é editora do site BUALA. Escreve para publicações em Portugal, Angola e Brasil. Tem experiência em pesquisa e produção de cinema. Trabalhou por longas temporadas em projectos culturais nos PALOP.
Nuno Domingos, Investigador Auxiliar no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tem trabalhado sobre a história do colonialismo português, nomeadamente em Moçambique durante o período do Estado Novo. Entre outros temas, tem investigado a disseminação da cultura popular moderna em contexto urbano e as práticas culturais, do desporto à leitura, no contexto colonial e metropolitano. É co-editor da colecção História&Sociedade, nas Edições 70, e da editora Outro Modo.
Edson Chagas. Found Not Taken, Luanda. 2013. Zeitz Museum of Contemporary Art Africa. Courtesy the artist; APALAZZOGALLERY, Brescia; and Stevenson, Cape Town and Johannesburg Convite à participação com um artigo para o número 34 da revista Portuguese Literary & Cultural Studies (PLCS), UMass Dartmouth, subordinado ao tema da Afro-descendência, com o título As Veias Abertas do Pós-Colonial: Afro-Descendências e Racismos e organizado por Inocência Mata (Faculdade de Letras da ULisboa) e Iolanda Évora (CEsA/ISEG da Ulisboa). A discussão sobre a Afro-descendência em Portugal tem tido desdobramentos muito produtivos nos últimos tempos, também devido à intensa interlocução com académicos e activistas de todo o mundo, com especial ênfase, no caso, com europeus e americanos (América do Norte e do Sul). É neste contexto que temos vindo a abordar esta questão, também através do projecto AFRO-PORT – Afro descendência em Portugal: sociabilidades, representações e dinâmicas sociopolíticas e culturais. Um estudo na Área Metropolitana de Lisboa (FCT, PTDC/SOC-ANT/30651/2017), em que se pretende um debate alargado sobre temas como a afro-descendência enquanto categoria associada à história colonial, os processos de (auto)identificação e de afirmação colectiva, assim como as principais dinâmicas do activismo, da participação cultural e de conquista de direitos. Esta é a razão pela qual entendemos que a edição do número da revista PLCS, seria uma oportunidade para se discutirem algumas questões relacionadas com o tema da Afro-descendência, tal como propomos na Apresentação do CFP, já disponível no site da revista (vide links em português e em inglês).
No dia 22 de novembro, pelas 19h00, no Goethe-Institut em Lisboa. Debate com dois especialistas em colonialismo, nomeadamente Andreas Eckert, da Universidade Humboldt (atualmente Universidade de Princeton) e António Sousa Ribeiro, da Universidade de Coimbra. O evento será moderado por Elsa Peralta, da Universidade de Lisboa.
Ethnologisches Museum/Martin Franken
Frantz Fanon, precursor da descolonização, descreveu de modo contundente a Europa como “criação das colónias”. De fato, as ex-colónias e a Europa estão tão intimamente interligadas que o seu desenvolvimento histórico não pode ser considerado isoladamente. A expansão europeia mudou o mundo e, com ele, a Europa. Não apenas moldou as áreas conquistadas e colonizadas no Ultramar, mas também os próprios estados europeus. Os especialistas consideram, portanto, que o confronto social com o colonialismo é uma das questões futuras da Europa.
Esta revisão tornou-se um tópico virulento nos últimos anos, que está a ser debatido em muitos países europeus pela primeira vez também a nível político. Na Alemanha, em particular, o debate que se arrasta sobre o projetado “Fórum Humboldt” no reconstruído palácio da cidade no centro de Berlim levou a um debate social fundamental. Questões de restituição de artefactos roubados de África, Ásia e América Latina têm um papel tão importante quanto o futuro dos museus etnológicos, o manuseio do material de arquivo e os resíduos do período colonial nas cidades europeias. Em Portugal, por sua vez, a discussão sobre o planeado “Museu dos Descobrimentos” intensificou o debate, trazendo-o a público. Embora o conflito com o passado colonial na Alemanha e em Portugal tenha sido até agora lento, como em muitos países europeus, parece ganhar agora novo impulso e urgência. O painel de discussão visa identificar os desafios enfrentados pelas ex-potências coloniais europeias no processo de revisão do legado colonial, tomando Portugal e a Alemanha como exemplos. O tema do debate é deliberadamente amplo: questões relativas à forma como lidar com artefatos etnológicos e artísticos saqueados serão refletidas, bem como a perceção do passado colonial “próprio” e o confronto sobre os lugares de memória colonial. Serão igualmente abordados o estado atual da investigação científica e das questões do “como” e da “autoria” deste confronto.
