Nota Autobiográfica ao livro "O Cemitério do Elefante Branco"

Nota Autobiográfica ao livro "O Cemitério do Elefante Branco" Nos meus 12 anos, limitava-me a vê-los e a ouvi-los falar, sem dizer nada. Escutava e assimilava, como se estivesse sentado em frente de uma televisão, olhando as notícias através da neblina do fumo do tabaco. Observado em silêncio, aquele ambiente de decadência, ruína e letargo convertia-se num espectáculo irresistível e aguçava o meu apetite intelectual. Havia algo, ali, que me repelia profundamente, mas que, ao mesmo tempo, me atraía poderosamente. Aquelas personalidades, regadas com álcool, sarcasmo e uma enorme capacidade de mentirem a si próprias, eram atormentadas e autodestrutivas, arrogantes e sedutoras, viscerais e sofisticadas, vulcânicas e complexas. Estavam na Europa, mas com a cabeça totalmente no outro hemisfério do planeta, incapazes de cortar o cordão umbilical com as ex-colónias.

Vou lá visitar

08.04.2025 | por João Pedro George