Arquivos cinematográficos: filmes e debates interrogam heranças coloniais e o seu futuro
De 24 a 27 de setembro, o Goethe-Institut de Lisboa promove, em parceria com a Culturgest, o ciclo de cinema e debates que aborda o confronto de vários artistas com a herança colonial dos países europeus através dos arquivos cinematográficos, no âmbito do projeto internacional “Tudo passa, exceto o passado”.
Este ciclo, realizado também em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, inicia-se por uma mesa redonda, a 24 de setembro, às 18h30, no Pequeno Auditório da Culturgest, onde o debate se foca na relação entre arquivo e poder, nas estratégias atuais e alternativas que se colocam aos arquivos cinematográficos e nos confrontos de cineastas europeus e africanos com os materiais de arquivo colonial.
Participam a cineasta portuguesa Filipa César, o cineasta angolano Fradique (Mário Bastos), o diretor artístico da Lagos Film Society (centro de cinema independente na Nigéria), Didi Cheeka, e o cineasta e produtor egípcio Tamer El Said. A moderação está a cargo de Stefanie Schulte Strathaus, codiretora do Arsenal - Institut für Film und Videokunst, em Berlim.
O ciclo cinematográfico Reimaginar o arquivo pós-colonial prossegue entre 25 e 27 de setembro, no Pequeno Auditório da Culturgest, onde será exibido material de arquivo restaurado e filmes atuais que trabalham com imagens de arquivo de origem colonial ou militante.
Comissariado por Maria do Carmo Piçarra, as sessões apresentam-se como uma retrospectiva dos vários subgéneros cinematográficos dos filmes coloniais e, após cada uma, segue-se um debate onde serão discutidos temas como a origem destes materiais de arquivo e as questões éticas da sua reutilização.
A 25 de setembro, às 21h30, é apresentado “Dal pollo all’Equatore” (1986), de Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi. No dia seguinte, também às 21h30, são apresentados “Sad song of Touha” (1972), de Atteyat Al Abnoudy, “Un carnaval en Bissau (1980), de Sarah Maldoror, “Préface à Des fusils pour Banta” (2011), de Mathieu Kleyebe Abbonnenc e “Uma memória em três atos” (2016), de Inadelso Cossa.
A 27 de setembro, último dia deste ciclo, é possível ver, a partir das 18h30, “Spell Reel” (2017), de Filipa César.
Tudo passa, exceto o passado
Programa internacional do Goethe-Institut, criado pelos institutos de Itália, Espanha, França, Bélgica e Portugal, que aborda a questão da herança colonial dos países europeus, convidando artistas, investigadores e ativistas de todo o mundo a reunirem-se em workshops - em Bruxelas, Lisboa, Bordéus e Barcelona - para refletir sobre as perspetivas do legado colonial e sobre a melhores práticas para tratar a descolonização do pensamento em museus, arquivos e no espaço público, tanto ao nível discursivo como artístico.
Em cada cidade, o workshop assume um tema distinto. Em Lisboa são debatidas questões ligadas ao arquivo cinematográfico (pós)-colonial, num workshop que reúne quinze especialistas de Portugal, Alemanha, Angola, Guiné Bissau, Egito, Nigéria, Grã-Bretanha e Moçambique.
A mesa redonda e as sessões de cinema constituem o programa público deste workshop em Lisboa.