Andreas Eckert é historiador e investigador em Estudos Africanos. De 2000 a 2002, fez parte dos quadros científicos do Departamento de Estudos Africanos da Universidade Humboldt, em Berlim, onde concluiu o pós-doutoramento em 2002. Em 2006, foi Directeur d’Etudes da Maison Des Sciences De l’Homme, em Paris. De 2002 a 2007, lecionou na Universidade de Hamburgo como Professor de História Moderna, incidindo sobre a História de África. Em 2007, foi professor convidado da Universidade de Harvard. Desde outubro de 2008, é Diretor Executivo do Instituto de Estudos Asiáticos e Africanos da Universidade Humboldt de Berlim. Atualmente, leciona no Institute for Advanced Study de Princeton.
António Sousa Ribeiro é professor catedrático do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Germanísticos) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi, entre outros, Presidente do Conselho Consultivo Científico da Faculdade de Letras, Presidente do Conselho Científico do Centro de Estudos Sociais e Diretor do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras. Publicou sobre Literatura Comparada, Teoria Literária, Estudos Culturais e Pós-colonialismo. Em 2016, publicou o livro “Geometrias da Memória: Atitudes Pós-coloniais”.
Elsa Peralta é doutorada em Antropologia e investigadora FCT do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O seu trabalho baseia-se em perspetivas cruzadas da antropologia, estudos de memória e estudos pós-coloniais e centra-se na intersecção entre os modos privados e públicos de recordação de eventos passados, nomeadamente dos passados coloniais. As suas obras incluem vários artigos e livros, com destaque para os volumes Heritage and Identity: Engagement and Demission in Contemporary Society, Routledge, 2009 e ACidade e Império: Dinâmicas coloniais e reconfigurações pós-coloniais, Edições 70, 2013.
Baseado na série do jornal Público “Racismo em Português”, um trabalho que envolve a rota da escravatura em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, pela mão de um historiador local, no dia 6 de Junho sai, para a Feira do Livro de Lisboa, a versão em livro deste projecto, ao qual se associou a editora Tinta-da-China. Chama-se Racismo em Português - o lado esquecido do colonialismo. Nesse mesmo dia 6 de Junho estará também no website a versão multimédia do projecto, com vídeos e animação.
Dia 11 de Junho, às 17h, há um debate na Feira do Livro, com a jurista Romualda Fernandes, o analista Abilio Neto, o artista e activista Flávio Almada. A apresentação é de António Araújo, pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. Dia 9 de Julho, às 18h30, há novo debate na Fnac Chiado com alguns protagonistas do livro: Inocência Mata, Redy Wilson e Miguel de Barros. O livro só entra no circuito comercial a 24 de Junho.
No próximo dia 7 de maio, pelas 17h, na sala Balneário da Lx Factory, realiza-se a inauguração da exposição e debate focados na solidariedade para com os ativistas angolanos no âmbito do movimento “Liberdade Já”.
O que nos dizem as estatísticas oficiais sobre a situação dos afrodescendentes no sistema educativo?
Pertencente aos Encontros Mensais sobre Experiências Migratórias, o debate sobre os Afridescendentes no sistema educativo português, irá ocorrer quarta-feira, dia 27 de Abril, na FLUL, Auditório 4.
Com a colaboração de: CIES-IUL; CRIA-IUL; Observatório da Emigração; CRIA-FCSH/NOVA; NEEA-FLUL.
O último debate do ciclo CINEMA/HISTÓRIA é nesta quarta-feira, dia 23, às 18h, na sala multiusos 2 do piso 4 do Edifício I&D da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova.
Margarida Cardoso e o historiador Carlos Maurício debatem “Kuxa Kanema”, documentário da autoria da primeira.Antes do debate será projectado um excerto do filme.Sinopse do filme:A primeira acção cultural do governo moçambicano, logo após a independência, em 1975, foi a criação do Instituto Nacional de Cinema (INC).
O novo presidente, Samora Machel, tinha especial consciência do poder da imagem e de como utilizá-la para construir uma nova nação socialista.
«Kuxa Kanema» quer dizer o nascimento do cinema e o seu objectivo era: filmar a imagem do povo e devolvê-la ao povo.
Mas hoje a República Popular de Moçambique passou a ser, simplesmente, República de Moçambique.
Da grande empresa que foi o INC não sobra quase nada.
Destruído por um fogo em 1991, só restam do edifício as salas e os corredores abandonados, onde alguns funcionários esperam pacientemente a reforma.
Num anexo, apodrecem, esquecidas, as imagens que são o único testemunho dos onze primeiros anos de independência, os anos da revolução socialista.
A escritora cabo-verdiana Dina Salústio, autora de A Louca de Serrano e Filhas do Vento, estará na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para conversar com os estudantes da cadeira de Literatura Cabo-verdiana: Insularidade e Diáspora.
A aula é aberta a todos os interessados. Data: Dia 02 de Maio Hora: 14.00-16-00 horas Sala: Cave 1 1 (junto ao Bar Velho)