A História é tanto a erecção das estátuas e dos monumentos como as suas demolições. Presumindo e contundindo, pedir a substituição, a recolocação ou o afundamento duma estátua faz parte do processo histórico.
A ler
14.12.2021 | por Mário Lúcio Sousa
A carta que hoje traz o assunto da remoção dos símbolos esclavagistas e colonialistas, à qual acrescento o fim da reprodução da prática morgadia em modo de instalação de placas de ostentação da fulanização do poder, enquadra-se na terceira vaga de protestos antirracistas e anticolonialistas com séculos de história, mas materializado em parte com a declaração simbólica da independência.
Cidade
17.06.2020 | por Redy Wilson Lima
É quase heresia falar da história da escravatura, do colonialismo e do neocolonialismo em Cabo Verde. Não se fala desses assuntos porque o Estado e a elite não gostam. Porque vamos afetar a nossa relação com Portugal, ou a Europa de forma geral. Nem se fala destas questões por sermos nós tão “específicos”, tão “especiais”, tão “ singulares”.
Cidade
14.06.2020 | por Alexssandro Robalo
A memória é uma espécie de consciência seletiva do tempo, não se opondo ao esquecimento. A memória é uma interação entre a supressão e a conservação, sendo que restituição integral do passado é impossível uma vez que memória implica sempre uma seleção. O historiador Fernando Bouza cita mesmo um ditado africano que sintetiza o que foi referido sobre o modus operandi da memória: A memória vai ao bosque e trás de lá a lenha que quer.
Cidade
10.12.2018 | por Vítor de Sousa
Este esforço, todavia, só pouco a pouco vai conseguindo trazer o tema à memória pública, no que, sem dúvida, a relutância das instâncias oficiais em tematizar adequadamente este capítulo da história alemã tem uma boa quota-parte de responsabilidade. Em 2016, uma iniciativa parlamentar tendente ao reconhecimento oficial da responsabilidade pelo genocídio dos Herero e Nama, foi rejeitada pela maioria dos deputados. O relatório elaborado pelos “Serviços Científicos” do Bundestag, um órgão com funções de assessoria e emissão de pareceres sobre matérias levadas ao debate parlamentar, concluía, baseando-se numa perspectiva estreitamente jurídica, do ponto de vista da qual apenas são aplicáveis as normas vigentes à época, que as acções do exército alemão não violaram o direito internacional
Cidade
03.07.2018 | por António Sousa Ribeiro
Ao fim e ao cabo, a questão da descolonização na cidade de Bruxelas, e por extensão na Bélgica, possui uma componente geracional inegável. Enquanto as lutas pelo reconhecimento de um outro discurso, afastado da dinâmica paternalista das gestas do rei Leopoldo II e dos benefícios da colonização, provêm essencialmente de homens e mulheres (congoleses e belgo-congoleses) das segundas e terceiras gerações, as reivindicações de quem se recusa a reconhecer a figura de Lumumba como um actor legítimo da história da descolonização são maioritariamente feitas por pessoas que viveram “em carne e osso” a experiência colonial.
Cidade
03.07.2018 | por Felipe Cammaert
A ausência das nossas perspetivas nas instituições nacionais e nas discussões públicas está naturalizada e normalizada, rasurando-nos enquanto sujeitos históricos e enquanto contribuidores por excelência para a edificação da sociedade portuguesa nas suas diferentes vertentes. Excluídos do corpo nacional, assistimos a uma disputa pela memória que reforça a glorificação da ideologia colonial e reifica o lusotropicalismo, que continua bem presente, apesar da derrota política do fascismo e do advento da democracia, com a “revolução dos cravos” de 1974.
Mukanda
27.06.2018 | por vários
analisar várias instâncias pelas quais são construídas e reproduzidas “imagens” de memória associadas à história imperial de Portugal, entendida este enquanto eixo articulador fundamental da identidade nacional portuguesa. O foco está, portanto, dirigido a uma “memória-imagem”, ou a uma memória-representação, chancelada pelo Estado, pelas corporações e pelas instituições de cultura pública,
Cidade
20.06.2018 | por Elsa Peralta
O recém-modernizado Museu Centro-Africano em Tervuren não se desfaz do velho, nem clarifica a questão dos propósitos servidos hoje por um ‘museu africano’ na Europa. Ao invés, quem o visitar após a sua reabertura confrontar-se-á com a problemática relação entre passado e presente que Tervuren sempre encarnará — e com a presença insistente do fantasma do Rei Leopoldo.
Vou lá visitar
08.06.2018 | por Ana Naomi de Sousa
De que passado colonial ou imperial estamos nós a falar? O que sabemos sobre esse passado, longínquo ou bem recente? O que conhecemos, de facto, de aspectos tão fundamentais como a estrutura ocupacional ou de rendimentos, os padrões de consumo, os graus de literacia, as práticas culturais, as opções ideológicas, os níveis de formação e participação política, as políticas de cidadania ou da terra nas antigas sociedades coloniais, em espaços urbanos ou rurais e nos trânsitos entre estes? Mais: o que sabemos sobre a própria descolonização, processo mais amplo e complexo que a mera “transferência do poder”?
A ler
02.06.2018 | por Miguel Bandeira Jerónimo
Acredito que Portugal precisa de aprender a contar bem melhor as suas tantas histórias, e que essa é necessariamente uma injunção do presente. Um museu dedicado a uma “história única” contada na língua do eufemismo boicota esse esforço, que já vai atrasado. O que nos vale é que seja um atraso necessariamente recuperável: é sempre possível ser mais livre.
A ler
01.06.2018 | por Pedro Schacht Pereira